08/09/2014

Jaeci E. Galvão

O ontem do meu tempo no Grande Ponto 
Odilon de Amorim Garcia

Desde o tempo em que eu comecei a tomar conhecimento das coisas da vida que o ponto nevrálgico de Natal foi o Grande Ponto.
O Grande Ponto era uma encruzilhada situada entre a Avenida Rio Branco e a Rua Pedro Soares que, depois da Revolução de 30, mudou o nome para Rua João Pessoa. Em cada esquina desta encruzilhada, existia uma edificação marcante. De um lado, ficava o “Café Avenida”, de Seu Andrade, local de encontros, de pequenos lanches, e onde se tomava um bom caldo de cana, e a casa residencial da viúva Dona Sinhá Freire. Do outro, o mais antigo e tradicional clube social da cidade, “O Natal Clube”, e a casa residencial do Dr. Alberto Roselli. Em frente ao “Café Avenida” e a casa “das Freire”, se reuniam os mais heterogêneos grupos de “habituês” para uma tradicional conversa de fim de tarde. Eram comerciantes, profissionais liberais, desembargadores, professores, etc...
Por esta encruzilhada, passavam todas as linhas de bonde da cidade, único transporte coletivo existente na época. A linha do Alecrim, que subia a ladeira da Avenida Rio Branco em direção à 
Ribeira, retornando pela Praça João Maria e voltando ao Alecrim. Havia também a linha Circular, que descia a Rio Branco no sentido da Ribeira, voltando pela Praça João Maria, e retornando à Ribeira. Na esquina, defronte ao “Café Avenida”, depois “Café Grande Ponto”, era o ponto inicial das linhas dos bondes para os bairros de Petrópolis e Tirol, que se localizava, exatamente, junto à calçada de um prédio que na parte térrea tinha uma confeitaria de propriedade de um Sr. Guerra, e na parte superior, o consultório do Dr. Onofre Lopes. Estas duas linhas seguiam pela rua João Pessoa até a esquina da praça Pedro Velho, quando, então, se bifurcavam, tomando cada uma a direção do seu respectivo bairro. Os bondes de Petrópolis se caracterizavam por uma luz verde, de cada lado do nome do bairro, e os do Tirol, por uma luz vermelha. Era somente para esses quatro bairros que existia condução.
Hoje, procurando recordar alguns momentos memoráveis daquele local tão vivenciado por muitos companheiros da juventude, fazemos uma viagem no tempo, um evocar melancólico dos dias idos. Nunca se deve mexer em coisa antiga, mas, às vezes, é bom trazer de volta um passado que alegrou a nossa mocidade.
No Grande Ponto, vivenciei muitos fatos e momentos interessantes da minha vida, nesta nossa belíssima cidade de Natal.
Quando da Revolução de 30, houve um movimento da mocidade estudiosa, que pensava em transformar o mundo, liderado pelos alunos do Atheneu, que arregimentou alunos dos vários Colégios da cidade para uma passeata pelas ruas, como um protesto pelo assassinato do presidente João Pessoa (os governadores de Estado eram chamados de presidente), um dos líderes revolucionários. Nesta época, eu tinha uns 10 anos e estudava no Colégio Santo Antônio, dos Irmãos Maristas, que funcionava ainda na Rua Santo Antônio, junto à igreja, que também era incluída como estrutura do colégio. Todos nós, do colégio, fomos arrastados com o restante dos estudantes dos vários estabelecimentos, Atheneu, Marista, Colégio Pedro II (do memorável professor Severino Bezerra) e de alguns grupos escolares, pelas principais ruas da cidade, num sonho utópico de contestação de liberdade e de conquista do poder, terminando em pleno Grande Ponto, cantando, ajoelhados, o hino que tinham composto em homenagem a João Pessoa:

João Pessoa, João Pessoa,
Bravo filho do sertão
O teu vulto varonil
Faz vibrar o coração do Brasil
Tua glória espera um dia
A tua ressurreição.
Os anos se passaram, e, um dia, volto eu de Recife, formado em Odontologia, e depois de uns anos com consultório na Ribeira, verifiquei que o progresso da cidade estava se desenvolvendo na Cidade Alta. Imediatamente, abandonei o Edifício Aureliano e me mudei para a Cidade. Montei, então, meu consultório na Rua João Pessoa, no “Edifício Rian”, que foi construído pelo comerciante Amaro Mesquita, junto ao antigo “Café Avenida”, agora já com o nome de Grande Ponto. O nome “Rian”, dado ao edifício, significava o contrário a Nair, esposa de Amaro Mesquita.
Eram meus companheiros, com consultório no Edifício, as grandes e saudosas figuras humanas do meu colega e amigo Sílvio Tavares, uma ausência marcante, e o médico Dr. João Tinoco Filho.
Na parte térrea do Edifício, funcionava a “Confeitaria Cisne”, de Múcio e Rossine Miranda, cujo garçom era o antológico José Américo, que chegou a ser candidato à Câmara Municipal.
A “Confeitaria Cisne” era o local preferido pelos amantes de um bom e necessário drinque, para acalmar os espíritos. Ali, se reunia a nata da boemia natalense e de todos aqueles que, homens de espírito, sentiam a alegria de uma conversa, mesmo sem a necessidade de uma cerveja ou uma dose de uísque. Existia tempo para todas as conversas do mundo dos nossos horizontes, naquela época, inatingíveis. Era um tempo sem angústia, sem medo e, principalmente, sem pressa.
O comércio da cidade fechava geralmente às 17 horas e, logo depois, começavam a se formar as diversas rodas para o bate-papo até o horário do jantar, e restabelecido por volta das 19:30 até às 21:00 horas. Nesta hora, se dizia na época, “se soltavam as feras”. Era a hora que todos tinham que deixar as suas namoradas, retornando ao Grande Ponto.
Passei a conviver, diariamente, com a intensa movimentação do Grande Ponto. Só trabalhava até às 17 horas, pois neste horário começavam a chegar os freqüentadores assíduos, amigos e 
conhecidos, para as conversas e as novidades do dia. Havia tempo para tudo. Principalmente o encantamento por uma cidade e os delírios de uma mocidade cheia de sonhos, que se tornava grande aos nossos olhos. Estavam sempre presentes as figuras mais
expressivas de uma geração: Armando Fagundes, Rossine Azevedo, Rômulo da Fonseca Miranda (Rômulo Minha Gata), Genar Wanderley, Alvamar Furtado de Mendonça, Humberto Nesi, Protásio Mello, Luiz Tavares, Carlos Bengne, João Cláudio Machado, Zé Herôncio, Djalma Maranhão, João Alfredo Pegado Cortez (o conde de Miramontes), Luiz Maia, Alínio Azevedo, Marito Lira, Dácio Azevedo, Ernani Lyra, Veríssimo de Mello, Ebenezer Fernandes, Paulo Pires, Paulo Lira, Alberto Moura, Osman Capistrano, Lauro Bacelar, e alguns de uma nova geração, como José Alexandre, meu irmão, Jahir Navarro e outros.
Outro grupo, composto por figuras mais ilustres e com mais idade, discutiam problemas mais complexos. Gonzaga Galvão, Edgar Barbosa, Antônio Soares Filho, Otto de Brito Guerra, Alfredo Lira, e outros que a memória começa a falhar...
Um grupo de notívagos, comandado por João Cláudio Machado e Djalma Maranhão, varava a madrugada em intermináveis conversas, grupo que era conhecido como os freqüentadores da ”Universidade do Grande Ponto”.
Infelizmente, a grande maioria destes personagens já empreendeu a grande viagem, mas continuam presentes nas estórias que costumam resgatar a nossa memória.
Existiam grupos para conversas de todos os assuntos: futebol, política, religião, até de safadeza.
Também um pequeno grupo, formado pelos “artistas”, rapazes de uma geração bem mais nova, que se preocupavam em se vestir na última moda e sempre com o cabelo muito bem penteado. Eles chegavam ao cúmulo de ensaboar os cabelos e ir para a Praia do Meio, para que o sol endurecesse o seu ondulado.
Deste grupo, recordo-me de Mozart Romano, Milson Dantas, José Garcia da Câmara, Wellington Muniz, Wilton Pinheiro, Milton Fernandes, Mozart Silva. Existia um outro elemento, que era filho de Seu Andrade, dono do “Café Avenida”, mais que não me lembro do seu nome. Ele era chegado a uma briga e uns amores perigosos.

