22/10/2013



Os nossos ilustres Peregrinos

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG

Pelo menos, do meu conhecimento, cinco filhos de João Peregrino da Rocha Fagundes se destacaram nacionalmente: general Umberto Peregrino, que foi diretor da Biblioteca do Exército e do Instituto Nacional do Livro, e autor do livro “Crônica de uma cidade chamada Natal”; médico, jornalista e escritor Peregrino Junior, imortal da Academia Brasileira de Letras; engenheiro José Crisanto, que foi Superintendente do Porto do Rio de Janeiro, diretor comercial da Fábrica Nacional de Motores e Ministro Interino dos Transportes; médico e professor Armando Peregrino; e o jurista Miguel Seabra. Por isso, abrimos um artigo especial com essa família que juntou Rocha Fagundes com Seabra de Mello. Começaremos com casamento de João Peregrino e D. Cornélia.

Aos dezenove de junho de mil oitocentos e noventa e sete, nesta Matriz, precedido os proclamas, servatis servandis, assisti a celebração do sacramento do matrimônio de João Peregrino da Rocha Fagundes e Cornélia Seabra de Mello, presentes as testemunhas João Baptista de Caldas e Padre Manoel Luiz de Caldas Sobrinho. Os contraentes são filhos legítimos: ele de Joaquim Peregrino da Rocha Fagundes e Leonor Miquelina de Vasconcellos Fagundes, e ela de Miguel Augusto Seabra de Melo e Anna Leonor Seabra, e ambos são moradores e naturais desta Freguesia. Do que para constar mandei lavrar este que assino. O pároco João Maria Cavalcanti de Brito.

Dona Leonor, mãe de João Peregrino, faleceu no ano de 1878. Joaquim Peregrino era irmão do Reverendo Bartolomeu da Rocha Fagundes, que faleceu em Recife no ano de 1877, com 62 anos, e que foi Vigário da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação. Encontramos, na Gazeta de Notícias, do ano de 1888, o seguinte aviso do professor: Joaquim Peregrino da Rocha Fagundes explica mediante uma indenização cômoda, aritmética, geometria e álgebra, de acordo com o programa adotado pelo governo geral para os exames gerais de preparatório no império. Natal, 21 de março de 1888.

Do casal João Peregrino e Cornélia encontramos os registros de alguns filhos, sendo o mais velho deles: João Peregrino da Rocha Fagundes Junior, que  nasceu aos 12 de março de 1898, e foi batizado na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, aos 27 do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos Capitão Miguel Augusto Seabra de Mello e D. Anna Leonor Seabra, avós do batizado. Ficou conhecido por Peregrino Junior.

Anna nasceu aos dezenove de outubro de 1900, e foi batizada aos vinte e dois de janeiro de mil novecentos e um, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, tendo como padrinhos Leocádia da Rocha Fagundes e Maria da Rocha Fagundes. Há uma anotação no registro que ela casou, em 30 de agosto de 1941, com Roderico Valeriano de Moraes, na Igreja Nossa Senhora da Paz, do Rio de Janeiro.

José Crisanto Seabra Fagundes nasceu aos 26 de novembro de 1902 e foi batizado aos 27 de dezembro do mesmo ano, na Catedral, sendo seus padrinhos Alfredo Augusto Seabra de Mello e Aurélia Aurora Seabra de Melo.
Miguel Seabra que nasceu no dia 30 de junho de 1910,  foi batizado na Igreja Matriz pela Padre José Calazanas, sendo seus padrinhos Dr. Antonio China e Pocidonia Fagundes. Segue o casamento dele.

