07/09/2013



Independência do Brasil
(Resumo) 

Fatos, causas e processo

A Independência do Brasil ocorreu em
7 de setembro de 1822.
A partir desta data o Brasil deixou de ser
 uma colônia de Portugal.
A proclamação foi feita por D. Pedro I
as margens do riacho do
Ipiranga em São Paulo.

Causas:

- Vontade de grande parte da elite política
 brasileira em
conquistar a autonomia política;

- Desgaste do sistema de controle econômico,
com restrições
 e altos impostos, exercido pela Coroa
 Portuguesa no Brasil;
Tentativa da Coroa Portuguesa em
recolonizar o Brasil.

Grito da Independência às margens do Ipiranga










Grito da Independência às margens do Ipiranga



Dia do Fico

D. Pedro não acatou as determinações
feitas pela Coroa Portuguesa que
 exigia seu retorno para Portugal. Em 9 de
janeiro de 1822, D. Pedro negou ao
chamado e afirmou que
 ficaria no Brasil.

Medidas pré independência:

Logo após o Dia do Fico, D. Pedro I
 tomou várias medidas com o objetivo
de preparar o país para o processo de 
independência:

- Organização a Marinha de Guerra

- Convocou uma Assembleia Constituinte;

- Determinou o retornou das tropas
 portuguesas;

- Exigiu que todas as medidas tomadas
pela Coroa Portuguesa 
deveriam, antes de entrar em vigor no
 Brasil, ter a aprovação
 de D. Pedro.

- Visitou São Paulo e Minas Gerais
 para acalmar os ânimos, 
principalmente entre a população,
 que estavam exaltados 
em várias regiões.

A Proclamação da Independência

Ao viajar de Santos para São Paulo,
D. Pedro recebeu uma carta da Coroa
Portuguesa que exigia seu retorno 
imediato para Portugal e anulava a
Constituinte. Diante desta situação,
D. Pedro deu seu famoso grito, as 
margens do riacho Ipiranga:
 “Independência ou Morte!”

Pós Independência

- D. Pedro I foi coroado imperador
do Brasil em dezembro de 1822; -
Portugal reconheceu a independência, 
exigindo uma indenização de 2 milhões
de libras esterlinas;

- Em algumas regiões do Brasil,
 principalmente no  Nordeste, ocorreram
 revoltas, comandadas por 
portugueses, contrárias à independência
do Brasil.
 Estas manifestações foram
duramente reprimidas 
pelas tropas imperiais.

Hino Da Independência 
Brasileira
letra do hino é de 
Evaristo da Veiga e a música
 de D. Pedro I.

Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo juvenil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

06/09/2013



Partiu Pedro Vicente

Publicação TN: 06 de Setembro de 2013 
Lívio OliveiraProcurador Federal e Escritor
Lamento pela perda de Pedro Vicente Costa Sobrinho. Era um intelectual devotado e sensível. Um acadêmico vibrante. Devemos a ele ótimas iniciativas na Cultura do RN. Pedro cumpriu, dentre outros importantes papéis, a tarefa de ter sido um dos principais responsáveis pela reestruturação da UBE/RN, sugerindo – e me surpreendendo numa reunião ocorrida na Academia Norteriograndense de Letras – que eu fosse o primeiro presidente daquele período delicado de reativação, o que foi aceito por unanimidade pelos ilustrados presentes, muito mais por sua força e autoridade intelectual do que por meus méritos pessoais.

No meu livro "Bibliotecas Vivas do Rio Grande do Norte" (coletânea de ensaios sobre a bibliofilia potiguar e que foram reunidos em "O GALO" e, posteriormente, na revista “PREÁ”, ambos da Fundação José Augusto) fiz um ensaio sobre ele e seu acervo bibliográfico. O poeta Volonté esteve presente na visita/entrevista que empreendi. Foi bem interessante e prazeroso conhecermos os gostos literários (e de vida) de Pedro. Destaco algumas frases suas e que ouvi e anotei naquela oportunidade:
"- Edson Nery costuma dizer que foi derrotado por sua biblioteca. É essa a sensação que tenho todos os dias."
(...)
"- Comprei muitos livros marxistas da editora Vitória. Veio o golpe de 1964 e meu pai, cioso de minha segurança, com medo de repressão, tendo eu fugido para o Rio Grande do Norte, queimou, indistintamente, todos os meus livros. Aí findou a minha primeira biblioteca.
(...)
"Passei a recompô-la. (...) No Acre, a minha biblioteca cresceu muito, face à melhor situação econômica em que me achava e também pelo espaço que eu tinha em casa. A minha biblioteca era maior que a atual. Lá também montei a livraria Casarão, onde foi a residência de um governador."

