03/10/2017
02/10/2017
HOMENAGEM A HORÁCIO PAIVA, nosso associado
DESEJOS
se procuras pelo sol
terás o sol
se procuras pelo sonho
terás o sonho
se procuras pela brisa
poderás estar ao sol
entregue ao sonho
e às carícias
das leves asas
da esperança
(Horácio Paiva)
Instituto Histórico e Geográfico do RN <ihgrn.diretoria@uol.com.br>
Caros sócios,
Estamos
lançando mais um número da nossa Revista, XCV, edição comemorativa aos
150 anos de Manoel Dantas. Esta edição marca uma renovação na nossa
linha editorial e projeto gráfico.
Informamos que
a Revista será lançada na quinta-feira, 19 de outubro do corrente ano, a
partir das 18 horas, no Largo Vicente Lemos do IHGRN, e será vendida
por R$ 30,00 (trinta reais) o exemplar, cuja renda sera revertida para a
confecção do próximo número..
Na ocasião,
realizaremos a abertura de Exposição de obras do pintor e artista
Newton Navarro, pertencentes ao acervo de Holanda Advogados, inéditas
para o público, com curadoria de Maria Simões.
Por
oportuno, informamos que a produção desta Revista só foi possível graças
à colaboração financeira dos seguintes sócios, cujos nomes constam na
contracapa da nossa Revista histórica, que é editada desde 1903, reservando para cada um dos colaboradores, UM EXEMPLAR desta edição, a ser retirado na secretaria do IHGRN e assim expressamos o nosso profundo agradecimento.
A DIRETORIA:
Antônio Luiz Medeiros
Armando Roberto Holanda Leite
Augusto Coelho Leal
Berilo de Castro
Bernadete Batista de Oliveira
Carlos Adel Teixeira de Souza
Carlos Roberto de Miranda Gomes
Cícero Martins de Macedo Filho
Cláudio Augusto Pinto Galvão
Diulinda Garcia de Medeiros
Eider Furtado de Mendonça e Menezes
Familiares de Manoel Dantas
Francisco de Assis Câmara
Francisco Jadir Farias Pereira
Graco Aurélio Câmara de Melo Viana
Gustavo Leite Sobral
Haroldo Pinheiro Borges
Hélio Fernandes da Silva
Horácio de Paiva Oliveira
Janilson Dias de Oliveira
José Vasconcelos da Rocha
Joventina Simões Oliveira
Juarez Chagas
Jurandyr Navarro da Costa
Lívio Alves Araújo de Oliveira
Manoel Marques Filho
Maria do Perpétuo Socorro Wanderley de Castro
Newton Mousinho de Albuquerque
Odúlio Botelho Medeiros
Ormuz Barbalho Simonetti
Rinaldo Claudino de Barros
Roberto Lima de Souza
Tomislav Femenik
Valério Alfredo Mesquita
Vicente Serejo
A DIRETORIA
INSCRIÇÕES ABERTAS PARA A ANLIC
A Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel - ANLIC declarou abertas as inscrições para ocupação das seguintes cadeiras:
N* 16- patrono - Luiz Gonzaga Brasil.
N* 23- patrono- Manoel Macedo Xavier.
N* 27- patrono- João Albino da Costa.
e,
N* 32-patrono- José Celestino Alves.
Para efetuar a inscrição basta entregar na Estação do Cordel, situada na Rua João Pessoa, 58, Centro, Natal/RN. Ou:
Rua Antônio Delmiro, 1394, Lagoa do Mato, Mossoró/RN, os seguintes documentos:
1-requerimento preenchido. (O modelo segue junto com o edital de convocação)
2- Três exemplares de trabalhos autorais publicados, e
3- Currículo do candidato.
José Acaci
Presidente da ANLIC.
