16/09/2014


ODÚLIO BOTELHO

Jurandyr Navarro*
Do Conselho Estadual de Cultura

O espírito humano tem a capacidade de receber o ensinamento dos bons hábitos sociais e o dever de transmití-los às gerações subsequentes. A cada pessoa é-lhe atribuída uma parcela desse caráter civilizatório. Ela não se exibe tal uma bolha, que se desfaz, e sim, uma proposta de vida. Urge, portanto, conduzir esse facho iluminativo que não se apaga diante o vendaval da existência, havendo, naturalmente, coerência de atitudes marcantes.
Na ótica agostiniana, segundo Bertrand Russell, há de se considerar a passagem do tempo em três fases distintas, ou, simplesmente, três tempos: um presente das coisas passadas, que é a memória; um outro, presente das coisas presentes, que é a vista, e um presente das coisas futuras, ou seja, a espera.
O aprendizado da cultura humanística, ciêntífica ou profissional obedece a esse padrão evolutivo temporal.
O jurista Odúlio Botelho, a exemplo de muitos, perfilou a sua vida transpondo etapas sucessivas de estudos continuados, da idade juvenil ate alcançar a Universidade, o estágio complementar da meta almejada.
A Advocacia, a sua escolha profissional: tempo presente da aplicação dos ensinamentos adquiridos. Nesse labor, ele firmou o nome no fórum criminal. O saber jurídico, aliado à capacidade oratória, resultou em quociente apreciavél de vitórias merecidas na tribuna de Tribunal do Júri. Inúmeras as causas ajuizadas e responsavelmente defendidas. O verbo eloquente proferiu inumeráveis réplicas e tréplicas!
O causídico de causas criminais difere do postulante da espera cível. Há, naturalmente, os atuantes em ambas, indistintamente. A diferença, é a inspiração oratória, entre eles, fator de importâcnia capital, no convencimento da causa, no embate das idéias, sob o impacto da emoção psicológica, influenciadora da alma humana.
Durante a sua lida forense, Odúlio Botelho assumiu a responsabilidade como patrono e advogado, designações sinônimas. Tais encargos são mais usuais em ações criminais, pricipalmente nos duelos do Tribunal do Júri. Hoje, os termos se equivalem, entendido que é o advogado o patrono da causa.
O mesmo não ocorria no passado, mormente na Roma dos tempos de Cícero e de Múcio Cévola, famosos tribunos de lides forenses. Nessa época, ja distante, o defensor de algum réu, caso fosse orador, seria o patrono da causa. Se, apenas deslindasse controvérsias jurídicas, questões de direito, seria advogado.
Dai, constatar-se a importância dos juristas dotados de aptidão e dons de retórica, os mais adaptáveis aos debates da tribuna do Júri Popular.
E Odúlio Botelho foi um deles, na sequência da memória histórica.
Não há negar, o púlpito judiciário, através a magia da palavra, tem, ao longo do tempo, encantado e seduzido platéias e auditórios, os mais exigentes e qualificados.
Na opinião do grande orador, advogado e político, Cícero, a eloquencia judiciária é a prova mais alta nos julgamentos, destacando a “Oração da Coroa”, proferida por Demóstene, em defesa de Citesifonte, no debate oratório com o tribuno Ésquines.
No “tempo presente das coisas passadas”, João Medeiros Filho, Vicente de Souza, Wilson Dantas, Túlio Fernandes, Varela Barca, Cortêz Pereira, Arnaldo França, Caio Graco, Hercílio Sobral Chrispim, Claudionor de Andrade, Geraldo Pereira de Paula, Enock Garcia, Ítalo Pinheiro, Herbet Spencer, entre outros, receberam a devida inspiração tribunícia, o mesmo sucedendo com Odúlio Botelho, mais jovem, a imitá-los no mister de ser defensor de causa legítima dos submetidos ao julgamento dos crimes de sangue, em tribunal composto por um Magistrado, um Promotor de Justiça, Advogados e sete Jurados.
Na Grécia, ja havia a “Casa da Câmara”, com seus Juízes. No Areópago, o primeiro Tribunal de Atenas, já existia a figura do acusador.
Por ese período histórico, a lei era subordinada à religião. No rochedo das Termópilas estava gravado: “Viandante, vai dizer a Esparta que morrermos aqui em obediência às suas Leis”. Sócrates se imolou, seguindo os seus preceitos. Eram elas imutáveis, não como hoje, derrogadas ou revogadas. Imutáveis, por serem consideradas divinas.
Eram, portanto, sagradas.
Quando da sua criação, pelo governante, e sufragada em comício popular, a lei só era válida após ser sancionada pela religião. Proclamam autores antigos que ela foi sempre considerada santa.
Nos dias da realeza romana, era, a lei, a rainha dos reis; nos dias da república fôra a rainha do povo.
Odúlio Botelho teve postura de retidão ética e profissional. Nas ações penais a sua presença foi exitosa em todos os sentidos, no fiel cumprimento dos mandatos a si confiados. Também o fez nas ações cíveis, tanto na argumentação escrita em audiência formais, nas razões e contra-razões proferidas, no juízo singular, ou, na sustentação oral diante do tribunal pleno.
Portou-se, igualmente, a colegas que envergaram e envergam a sagrada beca, pela causa da Justiça, como representantes da nobre classe dos Advogados. Classe das mais remotas, nascida na Roma Antiga, na fase política do seu Império, depois das fases do Reinado e da República, quando, nestas últimas, ainda não havia a figura do Advogado.
Na sua triunfante carreira jurídica, Odúlio Botelho foi prestigiado pelo destino, com duas distinções de relevo. Presidente da OAB/RN, tendo realizado aplaudido mandato, quando teve oportunidade de levantar a bandeira dos chamados Direitos Humanos individuais.
E Odúlio Botelho, dirigente da nobre classe, os prestigiou como espécie de consciência nacional.
À frente da Instituição ele deu continuidade aos postulados éticos e à consciência intelectual, entendo constituir uma abnegação das mais cultas. A Advocacia requer, portanto, um caráter superior dos seus representantes.
A outra distinção a ele conferida foi a de ter sido escolhido, mediante valor profissional e perfil humanístico, um dos sócios-fundadores da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte, dendo sido um dos seus Presidentes, em cujo mandato realizou importantes eventos e editou o primeiro número da Revista da Instituição, inugurando, assim, a publicação dos discursos de posse dos Acadêmicos e demais matérias de âmbito cultural.
Frize-se, também, a sua erudita oração, ao fazer o clássico Elogio do Patrono, da sua Cadeira nº 22, que, por coincidência, o seu companheiro de longas tertúlias advocatícias, no Tribunal do Júri em Natal, Patrono, João Medeiros Filho!
A outra face laboriosa do advogado Odúlio Botelho foi a sua participação administrativa em cenários governamentais: Municipal, Estadual e Federal.
Na Prefeitura Municipal do Natal, exerceu o relevante cargo, em comissão, de Chefe da Casa Civil. No Estado, no exercício do seu cargo efetivo de Procurador, chefiou várias de suas Procuradorias internas, e na Secretaria de Administração ocupou cargos de direção. No plano Federal, foi um dos Diretores do Tribunal do Trabalho, desta Capital, durante um decênio.
Dotado de alma sensível à poesia, em horas de lazer, gosta de declamar  sonetos, poemas e outras divagações literárias, fazendo jús ao seu ingresso, por merecimento, em diversas das nossas instituições culturais. Presentemente presta o seu contributo valioso, na Diretoria do Insituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
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* Artigo publicado em O Jornal de Hoje, dos dias 13 e 14 de setembro/2014