E ele, Pedro, continuava naquela manhã ensolarada a falar de uma biblioteca sempre em movimento, sempre dinâmica, em constante renovação, como deveriam ser todos os homens de inteligência e de ideias. Uma pena que a doença não permitiu a recomposição e renovação da saúde física de Pedro tal qual se renovava continuamente a sua coleção de livros.
Vá em paz, Pedro. Outros livros serão escritos por aqui. E você será lembrado neles.
Morre de câncer, em Natal, o multifacetado e imortal Pedro Vicente Sobrinho
Pedro Vicente publicou livros, lecionou em universidades, era especialista em gastronomia e Amazônia e colecionou amigos
Por Sergio Vilar
O sociólogo, escritor, professor da UFRN, Pedro Vicente Sobrinho, morreu hoje, em Natal, com um câncer no pâncreas.
Pedro Vicente ministrou aulas na Universidade Federal do Acre e dirigiu o Sesc e Senac da capital acreana, Rio Branco.


Presidiu a Associação dos Sociólogos do Rio Grande do Norte e a Federação Norte-Nordeste de Cine-clubes.
Era conselheiro do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte, imortal da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da União Brasileira de Escritores.
Era um estudioso de gastronomia. Pós-Graduado em Economia Rural. Mestre em Ciências Sociais e Doutor em Ciências da Comunicação pela USP.
O sociólogo publicou alguns livros. Merece destaque um deles, sobre Comunicação na Amazônia Ocidental. Ainda no ramo literário, dirigiu a Editora da UFRN.
Fora do ramo sócio-literário, fundou, no início dos anos 80, um dos bares de maior tradição enquanto esteve em funcionamento: o Kasarão, cuja última sede funcionou na Rua Mossoró, em Petrópolis.
Atualmente Pedro Vicente ministrava aula, como professor visitante, na UFRN. Sempre circulou com simpatia nos meios intelectuais da cidade, onde conquistou inúmeros amigos.


UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES DO RIO GRANDE DO NORTE

NOTA DE FALECIMENTO DA UBE/RN
É com profundo pesar que comunicamos o falecimento hoje nesta cidade do Sócio Hononário PEDRO VICENTE DA COSTA SOBRINHO.
Professor universitário, graduado em Ciências Sociais (Sociologia e Ciência Política), portador dos títulos de Especialização, Mestrado Doutorado,  autor de diversos livros nas áreas de sociologia e política: Capital e Trabalho  na Amazônia Ocidental; Exercícios circunstanciais; A desintegração do comunismo soviético; Outras circunstâncias; Vozes do Nordeste; Comunicação Alternativa e movimentos sociais na Amazônia Ocidental. Foi Membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras – ANL; Sócio-Correspondente da Academia  Acreana de Letras; do Conselho Estadual de Cultura do RN; Sócio Efetivo da UBE/PE e Sócio Honorário da UBE/RN; Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do RN e diversas outras entidades. Militou na vida sindical e política pertencendo ao MDB, PCB e PPS.
Quando da reorganização da UBE/RN em 2006 participou ativamente, contribuindo com sua inteligência para a solidificação da entidade.Apaixonado pela Política e pelo Movimento Sindical, passou uma longa temporada na Russia, aperfeiçoando seus conhecimentos. Quando do esfacelamento da União Soviética, produziu um livro –A Desintregação do Império Soviético- que é um estudo profundo da questão.
Viveu entre o Acre e o Rio Grande do Norte lecionando. Foi assessor do SESC.Foi diretor da Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte tendo feito um excelente trabalho na editoração de livros.
Figura humana  afável, com certeza deixará uma enorme saudade em nossos corações.
O velório será  no Cemitério Morada da Paz neste dia 06 de setembro haverá uma cerimônia em sua homenagem. Seu corpo será cremado e as  cinzas jogadas no Acre, conforme pediu.
Natal/RN, 05 de setembro de 2013
DIRETORIA 

Presidente: Eduardo Antonio Gosson
1º Vice-Presidente: Jurandyr Navarro da Costa
2ª Vice-Presidente: Anna Maria Cascudo Barreto 
Secretário-Geral: Manoel Marques da Silva Filho,  
1º Secretário: Paulo Jorge Dumaresq Madureira
2º Secretário: Francisco Alves da Costa Sobrinho
1º Tesoureiro: Jania Maria Souza da Silva
2º Tesoureiro: Aluizio Matias dos Santos 
Diretor de Divulgação: Lucia Helena Pereira  
Diretor de Representações Regionais: 
Joaquim Crispiniano Neto 
Diretor Jurídico:
Carlos Roberto de Miranda Gomes

04/09/2013


Lafaiete Pinheiro de Sousa


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Aqui mesmo, neste jornal, fiz um artigo sobre a ascendência angicana de Micarla de Sousa. Entretanto, tínhamos poucas informações sobre Lafaiete, bisavô dela. Mais do que isso, escrevemos seu nome como Lafaiete Penha de Sousa, desconhecendo, ainda, que ele era descendente dos Teixeira de Sousa, de Angicos. Hoje, com mais documentos vamos corrigir essas falhas, começando pelo registro, na íntegra, do seu 2º casamento.

