28/07/2016

RELEMBRANÇAS DE MACAÍBA

RELEMBRANDO O PAX CLUB II

Valério Mesquita*

O Pax Club teve de 1950 a 1995 quatro fases distintas. De 1950 (data da construção do prédio pelo prefeito Luiz Cúrcio Marinho) até 1960 pontificaram os fundadores e diretores, tais como, Francisco Falcão Freire, Aguinaldo Ferreira da Silva, Alfredo Mesquita Filho, Severino Aleixo, Enock Garcia, João Fagundes, José Maciel, Raimundo Barros Cavalcante, Nestor Lima, Gutemberg Marinho, Aldo Tinoco e tantos outros. De 1960 a 1970, foi a época da Associação Pax Club fundada por mim, Tasso Cordeiro, Vinicius Madruga, José Almeida, Francisco Francilaide Campos, Jorge Jonas de Lima, Eudivar Farias, Edílson Bezerra, Silvan Pessoa e Batista Pinheiro. Vieram, posteriormente, as gestões dos dois últimos presidentes: Francisco das Chagas Souza e Rinaldo Spinelly Mesquita. Com o tempo, surgiram as modificações nos costumes, o desinteresse pela vida social, até que, no início dos anos noventa o clube social foi transformado pela prefeitura em Centro de Convivência, espécie de miniteatro, ideal para reuniões, formaturas, etc. O prédio, porém, apesar de algumas modificações internas, não perdeu sua arquitetura externa original. Não podemos deixar de fazer uma evocação às figuras populares que trabalharam no Pax, ao longo de todo esse tempo. Músicos, garçons, cobradores entre outros, fizeram o lado humano e musical da Instituição. MÚSICOS: Pereira e Jessé (piston), Rei e Ronaldo (trombone), Banga (bateria), Belchior (banjo), Chicózinho (cavaquinho), Ailton Feitosa (violão), Cícero Galante (sax), Neif Nasser e Edvan (sax), Geraldo Paixão (contra-baixo), Tião (surdo), Bastinho (pandeiro). De Natal, destaque para o Conjunto de João Martins, Orquestra de Jônatas Albuquerque, conjunto The Jetsons, etc, etc.
GANÇONS: Luiz Bicho Feio, Tota Passarinho, Antônio Paulino, Geraldo de Doca, João Cabeção, deram porre em muita gente, liderados pelos diretores José Amâncio e Raimundo Nonato Cavalcante (vulgo “Fiscá Fuleiro”). COBRADORES: Foreca, Chico Duzentos, Vagareza Batista Fonseca, sofreram muito na cobrança das mensalidades, principalmente com os sócios renitentes que lhes impunham verdadeiros “esculachos” quando visitados.
No início de 1963, Aluízio Alves era o governador. Em Macaíba a minha família era oposição. Eu tinha 21 anos e a diretoria do Pax decidiu que eu fosse procurá-lo nas  audiências  públicas  com  um  pedido redigido, de apoio financeiro para a  construção  de  uma  quadra de esportes nos fundos do Pax. Cheio de dúvidas, subi as escadas do Palácio Potengi e me quedei no salão dos “Despachos” aguardando com outros a minha vez. Lembro-me que me identificaram como filho de Alfredo Mesquita, ex-deputado. Aristófanes Fernandes, seu ex-colega de Assembleia, vez em quando me lançava um olhar de esgueira. E também, Agnelo Alves, chefe da casa civil, que transitava muito entre os circunstantes. Isso aumentava minha ansiedade. Vou ser expulso daqui sem mais demora, pensava comigo mesmo. Ao cabo de algum tempo, de repente, surge o governador e Agnelo com ele, papel à mão, indigitando a Aluízio os presentes. Quando chegou a minha vez, cumprimentei o governador, identifiquei-me e entreguei o documento. Aluízio leu rápido. Alguém lhe deu um bloco pequeno e olhando pra mim, perguntou: “Você sabe onde é a SUTERN, a Superintendência de Turismo e Esportes do RN? Conhece Ruy Paiva? Entregue-lhe isto”. Agradeci achando que fora atendido. Ao sair do Palácio, a curiosidade me alfinetava. Li o bilhete do governador. E bem ali, na rua da Conceição, perto do museu Café Filho, entreguei o bilhete a Ruy Paiva, velho pessedista. Leu a ordem, sapecou um talão de cheques e me entregou, mediante recibo, duzentos mil cruzeiros. Em Macaíba, radicalizada pela luta do verde e do vermelho, ninguém acreditava. Com essa ajuda a quadra foi concluída e inaugurada. Aluízio, convidado, passou-me um telegrama e se fez representar por Mônica Dantas, então prefeita e Alfredo Mesquita, ex-prefeito. Uma breve e passageira paz pública. A partir daí, passei a admirar o governador cujo gesto superior neutralizou as questiúnculas políticas.

