07/03/2015

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A   D I P L O M A C I A   E   O   C E N Á R I O    I N T E R N A C I O N A L  

Gileno Guanabara, sócio efetivo do IHGRN
 
                Não fui, nem sou diplomata. Sou apenas um observador sul-americano e posso ser contrariado. O Brasil sofre um déficit de projetos estruturantes vinculados ao futuro, a fim de superar suas crises: vias navegáveis e trafegáveis de uso intensivo, pelo não mais exclusivo uso do automóvel; economia hídrica; uso diferenciado da energia; políticas de ocupação urbana e de produção rural; política educacional permanente nos campos elementar, acadêmico e profissional. Do ponto de vista social, as políticas compensatórias dispensam populismo e as mudanças necessitam de resultados de longo prazo.
Há carência nos conceitos diplomáticos do Brasil, diante do cenário internacional. No plano regional estamos cercados de governos nacional/populistas, de pressões ocasionais que não apontam à distensão, nem à democracia. Frente a extensa fronteira, o narcotráfico é agente de troca. A frágil economia do Paraguai. A fronteira rota e contaminada da Bolívia. A situação da Venezuela, por depender exclusivamente das exportações de petróleo, a queda mundial dos preços do barril evidenciou a fragilidade de suas instituições políticas, com repercussões no continente.
A intervenção brasileira em questões de menor interesse, em disputas menos significativas de seus propósitos – o projeto belicista do Irã; o isolacionismo da Coréia do Norte, por exemplo - não contribuiu para o resguardo diplomático que a cautela recomenda. A Ásia e o Oriente Médio tornam-se cada vez mais um labirinto complexo, onde o confronto entre etnias e culturas aparentadas e excludentes, fronteiras artificiais, armamentismo, preconceitos religiosos e subornáveis governantes, fundamentaram intervenções militares fraticidas e o liberou geral do terrorismo. A negação dos direitos da mulher ou a proposta de negociação em conflito ideologizado, com apelo a recurso a manus militari, constituem uma mesma instância, destroem a História secular daquela civilização.
Mais recentemente, a recusa ao pedido de clemência feito através da chancelaria do Itamaraty, para evitar o fuzilamento de brasileiro acusado de tráfico internacional de drogas, na Indonésia, fez a Chefe de Governo deixar de receber o embaixador nomeado, acirrando a crise diplomática com a Indonésia. O mesmo ocorreu antes, em questões internas do Paraguai, quando da cassação do ex-presidente José Lugo, provocando o afastamento daquele país do Mercosul. A crise decorrente da ocupação de empresa brasileira em território boliviano, ou o refúgio de desafeto político de Evo Morales, na Embaixada do Brasil em La Paz, sua fuga e abrigo no Brasil, a quem não se concedeu a condição de asilado, contraria a tradição diplomática.
 Com relação aos Estados Unidos, face o intercâmbio constante e o significado da balança comercial, em que pesem as propostas políticas do governo Obama – crescimento da economia; afastamento militar do Iraque; reatamento com Cuba; reconhecimento da imigração latino-americana – a rota da diplomacia brasileira se firmou na direção da África, do Oriente Médio, de Cuba e de reaproximação com a China. Da primeira, ditaduras, corrupção, guerras tribais/coloniais permanentes e diminuto saldo comercial; do segundo, equidistância com a cultura brasileira e isolacionismo para com seus vizinhos árabes; do terceiro, envolto ao fim da solidariedade com a extinção da URSS, negociando secretamente a abertura de relações com os EUA, infenso as inovações, à cata de investimentos.
