14/03/2018

 

 
   
Marcelo Alves

 
A maior do mundo
Tudo na cidade de Dubai é gigante: a ilha artificial em forma de palmeira, um hotel que se diz sete estrelas e por aí vai. Quase tudo que é – ou se diz – o “maior do mundo” está em Dubai: o mais alto edifício do mundo (o Burj Khalifa), o maior shopping center do mundo (o Dubai Mall) e por aí também vai. 

E olhem que, dos Emirados Árabes Unidos, federação/país do qual também fazem parte Abu Dhabi, Sharjah, Ajman, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujairah, o emirado de Dubai não é nem o maior, nem o mais rico e nem o mais importante. Essa posição, para quem não sabe, cabe a Abu Dhabi, cujo território corresponde a mais de 85% do que são os Emirados Árabes Unidos. E é nesse território que está o petróleo. O dinheiro, portanto. E muito. 

Comparada à capital (dos Emirados Árabes Unidos) Abu Dhabi e mais ainda se comparada a Istambul e às cidades da Índia, de onde tínhamos acabado de chegar, achei Dubai “fake”. É essa a palavra mesmo. Tudo muito grande, tudo muito limpo, tudo muito organizado, mas artificial. Uma mistura de Miami e Las Vegas, só que muito mais cara. Excetuo aqui os bairros de Deira e Bur Dubai, nos quais você pode encontrar a Dubai histórica, do comércio com a Pérsia/Irã, com seu Creek (uma espécie de canal/rio que separa os dois bairros antigos) e seus barcos e seus velhos bazares, por onde deliciosamente nos perdemos. Em Deira, entre outras coisas, visitamos o Gold Souq (ou Mercado do Ouro). Atravessamos o Creek num minúsculo barquinho, chamado de “abra”, que faz as vezes de táxi aquático. Já em Bur Dubai, antes de passearmos pelo microbairro histórico “Bastakia Quarter”, jantamos no também histórico restaurante Bait al Wankeel, às margens do Creek, cujo prédio, informa o meu guia “Lonely planet: Dubai e Abu Dhabi”, “de 1935, foi escritório da marinha mercante e é um dos mais antigos de Dubai (...)”. Um achado. Mas parece que o turista médio não se perde por ali. Infelizmente. 

Como não poderia deixar de ser, Dubai também tem – ou diz ter, já que desconfio sobremaneira dessas afirmações – a “maior livraria do mundo”. Localizada no Dubai Mall (não esqueçam: “o maior shopping center do mundo”), chama-se “Books Kinokuniya Dubai” e faz parte de uma rede de livrarias japonesas de mesmo nome. A maior rede de livrarias do Japão, por sinal, com mais de oitenta lojas espalhadas por aquele país e pelo mundo. 

Segundo o site “Visite o Dubai”, do Departamento de Turismo desse emirado, versão português de Portugal, “com uma coleção de mais de um milhão de livros, a Kinokuniya é uma gigantesca livraria que ocupa 6317 metros quadrados no The Dubai Mall. Prateleiras e prateleiras oferecem preciosidades de todos os gêneros, com obras em seis línguas diferentes. Trabalhos impressos em Inglês, Árabe, Japonês, Alemão, Francês e Chinês que proporcionam iluminação cultural à Baixa do Dubai. Para além disto, existem eventos e workshops para os mais pequenos”. 

Bom, estive lá e confirmo: muitíssimo bem localizada, em frente à entrada da estação de metrô que fica dentro do Dubai Mall, a tal Books Kinokuniya é realmente gigante (embora tenha sido ainda maior na sua antiga localização no mesmo shopping). É muito bonita, naquela profusão de cores que sempre me acalma (para não perder o costume, tirei um bocado de fotos). É mais organizada ainda, com quase tudo no lugar. Os vendedores são muito prestativos, talvez até demais, já que nada melhor do que garimpar livros, sem ajuda, por prateleiras sem fim. O acervo, já dá para intuir, é enorme, variado e excelente. Tem de quase tudo, entre livros, revistas e outras bugigangas relacionadas ao estudo e à leitura. Eu mesmo comprei duas preciosidades livrescas: uma intitulada “Novel Destinations: Literaty Landmarks from Jane Austen's Bath to Ernest Hemingway's Key West” (escrito por Shannon Mckenna Schmidt e Joni Rendon e publicado pela National Geographic Society, 2009); a outra, “Modern Book Collecting” (autoria de Robert A. Wilson e publicado pela Skyhorse Publishing, 2010). 

Mas vai aqui o grande defeito dessa excelente livraria: tudo lá é muito caro, como de praxe em Dubai. E não estou aqui comparando com a Índia, de onde tínhamos acabado de chegar. Comparo com os livros novos em dólar ou euro, que achamos nos comércios de livros americanos ou europeus. Para se ter uma ideia, na Books Kinokuniya Dubai, nos livros editados no EUA e na Europa, por cima do tradicional preço da contracapa, é sempre posta uma nova etiqueta, com novo código de barras e preço, desta vez em Dirham, a moeda dos Emirados Árabes Unidos. E convertendo de volta para o dólar, o euro ou mesmo para o real, fica sempre muito mais caro. 

