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21/09/2015
20/09/2015
EULÁLIA BARROS é A NOVA IMORTAL DA ANRL
Em Assembleia Geral Extraordinária da última terça-feira, dia 15 de
setembro, sob a presidência do acadêmico Diogenes da Cunha Lima, realizou- se a
sessão da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, especialmente convocada para a eleição da nova ocupante da Cadeira nº 13 cujo
patrono é Luis Fernandes, fundador Luis da Câmara Cascudo e sucessores Oriano
de Almeida e Anna Maria Cascudo Barreto. Concorreram ao pleito as escritoras
Eulália Duarte Barros e Naide Gouveia.
Abertos os trabalhos precisamente às 16 horas, foi designada uma
Comissão Eleitoral formada pelos Acadêmicos Carlos Roberto de Miranda Gomes,
Leide Câmara de Iaperi Araújo, sob a presidência do primeiro, para a recepção
de votos e apuração do resultado. A eleição ocorreu de forma absolutamente
cordial até às 17h30 quando foi encerrado o processo de recepção de votos e
iniciada a fase de apuração, com o seguinte resultado:
Contados os sufrágios foi constatada a existência de 26 votos, entre as
cédulas colocadas de forma presencial, em número de 20 e outras enviadas por
correspondência, em número de 06. Não houve votos em branco ou nulos, nem
ocorreu qualquer anormalidade, impugnação ou recurso, tendo todos os votos
válidos sufragados em favor da candidata EULÁLIA DUARTE BARROS, em razão do que
foi proclama pelo Presidente da Academia como eleita, sendo sido a mesma
cientificada e solicitada a data para a posse.
A candidata eleita nasceu em Goianinha (1935), filha de Manuel Duarte
Filho e Maria Nazareth de Andrade Duarte. Casada com o médico Genibaldo Barros.
Graduada em Letras, curso de Bacharelado pela UFRN, tem pós-graduação, Mestrado
em Educação pela própria UFRN. Como professora adjunta IV, foi fundadora do
Núcleo Educacional Infantil, diretora do NEI por oito anos, assessora para
assuntos da educação na Biblioteca Central Zila Mamede. É membro da
União Brasileira de Escritores-UBE/RN e tem as seguintes obras publicadas:
Uma Escola Suíça nos Trópicos, 2000
Verdes Campos, Verdes Vales, 2004
Alguns Aspectos da Literatura Infantil
Escola Doméstica de Natal - 100 anos em retratos, 2014
É colaboradora com diversas revistas (Revista da Academia Norte-Rio-Grandense
de Letras, Todas as Cores, Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte, Revista
Monsenhor).
Parabéns à nova imortal, de quem se espera uma profícua atividade em
favor da cultura potiguar.
19/09/2015
Academia Potengiense de Letras
DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA
“OPTIMUS INTERPRES VERBORUM QUISQUE SUORUM”
Ocupo, nesta Casa, com alegria profunda, GAUDIO
PERFUNDI, a Cadeira de nº 22 cujo Patrono é o inesquecível Dom José Adelino
Dantas, falecido em Natal, em 24 de Março de 1983. DIES SUPREMUM VALE! Um Homem
Digno, um Príncipe da Igreja. Foi um dos
maiores Latinistas da nossa Igreja. Sacerdote de sensibilidade e cultura, sua
vida foi uma exaltação à Verdade. Sua simplicidade arrastou até os incrédulos.