 Com relação à China, a desproporcionalidade da balança comercial, para o lado de cá, desfavorável pela distância geográfica e pelo baixo custo operacional de sua mão de obra e outros custos de produção. Daí a propensão do colosso comunista de engessar o mercado consumidor mundial, face a explosão de sua economia, societária da alta tecnologia dos países capitalistas, a par de preços não competitivos que favorecem a prática do açambarcamento das comodities, que interessam a sua expansão, a preços que sabe impor no mercado. A China virou capitalista.
A crise que assolou Portugal, Espanha e Itália fez da Grécia a bola da vez. Inexiste uma formulação apta para a solução do impasse. A vitória do Partido Syriza, por si só não satisfaz, em que pese a afoiteza do governo recém eleito. Os credores europeus anuíram a novo prazo, para cumprimento dos acordos e a assentada das reformas e reajustes da economia. A despreocupar-se com a crise, numa visão inocentemente concebida, iria provocar crise na Zona do Euro. Precioso lembrar que Portugal, Itália e Espanha vivenciaram imbróglio igual, mas, apesar de seus efeitos, pouco aconteceu de mais substancial, salvo a exclusão da cena política do ultra conservador, Silvio Berlusconi e a sua Bunga Bunga. As instituições da Europa permanecem funcionando. Agora, cabe à Grécia a parte maior das tarefas.
Considere-se a situação da Alemanha governada por um partido conservador. São setenta anos passados desde o fim da Segunda Guerra Mundial que a devastou, com a derrota do nazismo. A Alemanha se refez. Atualmente se comporta com autoridade fiadora da Europa. Pela estabilidade de sua economia, dados respeitáveis revelam índices sociais invejáveis de renda. A economia alemã impõe-se aos demais países e suas demandas econômicas. A Inglaterra dos Trabalhistas foca o debate na disputa monetária para com a Zona do Euro, em especial para com a economia alemã. De uma Alemanha que se contrapõe ao exclusivismo mercantil dos Estados Unidos na região, ao vácuo de parceiros confiáveis. O exercício da tributação como forma de financiamento do Bem estar social: com taxas de desemprego reduzidas, enquanto a previdência social, sem corrupção, não transfere ônus a seus beneficiários. Não é por acaso que, pactuando taxas ínfimas de inflação e níveis de crescimento per capita, as finanças alemãs hajam contribuído para amenizar o aperto da Euro Zona. Em tudo vê-se a importância do seu sistema político-eleitoral representativo, mais transparente e democrático. Não se assistem crises periódicas entre os poderes da República. Contrapondo-se à presença revisitada de Putin na Ucrânia, a indiscutível liderança de Ângela Merkel.
Verdade é que a crise interna da Rússia, agravada pela guerra na Ucrânia, tem a ver com a sofrência do preço de petróleo, com efeitos devastadores nos países exportadores. Não se diga de uma guerra exclusiva para encobrir o entulho acumulado desde a queda do antigo regime. Pode até ser que a intervenção russa na Ucrânia atual sirva para recogitar a ideia de refazimento de antigas fronteiras. Não convence, porém, dizer que não há interesses econômicos no conflito. Na diplomacia e na política as pantomimas não duram por muito tempo.