(*) Escritor. 

27/07/2016

LANÇAMENTOS DO DIA 28



Dalton Mello lança livro de crônicas e artigos "Meu olhar sobre a vida"

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O professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Dalton Melo de Andrade lança, no dia 28 de julho, seu livro de crônicas e artigos "Meu olhar sobre a vida". O evento acontece no Clube dos Radioamadores, localizado na Avenida Rodrigues Alves, no bairro de Petrópolis, em Natal.
A obra atende aos pedidos dos amigos do autor para publicação de seus escritos. Os que formam o livro são os primeiros, publicados ainda na época do Jornal de Hoje, veículo que já não está mais ativo em Natal.
Dalton Melo de Andrade lança seu livro pela Editora Jovens Escribas e doará o rendimento líquido da obra para a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz). O lançamento acontece a partir das 19h.
Sobre o autor


Dalton Melo de Andrade é professor aposentado da UFRN. Foi Secretário de Educação na gestão do ex-governador do Rio Grande do Norte Cortez Pereira, pró-reitor de Planejamento da UFRN por oito anos e o primeiro diretor da TV Universitária (TVU).

A Bíblia E Seus Enigmas

Ramezoni

CONVITE para o lançamento do: A BÍBLIA E SEUS ENIGMAS, destinado a todos os Acadêmicos e Conselheiros da Academia Norte-Riograndese de Letras, a realizar-se no IFRN da
Cidade Alta, na Av. Rio Branco, 743, Galeria de Artes, próximo a Av. Apodi, prédio reformado da antiga Escola Industrial de Natal, no dia 28 do mês de julho em curso (quinta-feira), a partir das 18:30 até às 21:30 horas.

Desde já sou muitíssimo agradecido!

Cordialmente,

Julio Hernesto Ramezoni de Faria

26/07/2016

Exposição fotográfica “Mangues do Potengi” por Canindé Soares



A ONG Baobá, tem a honra de convidá-lo para a Exposição fotográfica “Mangues do Potengi” por Canindé Soares, que acontece na UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede, Natal/RN, com abertura no dia 26 de julho de 2016, às 18h, terça-feira, em celebração ao Dia Mundial de Proteção dos Mangues.
A exposição e composta por 23 imagens e se estenderá até o dia 03 de agosto de 2016. A arte de fotografar de Canindé Soares sensibiliza por sua acuidade técnica e pela liberdade de expressão.
Sua câmara fotográfica objetiva as expressões de luz e sombra que nos envolvem nas artes visuais, como se revela na realidade da vida pujante do manguezal. Nesta exposição fotográfica “Mangues do Potengi”, ele nos presenteia com imagens fascinantes pela compreensão deste rico ecossistema de manguezal.
A área do ecossistema florestal de manguezal do estuário do rio Potengi e Jundiaí constitui-se numa das mais importantes zonas de proteção ambiental do território do município de Natal. Envolve porções territoriais de duas Regiões Administrativas do município de Natal, ocupando uma área com pouco mais de 2.209 hectares, representando 13% da superfície do município.
A conservação dos manguezais em toda sua extensão é importante por abranger uma relevante função ecológica, paisagística, histórica e social, por serem considerados berçários para os recursos pesqueiros, sustentando direta ou indiretamente milhões de pessoas.
Desta forma, a ONG Baobá é muito grata ao fotojornalista Canindé Soares pela parceria, a UFRN pela exposição na biblioteca Central Zila Mamede, a Lucgrafica, a Arte Film e aos amigos professores e doutores em meio ambiente: Aristotelino Monteiro Ferreira, José Luiz Attayde, Luiz Eduardo Carvalho Bonilha, Mary Sorage Praxedes Medeiros da Silva, Marise Costa de Souza Duarte e Marjorie Madruga Alves Pinheiro, na colaboração com seus enriquecedores textos sobre o ecossistema, por esse projeto sobre sustentabilidade ao expor as belezas naturais da nossa terra, valorizando as riquezas ambientais do RN.
Serviço:
Exposição fotográfica “Mangues do Potengi” por Canindé Soares
Abertura: 26.07.2016 (terça-feira)
Horário: 18h
Local: UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Período: 26.07 a 03.08 de 2016 – Natal RN – Brasil
Realização: ONG Baobá
Apoio: UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede, LucGrafica, Bruno Gráfica e Arte Film
Contato:
Haroldo Mota (84)98845.4603
Canindé Soares (84)99994.2841
Fonte

