17/08/2017
H O J E : OCUPAÇÃO CEARÁ MIRIM - dia 17
No
largo Vicente de Lemos do Instituto Histórico e Geográfico do RN, banda
de música, artesanato, folclore, exposição de arte. Ceará-Mirim,
engenhos, tradição e arte. Não perca!
Quinta-feira, 17 de outubro, às 16h.
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16/08/2017
SABEDORIA
A INTOLERÂNCIA EM NOSSOS DIAS
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO
É comum ouvir: “Onde iremos parar com tanta intolerância”? Esta se
manifesta principalmente na agressividade e no radicalismo. Não é o
conflito de gerações, que ocorre em família e na sociedade. É
desrespeito ao pensar, à expressão e ao ser do outro. Atualmente,
torna-se cada vez mais difícil conviver. As pessoas estão armadas
interiormente e explodem à menor contestação. É preciso controlar esse
mal que está levando ao ódio. Nasce da incapacidade de aceitar o
próximo, possuidor também dos mesmos direitos. Seu crescimento nos
diversos segmentos da sociedade causa perplexidade e desafia os limites
do bom senso e da civilidade. Tem levado muitos a cometer
arbitrariedades e injustiças. A partir daí, aumentam os atos de
violência e barbárie em casa, nas ruas e em vários ambientes. Ela tem
causado atritos, inimizades, divisões nos lares, nas escolas, no
trabalho, nas religiões etc. Nas passeatas há, inevitavelmente,
expressões da intolerância, que grassa na sociedade. Decretou-se o
reinado do monólogo. As redes sociais estão contagiadas por palavras e
atitudes intransigentes. Em lugar de aproximar, acabam afastando. Hoje,
evitam-se certos contatos, pois não é fácil manter uma convivência
civilizada. Os investimentos morais e materiais em educação e na
formação da cidadania – modeladores da consciência da vida em sociedade –
não têm sido suficientes para mitigar a agressividade gerada pelo
aumento de radicalismos. Assistimos impotentes ao avanço dos filhos da
intolerância: arrogância, tirania, individualismo exacerbado e
consciência social deturpada.
É urgente que especialistas do comportamento humano analisem as
causas de sua gênese, assim como neutralizá-las. Por vezes, parece
originar-se do simples ato de fixar-se na defesa cega das próprias
convicções, rechaçando as perspectivas divergentes. É fruto do egoísmo,
que beira à sanha da ditadura. E, como consequência disso, advém o
desprezo ou a antipatia pelos demais. Conduz à negação do pensamento e
da vontade de outrem. Essa postura aprisiona o ser humano e o incapacita
para os diálogos construtivos. Isso compromete o alcance de
entendimentos para preservar o bem comum.
A rigidez na compreensão e no acolhimento do divergente leva à
insensibilidade, que contamina. É uma forma de absolutismo, que ataca
muitos. Trata-se da exaltação do eu e da anulação do nós. Atualmente,
manifesta-se de forma acentuada no debate político, cultural, pedagógico
e até religioso. Percebe-se, assim, que a mentalidade inflexível
embrutece e destrói o exercício da liberdade, a qual garante a todos a
oportunidade de participar dos diferentes processos importantes da vida
social. Mas, para isso, exige-se a capacidade de leitura solidária das
relações humanas, do inegociável respeito ao pensamento de outrem,
incluindo a aceitação dos seus valores e aqueles das instituições.
Na raiz da intolerância está a rejeição das diferenças,
comprometendo o convívio humano e social. Isso tem levado ao desrespeito
individual ou coletivo, fonte de loucuras e arbitrariedades, que
precipitam a sociedade para o crime. E desse modo, cada um se elege como
parâmetro exclusivo das definições, escolhas e opções. O resultado de
tudo é um quadro insano, em que ninguém abre mão da sua própria opinião.
Essa estreiteza de horizontes desenvolve a estagnação social, gerada
essencialmente pela ausência de diálogo. Para alcançar a paz social, o
ser humano precisa contribuir significativamente com a cultura do
encontro, que pressupõe a convivência harmoniosa entre pessoas que
pensam diferentemente. O passo inicial para que isto aconteça é a
isenção de preconceitos e julgamentos precipitados ou levianos. Eis um
caminho para combater as diversas formas de intolerância e promover o
respeito aos direitos e à dignidade humana. Os intolerantes definem como
seu lema: “Sou mais eu”. Inspiram-se em Jean Paul Sartre, quando
afirmou “L´enfer, c´est les autres” (os outros são o inferno), por isso
mesmo devem ser evitados e descartados. Portanto, negam a doutrina
cristã que prega a multiplicidade de carismas. “Há diversidades de
dons... ministérios... atividades... A cada um é dada uma palavra de
sabedoria... em vista do bem de todos” (1Cor 12, 4-7). O apóstolo Paulo
aconselha aos cristãos de Éfeso: “Sejam humildes, dóceis, pacientes,
tolerando [suportando] uns aos outros no amor” (Ef 4, 2).
