Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
Em 1871, quando seu pai foi assassinado, em Rosário,
distrito de Assú, Joaquim Alves Martins tinha apenas 11 anos, e sendo já órfão
de mãe, foi criado, em Cacimbas do Vianna, pelo seu tio e tutor, Manoel José
Martins, e a sua esposa Prudência Maria Teixeira.
No ano de 1876 fez petição dirigida ao Juiz de Órfãos, nos
seguintes termos: diz Joaquim Alves Martins, deste termo do Assú, órfão púbere,
filho legítimo dos finados José Alves Martins e Dona Francisca Martins de
Oliveira, que estando contratado para casar-se com D. Joanna Lins Teixeira de
Sousa, e achando-se esta raptada e depositada pelo suplicante em casa do Dr.
Ignácio Dias de Lacerda, sendo pessoa de sua igualha, e tendo já o suplicante
obtido licença de seu tutor para casar-se com ela, vem impetrar de V. S. a
graça de confirmar essa licença dando a sua autorização para o consórcio do
suplicante, ouvido o seu tutor e o respectivo Curador Geral dos Órfãos: nestes
termos pede a V. S. lhe defira. Joaquim
Alves Martins.
Foram ouvidos, então, o Curador de Órfãos e o tio tutor, que
se manifestaram conforme transcrição abaixo.
É de justiça que a petição retro seja favoravelmente
deferida, porquanto, além do alegado em relação ao tutor e iguala de que fala o
suplicante, para mim tem todo peso de razão, o achar-se raptada a moça e
depositada na casa, em que está. Cidade do Assú, 28 de abril de 1876, o Curador
Geral dos Órfãos, João Francisco Barbalho Bezerra.
Em reverência do respeitável despacho de V. S. tenho a dizer
que é verdade que dei licença de que trata a petição retro, para realizar-se o
competente casamento, visto ser o meu sobrinho e tutelado igual a moça e também
por que a raptou, depositando-a em casa de pessoa distinta do lugar. Fazenda
das Cacimbas, 3 de maio de 1876, o Tutor Manoel José Martins.
Posteriormente, Joaquim Alves Martins dá recibo dos bens que
recebeu, apto que estava por conta do casamento, nos seguintes termos: recebi
do meu tio tutor, o Snr. Manoel José Martins, meus bens e trastes que tive de
herança de meus pais e paguei a ele o alcance de 49.514 réis das contas que
prestou em juízo em 7 de março de 1876, assim como recebi meus rendimentos
desta data em diante, quando tomei conta de tudo que me pertencia por me ter
casado com dezessete anos de idade, e com licença do juiz e do meu tutor, e por
estarem recebidos passo este que me assino, Fazenda das Cacimbas, 11 de julho
de 1876. Joaquim Alves Martins.
Nos meus registros encontro os batismos, somente, de dois
filhos de Joaquim e Joana, ambos de nome Manoel, talvez em homenagem ao tio.
Devem ter falecido, pois não aparecem na relação dos herdeiros, quando da morte
de D. Joana, como podemos ver adiante. Observe como ficou modificado o nome
dela.
Em 1922, dez anos após o falecimento de sua esposa,
apresenta o seguinte requerimento: Diz Joaquim Alves Martins, que tendo
falecido sua mulher Joanna Teixeira Martins, no dia 9 de abril de 1912, no
Sítio Água Branca, deste distrito, onde moravam, sem testamento, deixando
herdeiros menores e maiores, quer o suplicante, como meeiro inventariante,
cabeça de casal, dar a inventário os bens existentes no monte do casal, e assim
requer a V. S. que se digne marcar dia e hora para se proceder ao mesmo
inventário, no Sítio Água Branca supracitado, em casa de sua residência, com
ciência do doutor Curador Geral de Órfãos. Assú, 11 de novembro de 1922,
Joaquim Alves Martins.
No título de herdeiros, foram listadas as seguintes pessoas;
o viúvo, Joaquim Alves Martins, inventariante, cabeça de casal; Maria Alves da
Câmara, casada, não constando com quem, 42 anos de idade; Rita Alves Martins,
já falecida depois da inventariada, solteira; Amélia Alves Martins, já
falecida, representada por seus filhos menores, José, Joaquim e Sabina.
Manoel José Martins, tutor e tio de Joaquim Alves Martins, casou
com Prudência Maria Teixeira, na Fazenda Cacimbas do Vianna, no dia 28 de
novembro de 1850, tendo como testemunhas, o major José Martins Ferreira, seu
pai, e João Gomes Carneiro e Mello, de São Gonçalo, mas casado com Anna
Joaquina Teixeira de Sousa, de Angicos, e criador na dita Fazenda. Essa
Prudência, pode ser a filha de Francisco Antonio Teixeira de Sousa e Marianna
Lopes Viegas, que pelo inventário da mãe, tinha 6 anos em 1839. Sendo
verdadeiro, ela seria irmã de João Lins Teixeira de Sousa, que foi casado com
Izabel Felippina, filha de Antonio Gualberto Lopes Viegas, criador na Fazenda
Cacimbas do Vianna. É possível, também, que Joanna Lins, esposa de Joaquim
Alves Martins, fosse filha de João Lins e Izabel Felippina, e, portanto,
sobrinha de Prudência. Meu tio-bisavô, Miguel Francisco da Costa Machado
Junior, foi casado com Maria Izabel, filha de João Lins Teixeira de Souza, e no
batizado de Maria filha deles, em 1875, foram padrinhos Joaquim Teixeira de
Sousa Pinheiro, irmão do dito João Lins, e Joanna Lins, que nessa época era
solteira.
Antonio, filho de João Lins e Izabel, foi batizado em
Cacimbas do Vianna, em 1857. Os padrinhos foram Francisco Antonio Teixeira de
Sousa, avô, e Anna Joaquina Teixeira de Sousa, esposa de João Gomes Carneiro.
Quando Manoel Barbalho, irmão de João Lins, casou em 1856, foram testemunhas
Manoel José Martins e João Gomes Carneiro. Mais ainda, Manoel José Martins e
Izabel Felippina foram padrinhos, em 1857, de João, filho de Francisco Antonio
Teixeira de Sousa, e sua segunda esposa Joaquina Lúcia. Assim, me parece, que a
família Alves Martins estava entrelaçada com a família Teixeira de Sousa.
Para conhecimento dos nossos leitores, informo que Joaquim
Alves Martins era tio-avô de Diúda e José Gobat.
No documento acima vemos as assinaturas de João Lins Teixeira de Souza e
de Manoel José Martins Ferreira, no casamento de escravos de João Gomes
Carneiro e de João Teixeira de Souza. Vemos também o Visitador
condenando o hábito de usar abreviaturas. Sugere que os assentos sejam
como o acima.
Na relação acima dos filhos de José Alves Martins, além de Joaquim Alves
Martins, estão: José Alves Martins, João Alves Martins, Francisco Alves
Martins, Militão Alves Martins, Josefina Emília Alves Martins, Delfino
Alves Martins, Maria e Manoel Alves Martins.