Aos quatro de maio de mil novecentos e trinta e cinco, pelas 16 horas e três quartos, no Santuário do Tirol (atual Igreja de Santa Terezinha), à Av. Rodrigues Alves, 725, desta cidade episcopal de Natal, depois de feitas as denunciações canônicas e demais formalidades previstas e tendo-se, também, habilitado civilmente no 1º Cartório Judiciário, sem que aparecesse impedimento algum, como se vê do processo que fica arquivado nesta paróquia, com palavras de presente, na forma do ritual romano, em minha presença, e na das testemunhas Francisco Pignataro, casado, funcionário público, natural de Nova Cruz, deste bispado, e sua esposa d. Emília Pessoa Pignataro, de prendas domésticas, natural desta cidade, onde ambos tem residência e domicilio; José Ulisses de Medeiros, casado, comerciante e sua esposa d. Guiomar Mesquita de Medeiros, de serviços doméstico, ambos naturais de Macaíba, e residentes nesta freguesia e todas pessoas muito de mim conhecidas, receberam-se em casamento Lafaiete Pinheiro de Sousa e Zilda de Mesquita Marinho, ambos domiciliados e residentes nesta freguesia. Ele, funcionário público estadual, viúvo de Maria Gonçalves de Sousa, ocorrido nesta cidade, a 30 de novembro de 1930, com 50 anos de idade, nascido a 10 de janeiro de 1885, em Angicos, deste bispado, onde se batizou em tenra infância, filho legítimo de José Paulino Teixeira de Sousa, falecido em 15 de janeiro de 1915, em Angicos, e de d. Ana Cândida de Sousa Pinheiro, viúva, de serviços domésticos, com 69 anos de idade, natural de Angicos, e residente em Macaíba; ela, solteira, modista, com 28 anos de idade, nascida a 29 de setembro de 1906, nesta freguesia, onde foi batizada, em tenra infância, e tem residência e domicilio, filha legitima de Luis Gomes Marinho, casado, agricultor, com cerca de 65 anos de idade, nascido em 16 de agosto de 1870, em Macaíba, e residente em Luis Gomes, do bispado de Mossoró, e de sua esposa Maria Emília de Mesquita Marinho, de serviços domésticos, com 58 anos de idade, nascida em Ceará-mirim, a 1º de novembro de 1877 e residente à rua Indaleto Freitas, 258, desta freguesia, e, em seguida dei-lhe a benção nupcial, conforme o ritual romano. A nubente passa assinar-se, de agora em diante, Zilda de Mesquita Marinho de Sousa. E para constar lavrei este termo que assino com os nubentes e as testemunhas. Seguem as assinaturas de Monsenhor Landim e das testemunhas.
José Paulino Teixeira de Sousa, que era filho de José Vitaliano Teixeira de Sousa e Urbana Maria da Conceição, foi casado duas vezes: a primeira (1874) com Adelaide Amélia Xavier de Menezes, filha de Francisco Xavier de Menezes e Maria Antonia de Fontes Taylor; e a segunda com Ana Cândida de Sousa Pinheiro, filha de José Irineu da Costa Pinheiro e Josefa Cândida de Azevedo Santos. Lafaiete era primo legítimo do poeta Edinor Avelino, pois a mãe deste, D. Irineia, era irmã de Anna Cândida.

Na sequência, o casamento de uma filha de Lafaiete e de sua primeira esposa, Maria Gonçalves, esta filha de Maria Jovelina Bezerra Torres e João de Deus Gonçalves, neta paterna de Francisco Avelino da Costa Bezerra e Josefa Maria da Costa Torres, e materna de João Felippe Teixeira de Sousa e Quitéria Olímpia de Deus Gonçalves.

Aos sete de setembro de mil novecentos e trinta e seis, pelas dezesseis e meia hora, em oratório particular da família da contraente à Rua Indaleto Freitas, 210, desta freguesia de Nossa Senhora da Apresentação e cidade episcopal do Natal, capital do Rio Grande do Norte, depois de feitas as habilitações canônicas e demais formalidades prescritas, tomada a justificação sumária de batismo do contraente, cuja certidão veio negativa do Caicó, não aparecendo impedimento algum, quer canônico quer civil, como se vê do processo, que, sob o nº 16.998, fica arquivado nesta freguesia, por palavras de presente, na forma do ritual romano, em minha presença e na das testemunhas Moacir Medeiros, solteiro, comerciário, e Joana Maria Medeiros, casada, de afazeres domésticos, Floriano Paulino Pinheiro, casado, funcionário público, e de Maria Adelaide Gurgel, viúva, de afazeres domésticos, todos naturais deste estado e residentes nesta capital, e pessoas de mim conhecidas, receberam-se em matrimônio Carlos Augusto de Medeiros e Maria Adelaide de Sousa, ambos solteiros naturais desta diocese e residentes nesta freguesia; ele funcionário público, com 20 anos de idade, nascido a 29 de dezembro de 1915, em São João do Sabugi (Serra Negra), onde se batizou, em tenra infância, residente com a família, filho legítimo de Ademar Romero de Medeiros, viúvo, comerciante, e de sua esposa d. Severina Monteiro de Medeiros, de prendas domésticas, residente a Av. Junqueira Aires, desta freguesia; e ela de prendas domesticas, com 20 anos de idade, nascida a 26 de janeiro de 1916, em Angicos, onde se batizou a 19 de março do dito ano, residente com a família, filha legítima de Lafaiete Pinheiro de Souza, casado pela 2ª vez, funcionário público, com 51 anos, natural de Angicos, e de sua 1ª esposa, D. Maria Gonçalves de Sousa, falecida, nesta freguesia a 30 de novembro de 1930, à rua Indaleto Freitas 210, onde reside Lafaiete, em seguida lhes dei a benção nupcial com a formula extra missam. Neste mesmo dia, os contraentes se casaram, também, civilmente e a nubente passou a assinar-se, de agora em diante Maria Adelaide de Sousa Medeiros. E para constar, lavrei este termo que assino, Monsenhor José Alves Ferreira Landim. Vigário.


