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20/10/2015
19/10/2015
Setenta anos de Pedro Vicente ( hoje 19 de outubro 2015)
Memória Acadêmica
Pedro Vicente Costa Sobrinho
Nasceu em Macau/RN a 19 de outubro de 1945 viveu em Recife, onde residiu por dezoito anos, entre as cidades de Jaboatão e Ribeirão. Foi escritor, pesquisador e professor da UFRN e da Universidade do Acre, cidade onde residiu durante alguns anos. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da União Brasileira de Escritores. Dirigiu editoras, livrarias e jornais. Publicou vários livros, dentre os quais destacamos “Capital e trabalho na Amazônia Ocidental”.
Pedro Vicente foi eleito para Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, cadeira 31 cujo patrono é Padre Francisco de Brito Guerra (Campo Grande/RN-18/4/1977 Rio de Janeiro/RJ 26 de fevereiro de 1845, com 68 anos). Posse de Pedro Vicente, foi eleito no dia 25 de julho de 2002 e tomou posse no dia 26 de agosto de 2004, quando foi saudado pelo Acadêmico Manoel Onofre Júnior. Pedro Vicente, faleceu em Natal no dia 5 de setembro de 2013; foi cremado e suas cinzas jogadas no Rio Acre/AC. A saudação de Louvor foi feita pela Acadêmica Anna Maria Cascudo Barreto(1936-2015). A cadeira31, hoje é ocupada pela Acadêmica Leide Câmara.
Acadêmica Leide Câmara
Natal/RN, 19 de outubro de 2015
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18/10/2015
MACAÍBA: 138 ANOS
Valério Mesquita*
O ponto alto das
comemorações dos 138 anos da emancipação política e administrativa de Macaíba neste
27 de outubro próximo, continua sendo o bicentenário de nascimento do seu
fundador Fabrício Gomes Pedroza, cujas cinzas foram trasladadas do Rio de
Janeiro para a igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição. O vinte e sete de
outubro de 1877, pela lei nº 801, Macaíba – que antes se chamava Coité –
desmembrou-se de São Gonçalo. Aí amplia-se o período de esplendor comercial do
porto de Guarapes que irradiou energia econômica a todos os quadrantes.
Monopolizou o sal para o sertão, incentivou a indústria açucareira do vale do
Ceará-Mirim, financiou a produção adquirindo as safras das fazendas de algodão,
cereais, couros e peles. Fundou a “Casa dos Guarapes” e do alto da colina
comandou o seu mundo de transbordamentos, onde tudo era rumor, vida, agitação,
atividade.
É nesse vácuo de
duzentos anos que reside a minha perplexidade. Um silêncio dominado pelo
abandono e a indiferença. Ninguém coloca em cena a coragem de contemplar
restituído o universo oculto de Fabrício que fez brilhar o nome de Macaíba
dentro e fora do Rio Grande do Norte, na segunda metade do século dezenove. Não
bastam, apenas, reprisá-lo com lendas e narrativas, como tivesse sido um mundo
de ficção. Melhor que a dispersão da palavra solta é ouvir o eco de suas
paredes reerguidas, das vozes trazidas pelo vento das vidas que não se pulverizaram
mas renasceram pelas mãos das novas gerações. Esse universo semidesaparecido,
clamo por ele, aqui e agora, afirmando que a melhor imagem de um homem, após a
morte, não são as cinzas, mas a obra que legou à posteridade, revivida e
restaurada como reconfortante e fiel fotografia de sua história e vida.
Como
guerreiro solitário, luto há mais de quinze anos pela restauração dos escombros
do empório dos Guarapes. Como membro, àquela época, do Conselho Estadual de
Cultura do Estado, consegui o tombamento. De imediato, no desempenho do mandato
parlamentar obtive do governo a desapropriação da área adjacente. Batalhei, em
alto e bom som, junto aos gestores públicos a elaboração do projeto
arquitetônico, que, até hoje, dormita em armário sonolento da burocracia. Foi
uma agitação, apenas, que não se moveu nem comoveu. Saí dos movimentos da
superfície oficial, para as janelas da imprensa e outras vozes, em coro
uníssono, oraram comigo pelas ruínas da mais reluzente história da economia do
Rio Grande do Norte: os Guarapes. Todo esse conjunto de verdades fixas foi
ilusão imaginar que a lucidez jamais se disfarçaria em surdez. Como enfrentei e
venci no passado, partindo de perspectivas débeis e precárias, óbices quase
intransponíveis para a restauração das ruínas do Solar do Ferreiro Torto e da
Capela de Cunhaú, sinto que não perdi os laços entre a fragmentação do sonho e
a fé incondicional no meu pragmatismo, de que tudo, até aqui, nada foi em vão.