Era de gesto manso e acolhedor, tinha a capacidade de sempre reunir e nunca de
dispersar. De uma profunda cultura filosófica e teológica, foi eleito Bispo
para servir à sua Igreja. Seu Lema Episcopal era de profundo sentido cristão,
palavras cheias de Unção: “IN FINEM DILEXIT”. Ele era, em primeira linha, um
Liturgo, e a partir deste seu predicado primeiro, um Mestre e um Pastor. Acompanhava
e vivia as Determinações do Concílio Vaticano II, principalmente, na Desejada
Renovação de toda a Igreja, OPTATAM TOTIUS ECCLESIAE RENOVATIONEM. Foi Membro da
Academia Norte-Rio-Grandese de Letras, tendo tomado posse, exatamente, no dia
13 de Setembro de 1949, hoje, completando 66 anos, em substituição ao Cônego
Luiz Gonzaga do Monte, ocupando a Cadeira de nº 22. A Solenidade aconteceu, na Sede
do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, presidida pelo
então Acadêmico, Paulo de Viveiros. Dom José Adelino Dantas, um Acadêmico que
honrou a “Imortalidade”, um dos nomes mais altos com que pôde contar uma
Academia de Letras. Tinha um domínio absoluto dos Clássicos. Poeta de grande
estilo e de grande valor. Conhecia o maravilhoso segredo de dizer as coisas e
tudo dizia com aquela nobreza de estilo e com aquela austera e linda
disciplina. Era um homem sábio, sim, sabia tratar das coisas externas, sem
perder a concentração interna; era um místico por dentro e um ativo por fora; homem
de implosão mística e de explosão ética; um Pedagogo do Evangelho, educava pela
presença, pela amizade, pela convivência, pela defesa dos valores da vida. Possuia
sabedoria intuitiva, sem se derramar pela ciência analítica; guiava os outros
sem os constranger; não se cansava de servir, não se cansava de ser útil. A
este Homem de Cultura e de Fé minha homenagem, AB IMO CORDE, do mais íntimo do
coração. Hoje, na Eternidade, a dizer ao seu Deus: – “ECCE EGO QUIA VOCASTI ME”
– Chamaste-me e aqui estou. ADELINUS EPISCOPUS, ECCE SACERDOS MAGNUS, NOMEN
MEMOR NOSTRUM SEMPER ERIT. PAX ET LAUS TIBI, COLUMNA LUCIS! MIHI PLACET LEGERE
VESTIGIA TUA.
Sinto-me feliz em pertencer a esta Casa de Cultura
e de Saberes. Isto redunda em honra para mim – ID MIHI LAUDI EST. Casa já
enriquecida pelo Verbo dos que aqui, já convivem, fraternalmente, em Emulação,
o que significa vida para as Letras e para a Cultura desta Cidade. Esta
Academia é de Letras e também de Artes. Nela, há cultores também específicos de
outras atividades intelectuais que não as Letras IN INGENUIS ARTIBUS VERSARI, mas
todos, enfim, dominando os recursos linguísticos, na exposição do Pensamento.
Todos dominando a Língua que traduz a nossa vida, a Língua que nos introduz à
Nacionalidade, a Língua em que expressamos nossas raízes, nosso cotidiano,
nosso futuro, a Língua Portuguesa, a Última Flor do Lácio, Inculta e Bela, no
dizer de Olavo Bilac.
Esta Academia tem um Lema bonito e profundo: “SAPIENTIAM
VOLUMUS” – Queremos Sabedoria. Todos nós nascemos com Inteligência, uns mais,
outros menos, cabendo a cada um desenvolvê-la, no decurso da vida. A Sabedoria,
porém, é um Dom de Deus, recebe-a quem assim for merecedor, quem se colocar,
diante de Deus, com Humildade. O homem prepotente nunca a terá, daí a grande
diferença, entre o Homem Inteligente e o Homem Sábio. “DOCTUS VIDERI POTEST,
ESSE AUTEM SAPIENS NULLO MODO”, disse Santo Agostinho. Poderá parecer douto,
inteligente e culto, porém, de modo algum, será sábio. Somente respirando o
Húmus dos nossos defeitos é que podemos chegar perto de Deus. Do contrário,
permanecemos como bêbados cambaleantes, amargando nossas solidões sem rumo. O
remédio para todas as patologias da alma é a Humildade. O Húmus escondido que
fertiliza e fecunda todas as nossas ações. Prepotência é fraqueza e miséria do
Homem: Sonho de uma sombra. Para ser feliz é necessário Virtude e,
principalmente, Moderação. “Não procures ser um Deus” – MÈ MATEÚSE THEÒS
GENÉSTAI – disse o Poeta Grego Píndaro, que nas suas Odes, cantava os Felizes
do Mundo.