15/09/2014

Morre o ex-Governador Iberê Ferreira de Souza. O Estado lamenta sua perda.
 

A+A-
Com a idade de 70 anos, o santa-cruzense IBERÊ FERREIRA DE SOUZA partiu do mundo dos mortais. O corpo do ex-governador foi velado em sua terra-mãe Santa Cruz e veio para Natal onde também foi velado e sepultado no Cemitério Morada da Paz, em Emaús, saindo da Escola de Governo, localizada no Centro Administrativo. A Governadora Rosalva Ciarlini decretou luto oficial por três dias e a missa em Natal foi celebrada por Dom Jaime Vieira, e o cortejo saiu às 16h em um carro do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte. O Estado e os cidadãos potiguares lamentam a perda, haja vista que o falecido era um político ameno e de fino trato. Nossos sentimentos.

Francisca Teixeira de Carvalho e a busca de Arlan

Arlan Eloi Leite Silva
Historiador e Pesquisador em Genealogia
Servidor da UFRN

 
Sua curta existência promoveu uma tentativa de esquecimento de sua memória. Mas eu, seu descendente de quarta geração, trineto inquieto, promovo a contramão do processo de apagamento das lembranças dessa mãe, esposa e mulher que viveu no século XIX. E, na busca incansável de sua história, colhendo pequenos fragmentos de documentos ou da memória distante dos parentes ainda vivos, não deixo Francisca Teixeira de Carvalho morrer para sempre. Ela vive em minhas próprias memórias de maluco pela genealogia. 

