Sobre los misterios de la creación literaria
ENTREVISTA AL NOTABLE POETA LUSITANO ANTÓNIO SALVADO. POR MIGUEL NASCIMENTO
António Salvado, por Miguel Elías
Crear en Salamanca tiene el privilegio de publicar por vez primera, y en portugués, la entrevista que Miguel Nascimento ha realizado a uno de los más destacados poetas del país vecino, rico en lírica de calidad. Salvado está muy ligado a Salamanca desde hace unos treinta años. Aquí se la publicado varias antología y poemarios traducidos por el poeta Alfredo Pérez Alencart, profesor de la Universidad de Salamanca y dilecyo amigo suyo. En varias ocasiones ha recibido homenajes de las dos universidades y del propio Ayuntamiento de Salamanca. Recordable es el dedicado dentro del XIII Encuentro de Poetas Iberoamericanos, celebrado en 2010, donde apareció la amplia antología titulada ‘La hora sagrada’.
Obra poética do autor
A Flor e a Noite, 1955; Recôndito, 1959; Na Margem das Horas,
1960; Narciso, 1961; Difícil Passagem, 1962; Equador Sul, 1963;
Anunciação, 1964; Cicatriz, 1965; Jardim do Paço, 1967, Tropos, 1969;
Estranha Condição, 1977; Interior à luz, 1982; Face Atlântica, 1986;
Amada Vida, 1987; Des Codificações, 1987, Matéria de Inquietação, 1988;
Soneto em Lembrança de João Roiz de Castelo Branco, 1989; Utere Félix,
1990; Nausicaa, 1991; O Prodígio, 1992; Dis Versos, 1993; O Corpo do
Coração, 1994, Estórias na Arte, 1995; Certificado de Presença, 1996,
Castália, 1996; O Gosto de Escrever 1997; O Extenso Continente, 1998;
Rosas de Pesto, 1998; A Plana Luz do Dia, 1999; Os Dias, 2000; Largas
Vias, 2000; Quadras (in) populares e Sábios Epigramas, 2001; Flor Álea,
2001; A Dor 2002; Águas do Sonó, 2003; Pausas do Aedo, 2003; A Quinta
Raça, 2003; Rochas, 2003; Coisas Marinhas e Terrenas, 2003; Entre Pedras
o Verde, 2004; Palavras Perdudas seguidas de Oito Encómios, 2004; Se na
Alma Houver 2004; Ravinas, 2004; Malva, 2004; Quase Pautas, 2005;
Recapitulação, 2005; Modulações, 2005; Os Distantes Acenos, 2006,
Afloramentos, 2007; No Fundo da Página, 2008, Essa Historia, 2008, Odes,
2009, Outono, 2009; O Sol de Psara, 2011; Conjunto de Sonetos seguido
de Novas Odes e de Redondilhas e Heróicos Quebrados, 2011; Repor a Luz,
2011; Auras do Egeu e de Outros Mares, 2012; O Dia a Noite o Dia, 2012;
Na Sua Mão Direita, 2013; Sonetos do Interregno, 2013; Ecos do trajecto
seguido de Passo a Passo, 2014; Sinais do Fluir, 2014; Treze Odes
Latinas, 2014; Igaedus, 2015, e No interior da Página seguido de Prosas
Avulsas do Interregno, 2015.
Conversa com António Salvado
1. António Salvado, numa idade relativamente avançada ainda escreve todos os dias? O que é para si escrever e em particular poesia?