O Grande Ponto era divertido. Apareciam figuras de todos os tipos. Havia esmoler impertinente, como Maria Mula Manca, personagem que, andando de muletas, percorria, incessantemente, todo aquele quarteirão, atazanando e insultando todo mundo. Na época da
política, então, se revelavam figuras excepcionais, como Capote Molhado, candidato eterno e avulso em todas as eleições, que fazia discursos homéricos, em cima de uma cadeira, sempre na calçada da Sorveteria e Restaurante Cruzeiro, e era efusivamente aplaudido pelo público gozador.
Os carnavais, que se realizavam até então na Ribeira, na Av. Tavares de Lyra, na época de 40, passou para a Cidade Alta, realizando o seu corso num grande circuito, indo pela Av. Rio Branco, Ulisses Caldas, Av. Deodoro e rua João Pessoa.
Este fato tornava o Grande Ponto um dos locais mais animados da cidade, pela convergência dos vários bares existentes: “Confeitaria Cisne”, “Casa Vesúvio” (de Maiorana), “Sorveteria e Restaurante Cruzeiro”, “O Natal Clube”, o Restaurante de Seu Gaspar, a Sede do Santa Cruz Football Club, que ficava em cima da Farmácia de Cícero, esquina com a Rua Princesa Isabel, e algumas pequenas barracas que eram armadas improvisadamente.
Eu, da sacada do meu consultório, juntamente com a minha família e alguns amigos, assistíamos, de camarote, toda essa movimentação. Sílvio Tavares, com seu constante espírito brincalhão, lançava mão das bisnagas que se usava antigamente nos consultórios odontológicos, enchia-as de água e, lá de cima, molhava os foliões que passavam nos carros fazendo o corso. Os foliões, sentados nas capotas arriadas dos carros abertos, aturdidos, não sabiam de onde vinha aquele jato d’água.
Os corsos dos carnavais de antigamente eram animados, principalmente, porque os carros favoreciam que os foliões se sentassem em suas capotas, dando ensejo que se atirasse serpentina e confete de um carro para outro, unindo os carros, numa verdadeira brincadeira carnavalesca. As luxuosas e variadas fantasias usadas pelos foliões embelezavam de uma maneira destacada o carnaval. Eram os Pierrôs, as Colombinas, os Palhaços, Chinesas, Japonesas, Índias, Marinheiros, Bailarinas, Ciganas, e uma infinidade de outras fantasias, algumas até com aspectos exóticos.

Curioso no carnaval eram as pessoas que apareciam, inesperadamente, se lançando em plena folia, a exemplo do comerciante Júlio Cézar de Andrade, um homem sóbrio, austero, ponderado, mas, às vezes, de respostas implacáveis quando se
sentia insultado. Pois não é que Júlio, pai do meu amigo Dalton, num carnaval, montou o bloco da ”Manteiga Garça” (produto que ele representava), e saiu no corso, fantasiado, tentando apresentar ares carnavalescos, em cima de um caminhão, cuja ornamentação era uma enorme lata da tal manteiga, e ainda com a animação de uma orquestra de cordas, dirigida por Augusto Dourado no pandeiro?
Existiam, também, figuras que, isoladamente, pela sua irreverência, extrapolavam alegria. Era o sempre extrovertido e brincalhão Zé Herôncio, que vestido de mulher, tendo na mão um pinico cheio de salsicha, ostensivamente, com caretas como de nojo, fazia que comia o verdadeiro conteúdo que geralmente existe num pinico. E Yoyô Barros, um senhor já com certa idade, que, tocando um reco-reco, era acompanhado, espontaneamente, por um grande grupo de pessoas, cantando, insistentemente, uma canção onomatopéica: “Olha o cão, olha o cão, olha o cão do Jaraguá”.
A animação do carnaval daquele tempo deu ensejo a que as gerações seguintes seguissem a tradição dos blocos daquela época, como o “Aí Vem a Marinha” e criassem alguns outros blocos com a mesma tendência carnavalesca. Os “Kafajestes”, “Jardim da Infância”, “Puxa-saco”, “Bakulejo”, “Saca-Rolha”, “Elite”, “Ressaca” foram os blocos representativos de uma rapaziada da classe mais abastada, que faziam o corso em carros alegóricos, e costumavam, tradicionalmente, “assaltar” as casas residenciais antecipando o período momesco. Este costume dos anos 50 e 60 de assaltar uma casa, significava uma visita do bloco a uma residência, de comum acordo com o seu dono, e eram regados de muita bebida e tira-gostos, confetes e serpentinas.
E, logo depois, o tradicional local do corso mudou-se para a avenida Deodoro.
O Grande Ponto sempre foi palco de grandes acontecimentos. Durante a II Grande Guerra, começou a funcionar o “Serviço de Alto Falante”, de Luiz Romão, cujas caixas de som eram fixadas em um 
poste, exatamente na esquina da João Pessoa com a avenida Rio Branco, defronte ao “Café Grande Ponto”. Todos os dias, às 19 horas, o Serviço transmitia músicas, e, às 21 horas, re-transmitia o noticiário da BBC de Londres. Os freqüentadores do Grande Ponto se deslocavam para aquela esquina para ouvir as últimas notícias sobre a guerra.
Outro acontecimento da época foi o “blackout”. Durante a guerra, por um grande período, as luzes das ruas eram apagadas, ficando a cidade quase totalmente às escuras. Somente as residências tinham o direito de manter alguma luz acesa, mas com todas as vidraças cobertas com papel escuro para não passar luz.
Assim mesmo, as reuniões do Grande Ponto continuavam concorridas. Ficávamos todos conversando na penumbra, olhando, embevecidos e apreensivos, os holofotes que cruzavam o céu na busca dos aviões da esquadrilha alemã, que diziam vir bombardear Natal, por ser o ponto mais próximo de Dakar, no continente africano, onde os alemães já estavam quase dominando.
O vestuário usado tradicionalmente por toda a população da cidade era paletó e gravata, e alguns usavam chapéu, como eu, que procurava esconder a minha precoce careca. Podia ser sábado, domingo ou dia da semana, era esta a maneira de vestir. Mesmo durante o “blackout”.
Humberto Nesi não foi sempre aquela figura sisuda, circunspeta, introspectiva, como quando foi durante quase toda sua vida como Inspetor Seccional da Receita Federal. Humberto era um gozador, gostava de fazer umas estripulias, um verdadeiro “moleque”, na expressão brincalhona da palavra. Morava numa casa, ainda com seus pais, no segundo quarteirão da João Pessoa, bem perto de onde nos reuníamos. Numa noite de “blackout”, quando estávamos todos reunidos, conversando, esperando o noticiário da BBC, inesperadamente, chega Humberto, vestido somente de pijama e com chinelos. Foi um verdadeiro escândalo.
Havia casas de comércio que marcaram época, como “O Café Maia”, de Chico Azevedo, que era dirigido pelo seu filho Rossine Azevedo, nosso grande amigo. O “Café Maia”, que se especializava em moer café, era um ponto permanente de encontros do nosso grupo de amigos. Tinha a Fotografia de Namorado, fotógrafo da elite da cidade. A “Confeitaria Vesúvio” também era destaque, não 
só por duas mesas que existiam por trás de um grande armário cheio de bebidas, e era assiduamente freqüentada por alguns fregueses, como Joaquim Luz, Otto Júlio Marinho, Paulo Pires e outros, e sempre servidos pelo próprio proprietário, Francisco Maiorana, mas também pela presença do seu filho, Rômulo Maiorama, um rapaz metido a “dândi”, muito apreciado pelas mocinhas casadoiras. Anos depois, Rômulo foi para Belém do Pará,
tornando-se um homem rico, até dono de jornal. Infelizmente, desapareceu muito cedo.
Ainda hoje permanece, no chamado pé de escada do consultório do Dr. Onofre, um senhor desta época, com mais de 80 anos, que tem o ofício de gravador. O senhor, religiosamente, pode ser encontrado neste local, todos os dias, das 8 às 18 horas, gravando medalhas, placas de metal, relógios, etc.
Assim era o Grande Ponto.
Velhos tempos. Quanta coisa a ser lembrada e relembrada num mergulho que, quase sem querer, damos no passado das nossas memórias. Quanta saudade desses dias, que, infelizmente, é inteiramente impossível, no tempo e no espaço, voltar atrás.

