28/11/2014
Academia de Letras Jurídicas do RN
Para
adesgrn@gmail.com adilson gurgel anisio marinho anna maria armando holanda e 38 mais...
Hoje em 10:15 AM
Ilustres Confreiras e Confrades da ALEJURN:
Cumprimentando-os (as), apraz-me reiterar que a eleição para a cadeira n. 19 - patrono Claudionor Telógio de Andrade, será hoje, dia 28/11, no horário das 9 às 16 horas, no Edificio sede da Procuradoria Geral do Estado (telefone de informação: 3232-2890).
Cumprimentando-os (as), apraz-me reiterar que a eleição para a cadeira n. 19 - patrono Claudionor Telógio de Andrade, será hoje, dia 28/11, no horário das 9 às 16 horas, no Edificio sede da Procuradoria Geral do Estado (telefone de informação: 3232-2890).
A Comissão Eleitoral é composta pelos ilustres juristas Carlos Gomes (Presidente), Odúlio Botelho e Luiz Antonio Marinho.
O único candidato é o Desembargador, professor e escritor João Rebouças, cujo curriculum vitae encontra-se à disposição de vossas excelências na ALEJURN.
Adalberto Targino
Presidente.
Academia de Letras Jurídicas do RN -ALEJURN
Fone: (84) 3232-2890 / 9954-8479
e-mail: alejurn2007@gmail.com
Fone: (84) 3232-2890 / 9954-8479
e-mail: alejurn2007@gmail.com
27/11/2014
26/11/2014
A
injeção miraculosa
Elísio Augusto de Medeiros e Silva (in memoriam)
As barbearias do sertão, lá pelos anos de 1920, tinham as suas
características próprias. Essa a que me refiro tinha duas portas antigas, de
madeira, com ferrolho e cadeado, as paredes internas caiadas de branco e a
fachada azul com o nome: “Barbeiro”.
Dentro, descia do teto um chicote de luz ligado à pera de acender e
apagar. A cadeira de braços importada, de encosto reclinável, era forrada de
chita estampadinha e ficava em frente ao espelho grande e à bancada de madeira
com gavetas.
Em cima da bancada: tesouras, pentes, navalhas “Solinger” alemãs, loção,
pedra-ume, pincel, toalhinhas de morim, toalha grande para o cliente que ia
cortar o cabelo e o amolador de navalhas. Sempre disponíveis ao barbeiro a
cumbuca de alumínio e o frasco de sabonete para fazer espuma.
Na parte de trás, cadeiras para a freguesia esperar a sua vez, um
lavatório na parede com depósito de água em cima da torneira, uma bacia para
aparar a água e a toalha de algodão branco.
Uma das características inerentes a todo barbeiro era a de tirar prosa
com o freguês. Nas barbearias, as notícias corriam orais e velozes entre os
frequentadores que ali iam regularmente. Foi numa dessas antigas barbearias que
escutei o fato que vou transcrever a vocês.
Essa curiosa história aconteceu em Serra Negra no século passado, final da década de
1920 e início de 1930. Naqueles tempos no sertão nordestino era comum a cura
por prática de charlatanismo.
Um paraibano de nome José Fábio tinha uma farmácia em Guarabira, e nos
anos do Estado Novo foi morar em Mossoró. Não demorou muito, e a Saúde Pública do
Estado caiu em cima dos seus processos, e ele, simplesmente, desapareceu da
Cidade.
Então, inesperadamente, ele surgiu em Serra Negra , vindo de
Brejo da Bananeira, onde já era dado à prática de fornecer receitas e consultas
ao povo.
Ao chegar em Serra
Negra , passou a aplicar umas injeções de um líquido a que
atribuía poderosa eficácia no tratamento de quase todas as enfermidades.
A notícia foi circulando entre o povo, e o movimento na Cidade aumentava
a cada dia. De manhã, quando abria as portas, já estava a casa cheia de pessoas
que viajavam em busca da prometida cura. Vieram pessoas ricas, parentes de
médicos, de padres e de autoridades, de muito longe.
A figura estranha do curandeiro atraía multidões fanatizadas para a
cidadezinha do Seridó, que, nessa época, era apenas um velho arruado, nas
terras fronteiriças da Paraíba.
A injeção não custava nada, era gratuita, mas, o paciente, antes de
entrar, para ser atendido, entregava à sua secretária a importância de R$ 50
mil réis, a título de “contribuição”. Alguns, inclusive, doavam mais, a título
de donativo.
No centro da sala, em cima de uma mesa forrada de tecido de algodão
branco, um vidro transparente, do que se usava em antigos boticários, ocupado
até a metade com um líquido claro e pegajoso, do qual não se sabia a origem,
nem por que processo tinha sido obtido. Na verdade, era “cuspe”.