                 

06/03/2015

Dia Internacional da Mulher

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Dia Internacional da Mulher
Frauentag 1914 Heraus mit dem Frauenwahlrecht.jpg
Poster alemão de 1914 em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, conclama o direito ao voto feminino.
Outro(s) nome(s)Dia da Mulher
TipoInternacional
Seguido porÁfrica do Sul, Albânia Angola, Argélia, Argentina, Arménia, Azerbaijão, Bangladesh, Bélgica, Bielorrússia, Butão, Bósnia e Herzegovina, Brasil, Bulgária, Burkina Faso, Camboja, Camarões, Chile, China, Colômbia, Croácia, Cuba, Chipre, Equador, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Dinamarca, Finlândia, Geórgia, Grécia, Holanda, Hungria, Ilha de Formosa, Índia, Itália, Islândia, Israel, Laos, Letónia, Lituânia, Cazaquistão, Kosovo, Quirguistão, Macedónia, Malta, México, Moldávia, Mongólia, Montenegro, Nepal, Noruega, Polónia, Portugal, Roménia, Rússia, Sérvia, Suécia, Síria, Tadjiquistão, Turquia, Turquemenistão, Ucrânia, Uzbequistão, Vietname, Zâmbia
Data8 de Março
ObservaçõesRelembra as lutas sociais, políticas e econômicas das mulheres.
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, tem como origem as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada da Rússia czarista na Primeira Guerra Mundial. Essas manifestações marcaram o início da Revolução de 1917. Entretanto a ideia de celebrar um dia da mulher já havia surgido desde os primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto. O Dia Internacional das Mulheres e a data de 8 de março são comumente associados a dois fatos históricos que teriam dado origem à comemoração. O primeiro deles seria uma manifestação das operárias do setor têxtil novaiorquino ocorrida em 8 de março de 1857 (segundo outras versões em 1908). O outro acontecimento é o incêndio de uma fábrica têxtil ocorrido na mesma data e na mesma cidade. Não existe consenso entre a historiografia para esses dois fatos, nem sequer sobre as datas, o que gerou mitos sobre esses acontecimentos.
No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado no início do século, até a década de 1920.
Na antiga União Soviética, durante o stalinismo, o Dia Internacional da Mulher tornou-se elemento de propaganda partidária.
Nos países ocidentais, a data foi esquecida por longo tempo e somente recuperada pelo movimento feminista, já na década de 1960. Na atualidade, a celebração do Dia Internacional da Mulher perdeu parcialmente o seu sentido original, adquirindo um caráter festivo e comercial. Nessa data, os empregadores, sem certamente pretender emvocar o espírito das operárias grevistas do 8 de março de 1917, costumam distribuir rosas vermelhas ou pequenos mimos entre suas empregadas.
Em 1975, foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e, em dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas, para lembrar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres.[1]

