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15/06/2017
14/06/2017
GUARAPES 2017:
AUDIÊNCIAS PÚBLICAS!
Valério
Mesquita*
O ponto alto das comemorações dos 140 anos da emancipação
política e administrativa de Macaíba será o aniversário de 208 anos de
nascimento do seu fundador Fabrício Gomes Pedroza, cujas cinzas foram
trasladadas do Rio de Janeiro para a igreja matriz de Nossa Senhora da
Conceição. O vinte e sete de outubro de 1877, pela lei nº 801, Macaíba – que
antes se chamava Coité – desmembrou-se de São Gonçalo. Aí amplia-se o período
de esplendor comercial do porto de Guarapes que irradiou energia econômica a
todos os quadrantes. Monopolizou o sal para o sertão, incentivou a indústria
açucareira do vale do Ceará-Mirim, financiou a produção adquirindo as safras
das fazendas de algodão, cereais, couros e peles. Fundou a “Casa dos Guarapes”
e do alto da colina comandou o seu mundo de transbordamentos, onde tudo era
rumor, vida, agitação, atividade.
É nesse vácuo de duzentos anos que reside a minha perplexidade.
Um silêncio dominado pelo abandono e a indiferença. Ninguém coloca em cena a
coragem de contemplar restituído o universo oculto de Fabrício que fez brilhar
o nome de Macaíba dentro e fora do Rio Grande do Norte, na segunda metade do século
dezenove. Não bastam, apenas, reprisá-lo com lendas e narrativas, como tivesse
sido um mundo de ficção. Melhor que a dispersão da palavra solta é ouvir o eco
de suas paredes reerguidas, das vozes trazidas pelo vento das vidas que não se
pulverizaram mas renasceram pelas mãos das novas gerações. Esse universo
semidesaparecido, clamo por ele, aqui e agora, afirmando que a melhor imagem de
um homem, após a morte, não são as cinzas, mas a obra (casarão dos Guarapes)
que legou à posteridade, revivida e restaurada como reconfortante e fiel
fotografia de sua história e vida. Audiência pública urgente! Na Assembleia
Legislativa e na Câmara de Macaíba.
Como guerreiro solitário, luto há mais de quinze
anos pela restauração dos escombros do empório dos Guarapes. Como membro,
àquela época, do Conselho Estadual de Cultura do Estado, consegui o tombamento.
De imediato, no desempenho do mandato parlamentar obtive do governo a
desapropriação da área adjacente. Batalhei, em alto e bom som, junto aos
gestores públicos a elaboração do projeto arquitetônico, que, até hoje, dormita
em armário sonolento da burocracia. Foi uma agitação, apenas, que não se moveu
nem comoveu. Saí dos movimentos da superfície oficial, para as janelas da
imprensa e outras vozes, em coro uníssono, oraram comigo pelas ruínas da mais
reluzente história da economia do Rio Grande do Norte: os Guarapes. Todo esse
conjunto de verdades fixas foi ilusão imaginar que a lucidez jamais se
disfarçaria em surdez. Como enfrentei e venci no passado, partindo de perspectivas
débeis e precárias, óbices quase intransponíveis para a restauração das ruínas
do Solar do Ferreiro Torto e da Capela de Cunhaú, sinto que não perdi os laços
entre a fragmentação do sonho e a fé incondicional no meu pragmatismo, de que
tudo, até aqui, nada foi em vão. Audiência pública urgente! Na Assembleia
Legislativa e na Câmara de Macaíba.
Reproduzir a realidade, tal que se imagina
que fosse, o burburinho comercial e empresarial daquele tempo de Fabrício,
faz-nos refletir e aprender para ensinar aos jovens de hoje através de
exemplos, imagens e ritmos, a saga de que vultos como o dele iniciaram uma
figuração, nova, nítida e luminosa, pouco tempo depois, numa Macaíba que
começava a nascer com Auta de Souza, Henrique Castriciano, Tavares de Lyra, Augusto
Severo, Alberto Maranhão, João Chaves, Octacílio Alecrim e outros que
construíram em modelos de vidas o prestigio da terra natal – que não se
evapora, nem se desmancha. Essa realidade para mim é tensa e inquieta, porque
cabe hoje revivê-la em todos nós. É imperioso que os nossos governantes tracem
esboços para uma saída, uma superação, criando-se fendas e passagens, para
juntos, todos, respirarmos o oxigênio da convivência com os nossos
antepassados. Se todos nós pensarmos assim, com cada palavra significando
labareda, lampejo, no centésimo quadragésimo aniversário, derrubem, pois, os
obstáculos que impedem as luzes do empório dos Guarapes refletirem sobre a
posteridade. Se assim não agirmos tudo será cinzas.