07/09/2014


Independência Do Brasil - Resumo

Resumo Da Independências Do Brasil, Fatos, Causas, Processo

Grito da Independência às margens do Ipiranga
Grito da Independência às margens do Ipiranga
História da Independência do Brasil

A Independência do Brasil ocorreu em 7 de setembro de 1822. A partir desta data o Brasil deixou de ser uma colônia de Portugal. A proclamação foi feita por D. Pedro I as margens do riacho do Ipiranga em São Paulo.

Causas:

- Vontade de grande parte da elite política brasileira em conquistar a autonomia política;

- Desgaste do sistema de controle econômico, com restrições e altos impostos, exercido pela Coroa Portuguesa no Brasil;

- Tentativa da Coroa Portuguesa em recolonizar o Brasil.

Dia do Fico

- D. Pedro não acatou as determinações feitas pela Coroa Portuguesa que exigia seu retorno para Portugal. Em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro negou ao chamado e afirmou que ficaria no Brasil.

Medidas pré independência:

Logo após o Dia do Fico, D. Pedro I tomou várias medidas com o objetivo de preparar o país para o processo de independência:

- Organização a Marinha de Guerra

- Convocou uma Assembleia Constituinte;

- Determinou o retornou das tropas portuguesas;

- Exigiu que todas as medidas tomadas pela Coroa Portuguesa deveriam, antes de entrar em vigor no Brasil, ter a aprovação de D. Pedro.

- Visitou São Paulo e Minas Gerais para acalmar os ânimos, principalmente entre a população, que estavam exaltados em várias regiões.

A Proclamação da Independência

Ao viajar de Santos para São Paulo, D. Pedro recebeu uma carta da Coroa Portuguesa que exigia seu retorno imediato para Portugal e anulava a Constituinte. Diante desta situação, D. Pedro deu seu famoso grito, as margens do riacho Ipiranga: “Independência ou Morte!”

