20/12/2013

EVENTOS DO FINAL DE 2013

1. Confraternização das entidades IHGRN, INRG e UBE/RN
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

 
 
 
2. Última reunião do IHGRN do ano de 2013
 


 
 

 

A Coluna Preste no Rio Grande do Norte - I

Tomislav R. FemenickMembro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN

 

A Coluna Prestes era formada por militares rebeldes, principalmente pelos de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Seus principais líderes foram Luís Carlos Prestes, Juarez Távora e Miguel Costa. Em 1924 alguns deles já tinham tentado fazer uma revolução, tomando o Forte de Copacabana, mas fracassaram. Formados em pelotões. A Coluna percorreu cerca de vinte e cinco mil quilômetros pelo interior do país, fazendo uma “guerra de movimentos” e enfrentando as forças do governo. No final de 1926, com a metade dos homens dizimados pela cólera e sem condições de continuar a luta, se refugiou na Bolívia.

Porém no início daquele ano, no dia 3 de fevereiro, tropas rebeldes da Coluna Prestes realizaram o seu primeiro ataque no Rio Grande do Norte, contra a cidade de São Miguel. A luta foi travada por 70 revoltosos, militares treinados, contra quatro soldados da policia do Estado e 28 atiradores (pistoleiros?), “num tiroteio que durou das quatro horas da tarde até ao crepúsculo, com um rebelde morto e dois legalistas feridos. Um destes [...] caiu nas mãos dos rebeldes e foi degolado”. A população mais abastada de São Miguel fez uma verdadeira debandada da cidade, quando se noticiou que outros mil rebeldes estavam se dirigindo para lá. No dia seguinte a cidade foi saqueada pelos integrantes da Coluna Prestes, que invadiam residências e lojas “arrebentando móveis e destruindo objetos que não podiam usar ou transportar. [...] Partiram no mesmo dia em que chegaram, depois de queimar o [Cartório] Registro de Título e Documento” (SILVA, 1966; MACAULAY, 1977). De São Miguel foram para Luiz Gomes, onde repetiram o saque, invadiram e destruíram lojas e residências, levando tudo o que podiam, e novamente incendiaram o Cartório local.

Antes desses ataques, várias cidades do Estado se viram ameaçadas de invasão pelos tenentes rebeldes. No dia 31 de janeiro, quando o jovem Padre Luiz Ferreira da Mota (o célebre Padre Mota que depois viria a ser vigário geral, prefeito e deputado estadual) tomava posse como o novo vigário de Mossoró, correu a notícia de que os revoltosos da Coluna Prestes estavam na iminência de atacar a cidade. Em ata paroquial, o Padre Mota registrou o impacto que a noticia de um provável ataque da Coluna Preste a Mossoró teve entre a população da cidade. Dizia ele:

“Neste mesmo dia, espalhou-se pela cidade o terror da noticia de que os revoltosos se encaminhavam pa­ra nossas fronteiras, noticia que foi divulgada pe­la manhã, e logo começou o êxodo da população. Quando me dirigia para a Matriz, às 8 e meia, para a posse, fui, com surpresa, avisado do que se passava e sobretudo de que certas pessoas de autorida­de e responsabilidade já haviam abandonado, preci­pitadamente, a cidade. Diante desta situação, resolvi fazer um apelo de tranquilidade ao público, para melhor se resolver a situação e convocar uma sessão de todas as autoridades e pessoas de responsabili­dade, o que fiz de púlpito, com palavras repassadas de fé no patrocínio de nossa Virgem Padroeira, Santa Luzia, e também de confiança no patriotismo do nos­so povo. A sessão realizou-se no mesmo dia, a 1 ho­ra da tarde, no edifício do Colégio Diocesano, com grande comparecimento de povo e nela tomaram-se me­didas que são do domínio público. Dai por diante, nos dias de aflição e apreensão pa­ra o nosso povo, sempre tomei a dianteira de todas as manifestações civico-patrióticas pela defesa da nossa cidade, procurando, sobretudo despertar o ânimo do povo, aconselhando a calma, prudência e per­manência na cidade, para guarda dos acontecimentos. Aprouve a Deus que tudo se passasse sem desgraças e atropelos para nosso povo; os rebeldes tomaram outro rumo e nossa população voltou à paz do costu­me, que a caracteriza. Todos [nós] reconhecemos, nesta salvação de tamanho fla­gelo, [que foi] o dedo de Deus que nos protegeu, por intercessão da nossa querida Padroeira Santa Luzia. Em reconhecimento de tão grande graça, cantou-se um ‘Te Deum’ solene, em ação de graças, no domingo, 21, pelas 5 horas da tarde” – Texto transcrito do livro do tombo da igreja de Santa Luzia, em Mossoró-RN.

