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29/03/2017
23/03/2017
C O N V I T E - DIA 27
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O IHGRN SE MODERNIZA
ESTIMADOS ASSOCIADOS E PESQUISADORES, ESTUDANTES E COMUNIDADE POTIGUAR, o INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE, NO ENSEJO DOS SEUS 115 ANOS ESTÁ EM TRABALHOS DE MODERNIZAÇÃO.
AS FOTOS MOSTRAM A MONTAGEM DAS ESTANTES DESLIZANTES PARA UM NECESSÁRIO E ADEQUADO ACONDICIONAMENTO DO SEU ACERVO DOCUMENTAL, FOTOGRÁFICO E DE OBRAS IMPRESSAS, AS QUAIS ANTERIORMENTE ESTAVAM EM ESTANTES ABERTAS, SEM ILUMINAÇÃO E AREJAMENTO, OCASIONANDO O ESTRAGO EM PARTE DO ACERVO.
AGORA TODO ESSE MATERIAL DE GRANDE IMPORTÂNCIA HISTÓRICA SERÁ DEVIDAMENTE CONSERVADO EM LUGAR ADEQUADO À DISPOSIÇÃO DOS USUÁRIOS.
O PRÓXIMO PASSO SERÁ A CATALOGAÇÃO DO ACERVO E DIGITALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS PARA FUTURAMENTE DISPONIBILIZÁ-LO POR MEIO VIRTUAL.
O PRESIDENTE ORMUZ SIMONETTI LUTA PARA ENTREGAR O EQUIPAMENTO ATÉ O PRÓXIMO DIA 29, DATA DA COMEMORAÇÃO DOS 115 ANOS.
CONVITE PARA A SOLENIDADE DOS 115 ANOS
21/03/2017
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15/03/2017
ARQUIVOS
Valério Mesquita*
01) Rebuscando papéis,
certo dia, fui achar uma carta que remeti ao jornalista e poeta maior Sanderson
Negreiros, datada de 21 de novembro de 1971. Eterno capataz dos mistérios
circundantes, o poeta utilizava os seus “Quadrantes” para captar o humanismo
asmático. Para tanto, tinha profunda e oxigenada “respiração filosófica”. Sou
seu leitor e eleitor de suas emoções. Vez por outra, me empolgava com a cosmologia
dos seus sentimentos e lhe escrevia. Ai vai uma cartinha de 46 anos que o poeta
de “Lances Exatos” recebeu sobre um assunto ainda bem atual:
“Lendo
a sua última crônica sobre os fariseus da maledicência, deduzi, com pesar, que
a grandeza de alma, nesses dias decadentes, não é contagiosa. Aqui,
parafraseando Shakespeare, é o exílio e longe a liberdade.
A
hidrofobia deixou de ser um caso veterinário para se tornar um problema
psiquiátrico de muita gente. E ninguém mais do que você se acha saciado da
expressão claramente perceptível dos homens e das coisas. Por isso, entre agir
e ser imbecil nessa terra, é preferível, permanecer na regra três. O bom é ser
místico. Místico na arte, na vida e na natureza. Buscar nas profundezas da vida
ou nas solenidades da dor, a verdade blindada: crêr no invisível para não se
suicidar no palpável. O visível encerra vícios redibitórios. Viver encarcerado
na vontade hesitante de ao invés de ser herói da própria vida, ser o espectador
do próprio drama.
Resta
assumir aquele compromisso com o imponderável de que você sempre falou. Para
que a maledicências ou o ódio dos homens não puxem o tapete de alguém, o
remédio é não tomar as feições das circunstâncias. Nesses tempos agitados a
intenção deve equilibrar-se a coragem. O importante é repetir e repetir sempre
que “o amor pode ler o que se acha escrito nas mais remotas estrelas”, no dizer
de Wilde.
E
por último a dolorosa constatação: Edmar Letreiro aplaudido pelo povo e Baracho
cultuado como santo. Daí se conclui que nos desencontros do mundo toda
celebridade quando não é célere é celerada”.”
02) Preocupado em preencher os meus ócios com a
matéria meritória de pesquisar o
inusitado, o folclórico e até mesmo o bizarro, deparei-me com
uma preciosidade rara
em matéria associativa. Pela Lei n° 6.469, de 15 de
setembro de 1993, foi reconhecida de Utilidade Pública pela Assembleia
Legislativa do Rio Grande do Norte a Associação dos Doentes da Coluna e
Reumatismo de Nova Cruz, referendada pelo ex-governador Vivaldo Costa, com toda
certeza, um “colunático” benemérito.
