Por João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com
Sócio do IHGRN, do INRG
No
Livro “Florânia”, editado pela
Fundação José Augusto, como em vários sites na internet, Cosme de Abreu
Maciel
aparece como fundador de Florânia. Mas, há umas informações
desencontradas nesses lugares, e, por isso, traga informações novas para
todos, a bem da verdade.
Nos registros que consegui fotografar,
encontrei, em um assentamento de praça, de 1806, um filho de Cosme. O nome
desse filho que me foi possível ler, até por conta da qualidade do registro,
era Ignácio Pereira de Boaventura, branco, casado, de idade de trinta e dois
anos.
Nos livros de Sesmarias do Rio Grande
do Norte, da Coleção Mossorense, encontro dois registros onde ele e outras
pessoas fazem requerimentos de terras. Esses documentos já são transcrições e,
por isso, algumas vezes confusos. O primeiro data de 1754, e os requerentes são
Cosme de Abreu Maciel, sua filha Jennaria (?) Gomes de Abreu e Gregório
Carvalho de Deus, moradores na Ribeira do Seridó, sendo que o dito Cosme se diz
proprietário de um sítio chamado Passaribú, há mais de onze anos, tendo lá,
currais de gado e casas, nas proximidades das terras requeridas. O segundo
requerimento data de 1756 e os requerentes são Cosme de Abreu Maciel e Ignácia
Francisca Fernandes, no lugar Patacurá, que fica entre o dito Patacurá, e o
riacho Mosarita e Piriquito e o riacho da Luzia. Cosme, nesse novo requerimento
se diz morador do lugar há mais de trinta e quatro anos. Nesse último documento,
de 1756, aparecem citados nas proximidades das terras requeridas, o capitão
Domingos da Silveira, Miguel de Abreu Maciel, e o padre José Freire, além do
capitão Rimetro (?) da Cunha Bezerra.
No livro “Florânia” consta, ainda, que
Cosme de Abreu Maciel era casado com Angélica Mamede Maciel, e, deste casal
nasceram Athanásio Fernandes de Morais, Manoel Antonio Fernandes e Claudiana
Fernandes de Morais. Diz mais que Manoel Antonio Fernandes casou pela região,
mas foi embora, sendo desconhecido seu paradeiro; e Claudiana Fernandes de
Morais faleceu solteira e Athanásio casou com uma paraibana de nome Izabel
Maria de Souza, tendo o casal gerado 22 filhos, que são listados no dito livro.
Segundo um amigo genealogista, que
andou pesquisando documentos de Florânia, há um equivoco com relação a Athanásio
Fernandes de Moraes. Esse nosso amigo encontrou o seguinte registro de
casamento de Athanásio que esclarece a sua filiação, onde ele, na verdade, era
filho de Manoel Antonio Fernandes de Moraes. Segue o registro.
Aos oito dias do mês de setembro de
mil oitocentos e quinze pelas onze horas da manhã nesta Matriz de Santa Anna do
Seridó, tendo obtido dispensa de sanguinidade, corridos os banhos, precedendo
confissão, comunhão sacramental e exame de doutrina cristã, em minha presença e
das testemunhas Manoel Pereira Bolcont e José Lino de Moraes, casados,
moradores nesta Freguesia, se receberam em matrimônio por palavras de presentes
meus fregueses Athanásio Fernandes de Moraes, natural da mesma Freguesia, e Isabel
Maria de Souza, natural da de Mamanguape, ele filho legítimo de Manoel Antônio
de Moraes, já falecido, e Angélica Mamedes da Conceição,
e ela filha legitima de Cipriano Rodrigues de Souza, também falecido, e de
Joanna Francisca do Rego, e logo lhes dei as bênçãos nupciais de que para
constar fiz este assento, que com as ditas testemunhas assino. O Vigário
Francisco de Brito Guerra, Manoel Pereira Bolcont e José Lino de Morais.
Informa, mais ainda, o nosso
genealogista, que Claudiana Gomes de Lima, irmã de Athanázio, também casou como
escrito no registro a seguir.
Aos cinco dias do mês de setembro de
mil oitocentos e dezesseis anos pelas sete horas e meia da manhã, nesta Matriz
do Seridó, feitas as denunciações sem impedimento em minha presença, e das
testemunhas Alexandre de Araújo Pereira, e Manoel Pereira da Silva Castro, casados
moradores nesta Freguesia, se receberam em matrimônio por palavras de presentes
José Luiz Barreto, filho legítimo de José Severo da Silva, e de Anna Maria de Meira, natural da Freguesia de Pombal, e Claudiana
Gomes de Lima, filha legítima de Manoel Antônio Fernandes, já falecido, e de
Angélica Mamede da Conceição, natural desta Freguesia, donde são moradores, e
logo lhes dei as benções nupciais. De que tudo para constar mandei fazer este acento em que com as ditas testemunhas
me assinei. Vigário Ignácio Gonçalves de Mello, pro-pároco, Manoel Pereira da
Silva Castro, Alexandre de Araújo Pereira.
Pelos dois documentos acima, Manoel
Antonio aparece com dois sobrenomes, mas seu nome completo era Manoel Antonio Fernandes
de Morais, como veremos abaixo, e que a Angélica, tão comentada nos livros e
sites, era na verdade esposa do dito Manoel Antonio e não de Cosme.
Vejamos outro registro onde aparece
mais uma irmã de Athanásio: Aos vinte e sete dias do mês de julho
de mil oitocentos e doze anos, pelas dez horas da manhã nesta Matriz do
Seridó em minha presença e das testemunhas João Baptista Soares, e Bento
Antonio Fernandes, moradores nesta Villa, tendo sido feito as denunciações sem
impedimento, precedendo confissão, comunhão sacramental, exame de doutrina
cristã, se receberam em matrimônio por palavras de presente José Gomes de Souza,
e Anna Maria da Conceição, ele natural da Freguesia da Beira, Bispado do
Porto, donde justificou menor idade,
filho legítimo de Bento Gomes, e Maria Josefa,
e ela natural da freguesia da Sé, filha legitima de Manoel Antonio Fernandes de
Morais, já falecido, e de Angélica Mamede da Conceição,
moradores nesta Freguesia, e logo lhes dei as benções nupciais, de que para
constar mandei fazer este assento, que assino. O vigário Francisco de Brito
Guerra, João Baptista Soares e Bento Antonio Fernandes.
O genealogista que me passou as informações encontrou o óbito de Cosme. Segundo ele, o
capitão Cosme de Abreu Maciel faleceu aos 23 de maio de 1790, com a
idade de 86 anos, pouco mais ou menos. Na certidão de óbito constava com
sendo sua esposa Maria Tereza de Jesus.
Meu interesse por Flrânia vem do fato de meu bisavô Alexandre Garcia da Cruz tem vindo de lá,
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Alexandre Garcia da Cruz, meu bisavô |