Lafaiete e Maria Gonçalves eram, também, os pais de Jose Paulino de Sousa que casou com D. Genemar Gomes de Sousa, de Santana do Matos. Este último casal batizou Carlos Alberto de Sousa (o senador), em 10 de março de 1946, nascido aos 26 de dezembro de 1945. Na lateral do registro a informação que Carlos casou com Miriam Garcia de Araújo aos 29 de março de 1969.

30/08/2013

CANGAÇO NO RIO GRANDE DO NORTE: A HISTÓRIA QUE NÃO FOI CONTADA


Marcos Pinto

Em um dos inúmeros Seminários promovidos para debater a história do cangaço, com ênfase para seus protagonistas, ouvi, de renomados estudiosos desse truculento capítulo da historiografia nordestina, que ainda há muitos episódios e facetas envoltos em abissal mistério.

Constata-se, à exaustão, voluntariosas e inconsistentes omissões quanto à divulgação em livros ou em artigos esparsos. As narrativas equilibram-se de acordo com as circunstâncias e tendências em conflito. São raros os historiadores/pesquisadores que evidenciam e deixam uma lição de coragem e exemplo de independência, gestos ratos numa época de subserviências e fraquezas éticas. Foram/são homens de diretrizes certas e vontades próprias, sob a tutela das quais neutralizam os velhos vícios do mandonismo e do arbítrio. Custeiam, com recursos próprios, as suas publicações em livros e opúsculos, para não fazer como tantos que se atêm com deturpação dos fatos e distorção da história.

Já é perceptível o surgimento de um segmento entre os pesquisadores sobre o cangaço que exorcizam fatos históricos entregues ao olvido. À esses, rendo o meu preito de admiração e respeito, inexpugnáveis.

Os capítulos lacunosos correm num estuário de espanto e de mistérios. Transbordam pelas barreiras do passado, para espraiarem na planície da concretude histórica. No desiderato da pesquisa histórica, é imprescindível que se mantenha uma imparcialidade quase sobre-humana, na apreciação dos fatos e dos homens. Escoimando-se os fatos deliberadamente circunscritos ao olvido e a um silêncio sepulcral.

Ainda visualiza-se a predominância de uma perspectiva de certo modo sombria e preocupante para algumas famílias que tiveram alguns dos seus membros em ativa participação no processo de articulação para a vinda de Lampião e seu bando às plagas citadinas da região Oeste potiguar.

É certo, que as nuances dos ataques banditícios à cidade de Apodi (10.05.1927) e à Mossoró (13.06.1927) reúnem perspectivas históricas inéditas, factuais e cronológicas, exaltadoras de minudências que configuram-se em instigante libelo-crime acusatório. Isso, sem falar em provas documentais envolventes, que foram deliberadamente incinerados, ou perdidos na voragem do tempo.

Observa-se, em pormenores, que a partir do ano de 1919, final do incipiente governo de Ferreira Chaves (1914-1919) instalou-se um clima propício à criação e instalação de grupos de cangaceiros na região Oeste potiguar, processo de terror que contou com veemente proteção e acumpliciamento de algumas figuras carimbadas do judiciário estadual.

Em 1919 o então governador nomeou Desembargador os Juízes de Direito Felipe Guerra e Horácio Barreto, este sobrinho de dona Alexandrina Barreto, esposa do governador Ferreira Chaves. Nesse ano instalou-se no então sítio BREJO DO APODI o grupo de cangaceiros oriundos da serra do Pereiro, capitaneados pelo truculento DÉCIO SEBASTIÃO DE ALBUQUERQUE, conhecido popularmente como DÉCIO HOLANDA, que era genro do não menos truculento TILON GURGEL .

Essa Milícia particular passou a ter integral e ostensivo apoio do Desembargador Felipe Guerra, que era casado com uma irmã de Tilon Gurgel. Portanto, a esposa do bandoleiro Décio Holanda (Chicuta) era sobrinha paterna da esposa de Felipe Guerra.

No ano de 1915 aportaram em Apodi, para fixarem residência e à convite de Tilon Gurgel e Felipe Guerra, os virulentos Juvêncio Augusto Barrêto, irmão da esposa do governador Ferreira Chaves (D. Alexandrina Barreto Chaves) e Martiniano de Queiroz Porto, com fito único de fazerem acirrada oposição política ao Coronel João Jázimo Pinto.