Marcelo Alves e Taciana Jales publicaram em Filosofando no Direito..
 
   
Marcelo Alves

 

Sobre Cícero (II)


No artigo da semana passada, fiz referência a algumas das muitíssimas obras de Cícero (106-43 a.C.) que chegaram até nós (nesse ponto, como também ali referido, ele bate qualquer outro autor latino): “In Catilinam” (de 63 a.C.), as “Philippicae” (44-43 A.C.), “De Oratore” (55 a.C.), “De Re Publica” (51 a.C.), “Brutos” (46 a.C.), “De Legibus” (provavelmente de 52-51 a.C., possivelmente atualizado entre 45 a 43 a.C.) e por aí vai. Na ocasião, para o artigo de hoje, prometi duas coisas: (i) desses incontáveis títulos, até como sugestão de leitura, destacar um deles, especificamente o tratado “De Legibus” ou “Sobre as Leis”, cuja redação provavelmente se deu nos anos de 52-51 a.C., mas que foi possivelmente retocado, pouco antes da morte do autor, entre 45 a 43 a.C.; (ii) tratar do legado deixado por Cícero, a partir da sua multifacetada obra, para a ciência jurídica e para a filosofia política como um todo. 

E se da obra de Cícero, para futura leitura, destaco o seu tratado “Sobre as Leis”, o faço por algumas boas razões. Primeiramente, porque “De Legibus”, se comparado com outras obras ensaísticas de Cícero, a exemplo do seu tratado “Sobre a República” (“De Re Publica”), parece ser pouco conhecido (e menos ainda estudado) pelos amantes das letras latinas. Em segundo lugar, porque “De Legibus”, até pelo que dá a entender o seu título, tem sua forma (é composto de diálogos) e sobretudo seu conteúdo perfeitamente vocacionados ao direito, especialmente à filosofia do direito, à história do direito e ao direito constitucional, talvez mais do que qualquer outra obra conhecida do grande escritor/pensador romano. Em terceiro lugar, para além da elegância do estilo empregado pelo autor em seu texto, o faço pela importância e qualidade do conteúdo de “De Legibus”. Como dito na contracapa de uma edição espanhola da obra, a que vou me reportar a seguir, o tratado “Sobre as Leis”, composto no final de vida de Cícero, depois de tantas vicissitudes passadas pelo autor, é seguramente “um dos grandes textos sobre o direito natural, em que se combinam as tradições filosóficas platônicas, estoicas e peripatéticas, sublinhando que o espírito do direito é a razão divina e que a lei suprema é o amor universal pelo gênero humano. Dividido o tratado em três livros, o primeiro trata da lei em geral, tal com havia concebido o pensamento grego; o segundo se refere principalmente às leis concretas romanas, fundadas nas crenças religiosas deve povo; e o terceiro expõe as leis políticas que regiam a Constituição romana”. Em quarto lugar, porque, dia desses, em São Paulo, garimpando naqueles sebos ao derredor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, infelizmente já raros em tempos de comércio eletrônico, caiu em minhas mãos, após quase duas horas de prosa com o proprietário do comércio de livros seminovos, uma maravilhosa edição espanhola de bolso do livro de Cícero: “Las Leyes”, publicada pela Alianza Editorial de Madrid, com introdução e notas de Roger Labrousse, em 1989. Livro ainda novinho, com o selo da saudosa livraria LAEL, que outrora, pelo menos no tempo que em fiz mestrado na Pauliceia, por aquelas bandas (em edifício comercial na Rua Riachuelo, nos fundos da Faculdade de Direito, se bem me lembro), praticamente sozinha, importava e vendia livros jurídicos nas mais diferentes línguas. E essa edição de “Las Leyes” eu estou agora mesmo folheando, lendo e, melhor, adorando. 