Aos trinta de maio de 1935, pelas dez horas, em oratório particular, à Rua João Pessoa, 263, desta paróquia de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, por autorização do Exmo. Snr. Bispo Diocesano, depois de feitas as denunciações canônicas e demais formalidades prescritas, não aparecendo impedimento algum, quer canônico quer civil, como se vê do processo que fica arquivado nesta Freguesia, por palavras de presente, nas formas do ritual romano, em minha presença e na das testemunhas – os pais do nubente como abaixo se declara, por parte do nubente, Afonso Rique por procuração de Alberto Gentile, solteiro, funcionário publico e Hercilia Gentile, solteira, de afazeres domésticos, ambos naturais da Paraíba do Norte e residentes respectivamente na Bahia e nesta capital, por parte da nubente, todas pessoas muito de mim conhecidas, receberam-se em matrimonio Dr. Miguel Seabra Fagundes e Bemvinda Gentile, ambos solteiros, residentes e domiciliados nesta Freguesia, às ruas Duque de Caxias, 225 e João Pessoa, respectivamente, - ele magistrado, com 25 anos de idade, nascido a 30 de junho de 1910, nesta capital onde se batizou em tenra infância, filho legítimo de João Peregrino da Rocha Fagundes e Cornélia Seabra Fagundes, ambos já falecidos nesta cidade a 4 de setembro de 1934 e a 15 de outubro de 1916; e ela, de afazeres domésticos, com 20 anos de idade, nascida a 11 de abril  de 1914, em “João Pessoa” da Arquidiocese da Paraíba, onde foi batizada em tenra infância, filha legítima de Américo Gentile, casado, industrial, com 61 anos, e de sua esposa D. Carmela de Libero Gentile, de afazeres domésticos, com 54 anos, ambos naturais da Itália, casado a 31 de outubro de 1901, em São Paulo, residentes e domiciliados nesta Freguesia à Rua João Pessoa, 237; e em seguida, dei-lhes a benção nupcial, conforme o ritual. A nubente passa a assinar-se após o casamento: Bemvinda Gentile Seabra Fagundes. E para constar lavrei este termo que assino com os contraentes e as testemunhas.

Humberto Peregrino Seabra Fagundes nasceu aos 3 de novembro de 1911 e foi batizado (com H) aos 2 de dezembro do mesmo ano, sendo seus padrinhos Apolônio Augusto Seabra de Mello e Cecília Pinheiro.

Não encontrei o batismo de Armando Peregrino Seabra Fagundes, médico, professor da UFRJ. Mas, encontrei o batismo de um filho de Miguel Seabra.
Eduardo Gentile Seabra Fagundes nasceu aos 6 de maio de 1936, e foi batizado aos 30 do mesmo mês e ano, na Igreja Santo Antonio, filho legítimo do Desembargador Miguel Seabra Fagundes e Bemvinda Gentile Seabra Fagundes, sendo seus padrinhos Américo Gentile e Genoveva Gentile. Observem que em 1936, Miguel Seabra já era Desembargardor.
Batismo de Miguel Seabra Fagundes

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OAB DO RIO GRANDE DO NORTE COMPLETA 81 ANOS