30/09/2017
VALÉRIO
LEIAM
OS SALMOS
Valério Mesquita*
Não sou pastor nem
vigário, mas leiam os Salmos. No livro dos Salmos, basicamente, os gêneros vão
desde os hinos de louvor, de lamentos, de ação de graças, de confiança,
sapiências, até aqueles de estilo poético. Não é à
toa que o
próprio Martinho Lutero classificou-os como “uma pequena Bíblia e resumo
do Antigo Testamento”. E Jesus Cristo, após a sua ressurreição, falou aos seus
discípulos que “importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de
Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44). Outro ponto alto da importância
dos Salmos está expresso na revelação dos teólogos e estudiosos das Sagradas
Escrituras de que “a vinda de Cristo, o seu sofrimento e a sua glória” se acham
neles explícitos tanto quanto em todo o Antigo Testamento. É só ler para crer.
O nome Salmos significa
Cânticos que podem ser vocais ou instrumentais. Não estou catequizando ou
doutrinando. Assevero que posso laborar em equívoco ante a erudição dos
teólogos católicos e/ou evangélicos. A abordagem do tema é meramente formal,
entusiástica, por me deter encandeado e seduzido pela beleza literária da
poesia hebraica de saudação e glória ao Senhor. Evidente que outras passagens
de extremo encantamento e excelsa espiritualidade são notórias no Novo
Testamento, nos Evangelhos até nas Epístolas, passando pelos Atos dos
Apóstolos. Nenhum livro profano do mundo, em todos os tempos, exprimiu tanta
sublimação e beleza estética do que a Bíblia. Não me repreendam os mestres da
doutrina cristã porque olvidei os livros do Gênesis, Êxodo, Deuteronômio,
Samuel I e II, Reis I e II, Jó, Provérbios, Eclesiastes e os profetas maiores:
Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, só para citar estes, porque todos são
grandes.
A Bíblia é o repertório de tudo o que depois
se escreveu em todas as literaturas do mundo, até hoje. Alguém poderá aduzir
que tudo nela foi ditado pelo Espírito Santo, daí a sua extraordinária
coerência e monumental fidelidade como legado de Deus à humanidade. Apenas,
este pobre texto, que não é ensaio e nem muito menos crítica (quem sou eu!),
mas um desejo, também, dirigido a todos para que se harmonizem com os desígnios
de Deus. Em Efésios 2.8 e 9: “A salvação é pela graça através da fé”. Se Paulo
assim se expressou quando o mundo era menor e menos habitado, tal assertiva é
válida para os nossos dias de superpopulação, de milhares de problemas,
pecados, mortes, destruições, porque o ser humano é o mesmo, apesar de bilhões
terem se animalizados. “Todas as nações estarão representadas no céu”
(Apocalipse 5.9; 7.9; 21.2226). Quem vai julgar, a meu ver (sublinhe-se), o
conflito religioso palestino não será a ONU, pois é subserviente e ineficaz, –
mas, sim, o próprio Deus Trino.
Volto-me para os
Salmos. Ao seu deleite, a formidável energia cósmica que eles encerram. Retorno
à visão e antevisão dos seus testemunhos, dos seus alumbramentos e de sua
santidade. Davi foi o poeta maior, além de rei e pecador, rogando a Deus para
apagar as suas transgressões, “segundo a multidão das tuas misericórdias”
(Salmo 51). Não consigo enaltecer e destacar Davi na vitória sobre Golias, mas
na humildade e perdão revelados após haver possuído Bate-Seba. Inúmeras foram
os salmistas mas Davi foi o maior deles. E o Salmo 103 resume quase todos ao
abordar perdão, saúde, temor, redenção, restauração, satisfação e justiça.
Quando canta “Bendize, ò minha alma, ao Senhor...”, o salmista eleva a sua
pequenez às alturas da imensa grandeza do Senhor dos Exércitos. Por fim, salmo
bíblico é cultura literária, oração, remédio para muitas curas do corpo e da
alma. Quem quiser viver lerá.
(*) Escritor
29/09/2017
Padre JOÃO MEDEIROS
TEMPOS DE DISTOPIA
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO
A filosofia e a sociologia concebem distopia como
o oposto de utopia, o túmulo da esperança. Em meados do século XX,
alimentávamos o sonho de mudar os costumes e a sociedade de nosso país. Éramos
voltados para a utopia. Corria em nossas veias o ufanismo nacional com seus valores
e ideais. Pensávamos e desejávamos um futuro próspero. O Brasil focalizou em
especial um adjetivo: novo. O cinema, novo; a bossa, nova; o projeto de
desenvolvimento liderado por Celso Furtado, igualmente fértil e novo.