Injustamente tido por amarrado – me reconheço econômico, apenas –, eu comprei aqueles livros com dó. Somente porque eles eram muito do meu agrado – afinal, tem coisa melhor do que fazer turismo literário e colecionar livros? – e não os tinha jamais visto ou mesmo deles ouvido falar. Não me arrependo, claro. Mas que doeu na alma do bolso, doeu. 

Marcelo Alves Dias de Souza 
Procurador Regional da República 
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL 
Mestre em Direito pela PUC/SP

RELATÓRIO PARTICIPAÇÃO NO VI CONGRESSO NORDESTINO DE INSTITUTOS HISTÓRICOS  Recife/PE, 5 a 7 de março de 2018. Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte - IHGRN Representante: Gustavo Sobral, Diretor de Biblioteca, Arquivo e Museu do IHGRN. 

1.O evento: relato, apresentações e resultados Aconteceu em Recife/PE, promovido pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP), o VI Congresso de Institutos dentre as atividades comemorativas do bicentenário da Revolução de 1817. Na ocasião, também foi realizado o encontro dos institutos históricos municipais de Pernambuco. A abertura aconteceu na sede do IAHGP, na rua do Hospício, no dia 05, à noite, com conferências do presidente do IHGB, Arno Welhing e do professor Vamireh Chacon sobre a revolução. Nos dias seguintes, no auditório do Forte das Cinco Pontas, apresentação de painéis dos institutos estaduais e municipais, ocasião em que apresentamos a fala “A viagem do elefante”, em anexo, que pode também ser acessada em  http://www.gustavosobral.com.br/noticia.php?id=184&leia=A-viagem-do-elefante . Durante o evento, foi concedida aos institutos a medalha alusiva aos 150 anos do IAHGP, que será integre ao nosso acervo de medalhas em exposição. Ao final, por proposição do representante do nosso instituto e da representante do instituto de Alagoas, a professora Clara Suassuna, foi proposto a redação de documento final de intenções e de uma carta aberta que redigi a ser encaminhada aos participantes para anuência (também em anexo). Acompanha ainda este documento, material impresso correspondente a programação do evento, os materiais de divulgação e contatos dos participantes. 

2.As experiências viáveis dos outros institutos  Do relato de experiências dos demais institutos, percebemos que a situação em que se encontram não são melhores ou piores que as nossas: há um desinteresse do sócio em colaborar com a instituição; a diretoria é voluntária e composta por abnegados; dificuldades financeiras por não haver uma renda fixa e falta de interesse público e das instituições governamentais pela manutenção do patrimônio histórico dos seus estados e municípios; publicação de uma revista, muitas vezes de forma irregular, algumas delas 
assumiram o caráter de revistas científicas voltadas para as áreas afins de cada instituto; e a tentativa de dispor de uma agenda  de eventos como palestras e seminários sobre temas afins.  Também foram colhidas informações sobre estrutura, as fontes de renda de alguns institutos e alguns exemplos de iniciativas que pode ser úteis para serem desenvolvidas na nossa instituição:  

- A maioria dos institutos conta com apenas 40 cadeiras, seguindo o modelo francês; o Instituto do Maranhão mantem 50 cadeiras, os honorários só passam a esta categoria após 30 anos de casa; as colaborações financeiras são mensais e no valor de R$ 100,00 (cem reais), o índice de inadimplência é de 15%; - O Instituto da Bahia conta com financiamento do fundo de cultura do Estado no valor de R$ 700.000 mil por semestre, a contrapartida é a realização de palestras e seminários e publicações de livros e periódicos; o que lhe permite a manutenção do prédio e do acervo e a contratação de 16 funcionários; - O instituto de Sergipe recebe uma contribuição anual de R$ 40.000 (quarenta mil reais) do Estado, e R$ 10.000 (dez mil reais) do município. Une na direção “maturidade e juventude”, “tradição e inovação”, incentivando também a associação de sócios mais jovens. A revista tem Qualis e os professores universitários assumiram a missão e promovem um evento chamado “roda de leitura” para apresentar vida e obra de autores sergipanos. 

Visita a Fundaj e ao Museu do Homem do Nordeste Nos dias 08 e 09 de março, por iniciativa própria, foi realizada uma visita oficial como representante do IHGRN à Fundação Joaquim Nabuco e ao Museu do Homem do Nordeste, onde fomos recebidos pelos respectivos diretores. O intuito fora não só conhecer a estrutura de funcionamento, os objetivos e ações das duas entidades, mas também realizar um primeiro contato para a celebração de futuras parcerias entre estas instituições nordestinas e o nosso instituto nas áreas de pesquisa e museologia. 

