19/11/2013

VALÉRIO MESQUITA - HÁ 71 ANOS
Em reunião simples, os Diretores, funcionários e amigos comemoraram o aniversário de VALÉRIO ALFREDO MESQUITA, ex-Deputado Estadual, ex-Presidente do Tribunal de Contas do Estado, Membro das Academias Macaibense de Letras e Norte-Rio-Grandense de Letras, escritor e líder político no Município de Macaíba.
Valério, ao longo dos anos, conquistou uma legião de amigos e admiradores e agora realiza uma dinâmica gestão à frente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, numa luta sem fronteiras para o soerguimento da Casa da Memória em tempo recorde. Quem passa pelo velho casarão já sente a movimentação física e o início de serviços e modernização da Entidade para que seus objetivos sejam preservados integralmente.
PARABÉNS ESTIMADO PRESIDENTE.

“Kristallnacht”

Dalton Mello de Andrade

“Quem dormir no ponto, o jacaré abraça”

            Quem se lembra da “Noite dos Cristais Quebrados”, no dia 9 de novembro de 1939? Que fez agora 74 anos? Poucos, acho eu. Acredito que deve ter saído alguma coisa sobre o assunto na mídia brasileira, mas não vi nada. Jornais estrangeiros não esquecem esses fatos, especialmente os europeus.
            Nesse dia, os nazista agrediram judeus por toda a Alemanha, à mando de Goebell, ministro da Informação de Hitler (hoje, marqueteiro) e com a concordância do partido nazista. Suas pessoas, suas propriedades, lojas e casas, foram atacados e destruídos em todo o país. Foi um prenuncio do que estaria por vir no “Reich” dos propalados mil anos.
Foram mortos cerca de cem judeus, foram destruídas centenas de sinagogas, escolas, lares, e lojas a eles pertencentes. Cerca de 35.000 foram presos, muitos dos quais foram enviados aos já então criados campos de concentração, torturados e assassinados. Foi o começo do Holocausto, que matou seis milhões de judeus. E outras etnias consideradas inferiores pelos “deuses” nazistas.
O argumento dos nazistas foi de que isso era uma reação espontânea ao assassinato de um diplomata alemão em Paris, Ernst Von Rath, morto por um judeu polonês de 17 anos, Herschel Grynzpan. A história diz que ele procurava se vingar, em razão da perseguição à sua família na Alemanha. No entanto, o ataque aos judeus estava muito bem preparado, as organizações nazistas devidamente orientadas pelo partido, e a policia e corpo de bombeiros instruídos para não interferir. Uma noite de terror, muito bem orquestrada, tudo executado com a melhor eficiência, que é e sempre foi a marca registrada do país. A morte do diplomata foi um argumento fajuto.
Quando olhamos para o mundo de hoje, com as conturbações que andam por aí, quando vemos os desentendimentos crescentes no Oriente Médio, as chamadas “primaveras árabes”, a falta de dialogo entre as nações, não há como não nos preocuparmos com o futuro. O que esperar de tudo isso? Teremos adiante novas “noites de cristal”, sem alvo definido ou motivações evidentes?
O que esperar de vândalos, como os que ultimamente surgiram em nossas cidades, sem posições claras ou razões objetivas para um tresloucado comportamento, que prenunciam apenas a anarquia e o desprezo pelo direito dos outros e pela convivência sadia? Do protesto pelo protesto?
Por isso, é bom lembrar essa noite marcante da história da humanidade. Lembrando o passado, podemos evitar que ele se repita. A tolerância dos cidadãos, que aceitaram a destruição e os ataques com um “não foi comigo”, os levaram a pagar muito caro por essa indiferença. Que não se repita o mesmo nos dias presentes e especialmente entre nós.

O populismo, o desprezo pela liberdade em geral e da imprensa especialmente, o desrespeito ao direito, a aceitação das agressões ao patrimônio público e privado, às pessoas e aos policiais, nos leva a prever um triste cenário para o futuro deste país. E não vemos uma reação inteligente ao problema. Muita conversa e pouca ação.

18/11/2013


RESULTADO OFICIAL DA ELEIÇÃO PARA RENOVAÇÃO DA DIRETORIA DA UBE/RN - 2014 A 2015.

