12/09/2015

CRÔNICA DE VALÉRIO MESQUITA



A VACA DE AGATÂNGELO

Valério Mesquita*

Abalos sísmicos, enchentes, insegurança, fugas de presídios, narcotráfico, invasões de terras, crime organizado, violência, saúde sucateada, menor abandonado, fome, esse é o quadro dantesco, a imagem preta e branca do Brasil.
Em meio a tudo isso os supermercados remarcam os preços dos gêneros alimentícios que essa semana atingiram os picos da esperteza, da ganância e da desonestidade. A quem reclamar? Ao PROCON? A Igreja mais próxima? A presidenta Dilma Rousseff ao constatar a  invasão de propriedades rurais nos estados pelos sem-terras, enviou meios para garantir a ocupação. Muitas delas com decisão judicial de desocupação mas os agropecuaristas nunca conseguem o apoio da Polícia Militar para o cumprimento do mandado.
E nos supermercados? Catedrais mundanas do capitalismo explorador da bolsa popular, quem intervirá para baixar os preços? Tropas federais? A lei de Gerson (aquela da vantagem), só protege o governo, que não sabe contabilizar prejuízos. Lembrei-me da história da vaca de Agatângelo, emérito jogador de pif-paf das casas de jogo de azar de Macaíba. Solteiro, mulherengo, Agá, como era mais conhecido, só possuía uma vaca como patrimônio intransferível, inalienável mas constantemente penhorável. Em todos os lances do carteado, empenhava a vaca irresgatável. Perdia quase sempre, para, no dia seguinte, penhorá-la novamente como se fosse uma logo-marca, um fundo infinito, a força de Edir Macedo, a propaganda da Coca-Cola.
Assim como Agatângelo é o assalariado brasileiro, eterno sofredor, emérito caçador de esperanças, de mega-sena e depositante permanente de urnas abertas e ilusórias dos sorteios de shoppings e de secções eleitorais. Vou elegê-lo como símbolo da resistência. Apresentá-lo ao ministro Joaquim Levi com vaca e tudo. O mistério de Agatângelo é a vaca, animal considerado sagrado pelos indianos. Quem sabe se Agatângelo não ensinará a Dilma o segredo de nunca equilibra o rombo do orçamento. Tudo é possível já que avacalharam os preços de todos os produtos e  subiram os juros nos bancos e cartões de crédito. A corrupção é hoje um movimento popular vitorioso.

(*) Escritor.

11/09/2015

DIA MUNICIPAL DO LIVRO INFANTO-JUVENIL

LEI Nº 6.550 DE 04 DE SETEMBRO DE 2015

Institui, no Calendário Oficial de Natal, o Dia Municipal do Livro Infanto-juvenil, e dá outras providências.

O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE NATAL;
Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Fica instituído, no Calendário Oficial de Natal,, o Dia Municipal do Livro Infanto-juvenil, a ser comemorado anualmente, em 08 de setembro, data natalícia da escritora Nati Cortez.
Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Palácio Felipe Camarão, em Natal/RN, 04 de setembro de 2015.
CARLOS EDUARDO NUNES ALVES

SOLENIDADES DE HOJE NO IHGRN



O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE TEM A HONRA DE ABRIR HOJE AS SUAS PORTAS, PARA A SOLENIDADE COMEMORATIVA DA SEMANA DA PÁTRIA, GESTO QUE SE TORNOU PERMANENTE NESTA CASA DA MEMÓRIA, PALESTRA SOBRE A NOSSA INDEPENDÊNCIA A CARGO DO NOSSO PRESIDENTE HONORÁRIO JURANDYR NAVARRO DA COSTA. E DA POSSE DE NOVOS SÓCIOS EFETIVOS, CORRESPONDENTES E HONORÁRIOS.