Os Teixeira de Carvalho, família de origem portuguesa com a presença de judeus, foram numerosos no Brasil. Há registros deles no Rio de Janeiro e Minas Gerais, por exemplo. Em terras mineiras, houve até um nobre do Império, Antônio Teixeira de Carvalho, Barão de Rio Pomba, em Barbacena. Já no Nordeste, os Teixeira de Carvalho se estabeleceram na Paraíba, dentre outros lugares. A família da minha trisavó veio das terras paraibanas para o Rio Grande do Norte na primeira metade do século XIX. O patriarca Vicente Teixeira de Carvalho, sua esposa Luiza Laduvina de Carvalho e filhos compraram propriedades na Vila de Santana do Matos. 
Vicente Teixeira de Carvalho deixou um filho em Mangabeira, município de Macaíba, onde estabeleceu uma ponte comercial entre essa cidade e Santana do Matos no Rio Grande do Norte. De vez em quando esse meu ancestral, por meio de uma tropa de animais de carga, levava produtos agrícolas para serem comercializados em Macaíba. E de lá voltava com outros atrativos para serem vendidos no sertão. Desse modo, a família cresceu com a aquisição de terras, a criação de gado e a atividade agrícola.  Um dos primeiros casamentos que uniu a família Tomaz Cavalcanti, a qual também veio da Paraíba para o Rio Grande do Norte no mesmo período, com a família Teixeira de Carvalho, aconteceu em 1871. José Tomaz Cavalcanti, filho de Francisco Tomaz Cavalcanti e Donata Maria da Conceição, meus pentavôs, casou-se com Luiza Umbelina de Carvalho, filha de Vicente Teixeira de Carvalho e Luiza Laduvina de Carvalho. Nesse mesmo dia, foi batizado o sobrinho de José Cavalcanti, João Barbosa do Nascimento, o qual teve o tio como padrinho. João era filho de José Barbosa do Nascimento e Izabel Tomásia do Rosário, meus tetravôs.  A despeito de outros casamentos havidos entre essas duas famílias oriundas das terras paraibanas, se deu o matrimônio da jovem Francisca Teixeira de Carvalho com Manoel Barbosa do Nascimento, filho de José Barbosa e Izabel Tomásia. Justamente por ter uma memória fugidia em virtude de sua curta existência, os pais de minha trisavó até o momento não puderam ser apontados com exatidão. Ela seria neta ou filha de Vicente Teixeira de Carvalho? A dúvida ainda persiste. A ancestral nasceu por volta de 1870. Pois bem, Manoel Barbosa do Nascimento e Francisca Teixeira de Carvalho casaram-se, aproximadamente, em 1887.  Segundo o depoimento do próprio Manoel Barbosa, que foi um sujeito centenário, ele raptou a moça Francisca para casar-se. Ao se dirigir aos domínios da família Teixeira de Carvalho, Manoel foi acompanhado por um senhor idôneo, a fim de levar a jovem para a residência de uma família respeitada. O seu companheiro de aventura tentou desistir da missão. Porém, Barbosa o ameaçou caso quisesse voltar do caminho. O rapto deu certo. Manoel e Francisca se uniram em matrimônio e desfrutaram da construção de uma bela família, apesar de conviverem muito pouco pela tragédia que viria tempo depois.  A primeira filha nasceu, mais ou menos, em 1889 e foi batizada com o nome de Tereza, como homenagem a avó paterna de Manoel Barbosa. Depois minha trisavó concebeu Maria Francisca, esta é a minha bisavó, além de Luiz e Maria Donata. Esta última filha, que infelizmente só viveu seis anos, homenageava a avó materna do pai Manoel. Era uma tradição no século XIX os pais fazerem homenagem aos ancestrais repetindo os nomes deles nos filhos. E, na última gestação, Francisca Teixeira concebeu gêmeos, mas devido a complicações no parto faleceu abruptamente. Os bebês também faleceram. A tragédia marcou a família triplamente e contribuiu para esbranquiçar os traços indeléveis da memória daquela grande mulher. Francisca era muito jovem e sua trágica morte, no final do século XIX, me motivou a reerguer sua memória empoeirada e quase apagada pelo tempo. O óbito ocorreu por volta de 1895.  Manoel Barbosa casou-se novamente com Hermínia Batista e juntos tiveram outros filhos, que deixaram uma descendência numerosa. Os meus trisavôs Manoel e Francisca conceberam ao todo seis filhos, dos quais sobreviveram Tereza Teixeira de Carvalho, Maria Francisca de Carvalho e Luiz Barbosa de Carvalho. Esses três também deixaram uma frondosa descendência pelo Brasil. Tereza Teixeira (1889-1950) foi a que mais contou a história da sua mãe morta tragicamente de parto. Maria Francisca de Carvalho (1893-1979), minha saudosa bisavó, foi uma grande matriarca que gerou quinze filhos. E Luiz Barbosa de Carvalho é uma memória também fugidia. A última vez que o vi na documentação foi no batizado da sobrinha dele, Vitalina Teixeira de Carvalho (1910-1997), minha tia-avó, cuja cerimônia ocorreu em 21 de dezembro de 1910.
Francisca Teixeira de Carvalho (1870-1895), minha velha vovó inesquecível, enquanto eu viver, a senhora não morre entre nós!