Pós Independência

- D. Pedro I foi coroado imperador do Brasil em dezembro de 1822;

- Portugal reconheceu a independência, exigindo uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas;

- Em algumas regiões do Brasil, principalmente no Nordeste, ocorreram revoltas, comandadas por portugueses, contrárias à independência do Brasil. Estas manifestações foram duramente reprimidas pelas tropas imperiais.

Fonte:

06/09/2014


NECO - MEU VIOLONISTA, MEU AMIGO

Odúlio Botelhodo IHGRN/ALEJURN/INRG

Revendo a crônica que escrevi em homenagem   póstuma ao grande Neco do Violão, no dia de sua partida, há oito anos, reafirmo que ele foi uma das melhores pessoas que conheci.*


Se o grande Rafael Rabelo foi o monumental violonista das décadas de 1980/1990, tendo orquestrado e acompanhado no seu violão de ouro os deuses da mpb, a exemplo de Nelson Gonçalves, Sílvio Caldas, Orlando Silva, Altemar Dutra, Gal Costa, Paulinho da Viola, Claudionor Germano, Maria Betânia, Caetano Veloso, Chico Buarque, Alceu Valença, Ney Matogrosso, enfim, todos os astros do cancioneiro popular (tendo produzido inclusive o excelente CD "Mestre Capiba" - BMG-Brasil), o grande Neco do Violão, nascido e sepultado no vale do Ceará-Mirim foi o meu violonista predileto, desde 1952, nos tempos da Rádio Poti de Natal e, de lá até o dia 23 de Setembro/2006, não mais o larguei. Apenas quando Neco passou a residir no Recife, por duas décadas, a nossa parceria musical deixou de existir formalmente, porque no campo espiritual sempre estivemos unidos.

É verdade que parei de cantar por algum período. Imposições da vida. Entretanto, com o retorno de Neco a Natal nos reencontramos e, como não poderia deixar de ser, cultivamos uma amizade muito mais madura do que nos tempos da juventude. Neco, em tempos idos, fez parte do conjunto musical Vocalistas Potiguares, que marcou época na musicalidade natalense, ao lado dos irmãos Sebastião e Roldão Botelho, Walter Canuto e tantos outros, sendo esse um grupo musical que nada devia aos grandes conjuntos brasileiros, entre os quais: Anjos do Inferno, Demônios da Garoa, etc...

Bem, estando devidamente apresentado aos leitores o meu inesquecível amigo Manoel Guedes de Araújo, que veio a este mundo pelas carícias de Dona Corina e de Seu Araújo no ano de 1931, ascendeu para a glória da eternidade em 23 de setembro último, uma vez que "há tempo de nascer e tempo de morrer", conforme o ensinamento do Eclesiastes: 3:8, embora tenha nos deixado repletos de saudades sim, mas de tristeza não.

Há um detalhe peculiar ao seu falecimento que precisa ser levado ao domínio público. Neco partiu para o outro plano em paz com Deus e nos braços de seus amigos. Comemorava-se, naquela ocasião, o aniversário de uma pessoa muito especial - Fátima Guedes. Tocou o seu violão durante uma tarde inteira, com o solo magistral do tecladista Sílvio Caldas. Estava feliz e exultante no convívio dos seus fãs.

Nesse ambiente festivo entendeu que deveria partir para o universo celestial, decisão que se amoldou ao que sempre praticou durante a vida: com serenidade, discrição, simplicidade, indulgência, paciência, amor, lealdade e paz. Faleceu nos braços dos seus amigos prediletos - Zé Petit, José Perci, Sílvio Caldas (o juiz) Rubinho Botelho, Assis Câmara, Walquíria de Assis, Arthunio Maux, Beto (filho de Evaniel), Carlos Alberto Galvão de Campos e Odete, enfim, de todos aqueles que no dia festivo do aniversário de Fátima estavam delirantes com os seus acordes maravilhosamente sonoros. Parece que o grande momento estava preparado. Aqui na terra, comemorava-se a alegria da vida, inclusive com a presença lírica do poeta e escritor Nei Leandro de Castro.

No Céu, Deus certamente o estava esperando para consagrá-lo na sua grandiosa benignidade. Resta, agora, agradecer ao Onipotente por ter convivido com você, estimado Neco, o que foi inegavelmente uma dádiva. Mas, é oportuno indagar com muita saudade: quem irá acompanhar-me quando eu for cantar Violões em Funeral?

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*Crônica escrita em 23 de set. 2006 e publicada a pedidos.

05/09/2014

LIVROS




Marcelo Alves

Marcelo Alves


Minhas livrarias em Paris (II)

Como prometido semana passada em “Minhas livrarias em Paris (I)”, faremos, em busca de mais livrarias, uma caminhada pelo Boulevard Saint-Germain, sentido leste, em direção ao Quartier Latin. Não será uma longa jornada. O bairro de Saint-Germain-des-Prés e o Quartier Latin são vizinhos. Quase se misturam tanto física como espiritualmente.