Não direi todos os dias, pois nem sempre a necessidade ou o frémito a exigirem a escrita se perfilam com acto a ser, pertinaz e implacavelmente, concretizado através da palavra. Recordo uma passagem das “Cartas a um jovem poeta” de R. M. Rilke: nela diz o poeta alemão ao seu jovem destinatário (que lhe havia solicitado opinião crítica sobre os seus poemas) mais ou menos isto: “Alta noite interrogou-se: se eu deixasse de escrever, morreria? E aguarde a resposta.” Pois bem e indo de encontro ao teor da sua pergunta, seja-se legítimo afirmar que, para mim, escrever/poesia constitui (constituem) ‘itinerário’ assíduo aberto à minha capacidade criativa. Deste modo, o tempo (o meu tempo) será algo de muito alegórico e será nesse algo que se cruzam as virtualidades do presente e do futuro – e sem temor ou receio pela ‘passagem’ subjacente.
2. Depois de muitos anos a escrever prosa e poesia e a exercer muitas outras profissões como professor, tradutor, museólogo, entre outros, qual é o espaço reservado ao poeta e em particular ao “poeta da ibéria” como muitos, carinhosamente, o designam?
Em larga medida de consciente propósito, eu assegurei sempre à poesia, no desenrolar das actividades profissionais (estas balizadas também por um quotidiano de coerentes vivências), um lugar marcadamente relevante. Aliás, e para mim, conciliar o ensino ou museologia (dois segmentos essências no meu currículo) com uma outra realidade visceralmente tentadora fez parte, com apego, de uma atitude estratégica relativamente ao cumprimento de obrigações profissionais e à exigência da criação. Em larga medida, quantas vezes vibrou no meu íntimo mais profundo, a poesia do ensino ou a poesia da museologia. Concluindo: o ‘espaço’ exibiu-se sempre de forma idêntica; o impulso temporal que se aclarava com perfil convincente – esse diferenciava-se também sempre. Quanto ao… atributo de ‘poeta da Ibéria’ com o qual carinhosamente alguns me têm distinguido – o mesmo agrada-me sobremaneira, e isto porque na minha ‘cultura poética’ ocupa lugar luminoso o conhecimento da poesia galega, castelhana e catalã – da Idade Média até aos dias de hoje.
3. Os seus textos (prosa e poesia) estão traduzidos para castelhano, francês, inglês, italiano, alemão, búlgaro e japonês. Os especialistas da área consideram-no um grande embaixador da língua portuguesa. A defesa do “castelo cultural e da língua portuguesa” foi a demanda da sua vida?
Confesso-lhe que detesto o epíteto ‘grande’ como caracterizador de pessoa, de acto ou de circunstância. Julgo que o criador (poeta ou prosador) que faz da língua materna o veículo ou ‘suporte’ para a sua escrita formaliza com constância uma autenticação no que diz respeito ao conjunto das estruturas que padronizam a sua língua. Um pouco sem dar por tal realidade e na medida em que na minha bagagem intelectual viceja o ‘respeito’ pelas configurações que cimentam a língua portuguesa, nesse aspecto e naquilo que escrevo adivinhar-se-ão os sinais que revelam a eficácia daquele que é portador de mensagem (e eis o sentido da palavra ‘embaixador’).
4. António Salvado, depois da antologia que reuniu textos de 200 poetas de Portugal, Espanha, Brasil, África e de diversas geografias da América Latina, lançada no ano passado, podemos dizer que a poesia abraça “Um Extenso Continente” ou uma “Ilha” por descobrir?
Pessoalizando, sempre direi que, dada a extensão quantitativa da minha obra poética, a poesia se tem orquestrado, na sua polifónica essência, como porto de abrigo por um lado e, por outro, como um ‘extenso continente’ de contornos aliás imprecisos e algo indefiníveis – assente numa geografia sentimental cheia de amplitudes, de virtualidades, de seduções… E quantas vezes, na ininterrupta viagem sem bússola para a descoberta do ‘continente’, se torna necessário aportar primeiramente a uma ‘Ilha’, de cambiantes misteriosos para descanso e revigoramento. Mas este discurso metafórico levar-me-ia extensivamente longe, e vamos pôr-lhe um ponto final. Denotemos, e agora sim termino, ‘extenso continente e ilha’: duas espantosas antologias preenchidas por criações de poetas de várias latitudes e línguas – e nas quais sou lembrado. Que admirável surpresa!… Que enternecedora ‘convergência’ de amizades!…
5. As suas palavras melódicas tocam temas sem fim. Alguns dos seus “arrazoados”, como costuma dizer, são também um grito de revolta em relação às questões da interioridade? Sentiu alguma limitação por escrever a partir das suas raízes, de Castelo Branco para o mundo ou, precisamente ao contrário, a Beira foi o motor que soprou as velas da sua “barca” poética?