14/09/2014

GG


 S A N T I A G O   D O   C H I L E
Por: GILENO GUANABARA, sócio efetivo do IHGRN

            Visitei Santiago. Na amanhecença do dia, através da imagem franqueada pelas asas do avião, vê-se a cordilheira majestosa em forma de geleira inconsútil e branca, precipícios eternizados no tempo, um véu de noiva alinhado até os pés, ou aclives íngremes dirigidos para o céu. A cidade saíra da noite e despertava do frio invernal que faz cobrir as ruas e jardins com o lençol de folhas secas e cinzas.

Revisitei o significado do nome Chili, que lhe deram os aborígenes. Ao ser repassado aos espanhóis, estes trocaram o “i” pelo “e”, passando-se a Chile. Diz-se que a origem, desde o antigo idioma quíchua, está na palavra Tchili, que significa o frio ou a neve. Outra explicação é a de bandos de pássaros que avoaçavam e trinavam a onomatopeia Chi-li...Chi-li... Era assim que as populações nativas denominavam o rio e o vale do Aconcágua. As terras eram chamadas Chili mapu, e o idioma falado era o Chili dugu (a língua de Chile).  No ano de 1535, o espanhol Almagro del Cuzco, durante seis meses, com centenas de infantes e índios, desceu ao Sul da Bolívia, tendo por guia Paullo Túpac. A Puna de Atacama, o frio perverso das montanhas, os dizimou e a expedição retornou.

Logo no primeiro dia, observei nas ruas e nas calçadas o burburinho de sua gente diferentemente composta e estratificada. Compreendi que Santiago estivera sempre prensada no quadrado entre corredores de cerros e montanhas que lhe ajustam as cordilheiras, uma delas a mais suntuosa. Do alto do seu cume desliza a caudal de água gélida que forma o Rio Mapucho, um canal vaginal que irriga a partir de seu ventre, com a força intermitente de sua correnteza, aparentemente inútil, garantia de vida de sua gente, descendo sempre impetuoso do Leste em direção ao Sul.

No Norte, um morro destacado do alto de sua imponência. Abrigou há centenas de anos o vulcão Polmo. Hoje, sonolento, abriga um bairro sofisticado, ao derredor do qual suas escarpas arborizadas logo acima ressaltam a geleira. São mansões em quarteirões de riscado rigoroso, com a tranquilidade de seus campos de golfe. Lá residem as famílias responsáveis pela exploração das minas de cobre, ao Norte do país, terras áridas e tórridas do deserto do Atacama. Conservam a herança cultural de irlandeses e ingleses, que se incorporaram à história mais recente da região. De outra parte, o extrato social dos que, por distinta personalidade, não se contaminam com os demais mortais: os descendentes indígenas. Nessa parte, a toponímia da cidade homenageia as batalhas e os heróis mortos, suas façanhas, dando-lhes nomes a ruas, distritos administrativos, estações do metrô, sítios e símbolos. Reverenciam a bravura de seus antepassados, que repetem de cor, guerreiros indômitos a quem devotam honrarias em praças e parques ecológicos.

Da miscigenação com espanhóis, ingleses, gregos e italianos, os chilenos incorporam deles um misto de cultura de refinamento que sobrevive, hábitos como o da pontualidade, o consumo do chá, o tráfego respeitoso ao pedestre; os jardins ao longo das ruas; a indumentária e a impetuosidade dos guerreiros indígenas, ao tempo da resistência aos invasores espanhóis; a persistência ao frio inclemente, que dizimou os colonizadores e seus cavalos durante a noite geladas; ou a habilidade das mulheres auracanas de produzir com a lã, nos teares rústicos, as piezas, mantas dos homens e os cinturones e cintas femininos, em finíssimo tecido e acabamento.