Com particular orgulho registramos na data de hoje, a passagem do 81º aniversário da Ordem dos advogados do Brasil, Seção do Estado do Rio Grande do Norte.
A data histórica foi registrada no matutino Tribuna do Norte, através de artigo do Membro Honorário Vitalício Adilson Gurgel de Castro.
Nossa história começa no dia 05 de março de 1932, logo após uma reunião do Instituto dos Advogados deste Estado, que funcionava no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, sob a presidência do eminente jurista Hemetério Fernandes Raposo de Melo e contado com a presença dos advogados Francisco Ivo Cavalcanti, Paulo Pinheiro de Viveiros, Manoel Varela de Albuquerque, Francisco Bruno Pereira e Manoel Xavier da Cunha Montenegro, que compuseram a primeira diretoria provisória da nova Entidade, com a missão de convocar todos os advogados do Estado para a oficialização da Corporação dos Advogados.
Arregimentados os causídicos, realiza-se o primeiro pleito para a escolha dos seus conseolheiros, sendo o mais votado o Doutor Hemetério que, certamente, seria o seu primeiro Presidente.
Reconhecida pelo Conselho Federal, a OAB/RN teve aprazada a sua oficialização para o dia 22 de outubro de 1932 quando seriam empossados os seus conselheiros e escolhida a Primeira Diretoria. O destino, contudo, foi implacável para com o Doutor Hemetério, falecido no dia 30 de agosto, por conseguinte, antes de ser empossado, razão pela qual o Primeiro Presidente eleito foi o Doutor Francisco Ivo Cavalcanti.
Daí em diante trilhamos uma estrada de grandes feitos e conquistas democráticas, firmando-se em definitivo como uma Instituição indispensável à consecução da Justiça e defensora intransigente da Democracia.
Tive a oportunidade de escrever em 2008 um livro "Traços e Perfis da OAB/RN" onde relato toda a trajetória de lutas, vitórias e percalços da nossa Casa dos Direitos Humanos.
Coincidentemente, nesse mesmo ano, nasceu na cidade de Macaíba Hélio Xavier de Vasconcelos, que foi chamado pelo criador para sua morada final e que hoje, precisamente, é reverenciado com a Missa de 7º Dia a ser celebrada na sede da Entidade da qual foi Presidente e grande baluarte.
PARABÉNS AOS ADVOGADOS DO RIO GRANDE DO NORTE.

18/10/2013


A Praça José da Penha

Elísio Augusto de Medeiros e Silva

Empresário, escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br



Sempre me disponho a escrever sobre duas praças da Ribeira – A Praça Augusto Severo e a Praça José da Penha (antiga Leão XIII) de tamanhos e formas variadas.
Há muitos anos, a Praça José da Penha está no roteiro obrigatório diário que faço na ida e volta ao trabalho. Cruzo o local várias vezes nos dias de semana.
Durante esse longo tempo de convívio, acredito que a conheço muito bem – de todos os ângulos e em quase todos os horários. O tempo criou entre nós laços profundos. Até o canto dos pássaros que frequentam o lugar é familiar para mim, em todas as estações do ano, nos dias de chuva ou de sol.
Este ano uma obra de saneamento, com muita lama e buracos, deixou-lhe quase intransitável para os veículos que obrigatoriamente trafegam por ali.
O barulho de máquinas escavadeiras e bombas de sucção é terrível, e somam-se as buzinas impacientes dos motoristas apressados. Paciência, é para o progresso do bairro, dizem alguns.
Diariamente, tento evitar o local, mas não tem jeito – não existe outra via de acesso para meu roteiro. Todos convergem para o entroncamento do antigo “SAPS”, frente à Igreja do Bom Jesus.
Quando vejo aquele imenso canteiro de obras me vem à memória o que aconteceu no mesmo local no distante ano de 1936, portanto há mais de 70 anos.
Naquele ano, o pavilhão que ocupava o centro da praça, com bancos e gramados bem cuidados, desapareceu para dar lugar a uma estação elevatória de dejetos.
Em razão disso, no dia 25 de setembro de 1936, “A República” publicava sob o título “Saneamento” a matéria: “Atualmente, a maior intensidade de serviço se acentua no bairro da Ribeira, onde está sendo efetuada a construção do reservatório R1, e ainda do distrito D5, com sua respectiva estação elevatória da Praça José da Penha”.
Naquela época, com o prolongamento da Avenida Tavares de Lira interligando definitivamente a Ribeira com o bairro de Petrópolis, a praça perderia dois terços do seu espaço original, ficando do tamanho que atualmente se encontra. Alguns antigos moradores da Cidade Baixa com quem conversei se recordam disso.
A última reforma do local ocorreu em 1998, durante a administração da prefeita Wilma de Faria, ocasião em que foi colocada na praça uma justa homenagem ao Capitão José da Penha.

Não tenham dúvidas que o progresso e melhoramento trazidos pela expansão imobiliária chegarão mais uma vez ao velho bairro ribeirinho.