Origem

Hipátia foi uma astrônoma romano-egípcia, coincidentemente assassinada no dia 8 de março de 415
A ideia da existência do dia Internacional da Mulher surge na virada do século XX, no contexto da Segunda Revolução Industrial e da Primeira Guerra Mundial, quando ocorre a incorporação da mão-de-obra feminina, em massa, na indústria. As condições de trabalho, frequentemente insalubres e perigosas, eram motivo de frequentes protestos por parte dos trabalhadores. Muitas manifestações ocorreram nos anos seguintes, em várias partes do mundo, destacando-se Nova Iorque, Berlim, Viena (1911) e São Petersburgo (1913).
O primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 28 de fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido Socialista da América[2] , em memória do protesto contra as más condições de trabalho das operárias da indústria do vestuário de Nova York[carece de fontes?].
Em 1910, ocorreu a primeira conferência internacional de mulheres, em Copenhaga, dirigida pela Internacional Socialista, quando foi aprovada proposta da socialista alemã Clara Zetkin, de instituição de um dia internacional da Mulher, embora nenhuma data tivesse sido especificada.[3]
Membros da Women's International League for Peace and Freedom, em Washington, D.C., 1922.
No ano seguinte, o Dia Internacional da Mulher foi celebrado a 19 de março, por mais de um milhão de pessoas, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça.[4]
Poucos dias depois, a 25 de março de 1911, um incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist mataria 146 trabalhadores - a maioria costureiras. O número elevado de mortes foi atribuído às más condições de segurança do edifício. Este foi considerado como o pior incêndio da história de Nova Iorque, até 11 de setembro de 2001. Para Eva Blay, é provável que a morte das trabalhadoras da Triangle se tenha incorporado ao imaginário coletivo, de modo que esse episódio é, com frequência, erroneamente considerado como a origem do Dia Internacional da Mulher.[5]
Em 1915, Alexandra Kollontai organizou uma reunião em Christiania (atual Oslo), contra a guerra. Nesse mesmo ano, Clara Zetkin faz uma conferência sobre a mulher.
Na Rússia, as comemorações do Dia Internacional da Mulher foram o estopim da Revolução russa de 1917. Em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro pelo calendário juliano), a greve das operárias da indústria têxtil contra a fome, contra o czar Nicolau II e contra a participação do país na Primeira Guerra Mundial precipitou os acontecimentos que resultaram na Revolução de Fevereiro. Leon Trotsky assim registrou o evento: “Em 23 de fevereiro (8 de março no calendário gregoriano) estavam planejadas ações revolucionárias. Pela manhã, a despeito das diretivas, as operárias têxteis deixaram o trabalho de várias fábricas e enviaram delegadas para solicitarem sustentação da greve. Todas saíram às ruas e a greve foi de massas. Mas não imaginávamos que este ‘dia das mulheres’ viria a inaugurar a revolução”.[6]
Berlim Oriental, Unter den Linden, (1951). Retratos de líderes da Internationalen Demokratischen Frauen-Föderation (IDFF), na 41ª edição do Dia Internacional da Mulher.
Após a Revolução de Outubro, a feminista bolchevique Alexandra Kollontai persuadiu Lenin para torná-lo um dia oficial que, durante o período soviético, permaneceu como celebração da "heróica mulher trabalhadora". No entanto, o feriado rapidamente perderia a vertente política e tornar-se-ia uma ocasião em que os homens manifestavam simpatia ou amor pelas mulheres - uma mistura das festas ocidentais do Dia das Mães e do Dia dos Namorados, com ofertas de prendas e flores, pelos homens às mulheres. O dia permanece como feriado oficial na Rússia, bem como na Bielorrússia, Macedónia, Moldávia e Ucrânia.
Protesto do grupo feminista FEMEN no Dia Internacional da Mulher.
Na Tchecoslováquia, quando o país integrava o Bloco Soviético (1948 - 1989), a celebração era apoiada pelo Partido Comunista. O MDŽ (Mezinárodní den žen, "Dia Internacional da Mulher" em checo) era então usado como instrumento de propaganda do partido, visando convencer as mulheres de que considerava as necessidades femininas ao formular políticas sociais. A celebração ritualística do partido no Dia Internacional da Mulher tornou-se estereotipada. A cada dia 8 de março, as mulheres ganhavam uma flor ou um presentinho do chefe. A data foi gradualmente ganhando um caráter de paródia e acabou sendo ridicularizada até mesmo no cinema e na televisão. Assim, o propósito original da celebração perdeu-se completamente. Após o colapso da União Soviética, o MDŽ foi rapidamente abandonado como mais um símbolo do antigo regime.
No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado durante as décadas de 1910 e 1920. Posteriormente, a data caiu no esquecimento e só foi recuperada pelo movimento feminista, já na década de 1960, sendo, afinal, adotado pelas Nações Unidas, em 1977. A data mantém hoje relevância internacional, e a própria ONU continuava a dinamizá-la, como sucedeu em 2008, com o lançamento de uma campanha, “As Mulheres Fazem a Notícia”, destinada a chamar a atenção para a igualdade de género no tratamento de notícias na comunicação social mundial. [7]