Audiência pública urgente! Na Assembleia Legislativa
e na Câmara de Macaíba.
(*) Escritor.
13/06/2017
UMA NOITE INESQUECÍVEL
A Solenidade realizada ontem na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, pode ser considerada inesquecível, mercê de haver guardado um cerimonial elogiável, distribuído em quadros marcantes.
O evento foi patrocinado por três entidades - a ANRL, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e a Academia de Letras Jurídicas do RN - ALEJURN, representado pelo Acadêmico Lúcio Teixeira dos Santos.
Inicialmente o Acadêmico Diogenes da Cunha Lima abriu a solenidade cumprimentando os presentes e as Instituições, dentre as quais a Maçonaria, que teve papel preponderante na luta nacionalista na Revolução Pernambucana de 1817.
Em seguida houve uma encenação emocionante de estudantes do Grupo de alunos do Cenep-Centro Estadual de Educação Profissional Senador Jessé Freire, por gentileza da Professora Isaura Rosado que diante do quatro de Parreiras encenaram a prisão e o julgamento do Padre Miguelinho, o grande homenageado da noite, nos seus 200 anos de morte (12 de junho de 1817), grupo muito aplaudido e elogiado.
Composta a Mesa dos Trabalhos com os representantes da Instituições Patrocinadoras - Cláudio Emerenciano, pela ANRL, sendo inclusive o ocupante da cadeira n° 1 em que é Patrono Padre Miguelinho, seguido do Acadêmico e Jornalista Vicente Serejo, pela ANRL que revelou aspectos históricos da vida do homenageado, calçado em opiniões de escritores potiguares reveladoras de verdades das ocorrências, tendo em Edgard Ramalho Dantas o terceiro orador, que exaltou a obra do seu avô Manoel Dantas, com novas revelações contundentes e, encerrado a solenidade, a fala abalizada do Acadêmico Jurandyr Navarro, num discurso intimista do grande Herói e Mártir, estes últimos representando o IHGRN.
Foi realmente uma noite esplendorosa para o resgate de uma história imorredoura, que enriquece a história do Rio Grande do Norte e consagra definitivamente o nosso maior herói, o Frei e posteriormente Padre secular Miguel Joaquim de Almeida
e Castro (Padre Miguelinho).
A COMUNIDADE POTIGUAR AGRADECE TÃO MEMORÁVEL SOLENIDADE.
Casa do Mestre Cascudo
13/06/2017
texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra
Um canto de muro esconde muito coisa que só ele revela. Num canto de
muro habitam insetos, saltam pássaros, andam formigas, caem goteiras,
crescem ervas daninhas, passeiam e sonham meninos. Um canto de muro
feito assim vira literatura nas mãos de um Cascudo amigo que pela janela
do seu sobrado colecionava os fins de tarde do rio Potengi.
Casa na avenida com nome do dono, Câmara Cascudo, subida da Ribeira
para a Cidade Alta, Natal/RN. Na porta de entrada, a segurança
necessária: um cangaceiro pintado pelo artista completo de todos, e
amigo, Dorian Gray Caldas. Transposta a segurança, a escadaria leva ao
alpendre que ali toma nome de vento e sossego de um chão desenhado de
mosaico.
Na sala de entrada, retratos. Foto do zepelim, que sobrevoou a cidade
dos anos 1900 e jogou flores ao aeronauta Augusto Severo, e de Villa
Lobos, que oferece uma testa larga para um Cascudo amigo. E depois, na
casa, as paredes pintadas com as assinaturas de quem entrou porta
adentro e viu e viveu o mestre quando conversava no balanço da cadeira e
baforava a lentidão no charuto.
A máquina de escrever descansa mais de cento e sessenta livros e
plaquetes escritos e publicados sobre tudo, desde história, folclore,
alimentação a cultura, tanto que teve de virar livro, trabalho de toda
hora e de todo tempo para escrever sobre todas as coisas numa disciplina
da madrugada de leitura e redação que o aviso na porta advertia: o
mestre Cascudo só atende à tarde, que pela manhã dorme e à noite
escreve.
O endereço ficou marcado para que não se perdesse, recebendo o seu
nome, então a casa antiga ficou pertencendo à rua do dono, Avenida
Câmara Cascudo, 377. Dizem que sua forma é chalé, a que gosto de época
não se sabe, mas suas obras findaram em 1900, até ser comprada pelo
sogro de Cascudo em 1910, e depois por ele, em 1947. Os pedacinhos da
casa estão nas páginas dos seus livros, porque foi naquele chão e
embaixo daquele teto que livros e mais livros, e muita história com
sabor de quem conta, saíram por aí pelas páginas, provocando o encanto
da descoberta de ler o que Cascudo conta.
12/06/2017
11/06/2017
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