27/03/2014

UM PEDAÇO DA MINHA VIDA, 4





Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes



Estranhamente, no entanto, sou apontado como pessoa ilustre, indispensável, carro chefe da vida histórica do Estado, visitado por intelectuais, autoridades, estudantes, pesquisadores, e por curiosos.

Alguns poucos aceitaram formar um mutirão para amenizar as minhas dores, em torno de 200 pessoas, embora que mais da metade venha esquecendo de trazer os mantimentos e eu continuo sofrendo dificuldades.

Recentemente foram convocados todos os parlamentares federais, estaduais e da cidade do Natal a consignarem ajudas. O resultado é surpreendente, isto é, apenas cerca de 10% tiveram sensibilidade para me ajudar.

Assim, vivo de pequenas subvenções obtidas na Prefeitura da cidade, no Governo do Estado e de entidades corporativas da iniciativa privada. Até modernizaram a minha forma de viver (Estatuto de 02 de maio de 2012).



Tenho sido sistematicamente vitimada por furtos de equipamentos que ajudam a minha segurança e também de retirada indevida de pedaços dos meus pertences, sem qualquer cerimônia.

26/03/2014

UM PEDAÇO DA MINHA VIDA, 3



Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

Abrigo dentro de mim uma grande riqueza em documentos, obras de todos os matizes, dizem que mais de 50.000 títulos, relíquias, enfim, a história da nossa terra.

A população do Estado não me conhece em sua integralidade, apenas alguns mais curiosos e ávidos de conhecimentos das nossas raízes me procuram e tiram de mim a seiva de que carecem para alimentar os seus conhecimentos.

Entretanto, numa atitude absolutamente incoerente e incompreensível, nada ou quase nada fazem por mim, não ajudam a curar as minhas feridas, não ofertam recursos suficientes para a minha sobrevivência e me deixam em estado de inanição.

Se estou vivo devo à abnegação de poucos cidadãos, que cuidam de mim nas horas vagas, pois nada ganham para isso e ainda têm que repartir o seu próprio pão para que eu não morra de fome.

25/03/2014

UM PEDAÇO DA MINHA VIDA, 2




Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes



Cuidaram de mim, desde o meu nascimento, os cidadãos: Doutor Olympio Manoel dos Santos Vital (de 1902 a 1910); Desembargador Vicente Simões Pereira de Lemos (de 1910 a 1916); Coronel Pedro Soares de Araújo (de 1916 a 1926); Desembargador João Dionisio Filgueira (1926 – período para complementar o mandato em face da renúncia do Coronel Pedro Soares); Desembargador Hemetério Fernandes Raposo de Melo (de 1926 a 1927); Doutor Nestor dos Santos Lima (de 1927 a 1959); Doutor Aldo Fernandes Raposo de Melo (de 1959 a 1963); Doutor Enélio Lima Petrovich (de 1963 a 2012); Jurandyr Navarro da Costa (de 2012 até 2013 em complementação do mandato do seu antecessor que faleceu no dia 06 de janeiro de 2012); Valério Alfredo Mesquita (desde 15 de março de 2013), com mandato de três anos.

24/03/2014

UM PEDAÇO DA MINHA VIDA, 1





Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

Estou nas vésperas do meu aniversário de 112 anos, pois nasci no dia 29 de março do longínquo ano de 1902, quando governava o Estado do Rio Grande do Norte o Mecenas Potiguar Augusto Frederico de Albuquerque Maranhão, numa reunião realizada no salão da biblioteca do velho Atheneu. Os meus tutores iniciais foram os cidadãos: Presidente: dr. Olympio Vital; Vice-Presidente: dr. Alberto Maranhão; 1º Secretário: dr. Pinto de Abreu; 2º Secretário: dr. Luiz Fernandes; Orador: des. Meira e Sá; Tesoureiro: Veríssimo de Toledo.
Ao longo do tempo ganhei alguns abrigos – em 03 de maio de 1903 no prédio da Intendência Municipal, hoje Prefeitura Municipal do Natal; depois passei para o imóvel da rua 13 de Maio (hoje Rua Princesa Izabel), nº 640. Em 1906 o Governador Augusto Tavares de Lyra, um dos meus cuidadores, construiu um edifício para servir como minha casa, localizada na rua da Conceição nº 622, que dividiu com o Superior Tribunal de Justiça até 3 de maio de 1926, mudando-se para prédio na mesma rua da Conceição nº 577, ali permanecendo até 1938 quando o então Presidente da minha casa, escritor Nestor dos Santos Lima, obteve do Interventor Federal Rafael Fernandes Gurjão o retorno para o edifício de nº 622, meu abrigo definitivo, conforme os decretos nºs 503 e 543, de 07 de junho e 22 de agosto de 1938, respectivamente.