 

05/03/2015

ACLA EM FUNCIONAMENTO EXEMPLAR

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Damos conhecimento à população ceará-mirinense que a ACLA está tomando as providências legais, necessárias à preservação do patrimônio cultural do nosso Município. Nesse sentido, apresenta cópia do Ofício Circular que estará protocolando hoje, firmado pelo sr. Presidente Emmanuel Cristóvão de Oliveira Cavalcanti e rubricado por todos os membros da Academia, presentes à AGE realizada ontem (04/03/2...015).

"A Academia Cearamirinense de Letras e Artes “Pedro Simões Neto”-ACLA, em obediência à finalidade preconizada pelo seu Estatuto Social, em respeito à sua posição de Instituição que se preocupa com o desenvolvimento cultural do município, e em atendimento a apelo da sociedade local, vem perante Vossas Excelências para expor e depois requerer o que se segue:
DOS FATOS:
– Que a Biblioteca Pública Municipal Dr. José Pacheco Dantas – conforme se tomou conhecimento através dos muitos depoimento de cidadãos locais, através de fotografias postadas nas redes sociais e ante a simples visão do prédio –, encontra-se atualmente em deplorável estado de conservação, e em total situação abandono, com deterioração do seu acervo, face a precariedade das instalações.
– Que está, atualmente, fechada ao público, sem serventia e sem condições de uso pela população, mormente pelos estudantes locais, que carecem de informações culturais.
– Que o referido estabelecimento, tem vital importância no contexto cultural e educacional do município, além do fato de que é nele que se preserva e difunde as obras que são repositórios da cultura escrita, literatura, história e ciências e como é importante ter um órgão público para essa missão, um espaço reservado para o estudo, a consulta e a pesquisa. É lá que se encontram obras raras para consulta, inclusive de escritores cearamirinenses.
– Que, sem nenhum objetivo político partidário, esta Academia decidiu, por unanimidade de votos dos seus integrantes, tomar a posição de defesa do patrimônio cultural de todos os Cearamirinenses, administrado pelo executivo municipal, sob a supervisão da Fundação Nilo Pereira.
ASSIM SENDO,
Propõe às autoridades competentes, a realização, de uma Audiência Pública, dentro de um prazo máximo de 30 dias, onde a Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim e a Fundação Nilo Pereira (responsáveis diretos pela administração da referida biblioteca), se comprometam, diante da população local, ao cumprimento das seguintes obrigações:
a) Elaboração de um projeto viável, para a recuperação do acervo, já bastante comprometido pelo mofo, pelo cupim e pelo total abandono das instalações físicas;
b) Elaboração de um projeto de recuperação das instalações do prédio e do mobiliário;
c) Refazimento ou substituição dos equipamentos de informática, submetidos à umidade e à chuvas, que os tornaram, via de consequência, praticamente inservíveis;
d) Projeto real para reabertura da Biblioteca ao público, o mais urgente possível, com alocação de retorno do pessoal capacitado, que garanta um atendimento de excelência.
A Academia Cearamirinense de Letras e Artes “Pedro Simões Neto”-ACLA, na condição de guardiã da cultura do Ceará-Mirim, conforme finalidade estatutária, está cobrando, através deste documento, das autoridades competentes, principalmente do Chefe do Executivo Municipal e do presidente da Fundação Nilo Pereira, a lídima responsabilidade pelo bom funcionamento da Biblioteca, cuja importância para a sociedade, é de indiscutível valor.
Neste sentido, ao mesmo tempo em que solicita as providências necessárias ao objeto pretendido, ao senhor chefe do Executivo Municipal, ao Presidente da Fundação Nilo Pereira, aos Secretários Municipais de Educação e de Cultura, comunica o fato, através deste Ofício Circular, ao Presidente da Câmara dos Vereadores e ao representante municipal do Ministério Público Estadual, no âmbito municipal; ao Secretário Estadual de Educação, ao Secretário Estadual de Cultura e ao Presidente da Fundação José Augusto e ao presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, no âmbito estadual; ao Ministro da Educação e ao Ministro da Cultura, no âmbito federal.
Solicita ainda, uma audiência com o senhor Chefe do Executivo Municipal, em caráter emergencial, cobrando a total recuperação da Biblioteca, com metas definidas em audiência pública – repete-se – a ser realizada dentro do prazo máximo de 30 dias, na sede da Câmara Municipal.
Aguardando as providências cabíveis a serem adotadas para resolver o grave caso de abandono a patrimônio público e depreciação de livros, subscrevemo-nos,

Academia Cearamirinense de Letras e Artes “Pedro Simões Neto”-ACLA

Emmanuel Cristóvão de Oliveira Cavalcanti
Presidente.

Este Ofício-Circular 001/2015 está sendo encaminhado a:
- Prefeito Municipal de Ceará-Mirim
- Secretário Municipal de Cultura
- Secretário Municipal de Educação
- Presidente da Câmara de Vereadores
- Presidente da Fundação Nilo Pereira
- Representante do Ministério Público em Ceará-Mirim
- Secretário de Cultura do Estado do RN
- Secretário de Educação do Estado do RN
- Presidente da Fundação José Augusto
- Instituto Histórico e Geográfico do RN
- Ministério da Educação
- Ministério da Cultura
 

PRAIAS



TIBAU DAS SERENATAS E DO “FORÓ MUSIC”
Tomislav R. Femenick – Da diretoria do IHGRN. Mestre com extensão em Sociologia e História.
  