16/10/2013


Gente do nosso tempo (IV)


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG

Nosso artigo de hoje começa com o mestre Cascudo. Ele nasceu, com o nome de Luis, aos 30 de dezembro de 1898, e foi batizado aos 27 de maio de 1899, na Capela de Bom Jesus das Dores, filho legítimo de Francisco Justino d’Oliveira Cascudo e D. Ana Maria da Câmara, tendo como padrinhos Dr. Joaquim Ferreira Chaves e sua esposa D. Alexandrina Barreto Ferreira Chaves.  Luis da Câmara Cascudo casou, em 21 de abril de 1929, na capela do Colégio Conceição, com D. Dhália Freire, filha legítima do Dr. José Theotônio Freire e Maria Leopoldina Freire.

Fernando Luiz, que faleceu recentemente em Recife, filho de Luis da Câmara Cascudo e de Dona Dhália Freire, nasceu aos 9 de maio de 1931, e foi batizado na Catedral, aos 2 de agosto do mesmo ano, tendo como padrinhos Francisco Cascudo e Maria Leopoldina Freire, um avô de cada lado. Consta, como informação, no registro, que casou com Marly Maria da Silva, em 22 de outubro de 1960.

Dr. Carlos Roberto de Miranda Gomes, colega da UFRN, do IHGRN e do INRG, nasceu aos dez de dezembro de mil novecentos e trinta e nove, e foi batizado na Catedral aos 17 de março do ano seguinte, filho de José Gomes da Costa e de sua esposa D. Maria Lígia de Miranda Gomes, neto paterno de João Gomes da Costa e Bernardina Rodrigues da Costa, e materno de Jerônimo Xavier de Miranda e Aline Maranhão de Miranda. Foram padrinhos João Virgilio de Miranda e Olívia Fernandes de Miranda. Consta na lateral do registro que ele casou com Terezinha Rossi, em 16 de março de 1963. Teresinha nasceu em 21 de julho de 1936 e foi batizada aos 21 de fevereiro de 1939, filha de Rocco Rossi e Rosina Lovisi Rossi, tendo como padrinhos Francisco de Assis Costa e Ana Augusta Cavalcanti.

A família Romano Guerreiro morava em frente ao Colégio Maria Auxiliadora.  Fernando Romano Guerreiro nasceu aos 8 de fevereiro de 1939, e foi batizado no Santuário do Tirol, aos 14 de maio do mesmo ano, filho legítimo de Valdemar Tavares Guerreiro e Maria de Lourdes Romano Guerreiro, sendo padrinhos Cristovão Romano e d. Nair de Melo Romano. O registro informa que casou com Eleika de Sá Bezerra (atualmente, vereadora), em 27 de dezembro de 1965. O registro de casamento dos pais de Eleika é muito rico em informações. Dele extraímos o que se segue.

Aos nove de maio de 1935, no Santuário do Tirol, na presença das testemunhas Ezequiel Xavier Bezerra, casado, agricultor, e de sua esposa Maria Amélia Bezerra, ambos naturais de Currais Novos, da parte do nubente; Dr. Francisco Xavier Soares Olavo Montenegro, solteiro, médico, e a senhorinha Ivone Carrilho de Sá, solteira, ambos naturais de Ceará Mirim, pela parte da nubente, se receberam em matrimônio Dr. José Bezerra de Araújo e Ivete Carrilho de Sá, ele, engenheiro agrônomo, com 26 anos, nascido aos 4 de agosto de 1908, em Currais Novos, onde foi batizado, filho legítimo de Antonio Bezerra de Araújo, agricultor com 46 anos de idade, nascido aos 7 de abril de 1890, e de sua esposa Rita Maria de Araújo, doméstica, com 40 anos, nascido a 5 de maio de 1890 (deve ser 1895), ambos nascidos em Currais Novos; ela, de prendas domésticas, com 17 anos, nascida aos 9 de outubro de 1917, em Ceará Mirim, onde foi batizada, filha legítima de Valdemar Dias de Sá, comerciante, com 39 anos, nascido aos 23 de março de 1896, e de sua esposa Dulce Carrilho de Sá, doméstica, com 36 anos, nascida a 13 de junho de 1899, ambos naturais de Ceará Mirim.