Juvêncio Barreto instalou-se em sua fazenda "Unha de Gato", onde acoitou jagunços oriundos do Ceará, que por sua vez aliaram-se ao grupo de bandoleiros comandados por Martiniano de Queiroz Porto, oriundos da serra do Pereiro, no Ceará.

Como espécies de vasos comunicantes, esses grupos de bandoleiros aliaram-se ao ignominioso bando de cangaceiros comandados pelos celerados Benedito Saldanha e seu irmão Quinca Saldanha. Surge daí o consórcio para o mal, composto pelo Juiz de Direito José Fernandes Vieira, sogro de Martiniano Porto, Desembargadores Horácio Barreto e Felipe Guerra, com fito único de acobertar os crimes perpetrados respectivamente por Juvêncio Barreto (Tio de Horácio Barreto) Décio Holanda e Tilon Gurgel.

No contexto do cangaceirismo, destacaram-se as asquerosas figuras de Júlio Santana de Melo, que por ter a proteção do seu mentor Martiniano Porto, com quem veio para o Apodi, passou a ser conhecido como sendo JÚLIO PORTO, que viria a constituir amizade com o bandido Massilon Benevides, e que mais tarde compuseram o nefando bando de Lampião, nos célebres ataques às cidade de Apodi (10.05.1927) e Mossoró (13.06.1927).

Com a junção desses 04 grupos de jagunços/bandoleiros, capitaneados respectivamente por Juvêncio Barreto, Martiniano Queiroz Porto, Décio Holanda/Tilon Gurgel, e Benedito Saldanha e Quinca Saldanha instalou-se um cenário de horror e provocações ao povo de Apodi.

Delineou-se, assim, um truculento cenário banditício. Esses redutos de grupos de jagunços colocou os seus comandantes em tal situação de poderio, que faziam de suas prepotentes vontades a LEI DOS SERTÕES, e que para exercê-la não hesitavam em cometerem atos violentos, arbitrários e reprováveis. Esses grupos viviam a depredar e perseguirem a população apodiense, prontos ao serviço, submissos às determinações dos despóticos patronos.

Em 1922 o ardiloso Desembargador FELIPE GUERRA traficou influência e indicou o seu amigo particular JOÃO DANTAS SALES para assumir como Juiz de Direito a Comarca de Apodi, tendo como objetivo proteger e tutelar os desmandos e atos de infração à lei e ataques à vida e a propriedade. Benedito e Quinca Saldanha eram os protetores de Massilon, que se julgava afilhado de Quinca Saldanha.

No processo-crime de nº 486, instaurado em 03.05.1925 consta vários depoimentos de respeitáveis cidadãos apodienses, dando conta de que o então Juiz de Direito da Comarca João Dantas Sales acolhia e hospedava, às escâncaras, em sua residência em Apodi, os bandoleiros Benedito e Quinca Saldanha. Era a trinca sinistra comandando a desordem e instalando o pânico.

A pública ligação pessoal e política do Juiz João Dantas Sales, que ocupou a titularidade da comarca de Apodi no período 1922-1925, com Benedito Saldanha/Quinca, Décio Holanda/Tilon Gurgel, Martiniano Porto/Juvêncio Barreto, influenciou-o para alterar a exação que norteia e é dever do Magistrado. Adotou ignóbil proteção e parcialidade quando Benedito Saldanha foi julgado pelo Tribunal Popular do Júri em Apodi, por ter espancado o Sr. Francisco Noronha e uma moça de nome Maria Lúcia, filha do velho Carneiro.

Contribuiu para a absolvição de Décio Holanda quando submetido a julgamento no Tribunal Popular do Júri, por ter atirado e ferido gravemente um rapaz de nome Tertulino Canela. O cinismo e a desfaçatez de Felipe Guerra estão delineados quando afirmou que "No RN não há cangaceirismo", em seu livro intitulado "AINDA O NORDESTE" - Pág. 79 - Tipografia do Jornal "A República" - Ano 1927.

Quando um dia se fizer um acurado levantamento de fatos considerados históricos, atinentes à investida de Lampião e seu bando ao Rio Grande do Norte, restará provado e comprovado que muitas pessoas que viveram a contemporaneidade desses fatos, incorreram em voluntariosa omissão, negando-se a darem seus depoimentos a pesquisadores/historiadores, cujos depoimentos seriam de suma importância para o cotejo das provas. Esquivaram-se sob a pusilânime assertiva de que omitiam-se "por medida de cautela, ocultando evidências que, segundo suas pérfidas óticas, seria natural em quem revolve acontecimentos de ontem, com perspectivas hodiernas de trazer à tona fatos adrede combinados para serem "guardados à sete chaves", como se diz no sertão.