Assim, ele ia fazendo as suas aplicações miraculosas, e a fila de incautos
crescendo, junto com as curas que se iam processando, em meio a inúmeras
versões contadas: paraplégicos jogam fora as muletas, cegos passam a ver, e
outros, que tinham chegado em redes ou padiolas, saem andando felizes. Dizem
que até doido saía curado.
Porém, o fanatismo tem vida curta, e, certo dia, um homem rico e
importante da região morreu, depois de tomar a injeção. Então, José Fábio, o
curador miraculoso, encerrou as suas atividades e desapareceu, para nunca mais
ser visto.
25/11/2014
Joaquim Rodrigues Ferreira, lá do Alto do Rodrigues
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Em alguns testamentos e inventários, mais antigos, já faltam algumas folhas. O testamento de Joaquim Rodrigues, escrito de próprio punho, por exemplo, começa na página 4, e lá está escrito: ...for aberta a sucessão, serão herdeiros da referida terça os meus filhos, que existirem do segundo leito. Peço e espero que meus filhos do primeiro casamento não verão nesta disposição manifestação de menos amor e amizade às suas pessoas por minha parte.
Declaro que quero ser sepultado no cemitério do lugar em que falecer e que meu enterro deverá ser simples e sem pompa, correndo as despesas, por este feito, por conta de minha terça. Nomeio meus testamenteiros a minha mulher Ricardina Rodrigues Cavalcanti, Bacharel João Alves de Oliveira e Salustiano Francisco Cacho, na ordem que estão indicados: a todos e a cada um dos quais rogo, queiram aceitar esta minha incumbência.
Este é meu testamento e a última vontade para ser cumprida depois de minha morte e por ele revogo qualquer outro que por ventura exista. Recife, dez de março de mil oitocentos e noventa e nove. Joaquim Rodrigues Ferreira.
Esse testamento foi levado ao cartório do tabelião Apolinário Florentino de Albuquerque Maranhão, rua Dr. Feitosa, Recife, sendo testemunhas: Henrique Bernardes de Oliveira, José Carlos de Sá, Joaquim dos Anjos Nogueira, João Batista de Sá e Julião Barbosa de Souza, moradores em Recife.
No dia 24 de março de 1804, na cidade de Macau, em casa de residência do testador Joaquim Rodrigues Ferreira, a viúva Dona Ricardina, entregou ao Juiz João Teixeira de Souza, o testamento do seu marido, que faleceu, em seu sitio denominado Alto do Rodrigues, no dia anterior, às duas horas e vinte minutos da tarde, pouco mais ou menos.
Dona Ricardina apresentou, como filhos do coronel Joaquim Rodrigues Ferreira, os nomes que seguem. Do casamento com D. Generosa (Bela) Rodrigues da Silveira: Dona Olympia Rodrigues de Souza, 45 anos, casada com o tenente-coronel Joaquim Ildefonso Virgulino de Souza, residente em Macau; Odorico Rodrigues Ferreira, com 40 anos, casado (com Amélia Rodrigues Ferreira), morador e residente na Pendência; Anna Rodrigues Ferreira, de 35 anos, casada com Manoel Teixeira de Carvalho Filho, residente em Macau.
Do casamento com a inventariante, Dona Ricardina, listou os seguintes filhos: Rosa Rodrigues Cacho, com 27 anos, casada com Antonio de Castro Cacho, residente em Macau; Ricardo Rodrigues Ferreira, com 24 anos, casado, residente na cidade de Recife; Álvaro Rodrigues Ferreira, com 23 anos, solteiro, residente em Macau; Rodrigo Rodrigues Ferreira, com 22 anos, solteiro, residente em Macau; Laura Rodrigues de Oliveira, 20 anos, casada com José Fernandes de Oliveira, residente em Macau; Irineu Rodrigues Ferreira, com 19 anos, solteiro, residente em Macau; Delmiro Rodrigues Ferreira, 14 anos, residente em Macau; Marfisa Rodrigues Ferreira, com 13 anos, residente em Macau; João Rodrigues Ferreira, 11 anos, residente em Macau; Francisco Rodrigues Ferreira, 9 anos, residente em Macau.