Natal/RN, 12 de março de 2018 Gustavo Sobral Diretor de Biblioteca, Arquivo e Museu do IHGRN, representante do IHGRN no VI Congresso Nordestino de Institutos Históricos 
ANEXO I VI CONGRESSO NORDESTINO DE INSTITUTOS HISTÓRICOS  Recife/PE, 5 a 7 de março de 2018. PAINEL – APRESENTAÇÃO DO IHGRN (TEMPO 20 MINUTOS) Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte - IHGRN Representante: Gustavo Sobral, Diretor de Biblioteca, Arquivo e Museu do IHGRN. SUGESTÕES PARA ABORDAGEM:  1) as celebrações realizadas no bicentenário de 1817, e/ou 2) as ações previstas para os próximos bicentenários (1821-2021 / 1822-2022 / 18242024). 

APRESENTAÇÃO Sr. presidente, senhoras e senhores congressistas, Agradeço o convite em nome do IHGRN, parabenizo pelo evento oportuno e cumprimento a todos. Trago por escrito as ponderações do IHGRN a serem apresentadas neste Congresso de Institutos para que nada falte ou exceda, atento ao tempo proposto de 20 minutos.  Intitulo a minha fala, “A viagem do elefante”. Começo. 


A viagem do elefante 

A rua da Conceição compete com a Rua Grande, nos documentos, a ser a primeira da cidade. Estamos em Natal, Rio Grande do Norte, capital, sede do IHGRN. Cidade que nasce e cresce as margens do Potengi, o rio dos comedores de camarão. E como o índio guerreiro e capitão-mor dos índios, Felipe Camarão, somos todos guerreiros, e todos poti, potiguares.  

O Rio Grande foi obra portuguesa decidida: ou se povoa ou se perde a capitania. Uma capitania não conquistada por João de Barros e Aires da Cunha, seus donatários, por uma série de infortúnios. 

Chega 1599, nasce Natal na Cidade Alta, um platô, protegida, e como escreveu Cascudo: já nasceu cidade. E ali no núcleo primeiro de povoamento, vizinho a antiga matriz, fezse para sempre um edifício séculos e séculos depois. 

Construção do seu tempo, três grandes salões para as proporções da época, elevado da rua, com uma charmosa sacada lateral. Em 1906 é concluído, e seria sede da instituição que, embora jovem, era a mais importante do seu tempo. E continua. O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, fundado em 1902. Mas acontece que o tribunal de justiça andava sem sede... 

O instituto vinha de sedes provisórios, até casinhas alugadas, e passaria por outras, e uma delas, aquele espaço que dividiu com o tribunal. Contam que hoje, onde figura salão nobre, os desembargadores descansam das sessões em cadeiras de balanço aproveitando o terral nas tardes quentes de verão na Cidade do Sol. Aliás, é de Cascudo a observação válida: em Natal há apenas duas estações. O verão e a do trem. 

Então o instituto ficou para lá e para cá só tomando aquele espaço como sede definitiva em 1938. Obra do presidente Aldo Fernandes, filho do presidente Hemetério Fernandes, neto do fundador Manoel Hemetério Raposo de Melo, pernambucano, que era meu tetravô, de maneira que gerações e gerações da família zelam por aquela casa.  

Assim, o instituto seguiu a sua história na guarda da documentação do período colonial, imperial e republicano, montando uma biblioteca notável, conservando um museu de relíquias, como a estola do revolucionário de 1817, Miguelinho; a primeira urna eleitoral, o cofre da intendência e tudo mais, e toda uma história que se escreve nas atas e nas edições de sua revista. Abro aspas: “O IHGRN possui documentos originais com uma quantidade de grandeza fora do comum”, professor José Luiz da Mota Menezes. Fecho aspas. 

Mas acontece que, a casa da memória do Rio Grande do Norte, este grande elefante que está nos mapas, o tempo foi maltratando. O descaso, o desinteresse do poder público, a falta de verba, de funcionários especializados e a deterioração do edifício exigiam uma tomada de providência. Uma salvação. Então foi preciso uma obra, refazer a fiação, recuperar o piso. Mas eis que a obra é embargada e o instituto fica a ver navios. 

 Todo o acervo teve que ser retirado às pressas. O mobiliário, os documentos, os livros, e na urgência e sem a condição adequada de mudança. Estava fadado a perecer no sótão do edifício anexo. Espalhado pelas salas, pelos cantos, até que a lentidão e morosidade do judiciário fizesse a justiça. Tardava, tardava, o acervo se perdia. O prejuízo material irrecuperável, as pesquisas interrompidas, o elefante pairava órfão de sua casa da memória. 

