27/02/2016


O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE PREPARA-SE PARA COMEMORAR OS SEUS 114 ANOS DE FUNDAÇÃO.

Invocando artigo escrito pelo nosso Presidente Honorário Jurandyr Navarro da Costa, é a instituição mais antiga em atividade do nosso cenário cultural.

"Cinco colunas humanas sustentam, presentemente, o pedestal organizacional da veterana entidade: o presidente, Valério Mesquita, o seu grande maestro, que rege a orquestra, com equilibrada liderança; Ormuz Simonetti, o vice-presidente, voluntarioso, de conhecido dinamismo (daria um grande Prefeito Municipal); Carlos Gomes, o secretário-geral, especialista exímio, responsável pela parte jurídico-legal, nosso Helly Lopes Meirelles, atualizado; Odúlio Botelho, secretário-adjunto, experiente causídico, coube-lhe o encargo do acompanhamento dos assuntos lítero-jurídicos, redação oficial e derivações. Finalmente, Scilla Gabel, encarregada pela Contabilidade, da vetusta empresa cultural privada, tarefa por demais fatigante, na árida ciência dos algarismos".

Além das pessoas nominadas, a Diretoria tem outros membros complementares do seu quadro dirigente, com funções definidas: Eduardo Gosson, escritor talentoso, na função de Tesoureiro e Augusto Coelho Leal, o seu Adjunto.

Nos assuntos técnicos contamos com Edgar Ramalho Dantas, Carlos Adel, João Felipe, Claudionor Barbalho, Eider Furtado e Tomislav Femenick, além do contador Jônatas e o pessoal de apoio da casa, liderado por José Maria.

As reuniões são diárias, presididas sempre pelo Presidente Valério Mesquita, não faltando visitantes ilustres, como o jornalista Vicente Serejo e outros sócios que abrilhantam as reuniões.

Teremos agora a posse de novos dirigentes que darão continuidade ao belo e eficiente trabalho da Diretoria atual, que não mais contará com a participação oficial do atual Presidente e do Secretário Geral Carlos de Miranda Gomes, este com outras missões a execução em outras instituições culturais.

Sucesso é todos esperam da nova gestão, cujos detalhes serão oferecidos neste Blog informativo do IHGRN.

26/02/2016

ELEIÇÃO PARA CARGO VAGO





INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE – IHGRN

P O R T A R I A  Nº 01/2016-P

O Presidente do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE - IHGRN, no uso das atribuições que lhe conferem os artigos 13 e 15, ‘g’ do Estatuto Social e considerando a necessidade de convocação do pleito eleitoral para o triênio 2016-2019,
R E S O L V E
Art. 1º. Fica designada a Comissão Eleitoral para o fim de realizar o pleito para a eleição do cargo de Diretor Orador do IHGRN, para o triênio 2016-2019, em virtude da renúncia do Diretor Orador eleito no último pleito, sócio ARMANDO ROBERTO HOLANDA LEITE, composta dos seguintes sócios:

CARLOS ROBERTO DE MIRANEDA GOMES, Presidente
ODÚLIO BOTELHO MEDEIROS, Membro
AUGUSTO COELHO LEAL, Membro

Natal, 25 de fevereiro de 2016

VALÉRIO ALFREDO MESQUITA
Presidente do I.H.G.R.N.

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INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE - IHGRN

EDITAL Nº 01/2016 - CE
CONVOCAÇÃO DE ELEIÇÕES

A COMISSÃO ELEITORAL designada pela Portaria n° 01/2016-IHGRN-P, de 26 de fevereiro de 2016, do Presidente da Instituição, CONVOCA todos os sócios efetivos do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE - IHGRN, a participarem do pleito eleitoral para a escolha do Diretor Orador (2016-2019), cargo vago em razão da renúncia do sócio eleito no pleito de 10 de novembro de 2015, a se realizar no dia 21 de março próximo vindouro, em Assembleia Geral Eleitoral, em sua sede da Rua da Conceição, 622 – Centro – Cidade Alta, CEP 59.025-270 – Natal – Rio Grande do Norte, no horário corrido das 8 às 12 horas, aplicando-se as mesmas regras editalícias adotadas para o pleito de 10/11/2015 que está afixado na sede da Instituição, no início indicada. As inscrições dos candidatos serão recebidas até às 11 (onze) horas do próximo dia 15 de março do ano corrente, na Secretaria do IHGRN.