A partir do ano de 1915 foi instalado o clima de terror no município de Apodi, quando aportaram em Apodi os truculentos Srs. Martiniano de Queiroz Porto, oriundo da serra do Pereiro, no Ceará, e Juvêncio Augusto Barrêto, ambos trazendo seus jagunços, geralmente composto por celerados fugitivos da Justiça. Martiniano fixou residência na cidade, onde comprou um prédio residencial assobradado, onde escondia seus capangas. Juvêncio oriundo da cidade de Martins, onde renunciara ao cargo de Vereador, tendo se instalado em uma fazenda que comprara e que era denominada de "Unha de Gato", onde transformou em coito para vários cangaceiros, destacando-se Massilon Leite e Júlio Porto, então adolescente criado por Martiniano Porto. O nome civil de Júlio era Júlio Santana de Melo, tendo adotado o sobrenome Porto em homenagem à Martiniano Queiroz Porto. A vinda desses dois virulentos senhores para o Apodi deu-se em atendimento ao convite feito por Felipe Guerra e seu cunhado Tilon Gurgel, para cerrarem acirrada oposição política ao Coronel João Jázimo Pinto. 

Um fato que corrobora o gênio irascível e virulento do Sr. Felipe Guerra atrela-se à minudência de que, em toda sua trajetória de Juiz de Direito e de Desembargador passou mais tempo em disponibilidade do que mesmo no exercício da função judicante. Formou-se uma trinca sinistra no judiciário estadual, com atuação na região Oeste do estado, composta pelos truculentos Juízes de Direito Horácio Barrêto,(Sobrinho de Juvêncio Barreto) que ocupou a comarca de Pau dos Ferros, no período 1901-1915, onde casou com uma moça da família Diógenes, Felipe Guerra, José Fernandes Vieira (genro de Martiniano Porto) e João Francisco Dantas Sales. 

Os ânimos desse conluio de Magistrados foram acirrados com a investidura de Ferreira Chaves no governo estadual para o período 1914-1919, sendo certo que em 1919 Ferreira Chaves promoveu para Desembargadores os magistrados Horácio Barreto, sobrinho de sua esposa Alexandrina Barreto, e Felipe Guerra, que por sua vez convidou o seu amigo íntimo o Juiz de Direito João Francisco Dantas Sales para ocupar a Comarca do Apodi, consumando um plano adrede traçado para que este Juiz perseguisse a harmoniosa e pacífica hoste política da tradicional família PINTO, comandada pelos Coronéis João Jázimo Pinto e seu genro Coronel Francisco Pinto. Felipe Guerra era casado com uma irmã do não menos truculento Tilon Gurgel.

O período da titularidade do Juiz João Francisco Dantas Sales (1922-1925) transformou a região do Apodi em palco de toda sorte de atentados à integridade física e à propriedade privada. Esse magistrado transformou sua residência em coito para os celerados Benedito Saldanha e seu irmão Quinca Saldanha, famosos chefe de grupo de cangaceiros instalados em Caraúbas, em sua fazenda denominada de "Setúbal". O douto Juiz chegou ao disparate de acoitar em sua residência a um arruaceiro de nome Manoel Elias de Lima, que acabara de praticar uma tentativa de homicídio dentro do mercado público de Apodi, quando alvejara com um tiro de revólver o cidadão Vicente Gomes de Oliveira. Observava-se às escâncaras o conúbio criminoso-protetivo existente entre o Juiz João Dantas Sales e os Chefes de cangaceiros Décio Holanda/Tilon Gurgel, Martiniano Porto/Juvêncio Barrêto, Benedito Saldanha/Quinca Saldanha.

Há um fato emblemático contido no Processo-Crime de Nº 486/1925,(Comarca de Apodi) em que aparece como indiciado o celerado Décio Holanda , cujo nome civil era Décio Sebastião de Albuquerque, e que representa um liame com o ataque de Lampião e seu grupo à Mossoró. Trata-se do depoimento do respeitável cidadão Vicente Gomes de Oliveira, prestado a 03.05.1925, que dentre outras arguições, afirmou: " Que é público e notório nesta cidade do Apodi, que Décio Sebastião de Albuquerque comprou em Mossoró dois mil cartuchos com balas para rifle e que estão depositadas em sua propriedade "Pedra das Abelhas" neste município. Na época correram rumores que a compra do arsenal bélico feita pelo Décio fora intermediado por Felipe Guerra e Jerônimo Rosado. Que Décio tem em sua casa de residência, na residência de seu sogro Tilon Gurgel e na casa de Belarmino de Tal, tudo na mesma propriedade "Pedra das Abelhas" e em sua outra propriedade denominada "Pacó" grande quantidade de armamentos e mais munições para o fim de atacar com cangaceiros os habitantes desta cidade amigos políticos do Coronel João Jázimo, ao própiro Cel. João Jázimo, atacando simultaneamente a força pública mandada pelo governador do estado para manter a ordem nesta cidade". 