 E VEIO A ENERGIA
 PRIMEIRAS CASAS DE VERANISTAS
ANTIGOS MORROS DE AREIAS COLORIDAS





No início de 1967, o prefeito de Mossoró, Raimundo Soares, inaugurou o serviço de luz elétrica da praia do Tibau, obra da COMEMSA - Cia. Melhoramentos de Mossoró S/A, realizada com recursos do Ministério de Minas e Energia. Varias casas foram interligadas ao sistema, as ruas foram iluminadas com lâmpadas de alta voltagem e a orla marítima com lâmpadas de vapor de mercúrio. A usina de força instalada contava com dois grupos geradores, com potência total de 100 HP e todo o sistema de distribuição (postes, fiação, transformadores e disjuntores) foi projetado para, no futuro, receber a energia da CHESF - Cia. Hidro Elétrica de São Francisco. Esse foi o começo da grande transformação por que passaria a bela praia potiguar.
            O Município de Tibau está localizado na extremidade setentrional do Rio Grande do Norte e é o ponto extremo do noroeste do Estado, fazendo fronteira com o Ceará. Sua temperatura média gera em torno de 27 graus centígrados e tem uma população fixa de aproximadamente 4.000 habitantes. Segundo os historiadores Luís da Câmara Cascudo e Theodoro Sampaio, Tibau é nome de origem tupi (ti+paú ou ti+paum) e significa lugar entre duas águas; no caso os rios Jaguaribe e Mossoró.
            A primeira referência histórica ao lugar data da época da invasão holandesa. Em 1641, quando Gedion Morris Jonge (Gedeão Morritz ou Gideon Morris de Jorge), o então comandante das tropas holandesas no Ceará, descobriu as salinas naturais localizadas nos estuários dos rios Jaguaribe e Mossoró, chamou a região de “Morro Vermelho”, talvez pela coloração das terras do local. Em julho de 1708 a coroa portuguesa deu uma sesmaria a Gonçalo da Costa Faleiro, que ia “do morro de Tibau até por três léguas terra adentro”.
A povoação de Tibau voltou a aparecer em relatos históricos em 1888, quando a Câmara de Aracati “mandou medir terrenos à margem esquerda do Mossoró” e tentou estender os limites de seu Município, absorvendo terras das localidades de Tibau e Grossos. Seis anos depois, o Estado do Ceará impetrou ação no Supremo Tribunal, alegando “conflito de jurisdição”, que depois se transformou em “ação de limites”. Mesmo com a situação sub judice, isto é, em trâmite judicial, em 1901, o governo cearense aprovou Lei elevando Grossos à condição de Vila. O governador norte-rio-grandense reagiu e os dois Estados mandaram tropas para o local. Entretanto, não houve conflito armado.

UM BELO CARTÃO POSTAL

Tibau sempre foi um belo cartão postal, desde quando o lugar pertencia ao município de Mossoró, quando passou a integrar os municípios de Areia Branca e depois Grossos e agora, com autonomia política e administrativa. O antigo povoado de pescadores e de aventureiros do veraneio situava-se entre um círculo de dunas que tinham cores variadas, repetidas em múltiplos tons e beleza, até perder-se no som selvagem das folhas de centenas de coqueiros que cresciam além do litoral. A luz tropical ainda hoje cai em tom forte como se filtrada por poderosas lentes. Porém à tardinha o calor se amortece pelo soprar do vento “nordeste”, brisa que o atlântico empresta de seus alísios longínquos e brandos. Por essa beleza toda, por essa aparição sempre continuada e renovada de luz, cor e som é que a praia se consagrou como uma paixão dos seus frequentadores.
Até os anos 1950 e início dos anos 1960, Tibau era um lugar bucólico, com vida pacata e ligada à natureza. Suas dunas, seus morros de areias multicoloridas, suas famosas fontes de água naturais (os afamados “pingas”), sua paisagem tipicamente tropical, tudo isso fazia com que fosse a praia escolhida pelos mossoroenses para os seus fins de semana e temporadas de meio e fim de ano. Sombra e água fresca eram o que não faltavam. As casas, mesmos as mais ricas, eram de taipa, sem estilo arquitetônico definido e tinham apenas de bom a comodidade, a falta de pretensão e o cultivo de um ambiente propício para o lazer absoluto. Isso tudo e mais um fundo musical que era regido e orquestrado pelo vento e o marulhar das ondas, onde navegaram as jangadas feitas com o autêntico pau-de-jangada (Apeiba tibourbou).
Nas noites sem lua, os jovens se reunião no “morrinho” em frente da casa do “velho Lauro” (o jornalista Lauro da Escóssia) para cantar, tocar violão e namorar. Quando havia luar era a vez das serenatas, dos bailes nas casas das famílias ricas e das danças no “forró de Pedro Cem”. E havia a peixada de Belisa, com um sabor que somente ela sabia preparar. Tudo isso fazia que se sentisse a presença do dedo de Deus na feitura desse lugar que era único.