O homem, na verdade, não se impõe pelo seu grau de
escolaridade ou pela sua erudição. O homem se impõe pela sua Sabedoria que o
torna capaz de extrair da própria vida, os elementos que lhe permitem
compreendê-la. Ela é atividade do Espírito, esse Espírito que age, através dos
nossos desejos, de nossas aspirações, de nossa inteligência. Ele é o elã de
nossos sentimentos, o invólucro de nossas palavras. Ele é maior do que nossas
impressões. Ele nos leva a fazer o caminho da Interioridade e a Descoberta do
avesso de todas as coisas. Ele é o motor secreto de todo compromisso, Aquele
entusiasmo que anima, Aquele fogo interior que alenta as pessoas, na monotonia
das tarefas cotidianas, Aquele que permite manter a soberania e a serenidade,
nos equívocos e nos fracassos da vida. Nossa Sabedoria se avalia pela abertura
ao Espírito, na disponibilidade à Sua ação, num silêncio habitado. É no Silêncio
do Coração, que aprendemos a discernir Sua presença e a ouvir Seus passos.
Sabedoria, enfim, não é conhecimento intelectual, é algo que tem o gosto do
desconhecido. Somos todos buscadores do Infinito, nômades no encalço da
plenitude da vida. Fomos feitos para ir além, sempre além. Ninguém tem o
direito de habituar-se e de satisfazer-se, no meio da estrada, é preciso buscar
o que pode plenificar. Por detrás das coisas de todos os dias, estamos tentando
nos deixar guiar por Aquele que mostra Caminhos, que aponta para a Luz. Estamos
sempre fazendo e refazendo. Tudo está feito e tudo precisa ser refeito. “NIHIL
ACTUM, SI QUID AGENDUM”.
O Lema da nossa Academia é um Dístico latino. Os
Lemas das Instituições do Passado eram todos em Latim, bem como, por exemplo, os
Tratados filosóficos, teológicos, os Prefácios dos Tratados de Medicina, como
os de Dioscórides, Antístio e Hipócrates, sem falar das Encíclicas Papais e das
Constituições Dogmáticas da Igreja. Latim, Língua Nobre, Culta, Erudita. Latim,
Idioma requintado que nos permite uma liberdade, praticamente, absoluta do
emprego da ordem indireta, permitindo aos bons Prosadores e Poetas uma
sonoridade verbal que deleita os ouvidos e uma concisão de linguagem que nos
encanta a mente. Língua riquíssima e harmoniosa, cuja Literatura representa,
talvez, a mais perfeita expressão do Belo, reflexo da Beleza Infinita. A
inegável gravidade e solenidade deste Idioma faz com que QUIDQUID LATINE DICTUM
SIT, ALTUM VIDETUR, ou seja, qualquer coisa dita em Latim, soa profundo. Latim,
Idioma de Virgílio, Ovídio e Horácio, Poetas latinos que tive a honra e o
privilégio de traduzi-los, quando Aluno e quando Professor, no Seminário de São
Pedro, “MIHI PRAETER OMNES, HIC FORMOSUS ANGULUS RIDET”. “ITA VIXI UT NON
FRUSTRA NATUM ESSE EXISTIMEM”.
Casa Religiosa onde conheci noites e madrugadas,
debruçado sobre Livros, aprofundando-me, nos conhecimentos do Mistério da vida.