Como o Juiz João Dantas Sales soube no mesmo dia 03 de Maio que o então Delegado Especial Capitão Jacinto Tavares Ferreira ouvira em depoimento o Sr. Vicente Gomes de Oliveira, e que nesse mesmo dia o dito Delegado mandara lavrar Auto de Busca e Apreensão a ser cumprida por um efetivo policial composto por 40 praças e um Sargento no dia seguinte , enviou mensageiro especial para a fazenda "Pedra das Abelhas" avisar aos bandoleiros Décio Holanda e Tilon Gurgel, que neste mesmo dia enviaram o arsenal em comboio animal para a fazenda dos celerados Benedito e Quinca Saldanha, em Caraúbas. O certo é que, efetivamente a 04 de Maio de 1925 a tropa policial dirigiu-se para "Pedra das Abelhas", onde no lugar conhecido como "Saco do barro" houve o confronto entre a jagunçada de Décio Holanda/Tilon Gurgel, evento que inserí nos anais históricos como tendo sido O FOGO DE PEDRA DE ABELHAS, cujo relato foi objeto de artigo publicado em plaquete, pela Coleção Mossoroense, e no Blog "Honoriodemedeiros.blogspot.com". 

A fidagal amizade existente entre Felipe Guerra e Jerônimo Rosado remonta ainda ao ano de 1907, quando cerraram fileiras em Mossoró com o Coronel Vicente Sabóia de Albuquerque (parente de Décio) na luta pela implantação do ramal ferroviário Porto Franco - Mossoró. Em Setembro de 1926 o então Desembargador Felipe Guerra foi posto em disponibilidade, quando então retornou à Mossoró para assessorar o amigo Jerônimo Rosado. Nasceu aí o complô para a vinda de Lampião à Mossoró, com o fito único de eliminar o Prefeito Rodolfo Fernandes e proporcionar a volta do Jerônimo Rosado ao poder municipal. Jerônimo Rosado havia sido Presidente da Intendência Municipal de Mossoró (cargo que em Agosto de 1926 passou a ser denominado de 
Prefeito) , tendo como Vice-Presidente (Vice-Prefeito) o Dr. Antonio Soares Júnior, médico e genro de Felipe Guerra. 

Lembro-me que o meu avô paterno Aristides Ferreira Pinto,(1907-1975) que era irmão legítimo do Coronel Francisco Pinto,(1895-1934) contou-me pormenores da carta enviada pelo irmão ao seu parente Rodolfo Fernandes, informando, dentre outros detalhes, que soubera por fonte fidedigna, de que o arsenal comprado por Décio Holanda em Mossoró no ano de 1925, fora transferido em comboio animal noturno, da fazenda dos Saldanha em Caraúbas, para a fazenda "Bálsamo", de Décio Holanda, encravada na serra do Pereiro, no Ceará. Nos depoimentos dados em Pau dos Ferros pelos cangaceiros MORMAÇO E BRONZEADO foram unânimes em afirmarem que Lampião passou mais de um mês acoitado com o seu bando entre as fazendas de Décio Holanda e seu primo Zé Cardoso, preparando-se para o ataque à Mossoró, e que Lampião recebera de Décio e Zé Cardoso dois mil cartuchos com balas para rifle. 

Em uma das edições do Jornal mossoroense "Correio do Povo" consta um comunicado de que o chefe de cangaceiros Benedito Saldanha, dias depois do ataque de Lampião à Mossoró, telegrafara ao então Chefe de Polícia do estadual Dr. Benício Filho (Manuel Benício de Melo Filho) informando que o cangaceiro Coqueiro, que fora um dos cangaceiros que atacara Mossoró, fora morto em sua fazenda "Várzea Grande", proximidades da cidade de Limoeiro do Norte, em confronto com a policia cearense. Soube-se depois que o mesmo fora morto por cangaceiros de Benedito Saldanha, cumprindo o costumeiro processo de "Queima de Arquivo". 

Para maiores esclarecimentos acerca do ataque lampionesco à Mossoró, sugiro a leitura do Blog "honoriodemedeiros.blogspot.com (No ítem CORONELISMO) e adquirir por compra o memorável e elucidativo livro "MASSILON" , de autoria do profícuo e renomado historiador do cangaço Honório de Medeiros.