Há poucos dias, no aniversário de Lúcia Caldas, reencontrei com Guga (Augusto Coelho Leal), que escreve neste mesmo jornal, e relembramos do pai dele, Seu Cloro, que tinha a farmácia Natal, no centro da cidade. Um irmão de Guga, Luiz Jorge, nasceu aos 19 de dezembro de 1938, e foi batizado na catedral, aos 30 de abril do mesmo ano, sendo filho de Clodoaldo Marques Leal e Maria José Leal, neto paterno de Luiz Marques Leal e Petronila Tertulina Leal, e materno de Jorge Coelho Leal e Maria Elisa da Silva, tendo como padrinhos Paulo Mesquita e Ilnah Pereira Mesquita. O registro informa que casou com Iris Bandão de Araújo, em 2 de abril de 1966.

Jurandyr Navarro foi presidente do nosso Instituto Histórico. Segue o casamento dos seus pais. No dia 19 de novembro de 1925, em oratório privado, à Rua Voluntário da Pátria, 709, na presença das testemunhas Sandoval Pinheiro Avelino e Fernando Tinoco, Jurandyr Sytaro da Costa desposou Almira Torres Navarro, ele com 25 anos, filho legítimo de Rodrigo Afonso da Costa e de Ana Sytaro da Costa, e ela, com 16 anos, filha de José Doze de Moraes Navarro, falecido, e de Josefa Torres Navarro.  Uma irmã de Jurandyr Sytaro era Aracy Sytaro da Costa, que casou com Carlos Homem de Siqueira.

Sandoval, que testemunhou o casamento de Jurandyr Sytaro, veio da terra do sal, para casar aqui em Natal. Descendente do professor Matheus da Rocha Bezerra e do rábula Vicente Avelino, ele, Sandoval, era irmão do poeta Edinor Avelino e primo legítimo do senador Georgino Avelino.

Sandoval Pinheiro Avelino desposou em 8 de setembro de 1925, Ana Almeida Tinoco, ele, filho legítimo de Emygdio Bezerra da Costa Avelino e de Maria Irinéia da Costa Pinheiro, natural de Macau, e residente em Natal, ela, filha legítima de João Juvenal Barbosa Tinoco, e de Constância de Almeida Tinoco, natural e residente em Natal. Foram testemunhas Dr. Francisco Albuquerque e Edinor Avelino.

Batizado de Custódia de Manoel Tavares Guerreiro- 1705

12/10/2013


1928 – FOTOS DA INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO JUVENAL LAMARTINE

