16/10/2017

NO JARDIM DA COLUNA CAPITOLINA – Berilo de Castro


Noite de primavera nublada, 28 de setembro; noite que foi iniciada com uma leve caída de um chuvisco. Talvez, quem sabe, para anunciar o que seria daquele momento de reencontros e de confraternizações.
No Largo Vicente Lemos – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), ambiente florido, de beleza singela e aconchegante. Local escolhido para o lançamento do livro – “A Poesia na Canção”— um resgate memorável da música-poesia, deste  articulista.
Reunião festiva e poética. Aos poucos, foram chegando os amigos, os colegas, os leitores e os familiares, criando um ambiente revestido  de alegria e de convivência fraterna. Um encontro para rever grandes e velhos amigos, para abraçá-los e referenciá-los.
A noite foi abrilhantada com música, como não poderia deixar de ser, como uma forma de homenagem toda especial ao livro, que versa sobre belas poesias musicais de uma  terra iluminada e abençoada por grandes poetas, compositores e extraordinários músicos.
A participação musical foi brilhantemente representada pelo maestro Paulo Pedro, tendo como o seu astro maior o instrumentista, um dos maiores flautistas do país: Carlos Zen. O roteiro do repertório foi todo fixado nas belas canções que compõem o texto do livro: Praieira ( Serenata do pescador), Ontem ao luar, Luar do sertão, Gente humilde, Ranchinho de paia, Mulata Rosinha, Modinha, Romaria, Natal querida e muitas outras pérolas musicais.
O encontro foi vibrantemente  contemplado com a presença da homenageada especial — a musa maior do cancioneiro potiguar — , Glorinha Oliveira, com seus 92 anos, que em oportuno momento soltou a sua inigualável e inesquecível voz, criando e lacrimejando  instantes de emoções e mais emoções a todos os presentes. Uma apoteose, um momento ímpar que muito abrilhantou e enalteceu a bela e emocionante noite festiva.
Bela noite de primavera no jardim da Colina Capitolina.
Berilo de Castro – Médico, escritor, membro do IHGRN – berilodecastro@hotmail.com.br

14/10/2017




O FESTIVAL DE CINEMA DE NATAL
CARLOS DE MIRANDA GOMES, escritor do IHGRN







            A feliz iniciativa do confrade e respeitável jornalista VALÉRIO ANDRADE, frutificou e ganhou, ao longo dos anos, uma marca em nosso Estado.
            Sua iniciativa proporcionou a vinda de grandes expressões do cinema brasileiro e tornou o Festival um ponto importante no calendário de eventos da cidade, com repercussão em todas as unidades da Federação brasileira.
            Hoje é considerado o mais antigo Festival de Cinema do Nordeste e o quarto do Brasil, organizado pelo Círculo de arte do Nordeste, pertencente ao Fórum Nacional dos Festivais.
            Mercê da responsabilidade e competência do seu idealizador, o Festival de Cinema de Natal ganhou apoio institucional de inúmeros organismos do País e a adesão de influentes personalidades do mundo cultural, político e empresarial brasileiro.
            Cada ano vem ampliando os seus objetivos, ganhando nova força, tendo criado prêmios e títulos, hoje ansiosamente cobiçado no universo do cinema, em especial o seu maior troféu “Estrela do Mar”, criação artística do imortal Dorian Gray Caldas, de saudosa memória.

            O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte decidiu apoiar o empreendimento de Cinema e, particularmente, reconheceu o brilhantismo do seu confrade VALÉRIO ANDRADE, detentor da Comenda Cultural Rio Branco, do Governo do Brasil, que orgulha o nosso Rio Grande do Norte.

13/10/2017

JOSÉ LINS DO REGO EM FOCO

Como divulgado, no dia 11 próximo passado, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte teve a satisfação de recepcionar o Professor ANTENOR LAURENTINO RAMOS, que desenvolveu excelente palestra, com o temário em seguida reproduzido:



Ao evento estiveram presentes os seus familiares, alunos e ex-alunos e amigos, numa confraternização muito agradável, cujos flagrantes foram colhidos na ocasião e vão agora reproduzidos:

O conferencista

 Vista parcial da platéia
 Outro flagrante, vendo-se ao fundo o seu irmão Afonso Laurentino
 Ainda mais um flagrante da palestra.

Nosso aplauso 



O CREDO JURÍDICO POLÍTICO DO JURISTA Clóvis Beviláqua 

“Creio no direito, porque é a organização da vida social, a garantia das atividades individuais. Necessidade da coexistência, fora das suas normas não se compreende a vida em sociedade. In eo vívimus et sumus. 

Creio na liberdade, porque a marcha da civilização, do ponto de vista jurídico-político, se exprime por sucessivas emancipações do indivíduo, das classes, dos povos, da inteligência, o que demonstra ser ela altíssimo ideal a que somos impelidos por uma força imanente nos agrupamentos humanos: a aspiração do melhor que a coletividade obtém estimulando as energias psíquicas do indivíduo. Mas a liberdade há de ser disciplinada pelo Direito para não perturbar a paz social, que por sua vez assegura a expansão da liberdade. 