É verdade - pelo menos para mim - que Saint-Germain-des-Prés é um bairro mais “requintado” que o Quartier Latin. Historicamente o bairro da “Universidade” (falo aqui da Sorbonne, hoje formalmente chamada de “Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne”), portanto muito frequentado por estudantes, o Quartier Latin é mais popular e relaxado se comparado com o seu vizinho. De toda sorte, sendo o bairro da Sorbonne e dos estudantes, é o paraíso em Paris para os amantes de livrarias.

No Quartier Latin, mais precisamente no conhecidíssimo Boulevard Saint-Michel, estão as duas maiores (segundo o meu conhecimento, pelo menos) e melhores livrarias de Paris.

A primeira delas é Gibert Joseph, que ocupa os números 26-34 do referido Boulevard Saint-Michel (se tomar o metrô, sugiro descer na estação Cluny - La Sorbonne ou, embora seja um pouco mais distante, na estação Saint-Michel). A Gibert Joseph é gigantesca. Vários andares, no estilo das grandes livrarias americanas (tipo a Barnes & Noble) e inglesas (como a Waterstones). Tem de tudo. Livros novos. Livros em promoção. Livros seminovos em promoção maior ainda. Para um cidadão como eu, acusado de ser amarrado (injustamente, pois sou apenas econômico), é uma “meca” para aquisição de livros. Ainda recordo os livros sobre “direito e literatura” que ali comprei em abril passado. Todos novinhos, baratíssimos, por menos da metade do preço de tabela.

Se for à Gibert Joseph, desde já vai uma dica: não deixe de visitar o “Musée de Cluny” (cujo nome oficial hoje é “Musée National du Moyen Age - Thermes de Cluny”). Está basicamente em frente à livraria. Trata-se de um museu construído sobre ruínas galo-romanas (que foram adquiridas, em 1330, pelo abade do Mosteiro de Cluny, derivando daí o seu nome), com uma das mais fantásticas coleções de arte medieval do planeta. Ali estão esculturas, entalhes em madeira, trabalhos em metal, joias e, sobretudo, belíssimas tapeçarias, como, por exemplo, o famosíssimo conjunto “A senhora e o Unicórnio”.

Por ali também fica, mais precisamente ao derredor da Place Saint-Michel (recomendo descer na estação de metrô Saint-Michel), outra gigantesca livraria: a Gibert Jeune. Acho que os acervos dessas duas “rivais”, a Gibert Joseph e a Gibert Jeune, se equivalem, tanto em quantidade como em qualidade. Mas a organização da Gibert Jeune é diferente. Ela é distribuída em prédios menores (se comparado com o único prédio da Gibert Joseph), todos, em um total de oito, situados, como já disse, no entorno da Place Saint-Michel. Os livros de direito, por exemplo, ficam no número 6 Place Saint-Michel. Se você está interessado em um gênero específico de livros, até facilita o trabalho de garimpagem.

Indo à Gibert Jeune, sugiro, lá para as tantas, dar uma pausa na garimpagem de livros e, partindo da Place Saint-Michel, emburacar na pequenina Rue da La Huchette e vizinhança. Ruas animadíssimas, cheias de bares e restaurantes. Gente jovem e bonita. Ali você pode comer bem e tomar uma ou todas, a depender do seu humor e dos seus compromissos no dia seguinte.

Da Rue da La Huchette é um pulo para a mais famosa livraria do Quartier Latin, a pequena, desorganizada, mas aconchegante, Shakespeare & Company, especializada em livros em inglês. Ela fica no número 37 da Rue de la Bûcherie (estações Saint-Michel ou Cluny - La Sorbonne). Tudo bem pertinho. Caminhando, você não se perderá, a não ser que tenha tomado muito - mas muito mesmo - vinho.

Embora os desavisados não saibam, essa é a “segunda” Shakespeare & Company de Paris, ali aberta por George Whitman (1913-2011) em 1951. A primeira, fundada por Sylvia Beach (1887-1962) em 1919, talvez ainda mais famosa - frequentada por Ford Madox Ford (1873-1939), Gertrude Stein (1874-1946), James Joyce (1882-1941), Erza Pound (1885-1972), Scott Fitzgerald (1896-1940), Ernest Hemingway (1899-1961) e muitos outros expatriados bons de pena -, ficava em outro local da cidade. A velha Shakespeare & Company fechou as portas com a 2ª Guerra Mundial, em 1940, e nunca mais reabriu. Então, não perca a oportunidade de ir à nova. Até porque, mesmo que você ache sem sentido comprar livros em inglês em Paris, da calçada da nova Shakespeare & Company, outrora frequentada pelos poetas da geração “Beat”, você terá uma belíssima vista da fachada sul da Catedral de Notre-Dame, sobre a qual falaremos na semana que vem.