Reproduzir
a realidade, tal que se imagina que fosse, o burburinho comercial e empresarial
daquele tempo de Fabrício, faz-nos refletir e aprender para ensinar aos jovens
de hoje através de exemplos, imagens e ritmos, a saga de que vultos como o dele
iniciaram uma figuração, nova, nítida e luminosa, pouco tempo depois, numa Macaíba
que começava a nascer com Auta de Souza, Henrique Castriciano, Tavares de Lyra,
Augusto Severo, Alberto Maranhão, João Chaves, Octacílio Alecrim e outros que
construíram em modelos de vidas o prestigio da terra natal – que não se
evapora, nem se desmancha. Essa realidade para mim é tensa e inquieta, porque
cabe hoje revivê-la em todos nós. É imperioso que os nossos governantes tracem
esboços para uma saída, uma superação, criando-se fendas e passagens, para
juntos, todos, respirarmos o oxigênio da convivência com os nossos
antepassados. Se todos nós pensarmos assim, com cada palavra significando
labareda, lampejo, no centésimo trigésimo oitavo aniversário, derrubem, pois,
os obstáculos que impedem as luzes da memória dos Guarapes refletirem sobre a posteridade.
Se assim não agirmos tudo será cinzas.
(*) Escritor.
17/10/2015
UM MÊS ALVISSAREIRO
Contrariando nossas expectativas negativas, este mês de OUTUBRO vem se apresentando alvissareiro para o nosso Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
Mercê da crise econômica e financeira pela qual atravessa o Estado brasileiro, com natural reflexo nos Estados Federados e nos Municípios, ficamos temerosos que a Cultura ficasse esquecida, não sendo colocada como prioridade.
Sabemos que as Casas de Cultura representam a história sem a qual nenhuma Nação pode prosperar.
Tivemos notícias que, apesar de estarmos no final do ano e quase no término da gestão liderada pelo escritor Valério Mesquita, merecem comemoração:
1. O Estado do Rio Grande do Norte, através da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura liberou metade de um Convênio celebrado com o IHGRN para dotá-lo de estantes deslizantes e assim acomodar tecnicamente bem o nosso acervo documental e bibliográfico;
2. a Prefeitura Municipal do Natal celebrou outro Convênio, cujos recursos vão permitir a preparação do nosso sistema de arquivamento e recuperação física e registral de todo o valioso acervo da Instituição;
3. Recebemos informação do Gabinete do Deputado Hermano Morais da ordem de liberação de uma das suas emendas parlamentares para que o IHGRN possa ultimar os seus serviços de segurança contra incêndio e acessibilidade;
4. A Assembleia Legislativa propôs um termo de cooperação para a recuperação de documentos e a catalogação do nosso acervo;
5. O Estado do Rio Grande do Norte, através da Fundação José Augusto e com a interveniência da Procuradoria Geral do Estado cedeu, a título provisório, terreno na Praça André de Albuquerque para servir de estacionamento do Instituto;
6. Contando com o apoio da COSERN estaremos lançando alguns números da Revista do IHGRN, a partir do nº 91.
Estamos todos radiantes com as conquistas e agradecemos aos administradores de boa vontade, em nome do povo, verdadeiro destinatário do nosso patrimônio cultural.
16/10/2015
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15/10/2015
MOMENTO HISTÓRICO PARA A UFRN
A
manhã do dia 14, no auditório Professor Otto de Brito Guerra, foi
indiscutivelmente radiosa. Auditório cheio e presenças ilustres entre
convidados, depoentes, autoridades e a comunidade universitária.
Os
pronunciamentos foram feitos dentro da medida certa e a abertura
emocionou a todos com a execução de duas canções marcantes da
resistência estudantil - "Coração de Estudante", de Milton Nascimento e
"Por que não falar de flores", de Geraldo Vandré, fazendo toda a
plateia, de pé, entoar esse verdadeiro hino de libertação.
A
mesma sensação ocorreu no encerramento, quando convocado o Professor
Aldo da Fonseca Tinoco para receber cópia do livro-relatório como
representante dos depoentes, a plateia, respeitosamente de pé, o
aplaudiu efusivamente.