Gazeta do Oeste. Mossoró, 06 dez. 2013.

O Jornal de Hoje. Natal, 10 dez. 2013.
A V I S O
 
INFORMAMOS AOS NOSSOS ASSOCIADOS E AOS PESQUISADORES E INTERESSADOS NAS ATIVIDADES DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE - IHGRN, QUE ESTAREMOS EM RECESSO A PARTIR DE HOJE, DIA 20 DE DEZEMBRO DE 2013 ATÉ O DIA 07 DE JANEIRO DE 2014.
 
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
SECRETÁRIO-GERAL

18/12/2013

Dia 20.12.2013, sexta-feira próxima, às 9: hs, teremos a última REUNIÃO ORDINÁRIA do corrente ano, portando estamos convidando todos os membros da DIRETORIA, CONSELHO FISCAL, COMISSÃO DE ADMISSÃO e DISCIPLINA para que se façam presente.

Atenciosamente,

Valério Mesquita

17/12/2013

Natal e o Forte dos Reis Magos

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
 
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Encontramos, em um dos jornais antigos da Hemeroteca Nacional, que: esta Província foi descoberta em 1499, antes de Pedro Álvares Cabral fundear em Porto Seguro, segundo afirma Mello Moraes na sua Corografia Brasileira, fundado em Herrera, - História das Índias – dizem que Alonso de Hogeda e Américo Vespúcio em 1499 encontraram em 5 graus ao sul equinocial uma terra alagada e segundo todas as probabilidades uma das bocas do rio dá Piranhas ou Apodi (hoje Mossoró) e que não seguiram mais ao sul pelas correntes das águas.

Em 1501, os portugueses chantaram o marcos de Touros, aqui no nosso Rio Grande do Norte, e, depois disso, não há notícias da presença deles, nas nossas terras, por décadas, diferentemente dos franceses que aqui aportaram desde 1503, se consorciando com nossos índios, militarmente, comercialmente e maritalmente. Pudsey, que esteve aqui com os holandeses, diz que os Cariris são originários da miscigenação dos franceses com os tapuias.

Com a instituição das capitanias hereditárias, João de Barros e seus herdeiros tentaram por duas vezes se apossar do seu legado, mas fracassaram. Outros viajantes e piratas devem ter, ao longo desse tempo, nos visitado, mas somente em 1597 resolveu o Rei de Portugal, Felipe II da Espanha, tomar conta da sua colônia, dando ordens a Mascarenhas Homem e Feliciano Coelho, para construir um forte, expulsar os franceses e povoar nossa terra.

O Forte dos Reis Magos é o símbolo maior do nosso Rio Grande do Norte e da cidade do Natal. Diferentemente do que ocorreu em outras localidades, sua construção precedeu a fundação da cidade do Natal.

No dia 25 de dezembro de 1597 Mascarenhas Homem entrava no Rio Potengi, e no dia 6 de janeiro de 1598 dava início à construção do forte. Em 24 de junho do dito ano de 1598, concluída a primeira versão, ele foi entregue a Jerônimo de Albuquerque (mais tarde Maranhão), que tinha a missão de defender nossa terra e trabalhar a paz junto aos índios para a fundação da cidade. Foi um processo demorado. Somente em 11 de junho de 1599 foi feita a aliança com os indígenas, na capital da Paraíba.

A partir daí se iniciou a fundação da cidade com a demarcação de seus limites e a construção da matriz, a meia légua do Forte. Acredito que programaram tudo para que o ato de fundação se desse no aniversário de dois anos da entrada no Rio Potengi. As datas estavam sempre associadas aos eventos religiosos: Natal, Reis Magos, São João e novamente Natal. Em alguns registros aparecem nomes como cidade dos Reis, Santiago, cidade do Rio Grande, Natal, ou Natal dos Reis.

A partir de 1600, com a posse de João Rodrigues Colaço, como capitão-mor, começaram as concessões de sesmarias, sendo o primeiro beneficiado, o próprio capitão-mor, por ato de Manoel Mascarenhas Homem. Essa sesmaria foi comprada, posteriormente, pelo padre vigário da capitania, Gaspar Gonçalves Rocha.

