18/04/2017
17/04/2017
14/04/2017
12/04/17 23:37:04: +55 84 9982‑1698: Por que Santos Óleos e Lava Pés?
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A
exemplo de ontem, caríssimos amigos internautas de fé que todos os
dias, sintonizados com nosso grupo no Facebook, compartilham o “Hora da
Prece das 18h10m às 18h20m”, não escreverei hoje, porque seria
desperdício deixar de veicular aqui um texto ótimo e inédito sobre a
importância e o significado da Quinta-feira Santa e seus grandes
momentos, marcados, respectivamente, pelos Santos Óleos e pelo Lava Pés.
Trata-se
de um resumo que para minha orientação recebi das mãos do padre João
Medeiros Filho, um dos melhores expoentes dos sacerdotes católicos que
advogam o ecumenismo e um dos maiores, senão o maior intelectual vivo
hoje em dia no nosso Rio Grande do Norte.
Ótimo para pessoas de quaisquer crenças, inclusive nenhuma, eis o texto:
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QUINTA-FEIRA SANTA
...................
Padre João Medeiros Filho
...................
Hoje
celebramos a instituição de dois sacramentos: a Eucaristia e o
Sacerdócio. Antes de morrer e desejoso de legar aos homens um sinal da
sua presença, Jesus instituiu a eucaristia e, para celebrá-la,
deixou-nos os sacerdotes da Nova Aliança. Na Quinta-feira Santa,
destacamos estes dois grandes acontecimentos. Em geral, celebram-se duas
missas: uma pela manhã: Missa do Crisma e uma vespertina: Ceia do
Senhor.
MISSA DA BÊNÇÃO DOS SANTOS ÓLEOS
Não
se sabe exatamente, como e quando teve início a bênção conjunta dos
três óleos empregados na liturgia da Igreja, especialmente na
administração dos sacramentos. Fora de Roma, esta bênção acontecia em
outros dias, como no Domingo de Ramos ou no Sábado de Aleluia. O motivo
de se fixar tal celebração na Quinta-feira Santa deve-se ao fato de ser
este o dia em que se comemora a instituição do sacerdócio e último dia
em que se celebra a missa antes da Vigília Pascal. São abençoados os
seguintes óleos:
Óleo
do Crisma. É uma mistura de óleo de oliveira e bálsamo do Oriente,
significando plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve
irradiar a força e o perfume de Cristo. O bálsamo também era um
medicamento contra as contusões. O cristão é aquele que encontra em
Cristo o remédio contra as pancadas da vida. É usado no sacramento da
Confirmação (Crisma), quando o cristão é confirmado na graça e no dom do
Espírito Santo, para viver como adulto na fé. Este óleo é usado também
no sacramento da ordem, para ungir os escolhidos que irão trabalhar no
anúncio da Palavra de Deus, conduzindo o povo e santificando-o pelos
sacramentos. A cor que representa esse óleo é o branco. Assim, a ampola
que o contém é revestida de um véu branco.
Óleo
dos Catecúmenos. Catecúmenos são os que se preparam para receber o
Batismo. Este óleo significa a força de Deus que penetra no catecúmeno
(como o óleo que penetra em seu coração), o liberta e prepara para o
nascimento pela água e pelo Espírito. A cor do véu, que reveste a ampola
ou o vaso que o contém, é vermelha.
Óleo
dos Enfermos. É usado no sacramento dos enfermos, conhecido
erroneamente como extrema-unção. Este óleo significa a força do Espírito
de Deus para a provação na doença, para o fortalecimento da pessoa a
fim de enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for vontade de Deus. A
cor do véu, que cobre a ampola, é roxa.
INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA E CERIMÔNIA DO LAVA-PÉS
Com
a Missa da Ceia do Senhor, celebrada na tarde da Quinta-Feira Santa, a
Igreja dá início ao chamado Tríduo Pascal e comemora a Última Ceia, na
qual Jesus Cristo, na noite em que vai ser entregue, oferece-se ao Pai e
dá, de forma mística e misteriosa, o seu Corpo e Sangue sob as espécies
do Pão e do Vinho como alimento da caminhada cristã. Nesse mesmo dia,
Ele concede a seus apóstolos e sucessores o poder de transformar o pão e
o vinho no seu Corpo e Sangue. Fazei isto em memória de mim. Nesta
missa faz-se, portanto, a memória da instituição da Eucaristia e do
Sacerdócio. Durante a missa acontece a cerimônia do Lava-Pés, que lembra
o gesto de Jesus na Última Ceia, quando lavou os pés dos seus
apóstolos.