No mais, poeta, orador, historiador, estadista, filósofo político, jurista, advogado praticante e outras coisitas mais, o polímata Cícero – sem dúvida, um dos mais celebrados escritores e pensadores de todos aos tempos – nos deixou, para bem além da elegância do seu estilo, oral e escrito, especificamente no que toca ao direito, inúmeros legados concretos. 

Um deles consiste, como lembra Robert Hockett (em “Little Book of Big Ideas – Law”, A & C Black Publishers Ltd., 2009), no fato de haver Cícero sistematicamente traduzido “para o latim muito da filosofia estoica grega que ele tanto amava, dando grande atenção a princípios básicos de justiça que devem reger as relações humanas, o que serviu, ainda, para forjar todo um novo vocabulário filosófico latino”. E com toda essa base filosófica, Cícero, praticamente sozinho, “filosofou” o direito romano. 

Deve-se também a Cícero vários princípios ou mesmo uma doutrina da justiça que, mais tarde desenvolvidos/reelaborados pelos “Padres da Igreja” – muitos deles, a exemplo de São Jerônimo (347-420) e de Santo Agostinho (354-430), grandes admiradores de Cícero, que foi até declarado “pagão justo” –, dariam corpo à doutrina do direito natural do Medievo. 

E tão importante quanto os dois legados já referidos também é o fato de Cícero – conhecedor dos arranjos políticos que uma vez funcionaram em Roma, mas que foram vilipendiados por episódios de guerra civil e ditadura – haver desenvolvido uma original teoria do republicanismo romano, fundamentada na liberdade, na limitação do governo e numa razoável separação de poderes entre o Executivo e Legislativo. Buscando restaurar esse “glorioso” passado republicado, ele produziu e felizmente nos legou – uma vez redescoberto no Renascimento e muito admirado pelos humanistas e iluministas – princípios que, direta ou indiretamente, entre outras coisas, influenciaram revoluções políticas na Europa e nas Américas, assim com a elaboração e o conteúdo de constituições de vários países desde o século XVIII até os dias de hoje. 

Bom, sem espaço para relacionar todos os legados de Cícero, para encerrar este riscado vai apenas uma observação. De minha parte, para o final de semana, já tenho uma programação: ler um pouco mais da minha edição de “Las Leyes” de Cícero, que eu, ciumento, aviso logo, pelo menos por enquanto, não empresto de jeito algum. 

Marcelo Alves Dias de Souza 
Procurador Regional da República 
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL 
Mestre em Direito pela PUC/SP

24/07/2016

O IHGRN CONTINUA VIVO

Em que pesem os percalços decorrentes das sucessivas interdições do IPHAN, a Diretoria e os Sócios do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte insiste em não sucumbir, realizando reuniões, sessões solenes e encontros informais para a discussão de assuntos variados e a busca de ideias que apontem para a solução dos problemas momentâneos.
Nesta última sexta-feira 22, aproveitando a lua cheia, fez uma dessas reuniões informais no pátio do Largo Vicente de Lemos.






De repente, passa pela Rua da Conceição os componentes da SERENATA DE NATAL, 
também comemorando o lugar de agosto. 
Tente acessar o vídeo clicando no google "Serenata ao lugar de Natal, 22/7/2016".




Roberto Lima, Vice-Presidente do IHGRN interpreta um fado. 
(clique a seta e em seguida vídeo).