Por fim, antes que alguém me pergunte - “e onde estão as livrarias jurídicas? Não se falará delas nesse lero-lero todo?”, respondo: falaremos, sim, na próxima semana, quando passearmos pelas imediações do Panthéon e da Sorbonne e, em seguida, dermos um pulo rápido na Ilé de la Cité.

Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP

04/09/2014

ELEIÇÕES NA ALEJURN

ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE - ALEJURN
ELEIÇÃO PARA A DIRETORIA E CONSELHO FISCAL
COMUNICAÇÃO DA ÚNICA CHAPA INSCRITA
A COMISSÃO ELEITORAL designada pela Portaria n° 01/2014-P, de 10 de julho de 2014, da Presidente, em exercício, da Instituição, COMUNICA aos interessados, para os fins de direito, que foi deferido o pedido de inscrição da chapa única “UNIÃO PELA CULTURA JURÍDICA” para os cargos da ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE – ALEJURN – biênio 2014-2016, cujo pleito ocorrerá no dia 12 de setembro de 2014, em sua sede provisória sita à Avenida Afonso Pena, 1155, 2° andar – Tirol – Natal/RN (dependências da Procuradoria Geral do Estado do RN), no horário das 8 às 16 horas, para o preenchimento dos diversos cargos da Diretoria e do Conselho Fiscal, composta dos seguintes Acadêmicos pretendentes, registrados para concorrerem aos seguintes cargos: DIRETORIA: Presidente: JOSÉ ADALBERTO TARGINO ARAÚJO, Vice-Presidente: ZÉLIA MADRUGA, Secretário Geral: LÚCIO TEIXEIRA DOS SANTOS; Secretário Geral Adjunto: ARTHÚNIO DA SILVA MAUX; Tesoureiro: JOSÉ DANIEL DINIZ. CONSELHO FISCAL: Três (03) Membros: JOSONIEL FONSECA DA SILVA, LUIZ ANTÔNIO MARINHO e FRANCISCO DED SALES MATOS.
 O edital com as normas editalícias completas está afixado na sede provisória da Instituição, no início indicada.
Natal/RN, 03 de setembro de 2014
A Comissão Eleitoral  
FRANCISCO DE ASSIS CÂMARA
Presidente
 