29/08/2013

O TEATRO CARLOS GOMES



Por: Gileno Guanabara
               
A “Cidade Baixa”, também chamada “Campina”, situada no salgado das marés da Ribeira, se estendia até as casas da Rua São João. Numa área de 500 metros quadrados foi erigida a Praça Augusto Severo, em homenagem ao pai da aviação. A edificação da praça coube ao engenheiro Herculano Ramos, durante o governo de Alberto Maranhão. Constava a estátua do homenageado, passeios e alamedas, plantas, bancos de madeira e o coreto para as tocatas. Ao meio, o riacho, por onde adentravam as águas do Rio Potengi. Uma ponte principal de concreto dava acesso a atual Rua Câmara Cascudo, em direção à “Cidade Alta”.
As construções que ladearam a Praça Augusto Severo tinham perfil arquitetônico semelhante. Ao Norte, se iniciava a Rua Sachet, desde a esquina do Hotel Avenida, que passou ao nome de Avenida Duque de Caxias. No Poente, se destacava a loja “Natal Modelo” de Aureliano Medeiros que deu o nome à Travessa. Seguia o prédio que funcionou o Cinema Polyteama, algumas residências e, adiante, o prédio da Estação da Great Western. Pelo Nascente, mais expressivo, o Teatro Carlos Gomes; o Grupo Escolar Augusto Severo (ex-Faculdade de Direito); e a ex-Escola Doméstica de Natal, atual Instituto Nacional de Seguridade Social.
 No dia 12 de maio, todos os anos, dava-se a comemoração da data do “Pai da Aviação”. As alunas da Escola Augusto Severo, engalanadas, farda branca de saia pregueada, de mãos dadas, circundavam a estátua de Augusto Severo. As moças sob os acordes da Banda de Música da Aeronáutica, cantavam o hino: “Foi a 12 de maio na França/Era puro e sereno o azul do céu/Flutuava o Pax nas asas da bonança/A glória conduzindo o seu troféu.”// (estribilho) “Auri verde pavilhão/E a popa do balão”.//”Houve um raio de luz pelo horizonte/Um soluço de dor nos ares paira/A águia rolou dos píncaros do monte// “Auri verde pavilhão...”. Enquanto isso, um avião sobrevoava e lançava a coroa de flores sobre a estátua do homenageado.
Antes das demais edificações, deu-se a construção original do “Teatro Carlos Gomes”, obra do governo de Ferreira Chaves, sob os cuidados do engenheiro  José de Parrêdo, iniciado em 1898 e concluído no ano de 1902, ou 1904. Com a reforma realizada durante o governo de Alberto Maranhão e obra do engenheiro Herculano Ramos, ganhou a concepção atual e foi concluída em 1912. Ocupa a área de 80 metros de fundos, por 12 metros de largura. De poltronas, frisas, camarotes e galerias, totalizava uma capacidade de 1.000 expectadores. Sua disposição interna é de uma lira e caixa de som à italiana. Nos anos de 1958 e 1959, abrigou a sede da Câmara Municipal de Natal. Passou a se chamar “Teatro Alberto Maranhão”.  
A solenidade de reinauguração ocorreu precisamente às 15,00 horas, do dia 16 de junho de 1912, no salão de gala do Teatro, com direito à visitação às dependências do sodalício. O sol incidia na frente do prédio, refletindo no salão que abrigava os convidados.
Era regra para os homens o traje adequado em tais solenidades: jaquetão; camisa de linho, com colarinho alto e punhos fechados; gravata borboleta; sapatos de verniz de bico fino; meias brancas de seda; lenço na lapela; chapéu de feltro; “pince-nez”; relógio de bolso com corrente e bengala. As mulheres portavam vestidos longos de seda francesa, combinação, chapéu ou solidéu, luvas, cachecol, mantilha, corpete, sapatos fechados e o indispensável leque. A preocupação dos presentes era com a demora do ato, tantas eram as autoridades presentes e os comuns mortais silentes, sob o mais causticante calor.
O Dr. Herculano Ramos retirou do paletó um calhamaço de papel, com os rabiscos do discurso. O engenheiro, que não era um discursador, pressentiu a agonia dos presentes. Aprumou os óculos sobre o nariz e falou: “Exmo. Sr. Governador do Estado. Vossa Excelência entregou-me um pardieiro e eu agora lhe restituo um teatro.”. Dito isto, recolheu a papelada e deu por encerado o ato.
Nos anos iniciais do século XX, segundo Anchieta Fernandes (1992), o Teatro Carlos Gomes foi palco de experiências cinematográficas, inclusive nele funcionando a sede do “Cinema Natal”. Dentre os cartazes expostos na frente do Teatro, o filme divulgado era “Two Arabian in Nigth”. Na área cênica, abrigou o “Gymnásio Dramático” que congregava os sócios amadores, os da ajuda financeira e os que elaboravam a parte literária. Participavam do “Gymnasio” Sebastião Fernandes, Luiz Potiguar, José Pinto, Ivo Filho, Ezequiel Wanderley, Deolindo Lima, Virgílio Trindade, Jorge Fernandes, Sandoval Wanderley, Jaime Wanderley, Carlos Siqueira, João Estevam (“Estevinho”), José Calafange, José Calazans, e outros. Apresentavam-se no Teatro óperas – A Dama das Camélias -, revistas, vaudevilles, comédias e dramas. Jorge Amado registrou que teve a peça dramática “Renúncia” encenada em Natal (em dúvida, se no ano de 1914), provavelmente pelo “Gymnásio Dramático”. Coelho Neto, em passagem por Natal, assistiu a peça “O Dote”, com participação de Alvaro Costa, Córa Costa e Lívia Maggioli.
Dentre os diretores, até a década de 1960, o teatrólogo Meira Pires, por sua dedicação, muito contribuiu para a arte cênica do Estado. Escreveu a “História do Teatro Alberto Maranhão”. Com a ida de Meira Pires para o INACEM, no Rio de Janeiro, a direção foi exercida por Dorian Gray e depois por Iapery Araújo. Em 1970, faleceu “Coquinho”, o ultimo construtor do Teatro quando de sua reconstrução, em 1912.