22/07/2016


RELEMBRANDO O PAX CLUB I
Valério Mesquita*

Macaíba, nas décadas de vinte, trinta e quarenta foi uma das cidades de intensa vida social no Rio Grande do Norte. Viveu sua fase áurea da sociedade elitizada, organizada tradicionalmente em um clube, onde a chamada nata se divertia ao som das valsas, boleros, tangos, fox, sambas, etc., como hoje não se vê mais.
Em julho de 1950, surgiu o Pax Club, construído pelo então prefeito Luiz Cúrcio Marinho, localizado no parque governador José Varela, às margens do rio Jundiaí. Ao longo de vinte anos esse tipo de aglutinação social subsistiu. Em Natal, por exemplo, se acabaram antes o ABC, o Aeroclube, e o América como sodalícios. Algum tempo depois, o Pax Club também sucumbiu à desagregação dos hábitos sociais que começaram na década de setenta, pela modificação dos costumes, da música, do comportamento humano, etc.
Fui presidente do Pax Club durante um bom tempo de minha juventude. Com uma plêiade de companheiros, realizamos festas memoráveis nos anos sessenta, que marcaram época e ainda hoje são lembradas pelos daquela geração. Não poderia narrar nenhum fato pitoresco desse tempo maravilhoso, sem mencionar Francilaide Campos, Tarso Cordeiro, José Almeida, Eudivar Farias, Francisco Ribeiro, Edílson Bezerra, Adelfo Oliveira, Emídio Pereira, Raimundo Onofre, Bridenor Costa Júnior, Chagas Souza, José Amâncio, Walter Ferreira, Jorge Jonas, entre tantos outros.
O Pax Club, para veicular as suas promoções e eventos, possuía um serviço de amplificadora cujo locutor, com voz empostada, assim proclamava o seu inefável prefixo: “Serviço de divulgação da Associação Pax Club, falando do sodalício tradicional e elegante da cidade, diretamente do aprazível recanto do parque governador José Varela”. Eram duas bocas de ferro presas a um imenso pé de eucalipto, perto da ponte.
Aqui vai uma de suas primeiras estórias pitorescas.
O prefalado serviço de som mantinha em sua programação o quadro musical, intitulado “Data Querida”, que objetivava parabenizar os aniversariantes e diversas músicas oferecidas pelos namorados.
Às vezes, a turma gostava de “gozar” algumas figuras interessantes da cidade e dessa feita foi o motorista de praça Zé Cearense, asmático, marido de uma mulher hiper ciumenta, que residia à rua professor Caetano, bem embaixo dos altofalantes.
Com o “motorista” na praça e sua terrível mulher na calçada, saiu a seguinte “oferta musical”, pronunciada pela voz pausada e cheia de Durval Lima: “Alô, alô, Zé Cearense, escute essa página musical que um alguém das iniciais M.D.O., que ainda lhe ama e quer, oferece na voz de Orlando Dias, “Tenho ciúme de tudo””. Nem precisa dizer, ao ouvir a oferenda, o que aconteceu. Nos seus cem quilos bem pesados, a mulher de Cearense dirigiu-se à praça, sob os olhares de todos, aplicou-lhe uma chave de braço e o botou pra dormir, não sem antes, é claro, dá-lhe uns safanões. Depois, a irada mulher foi ao Pax Club tomar satisfações com Durval Lima, o locutor de plantão. Por via das dúvidas, o nosso Durval já havia retirado do ar apressadamente o serviço de som e se mandado pra casa com o pedido pronto de demissão da amplificadora. Constatou que era uma atividade de alto risco...
De outra feita, na missa do domingo na igreja matriz, o padre Alcides, irritadíssimo pelo comportamento dos diretores, desfechava adjetivos mil contra o Pax Club para um público silente e hipnotizado. Uma conhecida noiva de um diretor, revoltada com o que ouvia, quando se retirava em protesto, pelo meio da igreja, o sacerdote, sentindo a reação e flagrando o curto decote do vestido da mulher, fuzilou sem apelação pelo microfone; “E para onde vai essa barata descascada?”. Foi o fim.


(*) Escritor.