IHGRN,
a biblioteca e o bibliotecário
Entrevista
com Igor Oliveira
Biblioteca, arquivo e museu. O Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Norte, assim como os seus congêneres, é uma
instituição múltipla. Preparando-se e adequando-se às práticas e usos atuais
dispostos pela biblioteconomia, o instituto conta com a participação do
estagiário em biblioteconomia Igor Oliveira.
Igor Oliveira e graduado em história pela UFRN,
graduando do curso de biblioteconomia da mesma universidade e, recentemente,
ingressou no mestrado acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação da Universidade Federal da Paraíba.
A diretoria de Biblioteca, Arquivo e Museu conversou
com Igor Oliveira, em março de 2018. A entrevista foi realizada no IHGRN, o
entrevistador é o diretor da Biblioteca, Arquivo e Museu, o jornalista Gustavo
Sobral.
IHGRN:
Em que consiste o trabalho de um
bibliotecário em um acervo híbrido como o do IHGRN?
Igor
Oliveira: O IHGRN guarda atualmente uma extensa e
diversificada massa documental composta pelos mais diversos suportes que variam
desde objetos tridimensionais até documentos em suporte de papel ou digital. As
peças pertencentes ao museu devem receber um tratamento técnico adequado de
tombamento e catalogação que apresente as particularidades desses objetos.
Os documentos do arquivo se apresentam como únicos,
ou seja, pouco provavelmente existirão outros documentos, como os de nossa
guarda, em outras instituições; e por se tratarem de documentos que já
cumpriram com seu valor administrativo, são de valor histórico e por isso são
de guarda permanente.
Já o acervo bibliográfico é formando por diversas
coleções que não necessariamente são compostas por um único exemplar. O IHGRN
atualmente possui cerca de 10 coleções dentre obras raras, publicações de autores
do Rio Grande do Norte, leis e decretos, dentre outras.
Assim, o trabalho do bibliotecário tem sua
importância, pois irá contribuir para que esses acervos possam ser catalogados
em meio digital, visto que, diante da tecnologia da informação, já não se
utiliza mais as fichas catalográficas de antigamente. Bem como o trabalho minucioso
de classificar, ou seja, expressar de forma sintética a temática de uma obra em
alguns números para que elas sejam agrupas por áreas do conhecimento,
facilitando a localização nas estantes. Isso tudo possibilitará que em um
futuro próximo, nossos usuários acessem nosso catalogo em suas casas,
otimizando o tempo da pesquisa e suprindo as necessidades informacionais.
IHGRN:
Qual a importância e o papel do
bibliotecário na organização, guarda e manutenção do acervo?
Igor
Oliveira: a necessidade do bibliotecário, ainda que de forma
não oficial, surge no momento em que o homem passa a ter a consciência de
guardar os registros produzidos por ele e pela sociedade. No entanto, essa
prática estava muito voltada para guarda do documento como um bem preciso, um tesouro
que deveria ser protegido e mantido. Essa ideia transpassou vários anos.
O grande bibliotecário indiano Ranganathan
(1892-1972) apresenta uma visão critica quanto a essa prática, ao perceber que
alguns bibliotecários do seu tempo só se sentiam felizes quando todos os livros
estavam guardados nas estantes das bibliotecas; para eles, tirar um livro da
estante era despertar a cólera do bibliotecário.
No entanto, uma
nova realidade surge no século XX, de forma que o bibliotecário cumprirá com o
seu papel não quando ele guarda, mas sim quando promove o uso, permite o fluxo
e o irrestrito acesso da comunidade de usuários aos suportes informacionais.
E esse é nosso objetivo enquanto instituição, apesar
de que atualmente nosso acervo não se encontra acessível para consulta, estamos
realizando a importante tarefa de reorganização dos conteúdos informacionais para
que em um futuro próximo, tudo nosso acervo possa estar acessível, afinal, o
bibliotecário é o profissional responsável por disseminar e mediar a informação
aos usuários.
IHGRN:
Quais as principais dificuldades que um
bibliotecário encontra nas suas atividades diárias?
Igor
Oliveira: Ao longo dos anos o bibliotecário teve que se
adaptar às novas realidades e aos novos desafios que foram impostos, sobretudo,
com advento das tecnologias da informação. Apesar de que muitos bibliotecários
terem resistência a novas tecnologias, eles devem encontrar meios para superar
as adversidades e estar preparados para incorporar esses elementos as suas
atividades diárias, como por exemplo, na recuperação da informação em meios digitais
ou preservação digital.
Outra dificuldade que podemos enumerar acerca dos
desafios enfrentados pelo bibliotecário é o de auxiliar os usuários a selecionar,
dentre a grande quantidade de informações que são produzidas diariamente no
século XXI, as informações necessárias para suprir as buscas do pesquisador.
Para isso, o bibliotecário deve ter um vasto conhecimento de mundo e muitas
devem se desprender de sua área e adentrar em outras áreas do conhecimento para
poder auxiliar os usuários.
IHGRN:
Qual a sua opinião sobre a importância do
IHGRN e do seu acervo para o Rio Grande do Norte?
Igor
Oliveira: O acervo do IHGRN tem sua importância, pois, apesar
de diversificado se constitui um acerco singular por guardar documentos que
possivelmente outras instituições, ainda que de memória, não guardem. E mais, para
além de conservar os suportes informacionais o IHGRN, conserva os valores
culturais que devem ser preservados para que possam ser transmitidas as futuras
gerações.
IHGRN:
Lições, desafios, aprendizados, o que
representa participar deste processo de organização do acervo do IHGRN?
Igor
Oliveira: Atuar no IHGRN, de forma mais especifica na
biblioteca da instituição é uma experiência enriquecedora, por ser um campo de
aprendizagem sobre a história e a geografia do nosso estado, já que se trata de
uma biblioteca especializada em história, geografia e outras ciências sociais. Proporciona
também, desenvolver e aperfeiçoar talentos que todo profissional bibliotecário
deve ter.
Na academia aprendi que o historiador não deve ter
paixão pelo seu objeto de estudo, ele sempre deve apresentar uma visão crítica mesmo
para com seu objeto de estudo, já o bibliotecário pode criar esse laços
afetivos com suas práticas laborais ter a sensação de dever cumprido ao
contribuir com o desenvolvimento de trabalhos dos pesquisadores, sempre visando
o bem comum.
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Responsável: Gustavo Sobral