Dos poetas que mais releio e admiro nunca descortinei um só (e quanto o ‘biografismo’ permite o estabelecimento de tal linha…) que pelas suas raízes não amplificasse um carinho e um respeito comovedores. Claro que, também e naturalmente, a… biografia existencial se ramifica com a permanência em locais diversos. Fernando Pessoa disse um dia que «a melhor maneira de viajar é sentir» … E eu julgo que, em matéria de criação poética, as raízes poderão consubstanciar (e talvez acima de quaisquer outros afloramentos) os alicerces que ajudarão à adequação de coordenadas axiais que, mais em evidência, menos visíveis, hão de transparecer no percurso criativo (de reconstrução) do poeta. Nem percebo como é que, a tal propósito, se possa falar da subjacente limitação manipuladora de vista curta… A localização geográfica da cidade onde nasci e onde actualmente vivo e existo (há diferença entre viver e existir…) cobre, em distância, a mesma até Lisboa ou até Salamanca. Falar, pois, de interioridade, porquê? Se sim, razões haverá que valorizarão propósitos de conteúdo político ou que alimentarão interesses calculados, secretos e humanamente desprezíveis. Para terminar: a Beira Baixa, província cuja capital é Castelo Branco, testemunha com propriedade, nas suas peculiaridades físicas, humanas e culturais, aquilo que o verso do genial poeta latino Virgílio (e traduzo) diz: “Perene primavera aqui floresce…”, verso que serve de epígrafe ao livro “Na Eira da Beira”, selecção dos meus poemas que permitem sejam adivinhadas as tipificações e as “atmosferas” beiroas mais envolventes, mais genuínas e mais multiformes.
6. Como nasceu esta grande paixão por Salamanca? O que o atraiu a esta magnifica cidade do outro lado da fronteira, nomeadamente num tempo em que as portas estavam semi-cerradas?
De visita ocasional à maravilhosa cidade de Tormes passei, com o trajecto do tempo, a uma relação de sensível e pautado alargamento. Realidades culturais do passado beirão apontavam-me Salamanca como referente universitário culminante pela qualidade do ensino que aí se ministrava. Na verdade, contam-se pelas muitas dezenas os estudantes albicastrenses (assim se designa os naturais de Castelo Branco) e da região que procuraram Salamanca para levarem a efeito os seus estudos, principalmente de medicina. Digamos de passagem que um importante médico cientista do Renascimento europeu, o albicastrense Amato Lusitano, realizou a sua formação superior em Salamanca. Depois, o ‘espectáculo’ dos monumentos, das ofertas culturais, a descoberta saudável de pessoas (poetas e não só), as surpresas das convivências, a ambiência generalizada de um quotidiano impregnado de originalidade – tudo enfim se associou para que a paixão pela cidade de Tormes se ampliasse em influência e em solidariedade. Depois, as relações de diferentes articulações, que passo a enunciar. Aquando da minha directoria no Museu de Castelo Branco múltiplas se desenrolaram as acções bi-laterais que a vários níveis cimentaram o amor por Castela/Salamanca. Recordo, saudoso, o contacto que tive com o jornalista Enrique Sena, o historiador José Luís Martin ou grande pré-historiador Francisco Jordá da Universidade de Salamanca. Mais tarde ainda e pela mão do professor e poeta Alfredo Pérez Alencart, e do meu grande amigo José Santolaya, a minha indicação para a Cátedra Poética “Fray Luís Léon” da Universidade Pontifícia de Salamanca, então dirigida pelo sábio e amigo Alfonso Ortega Carmona, ampliou novas vias de contacto. Com o Alfredo Pérez Alencart, laços profundos e mútuos de amizade e de admiração se foram cristalizando no decorrer dos anos – laços que, sem qualquer névoa, perduram com convicção inflexível.