NOVOS SÓCIOS
1) Adauto José de Carvalho Filho (efetivo);
2) Everaldo Lopes Cardoso (efetivo);
3) Fernando José de Rezende Nesi (efetivo);
4) Francisco Honório de Medeiros Filho (efetivo);
5) Francisco Martins Alves Neto (efetivo);
6) Franklin Capistrano (efetivo);
7) Haroldo Pinheiro Borges (efetivo);
8) João Batista Xavier de Sousa  (efetivo);
9) José Augusto de Freitas Sobrinho (correspondente);
10) Lenilson Antunes de Lima (efetivo);
11) Limério Moreira da Rocha (correspondente);
12) Marciano Batista de Medeiros (efetivo);
13) Pedro Guilherme Barbalho Cavalcanti (efetivo);
14) Rinaldo Claudino de Barros (efetivo);
15) Rubens Lemos Filho (efetivo);
16) Safira Bezerra Ammann (efetiva);
17) Wellington Souza de Medeiros (efetivo).
 SÓCIOS HONORÁRIOS:
17) Paulo Pereira dos Santos, QUE INTEGROU O CONSELHO FISCAL DESTA GESTÃO E AGORA PASSA AO QUADRO DE HONRA.
18) Lúcia Helena Pereira, NOSSA QUERIDA POETISA DAS FLORES, NASCIDA NA TERRA DOS CANAVIAIS, QUE TAMBÉM PARTICIPOU DO NOSSO CONSELHO FISCAL E AGORA PASSA A COMPOR NOSSO QUADRO DE HONRA.
19) Inácio Magalhães de Sena, INTELECTUAL QUE SE NOTABILIZOU PELA MILITÂNCIA NO MUNDO CULTURAL DO ESTADO, NOTADAMENTE NA SUA CIDADE-BERÇO (CEARÁ-MIRIM). NA OPORTUNIDADE A ESCRITORA JOVENTINA SIMÕES FARÁ A ENTREGA DE IGUAL TÍTULO OUTORGADO PELA ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS “PEDRO SIMÕES NETO”.

 








09/09/2015

08/09/2015

POSSE NO IHGRN


O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE 
engalana-se para a posse solene de mais associados:

NOVOS SÓCIOS
1) Adauto José de Carvalho Filho (efetivo);
2) Everaldo Lopes Cardoso (efetivo);
3) Fernando José de Rezende Nesi (efetivo);
4) Francisco Honório de Medeiros Filho (efetivo);
5) Francisco Martins Alves Neto (efetivo);
6) Franklin Capistrano (efetivo);
7) Haroldo Pinheiro Borges (efetivo);
8) José Augusto de Freitas Sobrinho (correspondente);
9) Lenilson Antunes de Lima (efetivo);
10) Limério Moreira da Rocha (correspondente);
11) Marciano Batista de Medeiros (efetivo);
12) Pedro Guilherme Barbalho Cavalcanti (efetivo);
13) Rinaldo Claudino de Barros (efetivo);
14) Rubens Lemos Filho (efetivo);
15) Safira Bezerra Ammann (efetiva);
16) Wellington Souza de Medeiros (efetivo);
17) Paulo Pereira dos Santos (honorário); 
18) Inácio Magalhães de Sena (honorário);
19) Lúcia Helena Pereira (honorário.
Estes aprovados na sessão do dia 30/7/2015. 
20) João Batista Xavier de Sousa (efetivo – sessão de 24/8/2015).


Francisco Honório de Medeiros Filho (Efetivo), aprovado na sessão do dia 18/8/2015.
O evento ocorrerá na próxima sexta-feira, dia 11, à partir das 19 horas em sua sede.

05/09/2015

SEMANA DA PÁTRIA

         Independência do Brasil

História do Brasil

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A independência do Brasil, enquanto processo histórico, desenhou-se muito tempo antes do príncipe regente Dom Pedro I proclamar o fim dos nossos laços coloniais às margens do rio Ipiranga. De fato, para entendermos como o Brasil se tornou uma nação independente, devemos perceber como as transformações políticas, econômicas e sociais inauguradas com a chegada da família da Corte Lusitana ao país abriram espaço para a possibilidade da independência.