Hoje, rechaçam a presença incômoda dos vizinhos da cultura quíchua, peruanos e bolivianos, que emigram aos milhares em busca de melhores condições de vida. Em geral, um extremo de pouca escolaridade e especialização, facilmente identificados pela baixa compleição física, cabelos negros, olhos de amêndoa, reservando-lhes as tarefas de lupem urbano. Incorpora-se a discreta colônia dos descendentes de palestinos, um exército de menor qualificação profissional, não de menor importância no enduro social.

Ao caminhar pelas ruas de Santiago, trouxe-me a lembrança a sua história mais recente, a tragédia política transmitida pela emissora de Londres, em bom português sintonizado para o Brasil: a deposição e morte de Salvador Allende, o presidente. Caminhei com as minhas lembranças pelas calçadas da Praça que defronta o Palácio La Moneda; assisti ao hoje ritual da troca de sua gendarmaria, o poder militar que abafou os respiros democráticos do país. Ao lado do palácio, a fé e os mistérios da suntuosa catedral do Chile, os seus afrescos aplicados no teto da nave, os corredores sacros, as pias de água bendita, os confessionários outrora sede de recolhimento dos homens de preto, confidentes e resignatários de pecados confessos ou não, o som meditabundo que ecoa desde o piso secular ao vagão celestial dos seus mistérios.

A vida econômica do Chile gira em torno da rentabilidade econômica da exploração do minério, em especial, a de cobre, da produção pesqueira e da agro exportação de frutas do Sul. Destaca-se aí a cultura vinícola. Por fim, pela prestação de serviços, o turismo ocupa o posto destacado em lazer e negócio. Se na capital chilena a aptidão industrial passa longe, apesar do alto índice de poluição ambiental, o fluxo portuário de Valparaíso, ao Leste, comporta o vulto do empreendedorismo econômico, dirigido ao enclave econômico do Oceano Pacífico. Neste porto, no universo de ruas acidentadas e de casitas irmãs dependuradas na cordilheira do Bairro de La Sebastiana, Pablo Neruda organizou uma de suas moradas: Siento el cansancio de Santiago. Quiero hallar em Valparaíso uma casita para vivir y escribir tranquilo...No puede estar ni muy arriba ni muy abajo. Debe ser solitária, pero no incómoda...

As escolas de Santiago agasalham seus jovens. A Universidade de Chile e outras abrigam 95% aos que delas têm necessidade. São instituições públicas ou privadas. Ao aluno, ou a seus familiares, compete pactuar a reparação futura dos custos do período de aprendizado. Em Santiago o índice de analfabetos é ínfimo.

Certa noite, deitado, senti o abalo que me pareceu eterno enquanto durou. O sismo contaminou minhas referências: seja o que Deus quiser... Desprevenidos descemos todos à rua, à espera da normalidade. Santiago permaneceu impassível, pois não ocorrera um terremoto, apenas um aviso vindo das profundezas da cordilheira.

 

 

13/09/2014


O JL SOBREVIVERÁ
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor

            Notícia reconfortante, no meio desse cipoal de coisas ruins que vivenciamos nessa terra de Poty – “O Stadium JUVENAL LAMARTINE” sobreviverá ‘ad, aeternum’.
            A propósito, realçando a corajosa decisão do Desembargador Cláudio Santos, ressalto a beleza da crônica do estimado Rubens Lemos Filho, cuja infância exilada não lhe tirou a herança lírica do velho Rubão, dando as cores da alegria à história pungente daquela velha praça de esportes do Tirol, de uma só catraca.
            De repente, a pena suave de Rubinho, traça para o presente o perfil daqueles vibrantes craques das grandes pelejas das tardes de sol de Natal ou das noites mal iluminadas do antigo campinho, cujos nomes não ouso registrar, para não ser traído pelas já decadentes ‘prateleiras da memória’, como costumava dizer o inesquecível João Machado, embora possa nomear os meus ídolos: Jorginho, Wallace (meu primo) e Alberi, sem esquecer os emblemáticos Sansão e Pernambuco e também Perequeté, com a sua toquinha no cabelo.
            Estou, também, nesse time que aplaude com convicção ortodoxa a preservação daquele patrimônio sentimental de várias gerações, que recebeu a visita dos imortais Pelé e Garrincha.
            Fiz fileira com os torcedores que ao findar dos jogos retornavam pela Jundiaí, discutindo sapiência da tática futebolística, aproveitando a brisa canalizada pelas frondosas árvores que acompanhavam toda a extensão daquela avenida, entrelaçadas como uma cobertura ecológica,  até desembarcar no Grande Ponto e de lá cada um tomar o seu rumo.
            Por mais que me esforce, não terei o brilho de Rubinho, cuja coluna ‘Passe Livre’ deve ser lida na íntegra, para o deleite de uma crônica genial desse jornalista que conheci nos primeiros passos da profissão e, por tabela do seu pai, coloquei na minha lista de pessoas admiráveis.

