26/04/2016



OS COMPROMISSOS COM O NOVO TEMPO

Valério Mesquita*

O que é intenção, já é deliberação. Os Tribunais de Contas se impõem na estrutura do Estado como ponto de sustentação e equilíbrio. As instituições são permanentes. Seus servidores passam e elas ficam. Devem se adequar ao determinismo da evolução social. Os governantes não podem se distanciar do povo, como se já não precisassem ouvir a sua voz.  Como se o poder não fosse um bem de todos e não tivesse nas suas tessituras mais nobres o dever de promover o bem estar coletivo sem ferir a liberdade e a legalidade. Assim se configuram, nos dias atuais, a responsabilidade e o papel do Tribunal de Contas como instrumento indispensável na democracia moderna. Ele tem que continuar a otimizar, decisiva e amplamente, a sua contribuição para o aprimoramento da vida institucional do Estado. A sua missão maior é lutar para eliminar duas chagas da administração pública: o desvio e o desperdício. E ser parte e artífice, ao mesmo tempo, da obra infindável, inesgotável e sempre renovada: promover a felicidade individual de cada cidadão e cidadã. Controlar não é só punir. É também prevenir, é detectar, é corrigir e orientar.
A trajetória de todo homem público se diferencia quando ele guarda, como titulação verdadeira, os caminhos exatos e insubstituíveis da bondade humana e da disponibilidade de servir neste mundo áspero e às vezes desumano. O fundamental é ter consciência de que é possível o milagre do compartilhamento para a vida ser sempre uma proclamação plena de convivência humana e funcional. Pois, como se vê, há muito a fazer para continuar os níveis de aperfeiçoamento da ação de um Tribunal, no cumprimento dos seus objetivos.
Acosto-me, sem restrição, ao sábio preceito segundo o qual “não são os cargos que dignificam as pessoas, mas as pessoas que dignificam os cargos”.
Relembro, aqui, o esplendor do pensamento do escritor Mário de Andrade (1893 – 1945), no seu “Valioso Tempo dos Maduros”:
“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.”
“Já não tenho tempo para lidar com o supérfluo.”
“Já não tenho tempo para conversas intermináveis...”
“Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas...”
“Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…”
“Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!”
Chego à conclusão de que a missão maior do julgador é a de garantir a obediência à lei no uso dos recursos públicos. Deve lutar para realizar, assim, o possível. Não obstante a vontade de ver esse novo tempo seja imensa, mas o modelo do Brasil novo já se encontra à vista.
 (*) Escritor.

25/04/2016

A OBRA DE HENRIQUE CASTRICIANO


 PROJETO
RESTAURANTE LITERÁRIO

A deliciosa obra de
Henrique Castriciano de Souza
O Príncipe dos poetas
norte-rio-grandenses.

FEBRE
Por toda a parte rosas brancas vejo...
Rosas na fímbria loira dos Altares,
Coroadas de amor e de desejo...
Rosas no céu e rosas nos pomares.
Uma roseira o mês de Maio. Aos pares
Surgem, da brisa ao tremulante arpejo,
Estrelas que recordam, sobre os mares,
Rosas envoltas num cerúleo beijo.
E quando Rosa, em cujo nome chora
Esta febre cruel que me devora,
De si me fala, em gargalhadas francas,
Muda-se em rosa a flor
de meus martírios,
O som de sua voz, a luz dos círios...
O próprio Azul desfaz-se em rosas
brancas

 
* Em 1996 o poema “Febre” de H. Castriciano foi
incluído na Ema Enciclopédia, publicada
em Singapura, na Ásia.

 
LIÇÃO ERRADA
A Veríssimo de Toledo
... E o sábio disse:
“Meus senhores, esta
Mulher que vemos sobre a laje fria,
Foi como a noite vinda após um dia,
De cerração n’um ermo de floresta.
Seus olhos, verdes como verde a
glesta,
Tinham brilhos de fúnebre ardentia,
Fosforecentes como a pedraria
De um colar de princesa em festa.
Não teve coração! E, n’isto, o sábio
Rasgou-lhe o seio... E recuou.
Seu lábio
Contraiu-se n’um riso
estranho e lento...
No seio havia um coração partido,
Morto de amor, de lágrimas ungido,
E lacerado pelo sofrimento!

 
*O soneto “Lição errada” foi publicado
em 1997 na "Antologia de Sonetos", do
escritor Napoleão Valadares, em
Brasilia/DF.