EDUARDO ANTONIO GOSSON
PRESIDENTE DA UBE/RN 
ROBERTO LIMA DE SOUZA
PRESIDENTE ELEITO DA UBE/RN - 2014/2015

ATA DA ELEIÇÃO DA UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES-UBE/RN, REALIZADA EM 13 DE NOVEMBRO DE 2013
 Aos 13 dias do mês de novembro de 2013, tendo como local a sede da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras ( sede provisória da UBE/RN) sito à Rua Mipibu, 443, Cidade Alta, das 10 às 16 horas, realizou-se a eleição para renovar a Diretoria para o biênio 2014/2015.
 O processo eleitoral foi preparado pelos seguintes atos: 
1. Portaria nº 1/2013 de 27 de setembro de 2013, nomeando a Comissão Eleitoral ( Horácio de Paiva Oliveira, George Antonio de Oliveira Veras e Paulo Jorge Dumaresq Madureira). 
2. Convocatória publicada no site da instituição e no Diário Oficial do Estado, no dia 30 de setembro de 2013. 
3. Edital, de 30 de setembro de 2013, publicado no blog da UBE/RN e afixado no quadro de avisos da UBE. A chapa A União faz a Força foi registrada dentro do prazo legal e tem a seguinte composição:
 CHAPA: A UNIÃO FAZ A FORÇA Biênio 2014-2015 DIRETORIA EXECUTIVA
 Presidente: Roberto Lima de Souza 1º Vice-Presidente: Eduardo Antonio Gosson 2º Vice-Presidente: Manoel Marques da Silva Filho Secretario Geral: Jania Maria Souza da Silva 1º Secretário: Maria Rizolete Fernandes 2º Secretário: Paulo de Macedo Caldas Neto 1º Tesoureiro: Pedro Lins Neto 2º Tesoureiro: Claudionor Barroso Barbalho Diretor de Divulgação: Lucia Helena Pereira 
 Diretor Representações 
Regionais: Antonio Clauder Alves Arcanjo Diretor Jurídico: David de Medeiros Leite CONSELHO CONSULTIVO
 Carlos Morais dos Santos
 Cid Augusto Rosado Maia,  Diulinda Garcia de Medeiros Silva,  Diógenes da Cunha Lima
 José de Castro Joaquim Crispiniano Neto,  Ormuz Barbalho Simonetti,  Tomislav Rodrigues Femenick ,Valério Alfredo Mesquita
 CONSELHO FISCAL:  Aluízio Matias dos Santos,
 Alexandre Magnus Abrantes de Albuquerque,
  Carlos Roberto de Miranda Gomes,
  Geralda Efigênia Macedo Gilvania Rodrigues Machado Às 16 horas, conforme normas estabelecidas na legislação aprovada, a Comissão Eleitoral encerrou a votação e procedeu a contagem de votos: 
A UNIÃO FAZ A FORÇA: 26 votos, nenhum voto branco, nenhum voto nulo.
 Encerrada a apuração, foi proclamada vencedora a chapa A UNIÃO FAZ A FORÇA. Nada mais sendo tratado foi a eleição encerrada, cuja ata é assinada pela Comissão Eleitoral. 

Natal-RN, 13 de novembro de 2013 
Horácio de Paiva Oliveira
 PRESIDENTE 
George Antonio de Oliveira Veras
 SECRETÁRIO
 Paulo Jorge Dumasreq Madureira
MEMBRO

BENVINDOS

 

COM SETE MEMBROS, CANGUARETAMA/RN, TEM A SUA ACADEMIA DE LETRAS DESDE O DIA 27-10-2013. PARABÉNS MEUS CONFRADES E CONFREIRAS.


SETE MEMBROS DÃO INÍCIO À ACADEMIA DE LETRAS DE CANGUARETAMA/RN - ALC.


Depois de 155 anos de existência, os canguaretamenses criaram sua academia de letras (Academia de Letras de Canguaretama RN - ALC). A reunião ocorreu na manhã do domingo (27/10/2013), no Casarão da Família Gomes, no centro da cidade. O objetivo que moveu a criação da Academia foi incentivar o desenvolvimento cultural do município. Em breve a diretoria provisória organizará o estatuto e abrirá espaço para a indicação dos membros efetivos. A comissão provisória, que dirige a entidade, foi formada inicialmente por: Francisco Alves Galvão, Eduardo Gomes de Carvalho, Erivan de Souza Lima (TATÁ), João Maria Alves de Castro, Maria de Fátima Pessoa, Anadir Pessoa Cavalcante e Auricéia Antunes de Lima. A reunião se deu num clima especial de companheirismo e preocupação com a cultura local. No final, todos puderam demonstrar a satisfação pelo grande acontecimento e foram feitas várias leituras de obras literárias entre os presentes. Um brinde especial pelo sucesso de todos selou a reunião.

