OS COMPROMISSOS COM O
NOVO TEMPO
Valério Mesquita*
O que é intenção, já é deliberação. Os Tribunais de
Contas se impõem na estrutura do Estado como ponto de sustentação e equilíbrio.
As instituições são permanentes. Seus servidores passam e elas ficam. Devem se
adequar ao determinismo da evolução social. Os governantes não podem se
distanciar do povo, como se já não precisassem ouvir a sua voz. Como se o poder não fosse um bem de todos e
não tivesse nas suas tessituras mais nobres o dever de promover o bem estar
coletivo sem ferir a liberdade e a legalidade. Assim se configuram, nos dias
atuais, a responsabilidade e o papel do Tribunal de Contas como instrumento
indispensável na democracia moderna. Ele tem que continuar a otimizar, decisiva
e amplamente, a sua contribuição para o aprimoramento da vida institucional do
Estado. A sua missão maior é lutar para eliminar duas chagas da administração
pública: o desvio e o desperdício. E ser parte e artífice, ao mesmo tempo, da
obra infindável, inesgotável e sempre renovada: promover a felicidade
individual de cada cidadão e cidadã. Controlar não é só punir. É também
prevenir, é detectar, é corrigir e orientar.
A trajetória de todo homem público se diferencia
quando ele guarda, como titulação verdadeira, os caminhos exatos e
insubstituíveis da bondade humana e da disponibilidade de servir neste mundo
áspero e às vezes desumano. O fundamental é ter consciência de que é possível o
milagre do compartilhamento para a vida ser sempre uma proclamação plena de
convivência humana e funcional. Pois, como se vê, há muito a fazer para
continuar os níveis de aperfeiçoamento da ação de um Tribunal, no cumprimento
dos seus objetivos.
Acosto-me, sem restrição, ao sábio preceito segundo o
qual “não são os cargos que dignificam as pessoas, mas as pessoas que
dignificam os cargos”.
Relembro, aqui, o esplendor do pensamento do escritor
Mário de Andrade (1893 – 1945), no seu “Valioso Tempo dos Maduros”:
“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo
para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais
passado do que futuro.”
“Já não tenho tempo para lidar com o supérfluo.”
“Já não tenho tempo para conversas intermináveis...”
“Já não tenho tempo para administrar melindres de
pessoas...”
“Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos,
quero a essência, minha alma tem pressa…”
“Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O
essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!”
Chego à conclusão de que a missão maior do julgador é
a de garantir a obediência à lei no uso dos recursos públicos. Deve lutar para realizar,
assim, o possível. Não obstante a vontade de ver esse novo tempo seja imensa,
mas o modelo do Brasil novo já se encontra à vista.
(*) Escritor.