A
homilia desta missa é conhecida como Sermão do Mandato, mostrando o
mandamento maior de Cristo, que é a caridade. No final da Missa, faz-se a
Procissão do Translado com o Santíssimo Sacramento do altar-mor da
igreja para uma capela, para que seja ali adorado.
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Escrevamos aqui e agora os nomes das pessoas pelas quais oraremos nesta QUINTA-FEIRA, 13 de ABRIL de 2017.
Fraternalmente,
Roberto Guedes da Fonseca.
- - - -
Procurem conhecer o grupo Hora da Prece das 18h10m às 18h20m:
13/04/2017
11/04/2017
Millôr Fernandes, a indefinível irreverência
11/04/2017
texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra
Era um garoto quando entrou numa redação de jornal para aprender a
fazer tudo sem saber fazer nada. E assim gradativamente foi passando do
nada ao tudo, mesmo que diga hoje, e tenha dito sempre, que não sabe
nada. Escritor de toda verve, muita pena, poucos floreios, muitas
verdades e toda graça. Incontudente, verdadeiro, sabe o que diz e diz o
que sabe, as verdades que ninguém ouve e deveria ouvir. Revela um Brasil
que sempre foi e é todo ao contrário.
Frasista inveterado, é autor de uma bíblia de frases, a Biblía do
Caos, e disse assim: “não trabalho por dinheiro, mas sem dinheiro eu não
trabalho”, boa de usar e experimentar, principalmente com patrão mau
pagador. Escreveu para o Pasquim e bombardeou a ditadura militar
brasileira tiros certeiros: ironia e humor. Também ilustrador e
desenhista. Suas sentenças de ontem servem ao Brasil de hoje.
Nona entrevista da série entrevistas imaginadas,
quando se falará de e com poetas e escritores, pelo que já disseram em
seus versos e prosa, por isso, imaginadas, mas nunca imaginárias, porque
o fundo da verdade é o que já disse e está estampado no que já
disseram. Aqui respostas do Millôr Fernandes, colhidas por todo canto,
em seus livros e na Bíblia do Caos.
Entrevistador: Consta que conquistamos o equilíbrio sustentável?
Millôr Fernandes: Estamos em pleno equilíbrio sustentável. No Rio se mata. Na Amazônia se desmata.
E: O cúmulo da infelicidade...
MF: Nascer com talento melódico numa época em que o pessoal só se interessa por percussão.
E: Átila ou o urbanista moderno?
MF: O que você acha pior; Átila, que, por onde passava, deixava deserto eterno, ou o urbanista moderno?
E: O Brasil é um país difícil de governar?
MF: Todos os países são difíceis de governar. Só o Brasil é impossível.
E: O que mais distancia o homem da mulher?
MF: A coisa que mais separa um homem e uma mulher é viverem juntos.
E: Diga uma coisa partilhada por todo mundo?
MF: o tempo, a vaidade e o medo.
E: Um caso de amor?
MF: Apesar da tremenda diferença de idade ela o amava profundamente e ele tinha um bilhão de dólares.
E: Alguma coisa há mais sobre o amor?
MF: O amor chega sem ser visto, mas sai fazendo aquele quebra-quebra.
E: Das porções...
MF: Todo mundo tem uma porção de amigos que detesta e alguns inimigos de que gosta.
E: Aconselha qual tipo de plástica?
MF: Tanta plástica no rosto, no seio, na bunda e ninguém ai pra inventar uma plástica no caráter.
E: Uma sugestão para acabar com o desemprego?
MF: Pra acabar com o desemprego, o Planalto tem que, primeiro, acabar com o desentrabalho.
E: Qual o problema de ficar na fossa?
MF: é que lá só tem chato!
E: Sobre o right society brasileiro?
MF: Examino mais de perto o jetset brasileiro tenho vontade de me sentar e escrever O Medíocre Gatsby.
E: Das verdades...
MF: O dinheiro fala. Mas só com gente rica.
E: O que é um gourmet?
MF: O Gourmet é o comilão erudito.
E: uma diferença sutíl...
MF: Devemos deixar claro que nenhum de nós, brasileiros, é contra o roubo. Somos apenas contra ser roubados.
E: Uma certeza?
MF: Á meia noite, no escuro da relojoaria, os relógios começam a discutir a hora exata.