Até que tudo se tornou passado. Um acordo judicial colocou a engrenagem dos reparos necessários em andamento, voltamos a publicar a nossa revista, tratamos da digitalização do nosso acervo, rearrumamos o museu, reabrimos para visitação e preparamos a longa viagem da biblioteca do elefante e do arquivo a ser instalado nas modernas estantes deslizantes. Começamos uma nova história. Precisávamos começar um novo instituto, 115 anos depois.  

Fiando-se no ideário dos fundadores, procedemos com novos estatutos, criamos cadeiras, firmamos um calendário cultural para palestras e exposições, chegamos às redes sociais e fundamos um site. Caminhamos.  

E estamos dispostos a fazer mais. Num Estado pequeno, pobre, o instituto assume o papel não só de guardião da história e da memória do elefante, mas é responsável pelo fomento da sua cultura. Assim, há também a busca pela interiorização, pela presença dos municípios no instituto. Agosto passado (2017), trouxemos para à tarde no nosso largo, a cultura popular, o folclore do município de Ceará-Mirim, evento que ficou registrado como #Ocupação. 

Buscamos estar no dia-a-dia do Rio Grande do Norte, pregando as tradições, guardando as suas relíquias, preservando a sua memória, mas também buscamos estar atentos ao presente, as novas concepções museológicas, ao papel da revista como um canal de conhecimento também para o leigo, a firmar-se como um ator social, ampliando o nosso papel. Os jornais da capital, a par da apatia cultural em que o Estado se encontra, tem reportado o nosso sopro de ação e esperança. 

Quanto a 1817, Registramos a ausência de profundidade de estudos da história da revolução no interior do RN. Agostinho Pinto de Queiroz, por exemplo, meu ancestral, avô da avó da minha avó, revolucionário de 1817, foi preso e enviado para a Bahia até ser anistiado por Pedro I em 1821. A sua história e de outros jaz esquecida ainda 200 anos depois... Quanto a Tavares de Lira, citado na conferência do professor Chacon, acrescento que é a primeira do RN (1921); e a de Cascudo, também referendada, é de 1955, e é ele quem escreve alguma coisa já mais para além dos acontecimentos na capital. 

Registro ainda que a norte-rio-grandense Izabel Gondim conta tin tin por tin tin o movimento em Natal, porque conheceu testemunhas. Aliás, professora e historiadora era sócia correspondente do IAHGP, admitida em 1883; e a primeira mulher sócia do IHGRN em 1929. 

Portanto, participamos e celebramos a Revolução de 1817, sim; reeditamos uma edição especial da nossa revista, aquela comemorativa dos cem anos da revolução (1917), promovemos uma sessão solene em celebração. Foi o que alcançamos em meio a todo este processo narrado de reconstrução que vivemos. Saímos do nada, 115 anos depois, para propor um novo instituto para os próximos 115 anos.  

E viemos aqui ouvir, porque combalidos com cada moinho de vento do dia-a-dia, não nos sobrou ainda tempo para pensar 2021, 2022 e 2024. Por isso viemos ouvir, ouvir para aprender, ouvir para levar as ideias e os pensamentos de cada um dos institutos. E procurando conhecer a cada um, começamos antecipadamente a enviar um pequeno questionário para mapeamento de nossas instituições estaduais. Creio que todos já devam ter recebido e já estamos obtendo respostas e aguardando respostas. 

Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Paraná: muito obrigado!  Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba e Pernambuco, já fizemos o primeiro contato e estamos aguardando! Piauí e Sergipe, por favor, precisamos dos seus contatos! E precisamos dos contatos, quem os tiver, nos passe, dos institutos de Amazonas, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rondônia. 

É ao pensar juntos onde estamos, para onde vamos, e o nosso papel institucional num país de inúmeras carências que, face a todos os descasos, problemas, dificuldades, podemos 
nos erguer pela criatividade, pelo empenho, e mais que isso, pela esperança e perseverança.  

Resgatando o exemplo dos grandes nomes, cito dois dos meus maiores conterrâneos, sem prejuízo para os demais, Rodolfo Garcia, meu patrono no instituto, sobre o qual atualmente escrevo um trabalho; e Luís da Câmara Cascudo, que certa vez disse: 

“Qual o segredo de trabalhar sempre e não desanimar? É simples. Consiste em não esperar estímulo, em não aguardar recompensa, em não pensar que está sendo admirado e compreendido. Trabalhar pela própria alegria do trabalho, sem interesse, sem orgulho, sem imediatismo. Confiar na justiça infalível que o Futuro trará aos que perseveram numa estrada limpa de egoísmos e livre de vaidade esterilizadora”. 

Assim, conclamo a todos a responder ao questionário, a colaborar com a nossa pesquisa, que será divulgada, e convidamos a todos, de braços abertos, acolhida potiguar, a visitar o pequeno grande elefante, o nosso Rio Grande do Norte, a conhecer a casa da memória. E, assim, encerro essa longa viagem do elefante a procura de um futuro que hoje aqui encontro. 