Na ocasião o Presidente da Comissão proferiu as seguintes palavras, em nome de todos os seus componentes:
Quis o Criador que eu tivesse recebido, no
entardecer da existência, tarefa tão importante para a minha trajetória
profissional e para a história da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Trabalho árduo, mas gratificante, seja
pela emoção de desvendar histórias de vidas, seja pela convivência
absolutamente harmônica e responsável de todo o grupo que formou a Comissão da
Verdade da UFRN, onde tive a feliz oportunidade de rever velhos amigos do tempo
de juventude e outros novos – meninos que poderiam ser meus filhos ou netos.
Registro o penoso ritual de ouvir verdades
e compará-las com outras verdades, num cruzamento que somente aumentou nossos
conhecimentos, trazendo para cada um de nós a emoção de carreiras
interrompidas, caminhos desviados, separação do seio familiar, de atraso
significativo no curso da busca de um melhor lugar ao sol, inclusive o
conhecimento de perseguições, torturas e até mortes, graças a Deus, estas
últimas fora das cercanias da Universidade.
Particularmente, sofri pelo fato de haver
convivido com as pessoas e as circunstâncias de um período sombrio, mas não ter
participado ativamente da busca pela reconquista da liberdade, não por vontade
própria, mas pela coincidência de naquele exato período em 1964, haver iniciado
e assumido encargos de família e de construção de novos seres: quatro
filhos/filhas e netos/netas. Nessa tarefa comecei muito cedo.
A persistência e o denodo dos estudantes
ao desvendarem arquivos em lugares diferentes, arrecadando documentos
fundamentais para a construção de uma verdade mais consistente, com a coleta de
documentos confidenciais, processos e a oitiva de pessoas protagonistas de toda
essa trajetória, os que estavam no lado do Governo e os que combatiam a
ditadura, de cuja análise tiramos muitas conclusões, todas elas absolutamente
isentas de espírito de revanchismo ou de pressão ideológica.
O Relatório que conseguimos elaborar, em
meu sentir, é uma peça da melhor e maior valia, pois descreve e comprova fatos,
momentos marcantes da vida acadêmica, nos seus três segmentos – docente,
discente e funcional.
Foi possível, com a consulta documental,
iconográfica e depoimentos construir um Relatório revelador, onde estão
registradas recomendações à UFRN para algumas reparações de ordem moral, que
torne permanente a indicação dos perseguidos e dos perseguidores, “ad perpetuam
memoriam”.
Uma palavra especial para a Magnífica
Reitora Ângela Paiva, que nos ofertou toda a estrutura necessária para a busca
dos objetivos da Comissão, cujo acervo ficará, provisoriamente, na estante 051
do Arquivo Geral e outra parte no Curso de História até que seja possível a
construção de um Memorial no prédio da velha Faculdade de Direito da Ribeira,
facilitando a consulta de todos os interessados em conhecer a verdade.
Poderia, mas não o faço, tecer comentários
ao papel de cada um dos membros da Comissão, dos estagiários e colaboradores,
mas isso será melhor apreendido com a leitura do Relatório Final, do qual me
orgulho e, tenho a certeza, de que também os demais construtores desse alentado trabalho. Contudo, não posso deixar
de agradecer, em especial, a duas pessoas: Kadma Maia, Secretária da Comissão,
que deu régua e compasso aos trabalhos e a Juan de Assis Almeida, representante
dos estudantes, o mais persistente pesquisador do Grupo, que tornou possível
descobrir nomes e reverenciar memórias.
Não pensem que o trabalho é definitivo,
pois omissões involuntárias podem ter acontecido, o que será reparado no tempo
devido, pois o tema será eternizado nos currículos da UFRN como meio de legar à
posteridade os exemplos que devem e os que não devem ser repetidos. Os detalhes
de tudo vocês virão na leitura do Relatório.
Por fim, esperamos da UFRN que torne
realidade as recomendações da Comissão da Verdade e que reconheça os erros
cometidos e se penitencie perante a comunidade acadêmica.
De tudo, restará a saudade das nossas
reuniões, verdadeiras audiências públicas, pois permitimos a presença e a participação
de qualquer pessoa que tenha demonstrado interesse na busca da verdade.
Já podeis da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil
Já raiou a liberdade,
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil
Já raiou a liberdade,
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.
Evaristo Ferreira da Veiga
(trecho do Hino da Independência do Brasil)
Artigo Final. Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual
será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A
partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.
como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.
Thiago de Mello: Estatuto
do homem
Santiago do Chile, abril de 1964.
Santiago do Chile, abril de 1964.
NOSSA
MISSÃO ESTÁ CUMPRIDA.
OBRIGADO.
CARLOS
ROBERTO DE MIRANDA GOMES
Presidente
da Comissão da Verdade da UFRN
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