IMPORTANTÍSSIMO
Tendo em conta o projeto de modificação estatutária, criando cadeiras para os associados, conforme seleção de 200 Patronos Ilustres, o IHGRN tem a necessidade de saber o interesse dos associados em assumir essas cadeiras, com os encargos decorrentes, um dos quais estarem adimplentes, foi expedido um Ofício Circular para se obter as respostas necessárias, conforme abaixo:
De: Instituto Histórico e Geográfico do RN <ihgrn.diretoria@uol.com.br>
Enviado: sexta-feira, 7 de abril de 2017 11:26Para: TODOS OS ASSOCIADOS
Assunto: ENC: Manifestação de vontade - sollicita expressar
OFÍCIO CIRCULAR No 001/2017
=
PARA TODOS OS SÓCIOS =
Caro Confrade
O
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte passará por
transformações estruturais significativas, com a alteração do Estatuto
Social,
instituição do Regimento Interno e criação de Cadeiras com os seus
respectivos Patronos, a exemplo da maioria das instituições congêneres
do pais.
Nesse
sentido, necessário se faz manifestar a sua intenção de continuar
integrando o quadro de sócios dessa instituição cultural, através da
manifestação
da sua vontade, expressada por escrito.
Caso
seja manifestada a vontade de continuar integrando o IHGRN, imperativo
se faz a colaboração real e efetiva do sócio, no dia a dia da
instituição.
Caso
não haja essa manifestação formal, até o dia trinta de abril do ano de
dois mil e dezessete (30/04/2017), entender-se-á que não há interesse em
continuar como sócio desta casa e, portanto, o desligamento da
sociedade será automático.
A DIRETORIA
OBS.: Os associados adimplentes permanecerão na categoria de sócio efetivo, mas sem vinculação às cadeiras.
09/04/2017
sexta-feira, 7 de abril de 2017
O direito à cidade:
Uma reflexão.
Luciano Capistrano
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: Parque da Cidade/SEMURB
O Plano Polidrelli poderia ser interpretado, portanto, como uma resposta da elite natalense, em termos urbanísticos, para as transformações sócio-políticas que ocorreram no país na virada do século[XX] (Abolição da Escravatura – 1888, Proclamação da República – 1889). Assim, a Cidade Nova, ainda quando não tenha sido concebida, explicitamente, enquanto espaços e cenários que expressassem a modernidade anunciada pelas novas relações sociais (do trabalho livre assalariado) e políticas (de um moderno Estado republicano liberal), pode ser identificada como o espaço do novo poder republicano. (LIMA, Pedro de. Natal século XX: do urbanismo ao planejamento urbano. EDUFRN, 2001, p. 36)
[...] quando para aqui veio o presidente Pereira de Carvalho, em 1853, ainda encontrou, despovoada, entre a alfandega e o morro do Rosário, uma área de nove mil braças quadradas, dividida por extenso aterro que facilitava a ida e vinda dos moradores dos dois bairros. [...] teve a intuição do préstimo vindouro d’esta parte do solo natalense e pensou na construção de um Passeio onde, segundo escreveu em longa mensagem, "a par da distração que encontrariam os habitantes nesse ponto de reunião, poderiam gozar da encantadora vista de um belo rio, da suave brisa, à sombra de frondosas árvores e da vantagem de possuir um ótimo cães de desembarque que nada teria a invejar ás outras províncias..."(Henrique Castriciano: Seleta, textos e poesias. Organização: José Geraldo de Albuquerque, 1993, p. 224)
A valorização dos terrenos ergue a vaidade humana pelas orelhas e a leva até perto das estrelas. Pelo gosto natural da burguesia não havia jardim público nem parque, nem alameda, nem miradouro. Tudo era terreno-para-construir. Interessa apenas o individual, o dependente da vontade personalíssima. Quem irá lembrar-se do direito de alguém ter diante dos olhos uma paisagem ridente ou um muro banal? [...]. Essa possibilidade está se firmando como um direito natural, uma das prerrogativas de qualquer criatura humana. [...]. Possa esse direito afirmar-se ao lado do patrimônio natural da cultura, como um fato visível e próprio da cidade moderna. (OLHOS da cidade, Luís da Câmara Cascudo, Diário de Natal, 05 de janeiro de 1947)
O isolamento da capital era reconhecido pelo governador Alberto Maranhão, que se referia, em 1904, à necessidade de construir acesso aos mercados de Ceará-Mirim, Macaíba, Mossoró e Açu para retirar a capital do estado definhamento [...] O efeito administrativo dessa situação era evidente [...] O isolamento não apenas afetava o estado, privando-o de rendas, diminuindo as condições para que a capital estendesse a legitimidade do poder sobre a extensão do território do Rio Grande do Norte. (ARRAIS, Raimundo. Da natureza à técnica in FERREIRA, Angela Lúcia; DANTAS, George (organizadores). Surge et ambula: a construção de uma cidade moderna. EDUFRN, 2006, p. 121)
Uma reflexão.