Recife/PE, 06 de março de 2018 Gustavo Sobral Diretor de Biblioteca, Arquivo e Museu do IHGRN, representante do IHGRN no VI Congresso Nordestino de Institutos Históricos 

ANEXO II CARTA ABERTA 

Os Institutos Históricos do Nordeste reunidos no VI Congresso de Institutos Históricos do Nordeste, em Recife, nos dias 05,06 e 07 de março de 2018, alusivo às comemorações do bicentenário da Revolução de 1817, resolvem: 1.Escrever uma carta de intenções conjunta a ser enviada a seus representantes no Congresso Nacional para que reconheçam as instituições institutos históricos de utilidade pública federal por prestarem um serviço ao Brasil de guarda do seu patrimônio museológico, arquivístico, documental e bibliográfico e prestarem um serviço à nação de coligir, arquivar e ofertar a pesquisadores, estudiosos, intelectuais e estudantes, a história dos Estados brasileiros, trabalho a custo de suas expensas; 2. E solicitam a fomentação de políticas públicas federais voltadas para a manutenção e promoção destes espaços de estudo da arqueologia, história, geografia, genealogia e temas afins;  3. E a destinação de recursos de forma perene e regular para que possam dispor de assessorias e contração de profissionais especializados para os seus quadros como bibliotecários, arquivistas, museólogos, restauradores, educadores, entre outros, para a conservação e manutenção dos seus acervos e promoção de atividades educacionais voltadas para a formação intelectual do povo brasileiro; 4. E que reconheça os relevantes serviços que estas instituições prestaram e prestam ao Brasil e o trabalho abnegado e voluntário dos seus dirigentes e sócios, exemplo para todo o país; Assim concordam, após neste encontro, em que expuseram a realidade de cada instituto, seus dilemas e problemas, os institutos do Nordeste abaixo-assinados. Eu, Gustavo Sobral, representante do IHGRN, redijo este texto que propomos, e eu, George Cabral, presidente do IAHGP, ponho em termo e encaminho aos institutos do Nordeste para anuência, remessa e ampla divulgação. 

Recife/PE, 07 de março de 2018 Institutos de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Alagoas, Sergipe, Piauí e Espírito Santo

12/03/2018

O IHGRN FOI MUITO BEM REPRESENTADO. (A viagem do elefante)


A viagem do elefante

12/03/2018




A rua da Conceição compete com a Rua Grande, nos documentos, a ser a primeira da cidade. Estamos em Natal, Rio Grande do Norte, capital, sede do IHGRN. Cidade que nasce e cresce as margens do Potengi, o rio dos comedores de camarão. E como o índio guerreiro e capitão-mor dos índios, Felipe Camarão, somos todos guerreiros, e todos poti, potiguares.

O Rio Grande foi obra portuguesa decidida: ou se povoa ou se perde a capitania. Uma capitania não conquistada por João de Barros e Aires da Cunha, seus donatários, por uma série de infortúnios.

Chega 1599, nasce Natal na Cidade Alta, um platô, protegida, e como escreveu Cascudo: já nasceu cidade. E ali no núcleo primeiro de povoamento, vizinho a antiga matriz, fez-se para sempre um edifício séculos e séculos depois.

Construção do seu tempo, três grandes salões para as proporções da época, elevado da rua, com uma charmosa sacada lateral. Em 1906 é concluído, e seria sede da instituição que, embora jovem, era a mais importante do seu tempo. E continua. O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, fundado em 1902. Mas acontece que o tribunal de justiça andava sem sede...

O instituto vinha de sedes provisórios, até casinhas alugadas, e passaria por outras, e uma delas, aquele espaço que dividiu com o tribunal. Contam que hoje, onde figura salão nobre, os desembargadores descansam das sessões em cadeiras de balanço aproveitando o terral nas tardes quentes de verão na Cidade do Sol. Aliás, é de Cascudo a observação válida: em Natal há apenas duas estações. O verão e a do trem.

Então o instituto ficou para lá e para cá só tomando aquele espaço como sede definitiva em 1938. Obra do presidente Aldo Fernandes, filho do presidente Hemetério Fernandes, neto do fundador Manoel Hemetério Raposo de Melo, pernambucano, que era meu tetravô, de maneira que gerações e gerações da família zelam por aquela casa.

Assim, o instituto seguiu a sua história na guarda da documentação do período colonial, imperial e republicano, montando uma biblioteca notável, conservando um museu de relíquias, como a estola do revolucionário de 1817, Miguelinho; a primeira urna eleitoral, o cofre da intendência e tudo mais, e toda uma história que se escreve nas atas e nas edições de sua revista. Abro aspas: “O IHGRN possui documentos originais com uma quantidade de grandeza fora do comum”, professor José Luiz da Mota Menezes. Fecho aspas.