A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi episódio de grande importância para que possamos iniciar as justificativas da nossa independência. Ao pisar em solo brasileiro, Dom João VI tratou de cumprir os acordos firmados com a Inglaterra, que se comprometera em defender Portugal das tropas de Napoleão e escoltar a Corte Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo antes de chegar à capital da colônia, o rei português realizou a abertura dos portos brasileiros às demais nações do mundo.

Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista como um primeiro “grito de independência”, onde a colônia brasileira não mais estaria atrelada ao monopólio comercial imposto pelo antigo pacto colonial. Com tal medida, os grandes produtores agrícolas e comerciantes nacionais puderam avolumar os seus negócios e viver um tempo de prosperidade material nunca antes experimentado em toda história colonial. A liberdade já era sentida no bolso de nossas elites.

Para fora do campo da economia, podemos salientar como a reforma urbanística feita por Dom João VI promoveu um embelezamento do Rio de Janeiro até então nunca antes vivida na capital da colônia, que deixou de ser uma simples zona de exploração para ser elevada à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Se a medida prestigiou os novos súditos tupiniquins, logo despertou a insatisfação dos portugueses que foram deixados à mercê da administração de Lorde Protetor do exército inglês.

Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimentaram um movimento de mudanças por parte das elites lusitanas, que se viam abandonadas por sua antiga autoridade política. Foi nesse contexto que uma revolução constitucionalista tomou conta dos quadros políticos portugueses em agosto de 1820. A Revolução Liberal do Porto tinha como objetivo reestruturar a soberania política portuguesa por meio de uma reforma liberal que limitaria os poderes do rei e reconduziria o Brasil à condição de colônia.

Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie de Assembleia Nacional que ganhou o nome de “Cortes”. Nas Cortes, as principais figuras políticas lusitanas exigiam que o rei Dom João VI retornasse à terra natal para que legitimasse as transformações políticas em andamento. Temendo perder sua autoridade real, D. João saiu do Brasil em 1821 e nomeou seu filho, Dom Pedro I, como príncipe regente do Brasil.

A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos cofres brasileiros, o que deixou a nação em péssimas condições financeiras. Em meio às conturbações políticas que se viam contrárias às intenções políticas dos lusitanos, Dom Pedro I tratou de tomar medidas em favor da população tupiniquim. Entre suas primeiras medidas, o príncipe regente baixou os impostos e equiparou as autoridades militares nacionais às lusitanas. Naturalmente, tais ações desagradaram bastante as Cortes de Portugal.

Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cortes exigiram que o príncipe retornasse para Portugal e entregasse o Brasil ao controle de uma junta administrativa formada pelas Cortes. A ameaça vinda de Portugal despertou a elite econômica brasileira para o risco que as benesses econômicas conquistadas ao longo do período joanino corriam. Dessa maneira, grandes fazendeiros e comerciantes passaram a defender a ascensão política de Dom Pedro I à líder da independência brasileira.

No final de 1821, quando as pressões das Cortes atingiram sua força máxima, os defensores da independência organizaram um grande abaixo-assinado requerendo a permanência e Dom Pedro no Brasil. A demonstração de apoio dada foi retribuída quando, em 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro I reafirmou sua permanência no conhecido Dia do Fico. A partir desse ato público, o príncipe regente assinalou qual era seu posicionamento político.

Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras políticas pró-independência aos quadros administrativos de seu governo. Entre eles estavam José Bonifácio, grande conselheiro político de Dom Pedro e defensor de um processo de independência conservador guiado pelas mãos de um regime monárquico. Além disso, Dom Pedro I firmou uma resolução onde dizia que nenhuma ordem vinda de Portugal poderia ser adotada sem sua autorização prévia.

Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua relação política com as Cortes praticamente insustentável. Em setembro de 1822, a assembleia lusitana enviou um novo documento para o Brasil exigindo o retorno do príncipe para Portugal sob a ameaça de invasão militar, caso a exigência não fosse imediatamente cumprida. Ao tomar conhecimento do documento, Dom Pedro I (que estava em viagem) declarou a independência do país no dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga
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Crédito: BRASIL ESCOLA.