Longe vai o tempo em que ir além da fronteira luso-espanhola significava tonalidade de tenebroso acentuado – a vigilância exercida pela polícia portuguesa e pela guarda civil espanhola, a ‘análise’ de tudo o que se levava e de tudo o que se trazia (de livros, principalmente), o estremecimento, passageiro embora, perante rostos que pouco ou nada ofereciam de amigável – tudo confluindo enfim para tornar a ida ao lado de lá numa espécie de inesquecível aventura. A coragem dos dois povos peninsulares riscou, e para sempre, essa situação fervente e amordaçante que nos obrigava a esconder o abraço e a alegria.
Los poetas Alencart, Amat, Sánchez, Luís Correia (alcalde de la
ciudad), Quirós, Salvado, Frayle y Amador en Castelo Branco (foto de
Jacqueline Alencar))
7. Há uns tempos disse, a propósito de uma reportagem de um jornal de Castilla y León, que sempre que ia a Salamanca se sentia em casa e bebia do seu espírito regenerador. Como é que isso acontece e porquê? São as pedras da cidade ou as pessoas que lhe dão este aconchego?
A resposta à sua pergunta plasma-se, em larga medida, nas linhas anteriores. É verdade: habituei-me a sentir Salamanca como uma mátria carinhosa na qual “pedras e pessoas” embelezam concludentemente o meu aperto de mão com Salamanca. Encontrar um amigo (poeta ou não), tomar um café em esplanada ou no interior da pastelaria, entrar numa livraria, assistir a uma sessão cultural – todos estes acontecimentos assumem o encantamento de um peculiar “aconchego”.
8. António Salvado é hoje um nome consagrado e com uma presença muito forte no espaço cultural espanhol onde, entre muitas outras coisas para além da poesia, se tem destacado como tradutor. Como foi este percurso? Há alguma obra ou algum criador cultural que tenha gostado mais de traduzir?
“Nome consagrado” – tanto não direi; “presença não muito forte mas persistente” – estarei de acordo. São inúmeros os poetas de expressão castelhana ibéricos e sul-americanos que tenho traduzido e que continuo a traduzir – ‘atitude’ que desenvolvo com particular interesse e que me tem proporcionado momentos de verdadeiro prazer. Por vezes, estas ‘transfusões de sangue’ revestem-se de algumas dificuldades, que (dizem os entendidos) eu consigo ultrapassar. Grato me foi reunir num pequeno livro alguns poemas de Claudio Rodríguez, poeta fascinante que tanto admiro. Outros houve e há como o grande Aníbal Nuñez, o afectuoso Pepe Ledesma Criado, o luminoso Antonio Colinas ou o original jovem Raúl Vacas que li, continua a ler e a… traduzir. E é natural que eu releve as traduções que a obra de Alfredo Pérez Alencart me tem proporcionado, e (também) por pertinências já atrás apontadas.
9. O poeta Alfredo Pérez Alencart tem sido um grande promotor da obra de António Salvado, numa relação que parte da amizade, alimentada ao longo de muitos anos de cumplicidade, para um trabalho persistente de divulgação dos seus poemas e da sua obra no espaço lusófono e ibero-americano. Ou seja, esta vossa relação vai muito para além da amizade…. Tem dado os seus frutos no palco da cultura. Como se construiu esta verdadeira união entre dois bons amigos que gostam de poesia e percorrem muitos caminhos por ela?