Mas acontece que, a casa da memória do Rio Grande do Norte, este grande elefante que está nos mapas, o tempo foi maltratando. O descaso, o desinteresse do poder público, a falta de verba, de funcionários especializados e a deterioração do edifício exigiam uma tomada de providência. Uma salvação. Então foi preciso uma obra, refazer a fiação, recuperar o piso. Mas eis que a obra é embargada e o instituto fica a ver navios.

Todo o acervo teve que ser retirado às pressas. O mobiliário, os documentos, os livros, e na urgência e sem a condição adequada de mudança. Estava fadado a perecer no sótão do edifício anexo. Espalhado pelas salas, pelos cantos, até que a lentidão e morosidade do judiciário fizesse a justiça. Tardava, tardava, o acervo se perdia. O prejuízo material irrecuperável, as pesquisas interrompidas, o elefante pairava órfão de sua casa da memória.

Até que tudo se tornou passado. Um acordo judicial colocou a engrenagem dos reparos necessários em andamento, voltamos a publicar a nossa revista, tratamos da digitalização do nosso acervo, rearrumamos o museu, reabrimos para visitação e preparamos a longa viagem da biblioteca do elefante e do arquivo a ser instalado nas modernas estantes deslizantes. Começamos uma nova história. Precisávamos começar um novo instituto, 115 anos depois.

Fiando-se no ideário dos fundadores, procedemos com novos estatutos, criamos cadeiras, firmamos um calendário cultural para palestras e exposições, chegamos às redes sociais e fundamos um site. Caminhamos.

E estamos dispostos a fazer mais. Num Estado pequeno, pobre, o instituto assume o papel não só de guardião da história e da memória do elefante, mas é responsável pelo fomento da sua cultura. Assim, há também a busca pela interiorização, pela presença dos municípios no instituto. Agosto passado (2017), trouxemos para à tarde no nosso largo, a cultura popular, o folclore do município de Ceará-Mirim, evento que ficou registrado como #Ocupação.

Buscamos estar no dia-a-dia do Rio Grande do Norte, pregando as tradições, guardando as suas relíquias, preservando a sua memória, mas também buscamos estar atentos ao presente, as novas concepções museológicas, ao papel da revista como um canal de conhecimento também para o leigo, a firmar-se como um ator social, ampliando o nosso papel. Os jornais da capital, a par da apatia cultural em que o Estado se encontra, tem reportado o nosso sopro de ação e esperança.

Quanto a 1817, Registramos a ausência de profundidade de estudos da história da revolução no interior do RN. Agostinho Pinto de Queiroz, por exemplo, meu ancestral, avô da avó da minha avó, revolucionário de 1817, foi preso e enviado para a Bahia até ser anistiado por Pedro I em 1821. A sua história e de outros jaz esquecida ainda 200 anos depois... Quanto a Tavares de Lira, citado na conferência do professor Chacon, acrescento que é a primeira do RN (1921); e a de Cascudo, também referendada, é de 1955, e é ele quem escreve alguma coisa já mais para além dos acontecimentos na capital.

Registro ainda que a norte-rio-grandense Izabel Gondim conta tin tin por tin tin o movimento em Natal, porque conheceu testemunhas. Aliás, professora e historiadora era sócia correspondente do IAHGP, admitida em 1883; e a primeira mulher sócia do IHGRN em 1929.

Portanto, participamos e celebramos a Revolução de 1817, sim; reeditamos uma edição especial da nossa revista, aquela comemorativa dos cem anos da revolução (1917), promovemos uma sessão solene em celebração. Foi o que alcançamos em meio a todo este processo narrado de reconstrução que vivemos. Saímos do nada, 115 anos depois, para propor um novo instituto para os próximos 115 anos.

E viemos aqui ouvir, porque combalidos com cada moinho de vento do dia-a-dia, não nos sobrou ainda tempo para pensar 2021, 2022 e 2024. Por isso viemos ouvir, ouvir para aprender, ouvir para levar as ideias e os pensamentos de cada um dos institutos. E procurando conhecer a cada um, começamos antecipadamente a enviar um pequeno questionário para mapeamento de nossas instituições estaduais. Creio que todos já devam ter recebido e já estamos obtendo respostas e aguardando respostas.

Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Paraná: muito obrigado!  Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba e Pernambuco, já fizemos o primeiro contato e estamos aguardando! Piauí e Sergipe, por favor, precisamos dos seus contatos! E precisamos dos contatos, quem os tiver, nos passe, dos institutos de Amazonas, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rondônia.

É ao pensar juntos onde estamos, para onde vamos, e o nosso papel institucional num país de inúmeras carências que, face a todos os descasos, problemas, dificuldades, podemos nos erguer pela criatividade, pelo empenho, e mais que isso, pela esperança e perseverança.