Natal/RN, 26 de fevereiro de 2016

A Comissão Eleitoral

CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, Presidente
ODÚLIO BOTELHO MEDEIROS, Membro

AUGUSTO COELHO LEAL, Membro

25/02/2016

Objectos Mais Antigos da História


Cada um dos objetos que usamos no nosso dia-a-dia tem um ancestral, que apareceu há milhares de anos antes. Estas peças singulares são um reflexo da evolução da humanidade e do caminho percorrido ao longo de toda a história. Como na atualidade estamos rodeados por altas tecnologias, invenções, e modernismos, torna-se um pouco difícil imaginar como seria a vida, as ferramentas, e que objetos cotidianos, os nossos ancestrais utilizavam há milhares e milhares de anos atrás. É por isso que lhes mostro estas imagens, que nos ligam um pouco mais à nossa história…


As meias mais antigas – 1.500 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Este elegante par de meias em lã foi desenhado para poder ser uzado com sandalias de enfiar, e assim andar na moda no antigo Egipto. Estas meias foram descobertas em meados do século XIX.

A receita mais antiga – 5.000 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
A receita mais antiga do mundo está plasmada nesta placa de pedra, com todas as instruções necessárias para fabricar uma cerveja forte com bocadinhos de pão a flutuar nela.

Os óculos de sol mais antigos do mundo – 800 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Estes oculos de sol, os mais antigos da história, foram encntrados no Canadá. Este acessório foi projetado para proteger as pessoas dos reflexos do sol na neve que, muitas vezes, chegava a cegar os viajantes.

A mais antiga escultura humana – 35.000 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Esta fascinante obra de arte, a que foi dado o nome de Venus de Hohle Fels, é a mais antiga escultura duma figura humana, e mostra uma mulher bem avantasjada, o que naqueles tempos era considerada como um símbolo da fertilidade e do erotismo.

O sapato mais antigo do mundo – 5.500 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Este antigo mocassim, encontrado numa caverna da Arménia, tem aproximadamente uns 5.000 anos. O do pé esquerdo nunca foi encontrado, e este, do lado direito, estava protegido por pasto e excremento de ovelha.

O mais antigo instrumento musical – 40.000 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Esta flauta, feita de um osso de abutre, já tem uns 40.000 anos, e é a prova fiel de que a música sempre fêz parte da nossa cultura desde o inicio dos tempos. Esta descoberta foi feita na Alemanha.

As calças mais antigas – 3.300 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Por muito que eu goste das minhas calças, e que me custe por vezes desfazer-me delas, mesmo já velhas, mas esta de guardar umas calças com 3.300 anos já acho demais. Esta peça de vestuário foi descoberta no oeste da China.

A retrete em linha mais antiga do mundo – 2.000 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Estes sanitários, dispostos lado a lado, foram encontrados na Turquia, tenham uma calha por baixo dos assentos por onde corria água para arrastar os dejetos até a um rio perto. Tinha um desenho avançado para a época, e sem dúvida, antecipou como seria o sistema das retretes no futuro.

O sutiã mais antigo – 500 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Este sutiã foi feito entre 1390 e 1485, na Áustria. Embora existam outros registos mais antigos de corpetes e bolsas utilizadas com esta função, este é o único sutiã sobrevivente.

A prótese mais antiga – 3.000 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Já desde há 3.000 anos que as pessoas se preocupam o suficiente com o seu bem estar para fazerem próteses. Esta prótese em particular, foi utilizada para ajudar uma pessoa a andar no Antigo Egipto. De acordo com as investigações e réplicas levadas a cabo pelos técnicos, esta peça é uma prótese muito prática e funcional.

A Mala de Senhora mais antiga – 4.500 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Dentes de cão foi uma das poucas coisas que se poderam conservar desta mala de mão. Possivelmente eles faziam parte da sua decoração exterior.

A camisinha mais antiga – 370 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Este preservativo, de pele de ovelha, cuja origem remonta ao século XVII, na Suécia, é uma peça reutilizável, e que foi encontrada com instruções em latim, que indicavam como ela devia ser limpa com leite morno... LOLOLOLOL

A pastilha de mascar mais antiga – 5.000 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Como foi utilizada já há 5.000 anos, esta pastilha de mascar mais parece uma pequena pedra. Este produto, foi fabricado com casca de aveleira e provavelmente deve ter sido utilizada com fins medicinais.