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
Membro
 
ODÚLIO BOTELHO MEDEIROS
Membro

GEORGE VERAS

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H O J E em Mossoró

Joaquim Alves Martins e o rapto de D. Joanna Lins

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
 
Em 1871, quando seu pai foi assassinado, em Rosário, distrito de Assú, Joaquim Alves Martins tinha apenas 11 anos, e sendo já órfão de mãe, foi criado, em Cacimbas do Vianna, pelo seu tio e tutor, Manoel José Martins, e a sua esposa Prudência Maria Teixeira.
No ano de 1876 fez petição dirigida ao Juiz de Órfãos, nos seguintes termos: diz Joaquim Alves Martins, deste termo do Assú, órfão púbere, filho legítimo dos finados José Alves Martins e Dona Francisca Martins de Oliveira, que estando contratado para casar-se com D. Joanna Lins Teixeira de Sousa, e achando-se esta raptada e depositada pelo suplicante em casa do Dr. Ignácio Dias de Lacerda, sendo pessoa de sua igualha, e tendo já o suplicante obtido licença de seu tutor para casar-se com ela, vem impetrar de V. S. a graça de confirmar essa licença dando a sua autorização para o consórcio do suplicante, ouvido o seu tutor e o respectivo Curador Geral dos Órfãos: nestes termos pede  a V. S. lhe defira. Joaquim Alves Martins.
Foram ouvidos, então, o Curador de Órfãos e o tio tutor, que se manifestaram conforme transcrição abaixo.
É de justiça que a petição retro seja favoravelmente deferida, porquanto, além do alegado em relação ao tutor e iguala de que fala o suplicante, para mim tem todo peso de razão, o achar-se raptada a moça e depositada na casa, em que está. Cidade do Assú, 28 de abril de 1876, o Curador Geral dos Órfãos, João Francisco Barbalho Bezerra.
Em reverência do respeitável despacho de V. S. tenho a dizer que é verdade que dei licença de que trata a petição retro, para realizar-se o competente casamento, visto ser o meu sobrinho e tutelado igual a moça e também por que a raptou, depositando-a em casa de pessoa distinta do lugar. Fazenda das Cacimbas, 3 de maio de 1876, o Tutor Manoel José Martins.
Posteriormente, Joaquim Alves Martins dá recibo dos bens que recebeu, apto que estava por conta do casamento, nos seguintes termos: recebi do meu tio tutor, o Snr. Manoel José Martins, meus bens e trastes que tive de herança de meus pais e paguei a ele o alcance de 49.514 réis das contas que prestou em juízo em 7 de março de 1876, assim como recebi meus rendimentos desta data em diante, quando tomei conta de tudo que me pertencia por me ter casado com dezessete anos de idade, e com licença do juiz e do meu tutor, e por estarem recebidos passo este que me assino, Fazenda das Cacimbas, 11 de julho de 1876. Joaquim Alves Martins.
Nos meus registros encontro os batismos, somente, de dois filhos de Joaquim e Joana, ambos de nome Manoel, talvez em homenagem ao tio. Devem ter falecido, pois não aparecem na relação dos herdeiros, quando da morte de D. Joana, como podemos ver adiante. Observe como ficou modificado o nome dela.
Em 1922, dez anos após o falecimento de sua esposa, apresenta o seguinte requerimento: Diz Joaquim Alves Martins, que tendo falecido sua mulher Joanna Teixeira Martins, no dia 9 de abril de 1912, no Sítio Água Branca, deste distrito, onde moravam, sem testamento, deixando herdeiros menores e maiores, quer o suplicante, como meeiro inventariante, cabeça de casal, dar a inventário os bens existentes no monte do casal, e assim requer a V. S. que se digne marcar dia e hora para se proceder ao mesmo inventário, no Sítio Água Branca supracitado, em casa de sua residência, com ciência do doutor Curador Geral de Órfãos. Assú, 11 de novembro de 1922, Joaquim Alves Martins.
No título de herdeiros, foram listadas as seguintes pessoas; o viúvo, Joaquim Alves Martins, inventariante, cabeça de casal; Maria Alves da Câmara, casada, não constando com quem, 42 anos de idade; Rita Alves Martins, já falecida depois da inventariada, solteira; Amélia Alves Martins, já falecida, representada por seus filhos menores, José, Joaquim e Sabina.
Manoel José Martins, tutor e tio de Joaquim Alves Martins, casou com Prudência Maria Teixeira, na Fazenda Cacimbas do Vianna, no dia 28 de novembro de 1850, tendo como testemunhas, o major José Martins Ferreira, seu pai, e João Gomes Carneiro e Mello, de São Gonçalo, mas casado com Anna Joaquina Teixeira de Sousa, de Angicos, e criador na dita Fazenda. Essa Prudência, pode ser a filha de Francisco Antonio Teixeira de Sousa e Marianna Lopes Viegas, que pelo inventário da mãe, tinha 6 anos em 1839. Sendo verdadeiro, ela seria irmã de João Lins Teixeira de Sousa, que foi casado com Izabel Felippina, filha de Antonio Gualberto Lopes Viegas, criador na Fazenda Cacimbas do Vianna. É possível, também, que Joanna Lins, esposa de Joaquim Alves Martins, fosse filha de João Lins e Izabel Felippina, e, portanto, sobrinha de Prudência. Meu tio-bisavô, Miguel Francisco da Costa Machado Junior, foi casado com Maria Izabel, filha de João Lins Teixeira de Souza, e no batizado de Maria filha deles, em 1875, foram padrinhos Joaquim Teixeira de Sousa Pinheiro, irmão do dito João Lins, e Joanna Lins, que nessa época era solteira.
Antonio, filho de João Lins e Izabel, foi batizado em Cacimbas do Vianna, em 1857. Os padrinhos foram Francisco Antonio Teixeira de Sousa, avô, e Anna Joaquina Teixeira de Sousa, esposa de João Gomes Carneiro. Quando Manoel Barbalho, irmão de João Lins, casou em 1856, foram testemunhas Manoel José Martins e João Gomes Carneiro. Mais ainda, Manoel José Martins e Izabel Felippina foram padrinhos, em 1857, de João, filho de Francisco Antonio Teixeira de Sousa, e sua segunda esposa Joaquina Lúcia. Assim, me parece, que a família Alves Martins estava entrelaçada com a família Teixeira de Sousa.
Para conhecimento dos nossos leitores, informo que Joaquim Alves Martins era tio-avô de Diúda e José Gobat.
No documento acima vemos as assinaturas de João Lins Teixeira de Souza e de Manoel José Martins Ferreira, no casamento de escravos de João Gomes Carneiro e de João Teixeira de Souza. Vemos também o Visitador condenando o hábito de usar abreviaturas. Sugere que os assentos sejam como o acima.
Na relação acima dos filhos de José Alves Martins, além de Joaquim Alves Martins, estão: José Alves Martins, João Alves Martins, Francisco Alves Martins, Militão Alves Martins, Josefina Emília Alves Martins, Delfino Alves Martins, Maria e Manoel Alves Martins.