LEIAM
OS SALMOS
Valério Mesquita*
Não sou pastor nem
vigário, mas leiam os Salmos. No livro dos Salmos, basicamente, os gêneros vão
desde os hinos de louvor, de lamentos, de ação de graças, de confiança,
sapiências, até aqueles de estilo poético. Não é à
toa que o
próprio Martinho Lutero classificou-os como “uma pequena Bíblia e resumo
do Antigo Testamento”. E Jesus Cristo, após a sua ressurreição, falou aos seus
discípulos que “importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de
Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44). Outro ponto alto da importância
dos Salmos está expresso na revelação dos teólogos e estudiosos das Sagradas
Escrituras de que “a vinda de Cristo, o seu sofrimento e a sua glória” se acham
neles explícitos tanto quanto em todo o Antigo Testamento. É só ler para crer.
O nome Salmos significa
Cânticos que podem ser vocais ou instrumentais. Não estou catequizando ou
doutrinando. Assevero que posso laborar em equívoco ante a erudição dos
teólogos católicos e/ou evangélicos. A abordagem do tema é meramente formal,
entusiástica, por me deter encandeado e seduzido pela beleza literária da
poesia hebraica de saudação e glória ao Senhor. Evidente que outras passagens
de extremo encantamento e excelsa espiritualidade são notórias no Novo
Testamento, nos Evangelhos até nas Epístolas, passando pelos Atos dos
Apóstolos. Nenhum livro profano do mundo, em todos os tempos, exprimiu tanta
sublimação e beleza estética do que a Bíblia. Não me repreendam os mestres da
doutrina cristã porque olvidei os livros do Gênesis, Êxodo, Deuteronômio,
Samuel I e II, Reis I e II, Jó, Provérbios, Eclesiastes e os profetas maiores:
Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, só para citar estes, porque todos são
grandes.
A Bíblia é o repertório de tudo o que depois
se escreveu em todas as literaturas do mundo, até hoje. Alguém poderá aduzir
que tudo nela foi ditado pelo Espírito Santo, daí a sua extraordinária
coerência e monumental fidelidade como legado de Deus à humanidade. Apenas,
este pobre texto, que não é ensaio e nem muito menos crítica (quem sou eu!),
mas um desejo, também, dirigido a todos para que se harmonizem com os desígnios
de Deus. Em Efésios 2.8 e 9: “A salvação é pela graça através da fé”. Se Paulo
assim se expressou quando o mundo era menor e menos habitado, tal assertiva é
válida para os nossos dias de superpopulação, de milhares de problemas,
pecados, mortes, destruições, porque o ser humano é o mesmo, apesar de bilhões
terem se animalizados. “Todas as nações estarão representadas no céu”
(Apocalipse 5.9; 7.9; 21.2226). Quem vai julgar, a meu ver (sublinhe-se), o
conflito religioso palestino não será a ONU, pois é subserviente e ineficaz, –
mas, sim, o próprio Deus Trino.
Volto-me para os
Salmos. Ao seu deleite, a formidável energia cósmica que eles encerram. Retorno
à visão e antevisão dos seus testemunhos, dos seus alumbramentos e de sua
santidade. Davi foi o poeta maior, além de rei e pecador, rogando a Deus para
apagar as suas transgressões, “segundo a multidão das tuas misericórdias”
(Salmo 51). Não consigo enaltecer e destacar Davi na vitória sobre Golias, mas
na humildade e perdão revelados após haver possuído Bate-Seba. Inúmeras foram
os salmistas mas Davi foi o maior deles. E o Salmo 103 resume quase todos ao
abordar perdão, saúde, temor, redenção, restauração, satisfação e justiça.
Quando canta “Bendize, ò minha alma, ao Senhor...”, o salmista eleva a sua
pequenez às alturas da imensa grandeza do Senhor dos Exércitos. Por fim, salmo
bíblico é cultura literária, oração, remédio para muitas curas do corpo e da
alma. Quem quiser viver lerá.
(*) Escritor