E AI VEIO O PROGRESSO 

O cenário mudou em escala crescente com a chegada do progresso. Nos meses de veraneio apareceram os primeiros biquínis, inaugurando um tempo de espanto para os mais conservadores. Jovens cabeludos apagaram o hábito antigo das serenatas, substituindo-o pelo som de guitarra de rock. Atualmente é a vez do axé, da música sertaneja, do baião e do xaxado, estes últimos nas versões brega e music (seja lá o que isso for) e dos paredões de som.
Depois da luz elétrica veio o asfaltamento da estrada Mossoró-Aracati e do ramal que se bifurcava em direção da cidade de Grossos e depois da própria vila. As casas dos veranistas passaram a ser construídas de tijolos (e algumas até com pisos de mármores) e erguidas sobre os morros e as rochas; algumas até fora da orla marítima, que deixou de ser exclusiva. De tanto crescer, a cidade invadiu terras do Estado do Ceará, implantando um distrito do Município de Icapuí, a ela geminado. De repente tudo se valorizou; terrenos, mão de obra e até o peixe aumentaram de preço.
E, grande paradoxo, hoje, na alta temporada, nas ruas estritas já é comum haver engarrafamento de veículos. O sossego, a quietude, o repouso deram lugar ao agito, ao “stress do veraneio”.  

A MORTE DOS MORROS DE AREIAS COLORIDAS

A paisagem dos morros de Tibau, pelos seus variados aspectos e beleza, lembrava cenas de um mundo perdido. Dunas de um vermelho vivo, montes de um marrom brilhoso, outras partes de uma areia preta espelhada e de outras cores. Milhares de fotografias enchiam álbuns de turistas com a beleza das pequenas montanhas, dos canyons e morros de areia coloridas. O souvenir principalmente dos turistas eram as garrafas de areia com desenhos de cores variadas e com motivações diversas; areias dos morros de Tibau.
Porém havia um outro lado da história: os morros da vila valiam muito dinheiro como especulação imobiliária e, também, havia quem dizia, como material estratégico de alto preço. As areias dos morros nada mais seriam do que uma mina de areia monazítica a céu aberto, contendo uma mistura de minerais pesados (alguns atômicos) como fosfato de cério, lantânio, praseodímio, neodímio, óxido de tório, granada, ilmenita, titânio, a própria monazita e significativa quantidade de urânio. São esses minerais que lhe dão esse colorido variado.
Foi por seu valor que as terras dos morros de Tibau foram separadas e demarcadas por cercas e marcos divisório, visando estabelecer direito de posse, para futuros loteamentos urbanísticos ou exploração mineral. Os posseiros não eram forasteiros, porém não eram nativos da vila. Posteriormente, os morros foram nivelados e hoje a cidade invadiu toda a área que anteriormente era das dunas e dos canyons coloridos.

O PREÇO DA EVOLUÇÃO

Nos períodos de férias, quando as pessoas são atraídas pelas belezas remanescentes da praia de Tibau, a população da cidade cresce quase 25 vezes; os quatro mil habitantes se transformam em quase cem mil pessoas.
Como polo de atração turístico, a praia recebe esse imenso contingente de população flutuante e, também, os problemas que advêm com esse gigantismo, esse crescimento excepcional. Por mais aparelhada que a cidade esteja, os problemas rompem as barreiras de proteção e marcam presença.
A praga nacional das drogas e sua companheira inseparável, a violência, movimentam a vida policial da outrora pacata vila de Tibau. Consumo de drogas, furtos, roubo, assassinatos não são acontecimentos ausentes. No início da atual temporada foram registrados casos de arrombamentos a casas de veranistas. No dia 26 de dezembro passado, um empresário da cidade, após consumir cocaína, atirou em uma menor e em seguida se suicidou.  No dia 4 de janeiro, em uma tentativa de assalto, um suspeito foi morto e outro baleado. Quatro dias depois, um corpo não identificado foi encontrado na praia de Manibu, em Icapuí-Ce, Município que faz fronteira com Tibau. Note-se que duas dessas ocorrências aconteceram fora das cercanias da cidade praieira.
Todavia a praia de Tibau continua a ser um dos cartões postais por excelência do turismo potiguar. Ainda restou alguma coisa dos morros de areias coloridas, tem a pedra do chapéu, próxima à fronteira do Estado com o Ceará, e as falésias, com abrupta queda para o mar. Ainda dá para se deitar em uma rede e dormir ao som do marulhar das ondas e do embalo do vento que vem lá do alto mar-atlântico.