Estádio Juvenal Lamartine sendo cercado pela verticalização do bairro do Tirol – Fonte – Google Earth
Autor – Rostand Medeiros
Hoje vemos a “modernidade” em Natal colocando em risco um patrimônio histórico extremamente importante para a história desportiva potiguar.
Comento sobre a polêmica existente sobre o fim do estádio Juvenal Lamartine, a primeira praça esportiva potiguar, destinada exclusivamente a prática do futebol e do atletismo.
A ideia do atual governo potiguar é construir na Zona Norte de Natal um novo estádio de futebol, de porte médio para Natal, com capacidade para receber um público máximo de dez a doze mil espectadores.
Consta que os estudos realizados pela equipe do Governo ser inviável a proposta de recuperação do estádio localizado no valorizado bairro do Tirol, pela inviabilidade – técnica e econômica – no atendimento a diferentes exigências normas de segurança e de funcionalidade.
No último dia 26 de outubro, o deputado estadual Fábio Dantas, do PHS, sugeriu a transformação do estádio de futebol numa grande área de lazer no bairro Tirol. O político apresentou requerimento à governadora potiguar, Rosalba Ciarlini com reivindicação nesse sentido.
Este deputado, segundo foi divulgado na imprensa, comentou que vender o estádio por 20 milhões de reais “-É muito pouco, em função da valorização de áreas do bairro de Natal”. Ele solicita ao governo do Estado que o Juvenal Lamartine seja transformado numa grande área de lazer.
De acordo com o deputado Fábio Dantas, ocorrendo essa transformação, o governo do Estado terá o reconhecimento da sociedade e dará uma alavancagem na administração. (http://www.givva.com.br)
Arquibancadas do estádio Fonte –http://www.clicrn.com.br
Houve outra iniciativa de preservação deste patrimônio histórico. Recentemente o vereador Franklin Capistrano propôs transformar o velho estádio do Tirol em Patrimônio Histórico e Cultural da cidade de Natal. O vereador acredita que com o tombamento conseguiria livrar o valioso terreno do assédio das construtoras que desejam aquele espaço valorizado para a construção de condomínios.
Aparentemente alguns os políticos potiguares estão se movimentando para salvar o velho Juvenal e o que sobrou da identidade futebolística. (http://www.diariodenatal.com.br/2011/10/27/esportes1_0.php)
Através do site http://www.mp.rn.gov.br, ficamos sabendo que no próximo dia 14 de novembro de 2011 vai ocorrer uma Audiência Pública proposta pelo Ministério Público, sobre a importância histórica do Estádio Juvenal Lamartine. A princípio esta Audiência Pública vai ocorrer na sede da Procuradoria Geral de Justiça, às 10 da manhã, sendo uma iniciativa da 28ª Promotoria de Justiça da Comarca de Natal.
A reunião vai contar com a participação da população, de técnicos no assunto e de representantes da Procuradoria Geral do Estado, da Assembleia Legislativa e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB), que vão debater a proposta do Governo do Estado em vender o estádio para custear a construção de um hospital.
Além dos debates, a Promotora de Justiça Rossana Mary Sudário fará uma breve exposição das propostas do Ministério Público acerca da conservação e utilização do espaço. O que possibilitará firmar um possível Termo de Ajustamento de Conduta com os órgãos responsáveis.
Bom, como posso contribuir neste tema?
Como gosto de história, nada melhor que mostrar as fotos publicadas na revista “Cigarra”, de 1928, sobre a inauguração do velho “Stadium do Tyrol”. Espero que a divulgação deste material mostre de forma mais clara a importância histórica deste patrimônio.