PROGRAMAÇÃO  

De 01 a 30 de abril / 2016
CONVITE
O Diretor de Centro de Educação Rural Alfredo Mesquita Filho, juntamente com a Coordenação Pedagógica, Professores e Alunos, têm a honra de convidá-los a participar da Palestra do Pesquisador e Historiador Anderson Tavares de Lyra, e das atividades de Encerramento do Projeto “Restaurante Literário: a deliciosa obra de Henrique Castriciano de Souza.
Ivanildo Antônio de Lima
Diretor
Dia 26/04/2016 ( terça-feira)
 Hora: a partir das 14h00
 Local: Centro de Educação Rural Alfredo Mesquita Filho, CERU, Traíras
 Abertura;
 Apresentação Cultural;
 Leitura de poesias por alunos da escola;
 Palestra com o historiador e pesquisador Anderson Tavares de Lyra.
 Tema: Vida e obra de Henrique Castriciano.
Dia 27/04/2016 ( quarta-feira)
 Hora: a partir das 08h00
 Local: Centro de Educação Rural Alfredo Mesquita Filho, CERU, Traíras
 Abertura oficial do Restaurante Literário com:
 Apresentação musical com os músicos: Rafael Melo, Pâmela Araújo e Camille Teixeira (estudante do 9º ano).
 Apresentação da peça Teatral “A Promessa”, escrita por Henrique Castriciano e encenada por crianças em 1904, na abertura do Teatro Carlos Gomes
 Leituras de poesias, cordéis e crônicas escritas por Henrique Castriciano.


APOIO:
ACADEMIA MACAIBENSE DE LETRAS

24/04/2016

UMA FOTO DE SAUDADE DA UFRN




NOITE DA CRUVIANA, um repensar

Um amigo de Brasília perguntou-me como se poderia  pressentir os sinais de que em uma determinada noite a cruviana sairia. Ele havia lido um texto sobre o assunto e ficou interessado em passar para os filhos essa vivência.
Brasília é uma cidade onde predominam apartamentos em prédios de seis andares. Aqui nós temos pilotis barulhentos e áreas comuns movimentadas, além do barulho aborrecido dos elevadores, somado ao tagarelar das pessoas a todo momento. Imagino não haver condições propícias nem atmosfera capaz de atrair o inusitado, o sutil, que dependem de um conluio da alma com o inesperado para se manifestarem. Sem chance.
Em Brasília há também aqueles que moram em bairros onde predominam as casas que, aqui, guardam uma razoável distância entre si. Eu resido em um desses locais. Apesar de as pessoas estarem em casas bem cercadas, os níveis de violência se equiparam aos menores do Brasil.
Falar da cruviana é retornar à cidade da minha infância, com o verbo no pretérito, onde a usina de luz parava de funcionar às dez da noite. É se portar como criança em uma cidade por onde passa um belo rio repleto de embarcações, grandes e pequenas, com seus ruídos característicos. Na escuridão das noites estreladas, velas eram içadas e arreadas, sob o augúrio dos marujos, aqui chamados de barcaceiros, além dos movimentos próprios do rio cuja foz fica logo ali, com o mar tentando subjugá-lo a toda hora.
Para que se percebesse a presença da cruviana, formatada em noites onde o escuro absoluto dava abrigo ao bicho papão, acoitava lobisomens fugidios, e em que o barulho das serrações assombrava crianças inocentes  que tremiam em suas redes brancas com cheiro de carinho, parece-me de fácil entendimento.
Hoje, especialmente em cidades de grande porte, como imaginarmos ter sensibilidade e ambiente propício para perceber o assobio fino de um vento noturno que leva consigo uma aura de mistério, com uma estranha sensação de um frio que corre fino pelo corpo, tal qual uma pizza metafísica meio mágica meio mística? Na infância, nas noites da cruviana, as crianças percebiam um som agudo, fininho, tipo assobio, arrastando-se pela noite, fazendo com que se encurvassem ainda mais em suas redes, assumindo uma posição quase fetal.
Em Brasília, algumas vezes, despertado pelo som de uma ambulância em plena madrugada, já tentei perscrutar os ruídos característicos e os eflúvios sonoros atípicos das noites do Lago Norte, na tentativa de identificar os murmúrios da cruviana. Em vão.
Pelos mesmos motivos, já não se percebem os sacis, os gnomos, os duendes nem as mulas sem cabeça. Afinal, “é preciso chuva para chover”.
Os tempos são outros. Temo que a percepção dos movimentos da cruviana não seja para qualquer um, nem para qualquer lugar ou momento. Ao menos nestes tempos raivosos.
Temo que a maioria desta geração Whatsapp jamais consiga, em algum momento, agendar um encontro com o lado mágico da vida, onde mora a fantasia.
Evaldo Oliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

23/04/2016

EIDER FURTADO, UMA LEGENDA (*)


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            Na data de hoje a comunidade potiguar e o mundo cultural comemora os 92 anos de nascimento do eminente acadêmico e causídico EIDER FURTADO DE MENDONÇA E MENEZES, natalense nascido aos 23 de abril de 1924, filho de Gil Furtado de Mendonça e Menezes e D. Maria Emília Furtado, aos quais homenageou no livro “Audiência de um Tempo vivido” (2004), primeiro livro de uma série de trabalhos memorialistas.