Creio na moral, porque é a utilidade de cada um e de todos transformada em Justiça e Caridade, expunge a alma das inclinações inferiores, promove a perfeição dos espíritos, a resistência do caráter, a bondade dos corações. 

Creio na justiça, porque é o direito iluminado pela moral protegendo os bons e úteis contra os maus e nocivos, para facilitar o multifário desenvolvimento da vida social. 

Creio na democracia, porque é a criação mais perfeita do Direito Político, em matéria de forma de governo. Permite à Liberdade a dilatação máxima dentro do justo e do honesto, e corresponde ao ideal da sociedade politicamente organizada, como extrair das aspirações mais generalizadas de um povo determinado o sistema de normas que o dirija.

Creio mais nos milagres do patriotismo, porque o patriotismo é forma social do amor e, como tal, é força irresistível e incomensurável: aos fracos dá alento, aos dúbios decisão, aos descrentes fé, aos fortes ilumina, a todos une num feixe indestrutível, quando é preciso agir ou resistir; não pede inspiração ao ódio e não mede sacrifícios para alcançar o bem comum.”

11/10/2017

RENOVAMOS O CONVITE PARA HOJE


ENTREVISTA IMAGINÁRIA

José Saramago, não te resignes




texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra

Um escritor que dizia que, a certa altura, dizer era repetir-se. Dizer sempre o mesmo. Dizia como um gracejo, porque julgava que não tinha mais nada a declarar para além do que estava dito em toda uma obra de tantos livros em que foi dito toda a coisa. Seus romances são ensaios. Ensaios são idéias. Suas histórias são parábolas. E de parábola em parábola se tece a vida.

Português que via Pessoa como um Super-Camões. E costurou a tradição portuguesa de dizer as coisas em literatura compondo a tríade que passou por Camões, ficou em Pessoa e permanece com ele, Saramago. Homem de muitas convicções e narrador de todas as histórias que deveriam ser contadas. Senhor de um amor que passou dos livros e que virou a razão e a dedicatória de todos eles: Pilar. Sua amante, sua companheira, a sua vida. Um homem de convicções de pensamento complexo diante da perplexidade da vida. Um cultuador da língua, porque só a palavra conta.

Décima quinta entrevista da série entrevistas imaginadas, quando se falará de e com poetas e escritores, pelo que já disseram em seus versos e prosa, por isso, imaginadas, mas nunca imaginárias, porque o fundo da verdade é o que já disse e está estampado no que já disseram. O entrevistado da vez, como se disse, é o escritor José Saramago. Entrevistamos através de um passeio pela sua obra, romances, crônicas, nos cadernos.

Entrevistador: O que dizemos?
José Saramago: Dizemos aos confusos, Conhece-te a ti mesmo, como se conhecer a si mesmo não fosse a quinta e mais difícil das aritméticas humanas.

E: E o que dizemos mais?
JS: Querer é poder, como se as realizações bestiais do mundo não se divertissem a inverter todos os dias a posição relativa dos verbos.

E: O que resta dizer aos indecisos?
JS: Começar pelo princípio, como se esse princípio fosse a ponta sempre visível de um fio mal enrolado que bastasse puxar e ir puxando até chegarmos à outra ponta.

E: As entrevistas valem a pena?
JS: O que para outros ainda lhes poderá parecer novidade, tornou-se para mim, com o decorrer do tempo, em caldo requentado. Ou pior, amarga-me a boca a certeza de que quantas coisas sensatas que tenha dito durante a vida não terão, no fim das contas, nenhuma importância. E porque haveria de tê-la? Que significado terá o zumbido das abelhas no interior da colméia?

E: De O Livro dos Itinierários, que lição tirou?
JS: Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam.

E: Uma verdade, Saramago?
JS: É bem verdade que nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice pode o que sabe.

E: O silêncio, o que é o silêncio?
JS: A fascinação de quem escreve.

E: Saber ler, o que é?
JS: saber ler (descobri-o mais tarde) equivalia a abrir portas para o espírito, mas também em certos casos, a fechar algumas portas dele.

E: A lição do polícia amador de Edgar Poe?
JS: Boa razão tinha aquele polícia amador do Edgar Poe, que dizia não haver melhor modo de esconder uma coisa que tê-la sempre à vista.

E: Qual o tempo do que dura?
JS: O esquecimento de tudo no fundo da garrafa, como um diamante, a embriaguez vitoriosa enquanto dura.

E: Qual o maior dos mitos, ou qual o verdadeiro mito?
JS: O mito do paraíso perdido é o da infância – não há outro. O mais são realidades a conquistar, sonhadas no presente, guardadas no futuro inalcançável.

E: O que é escrever para Saramago?
JS: Escrever é traduzir. Sempre o será. Mesmo quando estivermos a utilizar a própria língua.

E: Algo mais do Livro dos Conselhos?

JS: Enquanto não alcançares a verdade, não poderás corrigi-la. Porém, se a não corrigires, não a alcançaras. Entretanto não te resignes.