Luciano Capistrano
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: Parque da Cidade/SEMURB
Um olhar sobre a cidade
Uns ventos do além-mar
Sopram vozes do poeta lusitano
"Navegar é preciso, viver não é preciso".
E o rio de minha aldeia
Corre ao mar
Levando vidas e sonhos
Das comunidades ribeirinhas
Barquinhos a navegar
Passo da Pátria, Cais da Tavares de Lyra
Portos de uma cidade
A olhar o Alto da Torre
Testemunha ocular de uma expansão urbana
E seus conflitos
Em uma urbe viva
Onde não existe neutralidade
Entre o mar, dunas e o rio
Planos tradutores da cidade que temos
E da cidade que queremos
Desejos.
(Luciano Capistrano)
A cidade de Natal em 1911, tinha aproximadamente 28.000
habitantes, provinciana ainda existia o habito dos "cantões", conversa
de fim de tarde, boquinha da noite, neste ano os natalenses conheceram o
bonde movido a energia elétrica, as intervenções urbanas de
"aformoseamentos", tinha como finalidade inserir a urbe nos novos
tempos, tempos de "civiliza-se". Uma ação modernizadora, nascida, se
assim podemos dizer, com o Plano Polidrelli. Vejamos o que diz o
professor Pedro de Lima:
O Plano Polidrelli poderia ser interpretado, portanto, como uma resposta da elite natalense, em termos urbanísticos, para as transformações sócio-políticas que ocorreram no país na virada do século[XX] (Abolição da Escravatura – 1888, Proclamação da República – 1889). Assim, a Cidade Nova, ainda quando não tenha sido concebida, explicitamente, enquanto espaços e cenários que expressassem a modernidade anunciada pelas novas relações sociais (do trabalho livre assalariado) e políticas (de um moderno Estado republicano liberal), pode ser identificada como o espaço do novo poder republicano. (LIMA, Pedro de. Natal século XX: do urbanismo ao planejamento urbano. EDUFRN, 2001, p. 36)
Uma capital, banhada pelo Atlântico, Potengi, e, as dunas a
compor um cenário de beleza, capaz de fazer Henrique Castriciano a
defender a proibição de construção as margens esquerdas, de quem segue
da Igreja do Rosário dos Pretos, da Cidade Alta para a Ribeira, dizia o
criador da Escola Domestica, é preciso preservar a beleza do rio Potengi
para os transeuntes. Lembra Castriciano:
[...] quando para aqui veio o presidente Pereira de Carvalho, em 1853, ainda encontrou, despovoada, entre a alfandega e o morro do Rosário, uma área de nove mil braças quadradas, dividida por extenso aterro que facilitava a ida e vinda dos moradores dos dois bairros. [...] teve a intuição do préstimo vindouro d’esta parte do solo natalense e pensou na construção de um Passeio onde, segundo escreveu em longa mensagem, "a par da distração que encontrariam os habitantes nesse ponto de reunião, poderiam gozar da encantadora vista de um belo rio, da suave brisa, à sombra de frondosas árvores e da vantagem de possuir um ótimo cães de desembarque que nada teria a invejar ás outras províncias..."(Henrique Castriciano: Seleta, textos e poesias. Organização: José Geraldo de Albuquerque, 1993, p. 224)
O presidente Pereira de Carvalho, conseguiu a aprovação na
Câmara Municipal, de uma Lei proibindo a construção de edificações neste
trecho, correspondente entre a hoje Capitania das Artes e a Igreja de
Nossa Senhora do Rosário dos Negros, infelizmente, essa área "Non
Aedificandi", prevaleceu, apenas, até 19 de dezembro de 1859.