            O JL teve melhor sorte que o sempre lembrado Castelão (Machadão), pelo que só me resta parabenizar o Desembargador Cláudio, pelo desprendimento e a Rubens Lemos Filho, pela doçura da palavra escrita.

A ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE – ALEJURN, realizou ontem, no período de 8 às 16 horas, ELEIÇÕES PARA A COMPOSIÇÃO DA SUA DIRETORIA E CONSELHO FISCAL PARA O BIÊNIO 2014-2016.
O pleito foi conduzido pela Comissão Eleitoral composta dos seguintes acadêmicos: Francisco de Assis Câmara, Presidente e Carlos Roberto de Miranda Gomes e Odúlio Botelho Medeiros, Membros, que estiveram na sessão durante todo o tempo de sua duração.
Terminada a fase de votação ocorreram a apuração e posse imediata dos eleitos, com a seguinte composição: 
DIRETORIA
Presidente: JOSÉ ADALBERTO TARGINO ARAÚJO, 
Vice-Presidente: ZÉLIA MADRUGA, 
Secretário Geral: LÚCIO TEIXEIRA DOS SANTOS; 
Secretário Geral Adjunto: ARTHUNIO DA SILVA MAUX; 
Tesoureiro: JOSÉ DANIEL DINIZ.  
CONSELHO FISCAL: Três (03) Membros: 
JOSONIEL FONSECA DA SILVA, 
LUIZ ANTÔNIO MARINHO e 
FRANCISCO DE SALES MATOS.

PARABÉNS AOS NOVOS DIRIGENTES.
O comparecimento registrou 23 (vinte e três) votos, de um total de 37 eleitores. Portanto, alcançando a maioria absoluta. 

Na ocasião foi feita a entrega de plaquete com um pouco da história e legislação básica da Academia, inclusive com o endereço dos seus componentes.

12/09/2014

ELEIÇÃO  H O J E
ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE - ALEJURN
ELEIÇÃO PARA A DIRETORIA E CONSELHO FISCAL
COMUNICAÇÃO DA ÚNICA CHAPA INSCRITA
A COMISSÃO ELEITORAL designada pela Portaria n° 01/2014-P, de 10 de julho de 2014, da Presidente, em exercício, da Instituição, COMUNICA aos interessados, para os fins de direito, que foi deferido o pedido de inscrição da chapa única “UNIÃO PELA CULTURA JURÍDICA” para os cargos da ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE – ALEJURN – biênio 2014-2016, cujo pleito ocorrerá no dia 12 de setembro de 2014, em sua sede provisória sita à Avenida Afonso Pena, 1155, 2° andar – Tirol – Natal/RN (dependências da Procuradoria Geral do Estado do RN), no horário das 8 às 16 horas, para o preenchimento dos diversos cargos da Diretoria e do Conselho Fiscal, composta dos seguintes Acadêmicos pretendentes, registrados para concorrerem aos seguintes cargos: DIRETORIA: Presidente: JOSÉ ADALBERTO TARGINO ARAÚJO, Vice-Presidente: ZÉLIA MADRUGA, Secretário Geral: LÚCIO TEIXEIRA DOS SANTOS; Secretário Geral Adjunto: ARTHÚNIO DA SILVA MAUX; Tesoureiro: JOSÉ DANIEL DINIZ. CONSELHO FISCAL: Três (03) Membros: JOSONIEL FONSECA DA SILVA, LUIZ ANTÔNIO MARINHO e FRANCISCO DED SALES MATOS.
 O edital com as normas editalícias completas está afixado na sede provisória da Instituição, no início indicada.
Natal/RN, 03 de setembro de 2014
A Comissão Eleitoral  
FRANCISCO DE ASSIS CÂMARA
Presidente
 
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
Membro
 
ODÚLIO BOTELHO MEDEIROS
Membro