 Fonte: História de Canguaretama 

FONTE: Blog Ponto Crítico

Tempos de criança
Augusto Leal, engenheiro

          Eu daria tudo que tivesse /Pra voltar aos tempos de criança/ Eu não sei por que a gente cresce/ E não sai da mente esta lembrança.
           A minha infância foi vivida nos bairros de Petrópolis e Tirol. Nasci e vivi na Rua Seridó, até os seis anos de idade, depois fomos morar na Rua Mossoró de onde sai casado.
            Na Rua Seridó meu pai fez uma casa quase que exclusiva para crianças. O nosso quarto tinha no teto, pintado as figuras do Mickey, Pato Donald, Pateta e outros personagens das histórias de Walt Disney. No jardim casinhas feites com pés de fícus, que dava para a gente entrar e ficar fazendo traquinices, jogando caroço de pitombas e carrapateiras com baladeiras nas pessoas e nos carros que passavam. Tinha uma charrete puxada por um carneiro, chamado Belém, a gente andava dentro do quintal ou na Praça Pedro Velho. Belém morreu e o carneiro passou a ser meu irmão José Maria, que na época era mais gordo que Jô Soares e tinha longos cachos nos cabelos. Por isso foi promovido a carneiro por mim e minha irmã Liege. As tardes mamãe reunia os três no jardim da frente da casa para contar histórias infantis. Lembro-me de uma triste que a madrasta de uma menina enterrou ela no jardim da casa, os cabelos cresceram com as ramas e quando o jardineiro ia cortar as ramas ela cantava uma música que tinha uma parte que dizia assim “Jardineiro de meu pai/ não me cortes o meu cabelo/Minha mãe me penteou, minha madrasta me enterrou/Pelos figos da figueira/Que o passarinho bicou.”
            As tardes uma senhora que morou muito tempo na casa de meus pais, nos levava brincar na Praça Pedro Velho, lá tinha um parque infantil muito grande, com vários equipamentos, como gangorra, balanços, escorregos. Na praça havia bancos para sentar, pés de fícus cortados em formas de animais, de cassinhas, fotógrafos para tirar fotografia naquele momento, tanques com água onde tinham peixes, tartarugas, um coreto com um pequeno bar e lanchonete e uma quadra para a prática de esportes.
            Da Rua Seridò fomos morar na Rua Mossoró no ano de 1950, mas continuei frequentando o bairro de Petrópolis, pois fui estudar depois no Colégio Sete de Setembro e jogar basquete e futebol de salão no Santa Cruz Futebol Clube. Tive como treinador de basquete os irmãos Oscar e Cristalino Fernandes. Oscar era professor de desenho no Sete de Setembro e Cristalino me parece que já era funcionário do Banco do Brasil.

            Na Rua Moçoró, já um meninote, tinha a liberdade de andar só. Fui estudar no Atheneu, ainda continuei ligado a Rua Seridó, pois deixei por lá muitos amigos e continuei jogando pelo Santa Cruz.