Resgatando o exemplo dos grandes nomes, cito dois dos meus maiores conterrâneos, sem prejuízo para os demais, Rodolfo Garcia, meu patrono no instituto, sobre o qual atualmente escrevo um trabalho; e Luís da Câmara Cascudo, que certa vez disse:

“Qual o segredo de trabalhar sempre e não desanimar? É simples. Consiste em não esperar estímulo, em não aguardar recompensa, em não pensar que está sendo admirado e compreendido. Trabalhar pela própria alegria do trabalho, sem interesse, sem orgulho, sem imediatismo. Confiar na justiça infalível que o Futuro trará aos que perseveram numa estrada limpa de egoísmos e livre de vaidade esterilizadora”.

Assim, conclamo a todos a responder ao questionário, a colaborar com a nossa pesquisa, que será divulgada, e convidamos a todos, de braços abertos, acolhida potiguar, a visitar o pequeno grande elefante, o nosso Rio Grande do Norte, a conhecer a casa da memória. E, assim, encerro essa longa viagem do elefante a procura de um futuro que hoje aqui encontro.

Recife/PE, 06 de março de 2018
Gustavo Sobral

Diretor de Biblioteca, Arquivo e Museu do IHGRN, representante do IHGRN no VI Congresso Nordestino de Institutos Históricos

11/03/2018


O presidente do Instituto Histórico do Maranhão publicou um artigo interessante sobre Jerônimo de Albuquerque no blog do instituto deles. Acredito que seria interessante não só enquanto conteúdo aos nossos leitores, como também para intercambiar conhecimento entre os institutos, reproduzi-lo no nosso blog.

Segue o link: 

Um abraço,
Gustavo Sobral
_______________________________________





08/03/2018

DIA INTERNACIONAL DA MULHER (HOJE)


INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RN IHGRN <ihgrn.comunicacao2017@gmail.com>


Caro sócio,

Na próxima quinta-feira - dia 08 (oito) de março - dia dedicado à mulher, haverá uma palestra ministrada pela escritora e poeta DIVA CUNHA, que ocorrerá no Salão Nobre do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, às 18 (dezoito) horas. 

Por oportuno informamos que o local, atualmente, está protegido por duplas de policiais, que guarnecem a segurança da Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça e Palácio da Cultura.


Aguardamos a sua presença

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

07/03/2018

A HISTÓRIA DA FACULDADE DE DIREITO DA RIBEIRA (H O J E)



OAB/RN <assessoriadeimprensa@oabrn.org.br>


CONVITE

Data: 7 de Março de 2018 (quarta feira).
Local: Temis Clube Balcão (Sede do América Futebol Clube) 
Av. Rodrigues Alves , nº 950.
Horário: A partir das 18h.
Autor: Gileno Guanabara de Sousa