Por sua vez, o mestre Câmara Cascudo, anos depois, escreveria
uma crônica intitulada, "Olhos da Cidade", onde alertava o Poder
Municipal, da importância de ser garantido o direito das camadas mais
humildes em vê as belezas naturais da cidade, assim, não deveria ser
permitido construções que "escondessem" a paisagem natural. Dizia o
mestre Cascudo em 1947:
A valorização dos terrenos ergue a vaidade humana pelas orelhas e a leva até perto das estrelas. Pelo gosto natural da burguesia não havia jardim público nem parque, nem alameda, nem miradouro. Tudo era terreno-para-construir. Interessa apenas o individual, o dependente da vontade personalíssima. Quem irá lembrar-se do direito de alguém ter diante dos olhos uma paisagem ridente ou um muro banal? [...]. Essa possibilidade está se firmando como um direito natural, uma das prerrogativas de qualquer criatura humana. [...]. Possa esse direito afirmar-se ao lado do patrimônio natural da cultura, como um fato visível e próprio da cidade moderna. (OLHOS da cidade, Luís da Câmara Cascudo, Diário de Natal, 05 de janeiro de 1947)
Bom amigo velho, trago essa questão da democratização do
"olhar" a cidade ou da garantia, preconizada por Henrique Castriciano e
Câmara Cascudo, para fazer uma reflexão sobre a cidade e o direito a
preservação dos recursos naturais. Nossos mananciais rio Potengi, Riacho
do Baldo, rio das Quintas, rio Doce, as lagoas, e, as ZPAs (Zonas de
Proteção Ambiental). O rio Potengi, por exemplo, por ser uma referência
na formação histórica da cidade de Natal, reveste-se de importante
elemento, não apenas natural, mas de memória da urbe. Uma cidade
"ingrata", pois na sua expansão esqueceu do rio e "cresceu" de costas
para seu leito.
Me permita, amigo velho, a fazer uma citação do professor
Raimundo Arrais, voltando no tempo e descrevendo o isolamento da capital
decorrente de sua topografia no início do século XX:
O isolamento da capital era reconhecido pelo governador Alberto Maranhão, que se referia, em 1904, à necessidade de construir acesso aos mercados de Ceará-Mirim, Macaíba, Mossoró e Açu para retirar a capital do estado definhamento [...] O efeito administrativo dessa situação era evidente [...] O isolamento não apenas afetava o estado, privando-o de rendas, diminuindo as condições para que a capital estendesse a legitimidade do poder sobre a extensão do território do Rio Grande do Norte. (ARRAIS, Raimundo. Da natureza à técnica in FERREIRA, Angela Lúcia; DANTAS, George (organizadores). Surge et ambula: a construção de uma cidade moderna. EDUFRN, 2006, p. 121)
A cidade nasceu com um grande desafio que era a sua própria
topografia, cercada por dunas, tendo a companhia do mar e do rio, a
comunicação com o interior da província teria de ser vencida. Neste
processo de feitura do território a urbe, foi se desenhando em um
processo de ocupação, em alguns momentos ordenados em outros
conflituosos.
Amigo velho, a ocupação urbana de Natal se insere na
constante dicotomia ente o crescimento com qualidade de vida,
respeitando o direito à cidade, e, os interesses do mercado de terras,
este principalmente a partir da década de 1940, com o advento da Segunda
Guerra Mundial. O "mercado de terras" avança;
[...] a partir da década de 1940 até o final dos anos 60, a cidade muda completamente sua configuração socioespacial, o que acontece principalmente em face das transformações ocorridas (no início dos anos 19400, com a instalação de bases militares (aérea e naval) em Parnamirim e em Natal devido à Segunda Guerra Mundial, e o consequente surto de crescimento e modernização verificado a partir de então, com o incremento de obras infra-estruturais. (DUARTE, Marise Costa de Souza. Espaços especiais urbanos: desafios à efetivação dos direitos ao meio ambiente e à moradia. Observatório das Metrópoles, 211, p.46)
[...] a partir da década de 1940 até o final dos anos 60, a cidade muda completamente sua configuração socioespacial, o que acontece principalmente em face das transformações ocorridas (no início dos anos 19400, com a instalação de bases militares (aérea e naval) em Parnamirim e em Natal devido à Segunda Guerra Mundial, e o consequente surto de crescimento e modernização verificado a partir de então, com o incremento de obras infra-estruturais. (DUARTE, Marise Costa de Souza. Espaços especiais urbanos: desafios à efetivação dos direitos ao meio ambiente e à moradia. Observatório das Metrópoles, 211, p.46)
Este curto artigo, "O direito à cidade: uma reflexão", tem um
caráter de provocação, esse é meu objetivo, amigo velho. Façamos os
caminhos trilhados por Pedro de Lima, Henrique Castriciano, Câmara
Cascudo, Raimundo Arrais, Marise Costa, e, os muitos ‘interpretes" da
construção da cidade de Natal, deste dialogo fraterno contribuiremos nos
fóruns formuladores das políticas públicas para a cidade. Nestes tempos
de discursão sobre a regulamentação das Zonas de Proteção Ambiental,
faz necessário este dialogo.
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