        Iniciou seus estudos com a Professora Águeda de Oliveira Sucupira (Naná), numa escola municipal postada na Av. Rio Branco (local onde o BB construiu sua sede da cidade alta), nos idos de 1931 a 1934, sobre quem dedicou um capítulo especial no seu livro de memórias, alcançando as suas auxiliares  D. Helena, Preta e Auta, sobre as quais derrama suas emoções mais caras, aliada a um amor quase filial, incluídas também em suas permanentes orações, acrescentando “Por isso, eu também tenho saudades da minha primeira professorinha”.

Em 1935 foi para o Colégio Pedro Segundo, do Prof. Severino Bezerra de Melo, daí para a escola particular do Prof. Antônio Fagundes, posteriormente o tradicional Atheneu Norteriograndense, em 1937, aos 13 anos de idade, tendo concluído o Colegial em 1944 e, somente em 1955, com 30 anos de idade, submete-se ao vestibular da Faculdade de Direito de Natal.

Bacharel em Direito pela UFRN, 1ª Turma, em 9 de outubro de 1959, denominada “Turma Clóvis Bevilácqua”, paraninfo Edgar Barbosa e confererencista da Aula da saudade Paulo Viveiros.

Em 1968 iniciou o seu magistério universitário, nas lides do Direito Financeiro e Tributário, depois Direito Comercial, Direito do Trabalho e Mercado de Capitais, tendo ainda demonstrado os seus conhecimentos em outras searas do Direito, quando transferido para o Curso de Direito, lotado no Departamento de Direito Privado, até a sua aposentadoria em março de 1991. Recebeu a láurea de “Professor Emérito da URFRN” em 17 de dezembro de 1997.     

         Sua vida é pontilhada de atividades diversificadas, pois teve papel de relevo na radiofonia potiguar (Diretor da Rádio Poti, ao tempo em que, ainda, Rádio Educadora de Natal), não sem antes, nos idos dos anos 40, integrar, como músico, a Orquestra de Salão daquela rádio e o Quinteto “Alberto Maranhão” e teve passagem pelo teatro amador.

Foi jornalista consagrado e dirigente nas Rádios Poti e Nordeste.

Cidadão exemplar, que reparte o comando de uma bela família com o auxílio indispensável da sua eterna musa D. Helenita, cuja presença é uma constante em todos os momentos de sua existência e a ela dedica incontáveis registros da história de sua vida e sobre quem proclama ter sido a primeira e única namorada.
Membro da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, além de honorário e benemérico de várias outras Instituições.
         Na advocacia se orgulha de registrar seu estágio com o jurista Hélio Mamede de Freitas Galvão e chegou a chefiar a Ordem dos Advogados, Seção do Rio Grande do Norte, num pleito memorável, que marcou a transição da velha Instituição para os novos tempos, substituindo o Dr. Claudionor Telógio de Andrade após 20 anos de presidência, ali permanecendo por 8 anos consecutivos (01/02/69 a 01/02/77), sendo hoje o mais antigo dos Membros Honorários Vitalícios. 
           É fiel à sua profissão até os dias presentes, compartilhando o escritório com filhos e netos. O mundo intelectual está de parabéns.


(*)Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor.

22/04/2016

 Descobrimento do Brasil - História do Brasil

História do Brasil Colônia, a história do descobrimento do Brasil, os primeiros contatos entre portugueses e índios, o escambo, a exploração do pau-brasil

Primeiros contatos entre portugueses e índios
Primeiros contatos entre portugueses e índios
História do Descobrimento do Brasil

Em 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil.

Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil. 

A descoberta do Brasil ocorreu no período das grandes navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do Brasil, em 1492, Cristóvão Colombo, navegando pela  Espanha, chegou a América, fato que ampliou as expectativas dos exploradores. Diante do fato de ambos terem as mesmas ambições e com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494. De acordo com este acordo, Portugal ficou com as terras recém descobertas que estavam a leste da linha imaginária (370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde), enquanto a Espanha ficou com as terras a oeste desta linha. 

Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portugal continuava empenhado no comércio com as Índias, pois as especiarias que os portugueses encontravam lá eram de grande valia para sua comercialização na Europa. As especiarias comercializadas eram: cravo, pimenta, canela, noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, etc. Enquanto realizava este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil o extrativismo do pau-brasil, explorando da Mata Atlântica toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas (apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de madeira até as caravelas. 

Foi somente a partir de 1530, com a expedição organizada por Martin Afonso de Souza, que a coroa portuguesa começou a interessar-se pela colonização da nova terra. Isso ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de fora do tratado de Tordesilhas, como, por exemplo, franceses, holandeses e ingleses. Navegadores e piratas destes povos, estavam praticando a retirada ilegal de madeira de nossas matas. A colonização seria uma das formas de ocupar e proteger o território. Para tanto, os portugueses começaram a fazer experiências com o plantio da cana-de-açúcar, visando um promissor comércio desta mercadoria na Europa.

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