A 2ª já foi concedida por Colaço para os padres jesuítas. Na relação de terras concedida até a data de 1612, quando houve uma revisão, citamos alguns: Jacque de Py; Manoel Rodrigues; João Lostau, com grande descendência, no Brasil; Antonio Gonçalves Minhoto; Francisco Coelho, talvez aquele vitimado pelos holandeses; Bartholomeu Ledo; os irmãos Antonio de Albuquerque e Mathias de Albuquerque, filhos de Jerônimo de Albuquerque, Dona Úrsula, filha de Antonio Cavalcanti; Catharina da Costa, filha de Jorge Gonçalves; Jerônimo Cunha, pai do depois capitão-mor, Manoel de Abreu Soares; Francisco da Cunha, filho de Jerônimo Cunha; Manoel de Abreu; Jerônimo de Ataíde; José do Porto; Maria Rodrigues; Maria de Albuquerque; Manoel Rodrigues Faleiros, talvez ascendente de Pedro e Gonçalo da Costa Faleiros; Manoel Vaz de Oliveira; Inez Duarte, possivelmente a esposa de Antonio Vilela Cid; Antonio Machado; Beatriz do Pania, filha do alferes Luis Gomes; e Antonio Vilela. Foram 185 concessões, muitas delas distantes da nova cidade, tendo alguns dos beneficiados recebidos mais de uma sesmaria.

O núcleo da cidade não prosperou muito em termos de habitação. Nossos povoadores tinham preferências pelas localidades mais distantes da matriz, talvez pela qualidade da terra.

Os holandeses quando aqui tiveram, não trouxeram nenhum benefício, muito pelo contrário, pois além de promover massacres contra nossos habitantes, destruíram a cidade na conquista, assim a mantiveram, enquanto estiveram por aqui, e pioraram na hora da saída.

Com vimos em artigo anterior, alguns cronistas dizem, até agora não comprovado, que, em 1654, D. João IV doou, para Manoel Jordão, parte do território do Rio Grande, que alguns dizem ter sido Natal, por isso chamado de Natalópolis, e que ele não tomou posse por ter naufragado na entrada do Rio Potengi, e, por isso, o feudo retornou a Coroa; a segunda informação dava conta que D. Pedro II, de Portugal, concedeu o título de Conde do Rio Grande para filho ou filha de Francisco Barreto de Menezes, por sua participação na luta contra os holandeses. Lopo Furtado foi beneficiado por casar com a filha de Francisco Barreto. Segundo alguns, foi o primeiro titular que teve o Brasil.

Nosso Forte passou por várias reformas até ter chegado ao formato atual. O IPHAN, que tomou posse recentemente do Forte, realiza novas reformas, mas, antes disso, um grupo de arqueólogos promove, atualmente, escavações mostrando os vários pisos e intervenções no Forte. Devemos ter novidades sobre a história desse símbolo da nossa terra.


Na Hemeroteca Nacional, encontramos uma descrição da nossa cidade, no ano de 1883: Natal, ou Rio Grande do Norte, pequena, mas bonita por sua posição na península formada pelo Rio Potengi e o oceano, com três praças e dois grandes largos, cinco ruas extensas e retas atravessadas por outras cinco; sendo notáveis os seguintes edifícios: Igrejas de Nossa Senhora da Apresentação (matriz), Nossa Senhora do Rosário, Santo Antônio e Bom Jesus; palácio do governo, assembleia provincial, câmara municipal, tesouro da fazenda, tesouro provincial, alfândega, atheneu, quartel de linha, quartel de polícia, hospital militar, casa de caridade e cadeia.