Revista “Cigarra”, número 1, novembro de 1928, páginas 62 e 63
Parte da arquibancada no dia da inauguração, 12 de outubro de 1928
Aspectos da arquibancada
Entrada principal
Juvenal Lamartine (com chapéu de palha na mão esquerda) e os presidentes dos clubes presentes a festa
A equipe do América Futebol Clube
O time do ABC F.C.
O Alecrim Futebol Clube
O time do Paysandu
Segundo reportagem publicada no jornal “Tribuna do Norte” (http://tribunadonorte.com.br/noticia/juvenal-lamartine-perto-de-virar-um-oitentao/70220), temos os seguintes aspectos referentes a inauguração do estádio Juvenal Lamartine.
“Governava o Rio Grande do Norte um político habilidoso, filho de Serra Negra, membro de uma família importante, como eram os Lamartine. O líder da família, governador  Juvenal Lamartine de Faria, entre tantos atributos, o de ser um desportista, com forte inclinação pela aeronavegação, Tanto que, é um dos fundadores ao Aero Clube do Rio Grande do Norte, por coincidência também completando 80 anos de fundação este ano. 
Convidado pelos dirigentes da LNDT para dar o chamado “ponta pé” num torneio disputado no Tirol, Juvenal Lamartine ficou penalizado com a pobreza das instalações do campo de futebol, cujos vestiários eram de taipa, o terreno bastante arenoso, sem qualquer outra instalação física.  De imediato, entrou em contato com o arquiteto natalense Clodoaldo Caldas, que residia no Rio, onde prestava serviços como servidor público federal.
Aceito o convite, em seis meses o estádio estava pronto, com instalações modestas mas aconchegante e suficiente para os primeiros torneios oficiais. Constava de uma arquibancada de madeira (hoje, ainda de pé), com capacidade para 800 a 1000 pessoas sentadas, com o restante do público, em pé, protegido por uma mureta bem trabalhada em cimento armado. O  estadinho do Tirol era murado, com fachada estilo barroco,  lamentavelmente desfigurada na ampliação, hoje ocupada por pequenas lojas . No estádio todo, cabiam entre 3 e 4 mil assistentes, dos quais apenas os que estavam na arquibancada de madeira sentiam-se protegidos do sol e da chuva.
Na inauguração, estava a fina flor da sociedade natalense,  os homens usando chapéu de palhinha, paletó e gravatinha borboleta, enquanto as senhorinhas desfilavam com os longos generosos no volume de tecido, chapéu de grandes abas. Natal, já tinha um colunista social, que era Aderbal de França, assinando a coluna diária  com o pseudônimo de Danilo. A revista “A Cigarra”, semestral, trouxe ampla reportagem (com fotos) da festejada inauguração. Era o dia 12 de outubro de 1928. No gramado, ABC, América, Paysandu e o Cabo Branco, de João Pessoa. Antes do futebol, equipes femininas realizaram evoluções e aconteceram pequenas provas de atletismo. Segundo ainda “A Cigarra”. Foi um dia inteiro de festas.
Segundo as várias informações existentes, o torneio inicial no estádio Juvenal Lamartine foi entre as equipes potiguares do América, ABC e Alecrim. Juntou-se aos times locais o Cabo Branco da Paraíba.
Então qual seria o time do “Paysandu” apresentado na reportagem?
É bem verdade que havia uma equipe denominada “Paysandu Sport Club” que seria uma dissidência dentro do América de Natal. Mas acredito que ocorreu um erro na composição da revista “Cigarra”.
Espero que esta história não se perca na poeira da modernidade.
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Fonte: 