            A Rua Moçoró a partir da Rua Prudente de Morais era quase que deserta, principalmente os quarteirões ente a Prudente e a Afonso Pena, sem pavimentação o leito da Rua era de terra batida, servia para os nossos campos de futebol mirim. Havia poucos veículos, é tanto que quando aparecia um, alguém gritava – Parábola- Era um aviso para parar a bola, parar o jogo, quando o veículo passava a “pelada” continuava.
              O quarteirão onde estava localizada a casa de meu, (foi a terceira a ser construída), era de vizinhança escolhida, por serem pessoas boníssimas. Na esquina com a Prudente Djalma Marinho e Eider Furtado, José Barbosa de Farias, por ser muito magrinho e de pouca estatura, era conhecido como Seu Pigmeu, em frente Aderson Eloi de Almeira. adiante Olimpio Procópio de Moura. Iderval Medeiros, Paulo Sobral, Antônio Justino Bezerra, José Idelfonso Emerenciano, José Lopes, Tenente Clotário Tavares, e por último João Rodrigues Barbosa, não sei por que também chamado de João Mamão.
              A Rua Mossoró ainda hoje é ligada com a Ulisses Caldas, onde ficava o comércio de meu pai (Farmácia Natal), e quando eu fazia minhas traquinices, era sentenciado a ir de castigo passar as tardes na Farmácia, aprendendo o oficio ou estudando, ia a pé e voltava a pé. Da Rua Ulisses Caldas já se tinha uma visão ampla da Rua Mossoró, pois não tinha arvores plantada, daí a visão direta do Parque das Dunas. No domingo este morro, na parte por trás do Estádio Juvenal Lamartine, ficava lotados de torcedores que iam assistir aos jogos e sentado no batente do portão da minha casa eu tinha a visão daquela torcida, que às vezes soltava alguns foguetões geralmente anunciando um gol do ABC Futebol Clube.
              Na época do inverno, como o leito da rua era de terra batida, formava grandes poças de água, onde se ouviam o cantar das rãs ou dos sapos que passavam a noite cantarolando. Tinha os vaga-lumes que ficavam desfilando pela noite com sua luzinha apagando e acendendo, e a meninada a procurar pega-los para colocá-los em um vidro para fazer lanterna. Fazíamos coleções de besouros e borboletas caçados nos terrenos baldios, colocados em pequenas caixa de madeira e conservados no formol.
Na rua além das “peladas” jogávamos bola de gude, biloca, triângulos e tila eram as modalidades preferidas. Brincávamos de bandeirinha ou pega bandeira, de tica, de esconde esconde, cobra sega, guerra de baladeiras, tô quente tô frio, bom barquinho e outras.
Nos colégios as quermesses, nas igrejas as festas, íamos às festas do Colégio Sete de Setembro, Colégio Marista, Ginásio São Luiz, quermesse na Lagoa Manoel Felipe, hoje Cidade da Criança, a da Igreja Santa Terezinha, do Colégio Nossa Senhora de Fátima, Festa da Padroeira na Praça André de Albuquerque, Festa da Mocidade, na Praça Pio X. Aos domingos, banho de mar nas praias do Meio, Forte e Areia Preta, ou a travessia do Rio Potengi, nas lanchas de Luiz Romão, ou nos botes a vela, capitaneados por Janjão, Ferrinho ou Gonzaga.]
Cresci, envelheci, ficou a saudade. Boas lembranças de um tempo bem vivido.

17/11/2013

Casa da Vida: Maternidade Januário Cicco

TN - Publicação: 16 de Novembro de 2013 às 00:00
Texto: Gustavo Sobral 
Ilustração: Arthur Seabra

Contratam um artista para desenhar a fachada. Profissional formado pelo liceu de artes e ofícios de Pernambuco e especialista naqueles arabescos, sacadas, arcos, e tudo que revelasse a beleza das formas da arquitetura clássica. Subiram as paredes no tempo que na cidade se andava de bonde que numa fotografia antiga habita o momento. Era Petrópolis, Natal/RN, nos anos trinta, tão bucólica quanto moderna naquele tempo. Construída em 1940, Avenida Nilo Peçanha, 259, só se torna mesmo maternidade e lá nos anos 1950, quando dr. Paulo Sobral na tecnologia do forceps realiza o primeiro parto que o Diário de Natal contou em reportagem da época. A ocupação como quartel general na segunda guerra mundial atrasou o emprego a que a casa era destinada. E cada fato ficou no seu tempo. Quem inventou aquilo tudo foi um médico quando a história costumava a registrar que um visionário era um realizador do futuro, pois foi aquele que lhe emprestou o nome, o médico Januário Cicco. 

Arthur SeabraAquarela da Januário CiccoAquarela da Januário Cicco

Joaquim Victor de Holanda o futuro construtor da cidade arrumou o pórtico de colunas imponentes que passada a escadaria compõem a sua entrada, nos frontões de beleza barroca, rosáceas, arcos plenos em algumas janelas e cobertura com o charme das telhas coloniais aparentes. O edifício imperioso para o seu tempo criava-se em três andares de volumes bem definidos, portas e janelas em desenho harmônico e no terceiro pavimento uma varanda. Sessenta e cinco quartos, cada quarto o nome de uma flor e dois leitos, de maneira que cada criança que nascia para a vida chegava à vida embalada por um quarto como se brotasse em um jardim. E assim a Maternidade Januário Cicco se inscreve como única maternidade sabida em que os leitos não são números, são flores, e o edifício se completa com todos os serviços essenciais à vida da criança e da gestante, e assim se realiza o visão do seu criador de que a maternidade é o berço do milagre da vida.