16/12/2013

Eternamente Paris

Elísio Augusto de Medeiros e Silva

Empresário, escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br


Quando o escritor russo Fiódor Dostoiévski foi pela primeira vez a Paris, no ano de 1862, os seus compatriotas, ansiosos, pediam insistentemente que lhes escrevesse contando suas impressões da cidade. Esse pedido deixou o escritor enrascado – o que iria contar-lhes? O que diria de novo, de desconhecido, visto que, a seu ver, tudo já havia sido contado por visitantes anteriores.
Quase cem anos o separavam de uma resposta simples, dada pelo jovem escritor Ernest Hemingway, no livro “Paris é uma festa”, escrito no período de 1957/60, que descreve sua estadia na cidade de 1921 a 1926.
Em 2012, cerca de 520 mil brasileiros estiveram em Paris, percorrendo as suas ruas, apreciando os seus restaurantes, hospedando-se em seus hotéis e, claro, visitando seus famosos pontos turísticos.
Com um enorme fluxo de turistas do mundo todo, a Cidade Luz sempre tem algo para ser revelado, pois se renova constantemente e lança tendências que se harmonizam com seus cartões-postais, aliadas ao forte apego às suas tradições.
Nas ruas de Paris, as floriculturas colocam seus vasos coloridos nas calçadas – as librairies exibem novos livros – as pâtisseries, as caves du vin e as chocolateries dão água na boca. Quem vai à cidade confirma o que estou dizendo.
Na parte externa do Museu do Louvre está a grande Pirâmide de vidro. No interior, novas galerias de arte islâmica cobertas por um véu dourado – o projeto custou US$ 125 milhões, parte vinda de patrocinadores endinheirados do Oriente Médio.
No interior do grande museu, os visitantes contemplam a Mona Lisa, Vênus de Milo, e telas de pintores famosos (Ticiano, David, Rembrandt).
O prédio do museu, erguido a partir do século 13, encanta os turistas – as pinturas no teto, as escadarias, os detalhes construtivos e as transformações sofridas com o passar dos anos. A própria visão do Palácio, em formato de “U”, parece abraçar o pátio, o que deixa os visitantes extasiados.
Perto dali está o antigo mercado Les Halles, com seu centro de lojas por entre os tapumes das obras do RER (trem metropolitano), cuja finalização está prevista para 2016.
Muitos que ali circulam vão almoçar na Rue Montorgueil, uma ótima opção para fugir dos caros restaurantes.
Em Paris, não é preciso gastar muito – já dizia a escritora Inès de la Fressange, no best-seller A Parisiense: “O luxo da parisiense da margem esquerda do Sena é uma marca que garanta o bom gosto sem ostentar o preço”.
No Jardim das Tulherias, com certeza, você vai encontrar diversos velhinhos jogando pétanque. De cima da Ponte Alexandre III dá para ver a bela paisagem de arquitetura do Grand e Petit Palais.
Na Av. Champs-Élysées todos olham para as fachadas glamorosas e suas ruas transversais até o lendário Hotel Plaza Athénée, que celebrou o seu centenário em 2013. Do alto dos 50 metros do Arco do Triunfo temos uma visão privilegiada da majestosa Torre Eiffel.
Depois vá até a formosa Place des Vosges, Marais, o legado da aristocracia dos séculos XVI e XVII. Atualmente, sede da comunidade judaica, com uma impressionante seleção de boutiques e lojas.
No Boulevard Beaumarchais você encontra livrarias, objetos de decoração, móveis, roupas, calçados. No canal Saint-Martin há incontáveis cafés, restaurantes, bares, hotéis, e lojas diversas pelas suas margens. Aberto em 2006, o Le Chateaubriand figura com destaque na lista da revista britânica Restaurant, que classifica os melhores restaurantes do mundo.
Não podemos deixar de ir a Montmartre, com telas de Toulouse-Lautrec, sex shops, boemia e cabarés – imperdível o show noturno do mais famoso deles: o Moulin Rouge. Suba as ladeiras de Montmartre e explore devagarzinho as fromageries e charcuteries da Rue Lepic e da Rue des Martyrs.
Do alto da escadaria da Basílica de Sacré-Coeur a vista é inesquecível – a capital francesa, literalmente, aos seus pés.
Woody Allen mostra diversas cenas maravilhosas do lugar no filme “Meia-Noite em Paris”.
Para finalizar, não se esqueça de dar uma passadinha no Palácio de Versalhes, sinônimo de luxo e realeza dos séculos 17 e 18. Como sempre, deverá ter uma fila enorme de turistas para entrar em suas dependências. Mas, do lado de fora, os jardins do palácio são de cortar o fôlego. Os canteiros geométricos e floridos, os espetáculos das águas das fontes – obras de André Le Nôtre, o jardineiro do rei Luís XIV, o mesmo que elaborou o Jardim das Tulherias.
E como disse Humphrey Bogart: “Nós sempre teremos Paris”.


15/12/2013

Verdades cruzadas - V

CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, Professor aposentado do Curso de Direito da UFRN e Presidente da Comissão da Verdade. Sócio do IHGRN.

A vida política e administrativa no Estado do Rio Grande do Norte vivia a monotonia do “mesmismo” – nada de novo nas práticas políticas; nenhum surgimento de político inovador; nenhuma prática administrativa marcante.