A pauta musical mais antiga – 3.400 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
A melodia mais antiga foi gravada neste bloco de pedra e descoberta onde hoje é o território sul da Síria. Trata-se de uma melodia pensada para ser tocada com lira, um instrumento de corda dedilhada primitivo.

A moeda mais antiga – 2.700 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Esta moeda, a mais antiga, foi descoberta na Turquia. Apenas um dos lados da moeda estava decorado com uma imagem que faz lembrar a cabeça de um leão.

O globo terrestre mais antigo – 510 anos
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos
Esta peça foi fabricada em Itália com um ovo de avestruz cuja superficie está decorada com detalhes meticulosamente gravados. O mais curioso sobre este objeto é que a pessoa que o encontrou não fazia ideia de como ela era exclusiva e exótica e acabou por a vender ao atual dono numa feira de mapas realizada em Londres no ano de 2012.
Descrição: Descrição: Descrição: Objetos antiguos



23/02/2016


GLOSAS FESCENINAS DE MOYSÉS SESYOM
Coletânea organizada por Jardelino Lucena
jardelino@digizap.com.br
Moysés Lopes Sesyom, nasceu a 28 de julho de 1883 no sítio Baixa Verde em Caicó, no Rio Grande do Norte. Viveu em Açu-RN, a partir de 1905 vindo a falecer em 9 de março de 1932.
(continuação)

4. MOTE


Zé Leão quase se caga
Quarta-feira na novena.


GLOSA


Quase faz do cu bisnaga
Apertado, em plena rua
Ontem, ao clarão da lua
Zé Leão quase se caga.
Porém encontrou uma vaga
Pôde fazer quarentena.
Com franqueza, tive pena
Por vê-lo tão apertado.
Foi feliz não ter cagado
Quarta-feira na novena.


5. MOTE


A doida da gameleira
Deu um peido e se cagou


GLOSA


Enrolado em uma esteira
João Dudu foi tomar fé,
Só pra ver mijando em pé,
A doida da gameleira.
Quando viu uma carteira
Teve medo recuou
Ali a doida ficou
Lhe disse: eu vou à caverna
Logo ali abriu a perna
Deu um peido e se cagou.



6. MOTE


O peido que a doida deu
Quase não cabe no cu.


GLOSA


Eu conto o que sucedeu
Na sombra da Gameleira
Foi um tiro de ronqueira
O peido que a doida deu.
Toda terra estremeceu,
Abalou todo o Açu,
Ela mexendo um angu,
Tira a perna para um lado
Dá um peido tão danado
Quase não cabe no cu.



22/02/2016



   
Marcelo Alves


Sobre John Grisham (II) 

No artigo da semana passada, escrevi aqui sobre John Grisham (1955-), romancista e roteirista americano que, nos seus inúmeros best-sellers, fazendo uso da sua formação jurídica e da sua experiência como advogado e homem público, trabalha – e muito bem – a relação literatura/cinema/direito. Apresentei no referido artigo, embora sucintamente, a sua biografia e os seus “romances jurídicos” (“legal novels” e, mais especificamente, no caso de Grisham, “legal thrillers”), isto é, os seus romances cujos enredos têm considerável ligação com o direito. 

Hoje, como prometido, vou tratar dos “filmes jurídicos” (“legal films”) com roteiros adaptados de obras Grisham (em regra, pelo próprio autor). Produzidos sobretudo quando do boom de livros e filmes jurídicos da década de 1990, eles não são poucos. Para a telona, conheço pelo menos oito, cujos títulos, em inglês, vão a seguir: “The Firm” (de 1993), “The Pelican Brief” (1993), “The Client” (1994), “A Time to Kill” (1996), “The Chamber” (1996), “The Rainmaker” (1997), “The Gingerbread Man” (1998, baseado em um manuscrito não finalizado de Grisham) e “Runaway Jury” (2003). Isso sem falar nas séries de TV, com é o caso de “The Client” (1995–1996) e de “The Firm” (2011–2012), também baseadas em seus livros. A marca “John Grisham”, portanto, é best-seller tanto no papel (com mais de 300 milhões de cópias vendidas) como na telona. 