TOK de HISTÓRIA – ROSTAND MEDEIROS

10/10/2013


O  O F í C I O   D E   E S C R E V E R

Gileno Guanabara

O ofício de escrever trata do mister de ler e garimpar palavras. Não apenas o sentido filológico das expressões, mas também a forma mais escorreita, a busca erudita de maior sentido e alcance, tendo em vista a quem se destina comunicar o objeto da manifestação. Não se trata de um ofício espécie exclusiva que só os ungidos dos deuses são capazes de exercê-lo. Sendo assim, há momentos de dúvidas, de correições, de trato sucessivo das palavras, a cada rabisco e leitura, que torna exigível o reparo, o detalhe quanto a forma e o conteúdo, enfim, torna-se imensurável o prazer de cambiar as palavras e vê-las mais exatamente compreensíveis. O fato de ler a imprensa, suas crônicas diárias e colunas, faz bem.
Não me reporto à forma absolutamente irrepreensível do mestre Machado de Assis em sua produção literária. Mais próximo de nós temos exemplos de lapsos de redação ou de revisão que subverteram o sentido da palavra ou de orações inteiras. Para o conforto de Graciliano Ramos, um dos melhores estetas da nossa língua, a palavra “estrambólico” se deveu a uma imperícia de revisão em um periódico. Na verdade, a intenção do articulista era a de referir-se a um fato extravagante, esquisito, incomum. No entanto, com a circulação da edição, a palavra reinou a partir de então. O que devia ser estrambótico passou doravante a ser aceito como estrambólico.
A crônica carioca também incorreu em imperícias que distorceram o flagrante, por mais factual se assemelhasse à verdade dos fatos. D. Pedro I, Imperador do Brasil, se dava o luxo de frequentar ambientes festivos, ainda que com as devidas cautelas e protocolos. Pairava sobre sua majestade a fama de conquistador e devorador de corações, sem o pejo de vulnerar sentimentos angelicais de anjos femininos feridos pelo ardor do cupido.
Na condição de simples mortal, D. Pedro também estava sujeito às intempéries da vida. Levou um tombo de uma égua, quando de um torneio esportivo, o que lhe causou uma luxação da perna. Forçado ficou a usar de um par de muletas, a fim de cumprir os compromissos sociais. Atendeu a um convite que tratava de uma festa no bairro da Lapa boêmia, no Rio de Janeiro. Durante o evento não dançou nem exercitou seus dotes cavalheirescos, haja vista a sua perna acidentada. Ao se retirar, tarde da noite, os “paparazzi” de então cercaram D. Pedro à busca de notícias do acidente. Foram dadas as explicações necessárias, enquanto o Imperador se ausentou conduzido em sua carruagem.
No dia seguinte, a principal manchete do jornal carioca dava conta da saída à francesa do Imperador: “Sua Majestade retirou-se furtivo do baile, amparado por um par de “mulatas”. Se bem que de fácil confusão, dada a fama do monarca, entretanto, o erro foi crucial haja vista que em vez de “muletas” a revisão deixou passar “mulatas”, o que se tornou motivo de uma crise política no Império.
Dias desses, escrevi a palavra “enfiteuta do universo” que reportei ao amigo Ticiano Duarte, dadas as suas hostes maçônicas e desde que é acanhado o meu conhecimento da matéria. A dúvida veio-me depois e quase se instalou uma angústia, para conferir o sentido daquela referência. Volvi ao mestre Aurélio e dissipei a dúvida: “enfiteuta pessoa titular da enfiteuse de um bem dominial”. Afora o sentido técnico, o uso da expressão foi deveras correto e apropriado.
Aproveito o ensejo dessa coluna para agradecer o apoio singular de Marcos Aurélio, da articulista de cultura, Anne Medeiros, do Jornal de Hoje, ao possibilitar a publicação das crônicas de que me valho como colaborador. Sob títulos e assuntos diversos, me exponho ao encontro dos amigos e leitores desse conceituado jornal, emitindo opiniões, fatos e personalidades que fizeram e fazem a vida nossa de cada dia mais feliz.
A publicação do livro “A Cidade do Natal e as historias do nunca” reuniu o Prefácio de João Batista Machado e a Apresentação de Ticiano Duarte, escudeiros das lutas democráticas recentes em nosso pais. De nossa parte distribuímos os convites que nos foi possível.
Na noite de sexta-feira congregaram-se gerações de personagens que venceram os dissabores da escuridão política de 1964. Fizeram-se presentes políticos de gerações mais recentes, representantes daqueles que já não se encontram entre nós, parentes e simpatizantes da cidade, todos para saber quais as “histórias do nunca” que temos guardadas dentro de nós. Uma felicidade geral de reencontro. Wilma, Garibaldi, Roberto Furtado, Ney, Valério Mesquita, Hermano, Carlos Eduardo, Aldo Tinoco, Ticiano, Machadinho, Salésia, Cecy Dieb, Campelo, Carlos Furtado, Josemá, George Câmara, Luis Lopes, Rubélio, Ivaldo, Neemias, Gilvan, me desculpem os demais que se fizeram presentes.
A Cidade do Natal carece ver inscritas as suas histórias e seus atores. Sejam histórias do nunca, sejam histórias outras que estão à espera de serem contadas. Cumpri a minha parte. A todos que atenderam ao convite os recepcionei juntamente com os meus familiares. À Cidade do Natal que trago e conheço repilo a conjura dita por Mário de Andrade: “Nesta Rua Lopes Chaves/Envelheço e envergonhado/Não sei quem foi Lopes Chaves.” Meus agradecimentos a todos os que me apoiaram nesse conluio. Que assim seja.