No inventário aparecem vária terras que foram compradas pelo testador, em diversos municípios. A fim de reconstituir os nomes dessas localidades e seus donos, listamos aqui esses bens de raiz do falecido: Sítio denominado “Alto do Rodrigues” no município de Macau, compreendendo uma posse das sobras das terras do antigo Sítio “Sacco”, comprada a Rufino Álvares Clavassino Costa; noventa e seis braças de terras, no lugar denominado Ponciana, do município de Macau, comprada a João Albano Cabral e sua mulher (Justina Maria da Conceição); mais seis braças e meia de terras, no mesmo lugar Ponciana, a margem do Rio Assú, extremando-se com a terra de Theodoro Alves Guimarães, compradas aos herdeiros de Francisco de Sales Urbano; 22 braças de terras, em Macau, a margem direita do Rio Assú, comprada a Dona Josefa Ferreira Monteiro; nessa mesma Tabatinga, 12 braças de terras compradas a Dona Anna Rosa Fernandes de Jesus; nessa mesma Tabatinga, 14 braças de terras, compradas a Manoel Joaquim de Lima; 30 braças de terras, nessa mesma Tabatinga, compradas a Jerônimo Fernandes Gomes; meia braça de terras, na Tabatinga, comprada a Manoel Luiz Ferreira das Neves; 43 e 1/2 braças de terras no lugar denominado Buraco do Estevam, compradas a José Francisco dos Anjos; uma parte de terras em Gaspar Lopes, município de Angicos, comprada a Francisco Quilidônio da Costa Machado; duas partes de terras, no lugar denominado de Serra Aguda, município de Angicos, compradas a Francisco Xavier da Cunha Vasconcelos; 400 braças de terras, com fundos de 4 500 braças, no lugar denominado Baixa do Pau Branco, comprada a Francisco da Rocha Freire Cabeleira; uma posse da data de terras Curralinho, em Angicos, atualmente denominada Santa Rosa, comprada a Francisco Xavier de Souza e sua mulher; Uma parte de terra, no lugar denominado São Julião, comprada a Julião Barbosa de Souza e sua mulher.
24/11/2014
23/11/2014
A PRAÇA ANDRÉ DE ALBUQUERQUE PEDE SOCORRO
Por: ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
... adeus, minha praça onze, adeus, já sabemos que vais desaparecer
leva contigo a nossa recordação, mas ficarás eternamente em nosso coração
e algum dia nova praça nós teremos e o teu passado cantaremos.
(Erivelto Martins)
É com imensa tristeza que vejo a maioria de nossas praças em estado de penúria e extremo abandono. Abandono esse que não se prende somente a parte física, e sim o abandono da nossa própria história. Nesse caso, a história desse herói chamado André de Albuquerque Maranhão, senhor do engenho Cunhaú, Cavaleiro da Casa Real, coronel comandante da Divisão do Sul, que em 1817, também lutou ao lado dos revoltosos na Revolução Pernambucana.
André de Albuquerque Maranhão
Chefiou a Revolução no Rio Grande do Norte e lutou ao lado do padre Miguelinho (Miguel Joaquim de Almeida Castro) na derrubada do governador José Inácio Borges. Dirigiu a cidade por um período compreendido entre 29 de março e 25 de abril de 1917, tendo sido deposto após a derrota de Pernambuco o que resultou no enfraquecimento do movimento. Foi preso no Forte dos Reis Magos onde veio a falecer.
A praça criada em 1818, por iniciativa da Câmara Municipal de Natal, que, naquela ocasião, renomeava a antiga Rua Grande para o nome atual.
Desde o Século XIX, a praça sofreu alterações dos mais diversos governos, modificando seu paisagismo, acrescentando monumentos, aparelhos públicos etc. Em 12 de junho de 1937, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte inaugurou um monumento aos heróis da Revolução de 1817. O projeto da estátua coube aos engenheiros André Rebouças e Willy Fischer, que foram contratados pelo próprio Instituto Histórico e Geográfico para esse fim.
Aquele local considerado o marco zero, nascedouro de nossa cidade, ladeado pela Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, também conhecida como Igreja Matriz ou Catedral Velha, o Instituto Histórico e Geográfico, o museu Câmara Cascudo, prédio que outrora abrigou a Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional, a Igreja de Santo Antônio (Igreja do Galo), que forma com outros prédios históricos o corredor cultural da cidade, chão abençoado dos nossos antepassados.
Igreja de Santo Antônio - Igreja do Galo
Desde a eleição da atual diretoria do IHGRN, ocorrida em março de 2013, compareço à instituição juntamente com alguns de seus membros, de segunda a sexta-feira e, às vezes, nos fins de semana, numa cruzada sem trégua na luta para preservar as instalações físicas e o rico acervo documental do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, com mais de 300 anos de história que abrange os períodos imperial, colonial e republicano. Tal circunstância me levou a convivência diária com essa incômoda e revoltante situação.