No campo da cultura vivíamos ainda dos movimentos do século anterior e o clima universitário ainda não brotara na terra potiguar, senão nos encontros dos acadêmicos quando vinham de férias. Experiências isoladas, já no pós-guerra, contudo, foram os passos iniciais de um novo momento que somente viveríamos no correr dos anos 50.
A luta do velho contra o novo que não era novo – disputas entre Dinarte Mariz e Aluízio Alves pela liderança política do Rio Grande do Norte.
Carlos H.P.Cunha e Walclei de A.Azevedo – Podres Poderes-política e repressão. Natal: Infinita imagem, 2013.
Experiências isoladas no RN: Escola de Pharmácia e Odontologia de Natal, 1920 – depois Faculdade de Farmácia e Odontologia, 1947; Outras escolas – clima universitário com os estudantes potiguares em férias de outras faculdades fora do Estado. Escola de Serviço Social, 1945; Universidade Popular, 1948; Faculdade de Direito, 1949; Faculdade de Medicina e Faculdade de Filosofia, 1955; Escola de Engenharia e Facudade de Ciências Econômicas, Contábeis e Atuariais, 1957; Criada a Universidade do Rio Grande do Norte, 1958, transformada em UFRN, 1960 pela Lei nº 3.849, de 18/12/1960.
Veríssimo de Melo e Carmen Lúcia de Araújo Calado (Síntese cronológica da UFRN – 1958-2010. Natal: EDUFRN, 2011).
No Rio Grande do Norte a vida corria num diapasão de estado conservador, apesar de circunstancial alteração ao tempo da “Intentona comunista de novembro de 1935”, retornando em seguida ao acomodamento de um cosmopolitismo em contraste com os vizinhos, que defendiam um padrão municipalista, de “bairrismo” e preservação de suas mais recônditas tradições.
Aqui surgiu um clima universitário emprestado, a partir dos encontros dos nossos jovens em período de férias dos cursos frequentados em Recife, Maceió, Salvador e Rio de Janeiro, principalmente, oportunidade em que trocavam informações e vaticinavam pela criação de cursos superiores em nosso estado.
Experiências isoladas – Escola de Pharmacia e Odontologia de Natal nos idos de 1923 e após a 2ª Guerra Mundial com o Instituto Filosófico São João Bosco (1941); Escola de Serviço Social (1945); Faculdade de Farmácia e Odontologia (1947); Faculdade de Direito (1949); Faculdade de Medicina (1955); Faculdade de Filosofia (1955); Faculdade de Engenharia (1957); entre outras.[1]
Segundo registra o Professor Paulo de Tarso Correia de Melo[2] foram precursores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Dinarte de Medeiros Mariz, Onofre Lopes da Silva, Luís da Câmara Cascudo, Januário Cicco ao que acrescentamos Luiz Soares de Araújo.
A 8 de março de 1958, durante a passagem do Diretor do Ministério da Educação e Cultura Jurandyr Lodi, José Teixeira – chefe de Seção do MEC que o acompanhava, sugere a Onofre Lopes, então Diretor da Faculdade de Medicina, a criação de uma universidade para o Estado. Deste para o Governador Dinarte Mariz que remete mensagem à Assembleia Legislativa em 3 de junho que no dia 25 do mesmo mês e ano aprova a Lei nº 2.307, sancionada no Palácio Potengi.
Estava criada a Universidade do Rio Grande do Norte composta das Faculdades já mantidas pelo Estado e as agregadas mantidas por entidades de caráter privado, tendo como primeiro Reitor o Professor Onofre Lopes e Vice-Reitor o Professor Otto de Brito Guerra. Instalação solene em 21 de março de 1959 no Teatro Alberto Maranhão com memorável discurso proferido pelo Professor Câmara Cascudo.[3]
Daí por diante foi a luta sem fronteiras para a federalização afinal obtida através da Lei nº 3.849, de 18 de dezembro de 1960, sancionada pelo Presidente Juscelino Kubitschek (DOU de 21.12.60).
Já existia, então, o clima universitário próprio, com o engajamento de jovens sonhadores e promissores que fizeram a história da UFRN.
A literatura histórica registra acontecimentos que marcam “sinais dos tempos”, assim explicitados nas percepções do Papa João XXIII, motivados pelo grande aumento demográfico, da reordenação da economia mundial, com reflexos, também, na América Latina, face à ascensão da burguesia industrial e suas alianças com as camadas médias urbanas.[4]




[1] SOUZA, Itamar de. Universidade para quê? Para quem? Natal: Clima, 1984 (apud Portal da Memória – UFRN, 2005). P. 19.

[2] Portal da Memória – UFRN, 2005, p. 35-43.

[3] Carlos Newton Júnior. Portal da Memória – UFRN, 2005, p. 17-31.

[4] “havia dificuldade de se formular uma resposta aos anseios participativos dos estudantes católicos na vida política. E foi o padre Almery quem formulou a teoria do Ideal Histórico, apresentada no Encontro da JUC em 1959...”MARIA CONCEIÇÃO PINTO DE GÓES, A aposta de Luiz Ignácio Maranhão Filho, p.129. Depois desse Encontro da JUC em 1959, tudo ficou claro. Não se abriria mão do Evangelho nem da História.