22/10/2015
21/10/2015
HOMENAGEM AOS POETAS
HOMENAGEM A TODOS OS POETAS NO DIA DO POETA.
SOU POETA.
José Ivam Pinheiro.
José Ivam Pinheiro.
Sou poeta, a minha meta é uma quase reta estrada,
e corretamente transcrevo o que sinto e o que vejo,
e verso livre os incautos e libertos benditos desejos.
Mas, sei que não resisto ao torpor suave dos beijos
de amor que conquisto nos lábios da mulher amada.
e corretamente transcrevo o que sinto e o que vejo,
e verso livre os incautos e libertos benditos desejos.
Mas, sei que não resisto ao torpor suave dos beijos
de amor que conquisto nos lábios da mulher amada.
Natal, RN, Brasil, 1981.
Na Estrada (Filme: On the road - original; 2012) - Imagem de autoria não identificada, e disponível no sítio: cinemaateca.blogspot.com.br.
20/10/2015
Lá pelos anos sessenta do
século passado o ex-deputado Carlos Borges de Medeiros, então já
residindo em Natal, foi a Mossoró, oportunidade em que foi visitar o seu
vizinho e amigo José Rodrigues, o meu avô. Conversa vai, conversa vem, e
o dr. Carlos disse que a cidade estava muito mudada, que até o musica
que dava início às sessões do Cine Pax tinha sido alterada; no lugar de O
Guarani, de Carlos Gomes, tinham colocado uma das Bachianas, de Vila
Lobos. Para mim aquele foi apenas um comentário passageiro. Mas não foi
bem assim.
No dia seguinte, o meu avô
mandou me chamar em sua casa e, para minha surpresa, ele pediu que eu
fosse com ele até a residência do Padre Mota, seu cunhado e, portanto,
meu tio. Surpresa porque ele somente saia de casa para trabalhar, pois
não era homem dado a visitas. Quando lá chegamos, o reverendo e
ex-prefeito de Mossoró, também demonstrou sua surpresa, pois aquilo era
algo realmente inusitado. Mais surpresos ficamos nós, eu e o padre,
quando soubemos o motivo da visita: a troca do prefixo musical do Cine
Pax.
Vamos explicar melhor a
causa desse quase espanto. José Rodrigues de Lima era comerciante,
industrial, agropecuarista e um construtor quase que compulsivo;
construiu para ele mesmo mais de 100 imóveis em Mossoró, Natal e Areia
Branca. Entretanto, ele era quase que um autodidata, quase sem instrução
formal. Lia relativamente muito, sobre quase tudo, mas não que se saiba
sobre música ou que gostasse de qualquer gênero, muito menos de música
clássica. Somente no decorrer da conversa foi que nos inteiramos do
motivo daquela mudança de habito de um quase recluso social. Quando da
constituição da empresa para construir um novo e moderno cinema na
cidade, o meu avô foi um dos sócios e somente fez uma exigência: que se
tocasse O Guarani, anunciando o inicio das sessões, como ele tinha visto
em um cinema do Rio de Janeiro, lá pelos anos trinta. Então, ele queria
a intervenção do seu cunhado para que Carlos Gomes voltasse a anunciar o
começo das sessões do Pax. Só isso.
Foi deixar o meu avô em
casa e voltei para a residência do Padre Mota. Quando eu entrei, ele me
disse: “Ligue para Jorge Pinto e peça para ele vir aqui, agora”. Liguei
para seu Jorge, então o dono do cinema, transmiti-lhe o recado e ele
foi. Ai se deu um dialogo curioso, impregnado daquelas “coisas do Padre
Mota”:
– Jorge, eu queria um favor seu – disse o padre.
– É só dizer – respondeu seu Jorge
– Dá para repor Carlos Gomes no lugar que ele sempre ocupou no Pax?
– Vilas Lobo é mais moderno. Foi até uma sugestão do prefeito Raimundo Soares.
– O Rei morreu, viva o Rei.
– Não, monsenhor. O senhor sempre será o prefeito de Mossoró, esteja ou não no comando da Prefeitura.
– Então volte O Guarani.
– Mas, por que?
– Porque eu gosto de ouvir O Guarani.
– Mas, como? O senhor não vai ao cinema e não dá para ouvir daqui de sua casa.
– Eu ouço com os ouvidos da alma.
Na mesma noite o velho prefixo
voltou a anuncia o início da apresentação no Pax. Comuniquei o fato ao
meu avô. Ele me respondeu solfejando o refrão da musica de Carlos Gomes.
Depois disse: “Só não gosto de O Guarani, quando toca na Voz do Brasil;
isso porque não gosto de nada que é obrigado”.
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19/10/2015
Setenta anos de Pedro Vicente ( hoje 19 de outubro 2015)
Memória Acadêmica
Pedro Vicente Costa Sobrinho
Nasceu em Macau/RN a 19 de outubro de 1945 viveu em Recife, onde residiu por dezoito anos, entre as cidades de Jaboatão e Ribeirão. Foi escritor, pesquisador e professor da UFRN e da Universidade do Acre, cidade onde residiu durante alguns anos. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da União Brasileira de Escritores. Dirigiu editoras, livrarias e jornais. Publicou vários livros, dentre os quais destacamos “Capital e trabalho na Amazônia Ocidental”.