Sem dúvida que sim. Embora com outro cariz, a resposta está dada anteriormente. Tem, ao longo dos anos, acontecido uma cumplicidade interpelante, sem atropelos ou meandros menos correctos, que o gosto pela poesia sintonizou em harmoniosa relação: a tradução de este ou de aquele livro à ‘tradução pontual’ de poemas (para revistas, antologias, etc), às sessões públicas em Portugal e em Espanha com a intervenção de ambos, ou, ainda e relevantemente, à persistente e consistente ‘convivência’ pela presença pública, pela carta, pelo telefone. Inolvidável também o relevo muito precisado com que Alfredo Pérez Alencart me tem envolvido nos “Encuentros de poesia iberoamericanos”, realizados em Salamanca desde há alguns anos… Um desses “Encuentros” foi inteiramente consagrado à minha poesia, facto esse que se concretizou numa edição na qual os meus poemas ocupam dimensão notável, acompanhados por poemas a mim dedicados e da autoria de dezenas de poetas de língua castelhana!…
10. Os dois poetas e amigos, Alfredo Pérez Alencart e António Salvado, evidenciam uma espécie de “híper-actividade” de grande excelência ao nível da criatividade cultural. Um grande exemplo tem sido a realização dos encontros “poetas e Deus”. As palavras do poeta António Salvado, digo eu, vão muitas vezes ao encontro de Deus. Qual a importância que Deus tem na sua obra e porque sentiu a necessidade de organizar um encontro de poetas com Deus? Para os aproximar? Foi para condensar a espiritualidade na palavra? Ou foi outra coisa?
Vai para dez anos que, e sempre no mês de Novembro e em Toral de Los Guzmanes (Léon), o Alfredo realiza (ao poeta se deve a sua consecução) um “Encuentro” (o único de características semelhantes tão próprias e em toda a Península Ibérica) durante o qual é dada a palavra aos poetas que às sessões assistem (católicos, evangélicos, etc.) para, através dos seus versos, ‘emitirem’ uma ‘aproximação’ a Deus. Sucesso enorme tem singularizado este “Encuentro” que eu, com a minha presença, tenho também ajudado a corporificar-se – presença que, com ternura o afirmo, em cada ano me é ‘agradecida’ com inexcedível simpatia.
Tornou-se asserção generalizada, essa que me faz ser considerado (tendo-se em mente alguma parte da minha obra) um… trovador de Deus. E já o afirmei mais que uma vez (em entrevista de periódicos): “Se o poeta não encontra Deus, será Deus quem encontra o poeta”. Nesta recôndita e impalpável ‘certeza’ reside a força que leva alguns poetas a reunirem-se em Toral de Los Guzmanes: o terem escolhido correspondeu a um apelo espiritualizado difícil de definir. E a grande ‘aproximação’ é de tal grandeza que cada “Encuentro” fica (e para sempre) gravado no corpo saudoso do coração dos poetas participantes; que cada “Encuentro”, e pela voz dos poetas, saberá condensar a espiritualidade que transborda dos poemas que se lêem durante as sessões; que cada “Encuentro” perfilará, no íntimo de cada poeta, a centelha de uma sempre desejada e futura serenidade.
11. António Salvado, depois de um percurso tão longo de uma escrita límpida, fina, densa e inquietante, ….podemos esperar o surgimento de mais projectos e da continuidade da demanda cultural?
Refere-se ao longo percurso da minha escrita… Mas parece-me que a medição que implica tal afirmação não responderá precisamente a um horizonte ‘geométrico’ alumiado por exactidão… Sabe? É que a longevidade patenteada no B. I. talvez não concorde com a longevidade traçada pela escrita. E, porque não confessá-lo? Conservo ali meia-dúzia de livros inéditos que aguarda oportunidade editorial. Por outro lado, não me fatigo em considerar solicitações que, concretizadas, me levarão ao contacto público com os outros.
Noticias de Salvado en los periódicos de la Beira Interior
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COLABORAÇÃO DE DAVID LEITE