Desejo dizer que nada tenho contra a respeitável e
samaritana entidade. Até porque dela podem fazer parte amigos eméritos e
queridos como os novacruzenses famosos Diógenes da Cunha Lima, Luiz Eduardo
Carneiro Costa, Leonardo e Cassiano Arruda Câmara e tantos outros. Mas, o que
me chamou a atenção foi imaginar que numa cidade do interior existam tantos
doentes da coluna e do reumatismo que ensejem a reunião de todos em uma
colunável corporação.
Daí, eu passei a divagar, caso a moda pegue, no
surgimento de inúmeras associações congêneres em defesa do corpo humano, por
outros municípios afora. A “Associação dos Portadores de Chulé e Pé de Atleta”,
por exemplo, a “Associação dos Carecas e Portadores de Caspa e Seborreia”, a
“Associação dos Deficientes Penianos”, a “Associação dos Loucos de Todo o
Gênero”, enfim, somos um país democrático, reivindicatório e corporativo.
Se os profissionais da medicina se corporatizaram em
Clínicas, Institutos, Hospitais, porque não os doentes, os pacientes, em
revide, não possam se unificar? Afinal, a nossa constituição é a mais
corporativista de todas!
O ex-presidente FHC padecia de terríveis dores de
coluna. Iguais àquelas sofridas por João Batista Figueiredo curado em São Paulo por um fisioterapeuta
japonês. O então deputado federal Carlos Alberto de Souza à época, também
recebeu massagens e mensagens ao lado do ex-presidente, do competente nissei/paulista.
Daí, não censuro os reumáticos, os doentes da
coluna, de lumbago da altiva Nova Cruz e nem de Macaíba. Eles também são filhos
de Deus. E devem servir de exemplo nesses tempos ruins de SUS e de saúde
nacional sucateada.
Doentes de todos os quadrantes, uni-vos!
(*) Escritor
14/03/2017
Para repousar, rede de deitar
14/03/2017
Mobiliário & objetos
texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra
A patente declarada é ser herança indígena. Peça do mobiliário
brasileiro, foi ficando mansa ao repouso dos ventos nas varandas e
terraços, nos alpendres, formando curva armada entre as pilastras,
segura nos armadores, para contemplação e sossego, seja sentado,
deitado, atravessado. Dizem que à noite, nela os casais se fazem um só e
são capazes de gerar terceiros, é o milagre da multiplicação que também
está na rede. Portátil desde sempre, os índios não foram bobos que
nada, fizeram uma cama para levar a qualquer lugar, basta enrolar e
fazer uma trouxa.
É possível de pendurar em qualquer canto. Já se viu muito
caminhoneiro pela estrada, quando há parada para descanso, armá-la na
sombra da carroceria. Antigas do tempo das ocas preenchiam o vão do
espaço e nela se deitava todo mundo, balançavam os mais velhos e os
meninos. E assim foi ficando. Um conhecido tinha por hábito, que não
herdou dos barões e do rei Dom João VI, de andar de rede conduzido por
dois carregadores. Privilegio do uso de quem lhe fazia as vontades.
Dizia à mulher, quero andar de rede, e lá se ia realizado o capricho.
A arquiteta ibrasileira (de origem italiana) Lina Bo Bardi quando
conheceu a rede tomou-se encanto: era além de cama, cadeira, certa que o
que povo confia e leva adiante no tempo é a verdadeira sabedoria do
conforto no uso. Feita de tecido, corda, os materiais são diversos,
para explicar a sua composição basta se dizer assim: é como um grande
lençol que se estica para deitar. Nas pontas, os chamados punhos, que é
onde está a estrutura para pendurar ou amarrar, seja numa pilastra, que
lhe dará sustento, porque é feita para ser pendurada, seja onde for.
É um móvel extremamente utilitário, mas como o homem é bicho que não
vive sem enfeite, para ela foram feitas as varandas, que são bordados
que se prendem às suas margens laterais, tramas desenhadas e compostas
pelas rendeiras. O sertanejo pobre também dela se aproveitou para
sepultura. O defunto se enterra com sua rede. Nela adormecido no sono
eterno, por ela é levado para a cova (rasa) quando se transpassa uma
vara entre os punhos para armá-la conduzida por dois serventes do
destino último na solidariedade derradeira da vida.
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