Tomemos como exemplo do todo, pelo simples fato de eu haver (re)assistido a essa película dia desses, o primeiro dos “filmes” com a marca de Grisham, “A Firma” (“The Firm”), de 1993, que é baseado em romance homônimo, primeiro best-seller do autor, de 1991. 

Dirigido por Sydney Pollack (1934-2008), um especialista em filmes jurídicos (e sobre quem poderemos conversar qualquer dia), “A firma” conta com um elenco de luxo: o astro Tom Cruise (como Mitch McDeere), a fofurinha Jeanne Tripplehorn (Abby McDeere), Gene Hackman (Avery Tolar), Ed Harris (Wayne Tarrance), Holly Hunter (Tammy Hemphill), Hal Holbrook (Oliver Lambert), David Strathairn (Ray McDeere), Gary Busey (Eddie Lomax), Paul Sorvino (Tommie Morolto) e outros menos votados. E isso, claro, dá certa qualidade e, sobretudo, “bilheteria” ao filme. 

O enredo de “A firma” não é nada demais (também não é ruim, que fique claro), Mitch McDeere (interpretado por Tom Cruise), embora oriundo de uma família muito pobre e desestruturada, é um jovem brilhante, recém-formado pela escola de direito de Harvard. A ele, fresquinho na profissão, são oferecidas várias propostas de emprego. Ele acaba optando pela “Firma”, escritório de advocacia estabelecido na cidade de Memphis, no estado norte-americano do Tennessee. Para lá ele se muda com sua jovem esposa, que havia abandonado a confortável situação financeira familiar para viver com o amado. Com o tempo, ele percebe que a “Firma”, na verdade, funciona como lavandeira de dinheiro para a Máfia. Descobre também que os advogados que saíram ou tentaram sair da “Firma” morreram de maneira suspeita. Mitch McDeere é pressionado por agentes do FBI que, apresentando as atividades ilegais da “Firma”, exigem sua cooperação. Mas cooperar faria com que ele, por quebra de deveres da profissão, perdesse sua licença de advogado. E por aí, em meio a crises de consciência e muitas reviravoltas, a coisa caminha até o final – que eu, por óbvio, não vou contar. 

Como a imensa maioria dos “filmes de tribunal” (afinal, eles são, essencialmente, obras de ficção), “A firma” apresenta muitas imprecisões quanto à realidade do sistema legal retratado (no caso, o sistema judicial norte-americano) e do direito como um todo. Apenas para se ter uma ideia, a personagem Mitch McDeere, o jovem profissional do direito em torno de quem gira todo o enredo, sobretudo com desenvolvimento do filme, acaba se parecendo, como notam Ernesto Pérez Morán e Juan Antonio Pérez Millán (em “Cien abogados de ayer e de hoy”, livro publicado pela Ediciones Universidad de Salamanca, 2010), muito mais com um investigador do que com um advogado propriamente dito. E isso talvez se justifique pela necessidade de se dar maior dinamicidade ao filme (como também ao livro). 

Entretanto, para os interessados no direito, “A firma” tem, claro, sua valia. Por exemplo, ele nos apresenta (de forma romanceada, certamente) o modelo de recrutamento, nos Estados Unidos da América, pelos escritórios de advocacia, dos melhores estudantes de direito. A estória do filme se passa, pelo menos em boa medida, no ambiente de uma banca de advogados em pleno funcionamento, com os seus profissionais realizando performáticas peripécias jurídicas. O foco mesmo do filme é um jovem advogado, brilhante e ambicioso, que, contra todos os prognósticos, não se deixa adestrar pela “filosofia” do escritório de advogados em que trabalha. Especialmente, há o dilema jurídico central do filme, que constitui, nas palavras dos autores de “Cien abogados de ayer e de hoy”, uma “encruzilhada deontológica”: colaborando com o FBI, o jovem advogado se põe do lado lei, mas para isso deve revelar segredos profissionais dos seus clientes, ferindo códigos de ética (no mínimo), o que arruinaria sua promissora carreira. 

Bom, de uma maneira geral, “A Firma”, seja em forma de livro ou de filme, é muito apreciado tanto por leigos como por aqueles que possuem formação jurídica, como se dá, de resto, com as outras produções de John Grisham. E se você, caro leitor, perguntar a minha opinião sobre o quão divertido como programa de fim de semana a “A firma” é, eu vos digo, sem titubear: (re)assisti e gostei demais. 

Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP

21/02/2016





ÁGUA GELADA





Adriane, adolescente de 16 anos, filha de Adriano Pimentel e neta de Francisco Bezerra e dona Lia, morava no Rio de Janeiro. Anualmente, vinha com os pais e irmãos, passar férias em Nova-Cruz (RN). Sob o sol causticante de uma segunda feira, a moça observou que os feirantes se abrigavam em barracas com cobertura de lona, para fugir do mormaço. Tomavam muita água, tirada de garrafas ali expostas, em temperatura natural. A moça tinha espírito empreendedor e, de repente, disse para si mesma que iria ficar rica, ali naquela terra.
A quantidade de pessoas circulando na feira era imensa. Umas vendiam, outras compravam, sob um sol causticante, sem terem acesso à água gelada. Cheia de sonhos, a adolescente teve uma grande ideia: Iria vender água gelada na feira, e, certamente, os matutos iriam ser seus fregueses. Iria ganhar seu primeiro dinheirinho, vendendo água na feira de Nova-Cruz!!! Trabalharia por conta própria!!! Então, pediu de presente ao tio-avô, Paulo Bezerra, um garrafão térmico de cinco litros, para colocar água gelada, e contou-lhe a sua pretensão:



FEIRA DE NOVA-CRUZ (rn)


– Tio Paulo, eu vou vender água na feira! Aquele povo passa o dia todo nas barracas, debaixo de um sol infernal, todos sedentos e suados. Não dispõem de água gelada para matar a sede. Então….quem sabe, eu vendo água e faturo um “dindim”. Vou ficar rica!!!
Paulo Bezerra, achando interessante a ideia, forneceu-lhe o garrafão. No dia da feira municipal, segunda-feira, Adriane acordou bem cedinho, encheu o garrafão de 5 litros com água, colocou uma caçamba de gelo dentro e lá se foi, bela e faceira, imaginando os cifrões que ganharia no final da manhã, na feira de Nova Cruz. Muito desinibida, saiu gritando pela feira, com o seu sotaque carioca:
– Olha a água gelada, fresquinha… 1 cruzeiro o copo!!!
A moça subia a rua da matriz, descia pelo outro lado, voltava ao início da feira, sempre gritando o mesmo jargão:
– Olha a água gelada, fresquinha, 1 cruzeiro o copo!!!
Uma hora de trabalho e nenhum copo d’água vendido; duas horas, e nada; três horas, e nada. Lá pelas 11:30, com o garrafão quase vazio, bebido por ela mesma, e frustrada com seu negócio fracassado “liminarmente”, a adolescente entrou no armazém do avô Francisco Bezerra, que ali se encontrava com Dona Lia, a avó, desconhecendo totalmente a astúcia da neta. Jamais, o próspero comerciante admitiria que uma neta sua vendesse água na feira! Dona Lia perguntou à moça o que estava fazendo com aquele garrafão térmico no ombro, ao que ela respondeu:
– Estou vendendo água gelada, vovó! Pensei que fosse ficar rica aqui na feira de Nova-Cruz! Mas, mesmo com um calor horrível, o povo não tem coragem de comprar um copo de água gelada!!! Quem bebeu a água quase toda fui eu mesma!!!
Todas as pessoas que se encontravam no armazém sorriram muito, menos o avô Francisco Bezerra, que ficou indignado ao saber da iniciativa da neta. Para ele, não passava de uma “traquinagem”!!!
Sentindo-se incomodada com a risadaria das pessoas que ali se encontravam, a adolescente protestou irritada:
– Por que vocês estão zombando de mim?
Dona Lia, a avó, às gargalhadas, respondeu:
– Minha filha, o povo do mato não sabe nem o que é água gelada. A maioria não tem geladeira, que é produto de luxo. Mesmo quem pode comprar, não gosta de água gelada, por causa da dor que dá nos dentes cariados.
Decepcionada, Adriane saiu cabisbaixa, com seu garrafão já vazio, cuja água fora usada para matar sua própria sede. Não entendia porque, num mormaço daquele, um matuto não admitia tomar água gelada. Maior do que o calor e a sede, devia ser o medo da tal dor de dente!!!
E a ideia de vender água gelada na feira morreu aí…