Desde a eleição da atual diretoria do IHGRN, ocorrida em março de 2013, compareço à instituição juntamente com alguns de seus membros, de segunda a sexta-feira e, às vezes, nos fins de semana, numa cruzada sem trégua na luta para preservar as instalações físicas e o rico acervo documental do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, com mais de 300 anos de história que abrange os períodos imperial, colonial e republicano. Tal circunstância me levou a convivência diária com essa incômoda e revoltante situação.
Instituto Histórico e Geográfico do R.N.
A praça se encontra em total abandono. Há tempos foi tomada de assalto pela marginalidade do centro da cidade. Seus atuais frequentadores são flanelinhas, prostitutas, mendigos, traficantes e usuários que fizeram daquele local “minha praça, minha vida”. Lá eles tomam banho, exercem seu comércio ilegal, lavam suas roupas e as estendem por cima das poucas plantas que ainda resistem, além de utilizá-la como sanitário e não raro, também motel.
A praça se encontra em total abandono. Há tempos foi tomada de assalto pela marginalidade do centro da cidade. Seus atuais frequentadores são flanelinhas, prostitutas, mendigos, traficantes e usuários que fizeram daquele local “minha praça, minha vida”. Lá eles tomam banho, exercem seu comércio ilegal, lavam suas roupas e as estendem por cima das poucas plantas que ainda resistem, além de utilizá-la como sanitário e não raro, também motel.
Os mendigos incomodam os poucos transeuntes que por desconhecimento do perigo, coragem ou mesmo necessidade, cruzam por seus passeios. Ladrões abordam suas vítimas em plena luz do dia na certeza da impunidade. Os canteiros onde outrora eram ocupados com jardins floridos e bem cuidados, há anos desapareceram. Em seu lugar, podemos ver somente o chão de terra batida, que nas quintas-feiras é palco para um público de comportamento duvidoso que se diverte ao som de grupos musicais da periferia. Nesse ambiente, onde boa parte de seus frequentadores são menores de idade, a festa é regada a drogas e álcool, para a alegria dos comerciantes e fornecedores desses produtos. Ao amanhecer podemos ver alguns funcionários da Prefeitura limpando o local. Latas e garrafas de todo tipo de bebida são empilhadas em vários cantos da praça aguardando a remoção pelo poder público.
Durante o dia, principalmente no turno da manhã, é comum se ver vários adolescentes com farda de seus colégios, com seus namorados de sexo oposto e também do mesmo sexo, que teimam em gazear as aulas, em troca de um novo aprendizado com aulas mais calientes. Por sua vez, os traficantes aguardam pacientemente seus clientes, sentados à sombra das árvores em bancos de cimento, pois os de madeira, por falta de manutenção, já não se prestam a finalidade a que foram ali colocados. Isso tudo acontece bem vizinho ao prédio do Tribunal de Justiça e ao primeiro Distrito Policial.
Prédio do Tribunal de Justiça do RN
Os pedintes circulam ao seu derredor principalmente na área próxima a igreja, em maior número nessa época em que se comemora o aniversário de sua padroeira - Nossa Senhora da Apresentação.
Os pedintes circulam ao seu derredor principalmente na área próxima a igreja, em maior número nessa época em que se comemora o aniversário de sua padroeira - Nossa Senhora da Apresentação.
Alheio a tudo isso, empoleirados nas copas das centenárias árvores que adornam aquele logradouro, os sanhaços, bem-te-vis, cebites, e outros pássaros cantantes gorjeiam suas melodias maravilhosas saudando o milagre de mais um o dia que se inicia, na esperança de que, muito em breve, a Praça volte a ser o que o que fora antigamente, E, assim, nos poupar do vexame que passamos todas as vezes que temos que informar aos turistas e visitantes do IHGRN, onde nasceu nossa querida cidade de Natal.
Vivemos em uma cidade que pouco tem se preocupado com a preservação de sua memória. O bairro da Ribeira, por exemplo, onde se concentra o maior acervo de prédios históricos da cidade, palco de grandes acontecimentos no século passado, apesar de tímidas tentativas de revitalizá-lo, continua “tudo como dantes no quartel de Abrantes”.
De minha parte, só restam às boas lembranças dos anos 50 quando, nessa mesma época, meus pais me lavavam para assistir a famosa Festa da Mocidade. Ali todo ano era armado o parque São Luiz, de Severino Francisco, num parceria com a Igreja, para animar a quermesse. As famílias passeavam em torno da praça ou simplesmente sentadas em cadeiras nas calçadas, assistiam a tudo ao som das amplificadoras onde os namorados ou os pretensos, ofereciam musicas diversa, tipo: “de um alguém para outro alguém”, ou dos dobrados e retretas executadas pela banda da gloriosa Policia Militar, acomodada no majestoso coreto que se destacava no centro da praça, infelizmente destruído pela insensatez dos nossos gestores públicos.
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