16/11/2013


Luís, o paladino da desesperança

Tomislav R. Femenick – Membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN


 


Luís Carlos Prestes (1898-1990) foi um militar e político brasileiro. Formou-se em engenharia pela Escola Militar do Rio de Janeiro e serviu como tenente-engenheiro na Companhia Ferroviária de Deodoro, até ser transferido para o Rio Grande do Sul.

Foi um dos mais destacados lideres do “movimento tenentista”, uma série de rebeliões político-militar, deflagrada por oficiais de baixa e média patente das forças armadas brasileiras, acontecida na década de 1920. Os jovens militares se posicionavam contra o sistema político nacional de então, dominado pelas oligarquias estaduais. Em 1924, militares rebelados de São Paulo, comandado por Miguel Costa, partiram em direção ao sul do país. O capitão Prestes aderiu à revolta e, liderando um grupo de Santo Ângelo-RS, se dirigiu ao Paraná, onde se juntou aos paulistas, formando um contingente de cerca de 1.500 homens.

A Coluna Prestes (como o contingente passou a ser conhecido) percorreu 25.000km pelo interior do Brasil, em um período de 29 meses, promovendo uma “guerra de movimentos” contra as forças do governo, num episódio idealístico e romântico, porém sem qualquer possibilidade de êxito. No final de 1926, sem condições de continuar a luta, a coluna se refugiou na Bolívia, de onde o seu líder – já conhecido como o “Cavaleiro da Esperança” – foi para a Argentina, onde se dedicou ao estudo do marxismo.

Em 1930 Prestes se posicionou contra a revolução getulista e no ano seguinte foi para a União Soviética, onde foi eleito membro da comissão executiva da Internacional Comunista. Quatro anos depois voltou ao Brasil acompanhado da mulher, a comunista alemã Olga Benário, e comandou a Aliança Nacional Libertadora. Em 1935 dirigiu o episódio conhecido como a “insurreição comunista”. Com a derrota da intentona, Prestes perdeu a patente de capitão e foi preso durante nove anos. Sua mulher, mesmo grávida, foi deportada para a Alemanha nazista e morreu no campo de concentração de Ravensbrück.

Todavia a história de Prestes tem muitas facetas, como o caso de Elvira Cupello Colônio (Elza Fernandes ou Garota), uma moça semianalfabeta, que não sabia o que era comunismo ou revolução, doméstica, irmã de um membro do Partido Comunista Brasileiro e amante de Antonio Maciel Bonfim (Miranda ou Alberto Fernandes), secretário-geral do partido. Quando os líderes da insurreição de 1935 começaram a ser presos, recaíram sobre o casal suspeitas de que um ou outro (ou os dois) tinha fornecido à polícia nomes de militantes comunistas. Elza foi julgada e condenada à morte em 16/17 de janeiro de 1936, por um tribunal revolucionário do partido. Como a decisão não foi unânime, Prestes escreveu aos julgadores chamando-os de medrosos e exigindo que Elvira fosse executada. A carta diz: “Fui dolorosamente surpreendido pela falta de resolução e vacilação de vocês. [...] Por que modificar a decisão a respeito da ‘garota’? [...] Com plena consciência de minha responsabilidade, desde os primeiros instantes tenho dado a vocês minha opinião quanto ao que fazer com ela”. Elvira, com apenas 16 anos, foi estrangulada com um fio de varal.

Com o fim do Estado Novo, em 1945, Prestes assumiu o cargo de secretário-geral do PCB e manifestou apoio a Getúlio Vargas, defendendo a sua permanência na presidência; o mesmo Getúlio que o prendera e que deportara sua esposa para a Alemanha nazista. Naquele ano elegeu-se senador, porém seu mandato foi cassado dois anos depois, passando a viver na clandestinidade em virtude de um mandato de prisão que somente foi suspenso em 1958. Em 1964, com a ditadura militar, teve seus direitos políticos suspensos por dez anos e novamente foi moram na União Soviética. Em 1979 regressou ao Brasil, em função de decretação da anistia, todavia as novas lideranças do partido o destituíram do comando do PCB. Em 1982 foi expulso do partido.

Gazeta do Oeste. Mossoró, 08 nov. 20113

O Jornal de Hoje. Natal, 12 nov. 2013