13/08/2017
PAIS
OS PASSOS JÁ NÃO SÃO TÃO FIRMES,
MAS O CORAÇÃO AINDA PULSA INCESSANTEMENTE,
PORQUE AINDA EXISTEM OS FILHOS PARA ABRAÇAR.
ALGUNS ATÉ JÁ PARTIRAM PARA OUTRA DIMENSÃO DA VIDA
MAS PERSISTEM NA MEMÓRIA DOS QUE LHE AMAM.
FELIZ DIA DOS PAIS
COISAS DE MACAÍBA!
BATERIA, POR QUE
CHORAS?
Valério Mesquita*
José
Paulino de Brito, magro, moreno, vulgo “Banga”, apelido que o credenciava tanto
como ponta esquerda do Cruzeiro F.C. ou - no comando da bateria do regional musical
- tocava as festas do Pax Club ou em qualquer lugar. Era o acrobata do tarol.
Nos desfiles da banda de música municipal pela cidade, desde os anos cinquenta,
não somente tocava, mas, se exibia com jeitos e trejeitos como se buscasse o
aplauso fácil, espontâneo, provocando a impaciência do maestro. Nas temporadas
dos circos em Macaíba, ver Banga contorcer-se na bateria acompanhando uma
caliente rumba olhando fixo - ali bem perto, os quadris carnudos da rumbeira
rebolativa - era um espetáculo à parte. Cheio de “pinga” Banga deixava-se
hipnotizar pelo bumbum, caprichando na percussão da bateria tal e qual um falo
frenético em cada movimento sensual da arte erótica da rumbeira circense.
Doente do pulmão, Banga viveu de reminiscências, na rua Rodolfo Maranhão,
antigo bas-fond macaibense. Os seus olhos, refletiam as luzes dos bailes e circos
de sua vida.
Banga
ao falecer, desapareceu um dos últimos expoentes do lirismo humano e musical de
Macaíba, onde pontificaram Pereira (piston), Rey (trombone), Neif Nasser (sax),
Chicozinho (cavaquinho), Belchior (banjo), Geraldo Paixão (contra-baixo), Tião
(surdo), Perequeté (pratos), Paraca, Jessé, Edivan e tantos outros que
integravam a banda de música da prefeitura que Cornélio Leite Filho ironizava
apelidando de: “a peidona”. José Paulino de Brito foi servidor municipal
(porteiro da câmara de vereadores). Aposentado, fazia biscates como garçom e em
casas de jogo.
Era
filho do casal seu Paulino (barbeiro) e Hilda, fiel eleitora de seu Mesquita.
Fui amigo de infância de seus irmãos: Raimundo (Prego), Dione, Canindé e Toinho
Chimba. Com a sua morte, a cidade perdeu um pouco a identidade boêmia, na
pessoa de um autêntico notívago e pastorador de auroras das ruas antigas de
sessenta anos passados. Como ponta esquerda do Cruzeiro, o azul celeste dos
gramados do futebol, armava as jogadas simples e complicadas sob a orientação
técnica de Nestor Lima. Ao lado dos atletas Bedé, Tota, Passarinho, Loreto,
Chico Cobra, Malheiro, Edílson, Magela, Mauro, Aguinaldo (Barbosinha),
Galamprão, Caíco e muitos, que formam na minha mente, uma sinfonia provinciana
de humanismo e simplicidade de um tempo de ouro, retalhos de cetim.
Os
jovens daquela época ainda sobreviventes como eu, testemunhas ou notários
públicos, hoje podem relembrar e testemunhar as figuras citadas desse universo
semidesaparecido: Cícero Martins de Macedo Filho, Armando Leite de Holanda,
Karl Mesquita, Dickson e Nássaro Nasser, Silvan Pessoa, Eudivar Farias, além de
tantos que não dá para citar.
A
lembrança de José Paulino de Brito, emite sons e sinais de que o tempo apaga
lentamente as impressões digitais da antiga Macaíba. Banga, mesmo na sua
humildade de nascimento e vida, a sua morte diminui uma fase áurea. Apaga nas
ruas e as paredes dos bares da cidade a memória dos simples. Não são somente os
notáveis, os ricos ou os ambiciosos de todo o gênero que fazem a história de
uma cidade, estado ou país. Lembrem-se que na historiografia da humanidade,
somente os pobres se assemelham aos mártires.
(*) Escritor.
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