OBITUÁRIO DE OMISSÕES

 

Valério Mesquita*


 

Outubro próximo é o mês de aniversário da emancipação política de Macaíba. E no que se transformou o município? Sinto-me prisioneiro de mãos atadas, apenas, conduzindo lembranças. A linguagem que eu falo é somente de epílogos. Estive lá semana passada e não vi mais as esquinas, as ruas estreitas do centro repletas de segredos, sentimentos, vultos amigos, antigos, furtivos, que as curvas do tempo encobriram. Ninguém vê mais a lâmina d’água do rio Jundiaí no qual navegou Severo, Auta, Alberto, os Castriciano na lancha de mestre Antônio. Uma espessa floresta cobre o leito – e de luto morrem as recordações dos antepassados. A ponte de sessenta anos nunca mais viu uma embarcação, cansada de ser todo dia atropelada. Ali, no antigo e histórico cais do porto, nunca mais surgiu enorme, carregada de mistérios, a lua cheia que nascia e planava em cima do Solar do Ferreiro Torto.

A cidade de Macaíba hoje é uma fotografia ampliada dez vezes, cuja memória social, política, cultural, virou destroço, boletim de ocorrências. Um profundo baú de ossos. Somente a retina e o amor telúrico, sensitivo, de alguns macaibenses conseguem reconstruir, aqui e acolá, a passarela da sua história. Vista do alto, comprova-se que a chaminé das constantes migrações aumentou a população, os veículos, o barulho, a droga, o homicídio, acabando a paz pastoral dos verdadeiros habitantes. Macaíba se abre fácil para os que chegam de perto e da distância. Até motivo de pesquisa e estatística de uma televisão ela e Parnamirim foram notícias recentemente. O fato serve de alerta para que a juventude nativa não deixe que apaguem as luzes. As luzes e as vozes dos que construíram no passado, o seu futuro e o seu espírito. Que não permita que padeça nem desapareça o sentimento de conterraneidade. Evitem o obituário de esquecimentos!! Aquela reunião em Macaíba de autoridades locais com as da Segurança Pública do Estado, em que ficou?

É preciso plantar urgentes providencias onde seja possível, à nível federal, estadual e municipal. A geração nova de macaibenses deve exigir oportunidades de trabalho, educação, saúde, segurança e combate ao tráfico de drogas, sem olvidar o patrimônio cultural de sua terra que já integra hoje a história da criminalidade do Rio Grande do Norte. Que os migrantes e neo-macaibenses no exercício constante de ir e vir não recusem o gesto de amor a cidade. Que venham e que cheguem como quem ama uma flor recém descoberta. Que não entendam o município como prolongamento de Natal devorada pelo capitalismo econômico e pelo enriquecimento ilícito. Imponham os limites, um basta! Macaíba deve ser a cidade que perdeu o medo, como se fosse a lâmina límpida de águas novas, extraída da própria macaibanidade única e indivisível. Cada um de nós tem a mesma dor e mesma canção.

O esquecimento deliberado do poder público estadual em restaurar o Empório dos Guarapes é outro crime perpetrado contra a história do comércio do Rio Grande do Norte. Nas décadas de 1860 a 1880, em termos de comércio de importação e exportação, Macaíba foi o maior porto do estado. Essa época de apogeu está sendo apagada da história porque o projeto de restauração dorme em algum birô do Centro Administrativo. A área foi desapropriada pelo governo, paga, tombada por decreto oficial, o projeto técnico concluído, prometida a execução, mas o recurso permanece no obituário da omissão. Na matriz de Nossa Senhora da Conceição, dia 27 de outubro próximo, o aniversário de Macaíba será celebrado com missa de doze anos de esquecimento. Fabrício Gomes Pedroza estará presente. Se Lampião tivesse subido o monte dos Guarapes, numa chuva de balas, talvez o Guarapes já tivesse sido restaurado. Mas as balas hoje disparadas estão matando os jovens e rasgando a identidade da cidade.

 

(*) Escritor.