A NOSSA ETERNA RAINHA DO CHORINHO



ADEMILDE FONSCECA (1921 – 2012) – Berilo de Castro

ADEMILDE FONSCECA (1921 – 2012) –
No do dia 4 de março de 1921, nascia, no povoado de Pirituba, município de Macaíba/RN, a menina Ademilde Ferreira  Fonseca, filha de Raimundo Ferreira da Fonseca e Maria Amélia da Fonseca.                                             
Desde criança já ensaiava e cantarolava canções que chamavam a atenção dos seus pais. Aos 4 anos a família mudou-se para Natal, com a transferência do seu pai que trabalhava na Rede Ferroviária do Estado. Fez seus estudos primários no Grupo Escolar Antônio de Souza, em Natal.
Aos sete anos aprendeu a letra da música Tico-tico no Fubá, de Zequinha de Abreu (1917), letrada por Eurico Barreiros (1931).
Na adolescência já fazia parte de grupos de seresteiros e dava uma “palhinha” no serviço de alto-falante de Luiz Romão. Nesse ambiente seresteiro, conheceu o violonista Laudemar Gedeão Delfim, com quem casou com apenas 19 anos de idade, passando a se chamar de Ademilde Fonseca Ferreira Delfim. Tiveram uma única filha: Eymar Fonseca. Com a separação,  assumiu definitivamente o seu nome artístico: Ademilde Fonseca.
No ano de 1941, foi morar na cidade do Rio de Janeiro, com o intuito de dar prosseguimento à carreira de cantora de rádio. Seu grande sonho.
Foi selecionada para se exibir sem receber cachê no programa Papel Carbono de Renato Murce, na Rádio Clube do Brasil. Cantou o samba Batucada em Mangueira, do repertório de Odete Amaral, acompanhada pelo grande instrumentista  Benedito Lacerda. Desse encontro, surgiram novas e frutíferas oportunidades para Ademilde, que passou a ser chamada para cantar em clubes e festas da alta sociedade carioca. Em uma delas, Ademilde pediu para cantar Tico-tico no fubá, até então só ouvida instrumentalmente. Foi um sucesso, uma apoteose. A interpretação lhe rendeu a apresentação ao famoso compositor João de Barro, o Braguinha, diretor artístico da gravadora Colúmbia.
No mesmo ano, 1942, aconteceu a sua estreia em disco pela Colúmbia, com um 78 rpm que trazia o choro “Tico-Tico no Fubá” e o samba “Voltei pra o morro”, de Benedito Lacerda e Darci de Oliveira.
A carreira de Ademilde decola. É contratada pela Rádio Clube do Brasil, onde permanece até 1944. Transfere-se para Rádio Tupi do Rio de Janeiro, onde grava novos discos, firmando-se como intérprete de imortais chorinhos, como: “ Apanhei-te cavaquinho”, de Ernesto Nazareth e Darci de Oliveira, “Urubu Malandro”, de Lourival Carvalho e João de Barro, “Brasileirinho”(1950), de Waldir Azevedo e Pereira da Costa.
Na Radio Tupi, se apresenta em horário nobre ao lado de consagrados compositores e famosos regionais, como: Rogério Guimarães e Claudionor Cruz, e grandes instrumentistas como Waldir  Azevedo, Severino Araújo, Canhoto, Jacob do Bandolin, Pixinguinha, Radamés Gnattali e  K-Ximbinho. Permaneceu por mais de dez anos na Rádio Tupi. Os seus discos renderam mais de meio milhão de cópias. Recebeu do parceiro instrumentista Benedito Lacerda o título de “Rainha do Chorinho”.
Em 1951, pela primeira vez grava baião: “Delicado”, de Waldir Azevedo e Miguel Lima, considerada uma de  suas mais marcantes interpretações.
No ano de 1952, viajou para a França  com Jamelão, Elizeth Cardoso, Orquestra Tabajara  Severino Araújo, a convite do jornalista, famoso homem da comunicação e dono dos Diários Associados, Assis Chateaubriand, e o costureiro francês Jacques Faath, onde realizaram grandes shows na Cidade Luz.
Em 1964, excursionou para a Espanha e Portugal novamente com Jamelão, fazendo grande sucesso em shows que duraram  mais de seis meses na capital, Lisboa.
No ano de 1967, participou do II Festival Internacional da Canção (FIC), patrocinado pela Rede Globo de Televisão, no Rio de Janeiro, interpretando “Fala baixinho”, de Pixinguinha, com letra do poeta-compositor Hermínio Belo de Carvalho. Em 1984, abriu o carnaval brasileiro em Nova York.
Em 1970, apresentou-se em shows no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro, e lançou, em 1975, um LP pela gravadora Top Tape, onde se destaca  a faixa “Títulos de Nobreza” (Ademilde no choro), uma homenagem da dupla João Bosco e Aldir Blanc à  Rainha do Choro.
Em 1977, fez parte do conjunto As Eternas Cantoras do Rádio, com Carmélia Alves, Violeta Cavalcante e Ellen de Lima. Participou também, no ano de 2001, do CD “Café Brasil”, produzido por Hildo Hora, ao lado de Marisa Monte, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Henrique Cazes, Leila Pinheiro e o conjunto Época de Ouro.
Em 1975, Ademilde fez parte da caravana de músicos potiguares radicados no Rio de Janeiro: K-Ximbinho, Raymundo Olavo, Paulo Tito e Fernando Luiz, convidados pelo então governador  Cortez Pereira, para percorrer o interior do Estado, fazendo apresentações e entregando o troféu Catavento por ocasião das inaugurações de obras  realizadas no seu governo.
No cinema, Ademilde Fonseca participou de filmes: “O batedor de carteiras”, “ O viúvo alegre”, no qual  a cantora potiguar interpreta a música “Minha marcação”, de Uzias da Silva (Dicionário da Música do Rio Grande do Norte – Leide Câmara, Natal/RN, 2001; pagina 19).
No Teatro Alberto Maranhão (Natal), no ano de 1996, no Programa Seis e Meia, patrocinado pela Fundação José Augusto, tive a felicidade e a alegria de ouvi-la e apreciá-la. Foi a sua última apresentação em Natal. Ademilde já não conseguia mais acompanhar os trejeitos vocais que o choro exigia, e logo ela, que dera ao choro a sua mais pura e verdadeira identidade. A sua afinadíssima voz estava sendo vencida pela idade. Subia o palco sempre acompanhada e ajudada pela filha Eymar, que lhe prestava ajuda em dueto.
Nós potiguares nos sentimos muito enriquecidos e vaidosos com tudo que Ademilde Fonseca deixou de legado para a história da música brasileira. Ciente, sim, do orgulho de termos presenteado ao país a sua maior e melhor intérprete nesse gênero gracioso, brejeiro e bastante difícil de ser cantado – o choro.
Ademilde, faleceu no ano de 2012, aos 91 anos, na cidade do Rio de Janeiro, em sua residência, no bairro da Lagoa, vítima de um enfarte do miocárdio fulminante. Encontra-se sepultada no Cemitério de São João Batista.


Berilo de Castro – Escritor
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Ademilde recebeu o título de sócia honorária da Academia Macaibense de Letras.