Aprendi que o orgulho mata a Bondade e a impaciência destrói a Esperança; que a
dúvida condena o Sorriso e o medo torna o Amanhã impossível. Seminário onde a
dinâmica da Educação definia, claramente, qual a atividade natural da
Inteligência, dando-nos a orientação intelectual e espiritual,
impulsionando-nos a alma em direção ao Absoluto, fazendo-nos acreditar que
nascemos para destinos mais altos. Para mim, foi um tempo KAIROLÓGICO, tempo
privilegiado, qualitativo e proveitoso. Tempo em que minhas palavras estavam
sempre tecidas de silêncio e, sem ele, elas não teriam sido audíveis. Não era
um mero calar-se, era um estado de vida, uma maneira de ser. Assim entendia que
o meu silenciar não era apenas um ato civilizado, mas também um gosto pela
palavra ouvida no coração. Palavra que expulsava o temor, suprimia a tristeza,
infundia alegria, dilatava a compaixão. Palavra que constituia o acontecimento
de tudo – VOX VERO VERBI OMNIS EVENTUS REI. Enfim, o silêncio não me era um
abismo vazio, mas o que me permitia escutar bem a vida, condicionando-me à Ação
Sagrada. Sobre tudo isto, “NON POSSUM NON LOQUI”, ou seja, não posso ficar
calado. HOC MIHI HEREDITATE VENIT. Recordemos as palavras do Profeta que diz: –
“O ato de olhar para o passado nos permite vislumbrar a esperança futura”. A
vida sempre junta coisas do Passado e do Presente e assim a pessoa vai
avançando, porque engloba no seu Presente, o Passado pela Memória, e o Futuro
pelo projeto a ser realizado. Tudo o que foi, sempre é. O Velho e o Novo
aparecendo entrelaçados entre si. O Novo crescendo do Velho e o Velho
encontrando, no Novo, uma explicação mais plena. Eis o adágio que formula, em
palavras lapidárias, as relações entre o Passado e o Presente. Diz,
explicitamente, que o Antigo se manifesta no Novo, como o Novo está latente no
Antigo – “VETUS IN NOVO PATET, NOVUM IN VETERE LATET”. Se se perde a memória histórica, perde-se o
rumo também. Quem perde o seu Passado, perde, também, as balizas do seu Futuro.
Preservar o Passado é Tradição. Uma Tradição que nos possibilita ouvir,
verdadeiramente, as vozes extintas do Passado.
Agradeço a todos a Bondade de me acolherem nesta
Casa. Sou simplesmente um Ser humano em busca da Luz, em busca da Sabedoria. Digo
como Fernando Pessoa: – “Não sou da altura que me veem, mas, sim, da altura que
meus olhos podem ver”. Ninguém melhor que Blaise Pascal para expressar o Ser
complexo que somos: – “O Ser humano, disse ele, é um nada diante do infinito, e
um tudo diante do nada; um elo, entre o nada e o tudo, mas incapaz de ver o
nada de onde é tirado e o infinito para onde é engolido”. O Teólogo Teilhard de
Chardin completa dizendo: – “Nele, o Homem, cruzam-se os três Infinitos: O infinitamente
pequeno, o infinitamente grande e o infinitamente complexo”. Diante de tudo
isto, podemos concluir dizendo: – Sentimo-nos todos incompletos e ainda
nascendo. Estamos sempre na pré-história de nós mesmos, somos um projeto
infinito que reclama seu objeto adequado, também infinito, chamado Deus. Não
podemos aceitar que o Sal se torne insípido e a Luz fique escondida. Caminhamos
rumo a um horizonte que nos transcende, vamos além da nossa própria finitude,
buscando as coisas do Alto, e com asas bastante vigorosas para nos lançarmos ao
vácuo. QUAE SURSUM SUNT QUAERITE. Disse o Poeta latino Ovídio, no começo de “As
Metamorfoses”: “PRONAQUE CUM SPECTENT ANIMALIA CAETERA TERRAM / OS HOMINI
SUBLIME DEDIT, CAELUMQUE TUERI / IUSSIT ET ERECTOS AD SIDERA TOLLERE VULTUS” –
E, ao passo que os outros animais se inclinam para a terra, Ele, (o Criador),
deu ao Homem um rosto voltado para o Alto, mandando-o encarar o Céu e
contemplar os Astros. Finalizando, digo a todos que este Momento me marcou. Acredito
que vocês me receberam, não tanto no espaço de uma Casa, mas, sobretudo, no
afeto e na alegria de uma vida acadêmica de nível elevado. “FORSAN ET HAEC OLIM
MEMINISSE IUVABIT” – Um dia, será bom relembrar essas coisas. NON DEPONERE
POSSUM MEMORIAM – Não posso esquecer o que, aqui, aconteceu.
São Paulo do Potengi, 13/09/2015
José Ferreira da Rocha
Escritor
17/09/2015
VINICIUS DE MORAES
Tadeu Arruda Câmara |
14 de setembro às 11:28 |
SONETO DE SEPARAÇÃO Inglaterra , 1938 De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. (Vinícius de Moraes) Oceano Atlântico, a bordo do Highland Patriot, a caminho da Inglaterra, setembro de 1938. |
16/09/2015
Marcelo Alves
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