Vivemos agora tempos distópicos, ou seja, de descrédito,
apatia, indiferença, depressão individual e social. O autor do Eclesiastes
padeceu desse mesmo sentimento de desânimo: “Todas as palavras estão gastas... O que foi é o que será; o que se fez
é o que se fará. Nada de novo sob o sol!” (Ecl 1, 8-9). Da mesma forma, nossa
pátria hoje se ressente de incredulidade, está pobre de espiritualidade e
distante de Deus.
O monge cisterciense Thomas Merton, inspirado
em John Donne, dizia que “Homem algum é
uma ilha”. No reino animal, somos as criaturas que mais necessitam de
proteção e cuidados, por isso buscamos o próximo. Levamos cerca de duas décadas
para atingir a maioridade. A natureza humana convida-nos à solidariedade. No
entanto, a desesperança leva-nos a ficar isolados em nossos medos e
inseguranças. Sabemos o que não queremos e manifestamos o nosso desagrado, a
nossa frustração e indignação. No entanto, sentimo-nos impotentes e poucas
vezes podemos propor algo factível. São tempos distópicos, de desalento.
A crise é igualmente civilizatória. O mundo está
dominado pelo dinheiro e pela violência. Empresas, às vezes, têm mais poder e
força do que Estados e governos. Tudo é pensado em função da acumulação do
capital e infelizmente a natureza é massacrada ao extremo. Sua preservação é
considerada entrave ao progresso. Inverteu-se a axiologia: o ser humano existe
em função desses projetos e não eles em função do homem.
O respeito está em agonia. No entanto, a
espiritualidade sobrevive. Ela é a essência de nossa subjetividade, altar no
qual erigimos nossos deuses. Há quem a empregue como sustentáculo de seu
egoísmo e eleja o interesse egocêntrico como bem supremo. Mas, há, sim, quem a
nutre em fontes altruístas, como Cristo, Buda, Gandhi e outros tantos líderes.
Nossas opções dependem de nossa espiritualidade.
A mercantilização dos bens da vida e das
relações humanas, a política, desprovida de sensibilidade e interesses sociais,
propiciam fortemente o surgimento de religiões sem teologia, igrejas sem
liturgia, fiéis sem caridade. Emerge um transcendentalismo, que atribui todos
os males à luta entre o Bem e o Mal. Declina-se da responsabilidade de buscar
as causas dos danos na vida humana e social. Há que se resignar à “vontade de
Deus” e orar para que o milagre aconteça, afirmam os mais crentes e fervorosos.
Está se disseminando a sensação de que o
Brasil acabou ou está falido. Predomina o sentimento de descrença. É a distopia
reinando. Silenciamos. As igrejas, portadoras da Palavra de Deus, carecem de ânimo
e de esperança, a qual é uma virtude teologal. Revoltamo-nos com os gastos excessivos dos
poderes da nação, com o estrago incomensurável da corrupção e o cinismo dos
infratores, além da politicagem de interesses escusos. De resto, ficamos apopléticos
e impotentes. Assim, aceitamos passivamente a perda da liberdade e da
segurança, a queda dos princípios pelos interesses, do público pelo privado, do
Bem pelos bens. Civilização distópica.
A esperança evapora-se. A Bíblia é rica em
períodos de desalento, como o que ora atravessamos. A saída não depende apenas
de nossa vontade, partido ou igreja. Ela necessita da união de todo o povo
brasileiro, embasada em uma maneira honesta e digna de pensar e agir. Por isso,
Jesus não teve pressa para que o Reino de Deus acontecesse logo. Adotou a única
atitude que torna efetiva a esperança proposta: organizou um pequeno grupo e plantou
as sementes de um novo projeto civilizatório. Este se alicerça no amor, na
compaixão e na partilha. Não esqueçamos: “Se
eu tiver de andar nas trevas, não temerei” (Sl 23/22, 4), pois Deus está
comigo. “Coragem, eu venci
o mundo”, ensinara o Mestre (Jo 16, 33).
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