Pedro Vicente foi eleito para Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, cadeira 31 cujo patrono é Padre Francisco de Brito Guerra (Campo Grande/RN-18/4/1977 Rio de Janeiro/RJ 26 de fevereiro de 1845, com 68 anos). Posse de Pedro Vicente, foi eleito no dia 25 de julho de 2002 e tomou posse no dia 26 de agosto de 2004, quando foi saudado pelo Acadêmico Manoel Onofre Júnior. Pedro Vicente, faleceu em Natal no dia 5 de setembro de 2013; foi cremado e suas cinzas jogadas no Rio Acre/AC. A saudação de Louvor foi feita pela Acadêmica Anna Maria Cascudo Barreto(1936-2015). A cadeira31, hoje é ocupada pela Acadêmica Leide Câmara.
Acadêmica Leide Câmara
Natal/RN, 19 de outubro de 2015
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18/10/2015
MACAÍBA: 138 ANOS
Valério Mesquita*
O ponto alto das
comemorações dos 138 anos da emancipação política e administrativa de Macaíba neste
27 de outubro próximo, continua sendo o bicentenário de nascimento do seu
fundador Fabrício Gomes Pedroza, cujas cinzas foram trasladadas do Rio de
Janeiro para a igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição. O vinte e sete de
outubro de 1877, pela lei nº 801, Macaíba – que antes se chamava Coité –
desmembrou-se de São Gonçalo. Aí amplia-se o período de esplendor comercial do
porto de Guarapes que irradiou energia econômica a todos os quadrantes.
Monopolizou o sal para o sertão, incentivou a indústria açucareira do vale do
Ceará-Mirim, financiou a produção adquirindo as safras das fazendas de algodão,
cereais, couros e peles. Fundou a “Casa dos Guarapes” e do alto da colina
comandou o seu mundo de transbordamentos, onde tudo era rumor, vida, agitação,
atividade.
É nesse vácuo de
duzentos anos que reside a minha perplexidade. Um silêncio dominado pelo
abandono e a indiferença. Ninguém coloca em cena a coragem de contemplar
restituído o universo oculto de Fabrício que fez brilhar o nome de Macaíba
dentro e fora do Rio Grande do Norte, na segunda metade do século dezenove. Não
bastam, apenas, reprisá-lo com lendas e narrativas, como tivesse sido um mundo
de ficção. Melhor que a dispersão da palavra solta é ouvir o eco de suas
paredes reerguidas, das vozes trazidas pelo vento das vidas que não se pulverizaram
mas renasceram pelas mãos das novas gerações. Esse universo semidesaparecido,
clamo por ele, aqui e agora, afirmando que a melhor imagem de um homem, após a
morte, não são as cinzas, mas a obra que legou à posteridade, revivida e
restaurada como reconfortante e fiel fotografia de sua história e vida.
Como
guerreiro solitário, luto há mais de quinze anos pela restauração dos escombros
do empório dos Guarapes. Como membro, àquela época, do Conselho Estadual de
Cultura do Estado, consegui o tombamento. De imediato, no desempenho do mandato
parlamentar obtive do governo a desapropriação da área adjacente. Batalhei, em
alto e bom som, junto aos gestores públicos a elaboração do projeto
arquitetônico, que, até hoje, dormita em armário sonolento da burocracia. Foi
uma agitação, apenas, que não se moveu nem comoveu. Saí dos movimentos da
superfície oficial, para as janelas da imprensa e outras vozes, em coro
uníssono, oraram comigo pelas ruínas da mais reluzente história da economia do
Rio Grande do Norte: os Guarapes. Todo esse conjunto de verdades fixas foi
ilusão imaginar que a lucidez jamais se disfarçaria em surdez. Como enfrentei e
venci no passado, partindo de perspectivas débeis e precárias, óbices quase
intransponíveis para a restauração das ruínas do Solar do Ferreiro Torto e da
Capela de Cunhaú, sinto que não perdi os laços entre a fragmentação do sonho e
a fé incondicional no meu pragmatismo, de que tudo, até aqui, nada foi em vão.
Reproduzir
a realidade, tal que se imagina que fosse, o burburinho comercial e empresarial
daquele tempo de Fabrício, faz-nos refletir e aprender para ensinar aos jovens
de hoje através de exemplos, imagens e ritmos, a saga de que vultos como o dele
iniciaram uma figuração, nova, nítida e luminosa, pouco tempo depois, numa Macaíba
que começava a nascer com Auta de Souza, Henrique Castriciano, Tavares de Lyra,
Augusto Severo, Alberto Maranhão, João Chaves, Octacílio Alecrim e outros que
construíram em modelos de vidas o prestigio da terra natal – que não se
evapora, nem se desmancha. Essa realidade para mim é tensa e inquieta, porque
cabe hoje revivê-la em todos nós. É imperioso que os nossos governantes tracem
esboços para uma saída, uma superação, criando-se fendas e passagens, para
juntos, todos, respirarmos o oxigênio da convivência com os nossos
antepassados. Se todos nós pensarmos assim, com cada palavra significando
labareda, lampejo, no centésimo trigésimo oitavo aniversário, derrubem, pois,
os obstáculos que impedem as luzes da memória dos Guarapes refletirem sobre a posteridade.
Se assim não agirmos tudo será cinzas.
(*) Escritor.
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