21/08/2013



COM SATISFAÇÃO REGISTRAMOS QUE O NOSSO BLOG
IHGRN COMPLETOU 5.000 ACESSOS.
OBRIGADO PELA PREFERÊNCIA.



INFORMAÇÃO

Visita do deputado Fernando Mineiro ao I.H.G.R.N., em apoio a nossa solicitação para destinar recursos, através de emenda parlamentar, em prol da Instituição. Vale salientar que muito embora igual solicitação tenha sido enviada a todos os senadores, deputados federais, estaduais e vereadores de Natal, no começo da semana passada, até o momento apenas o deputado Fernando Mineiro foi sensível a esse "pedido de socorro" para salvar o  acervo dessa centenária  Casa da Memória, patrimônio de todos os norte-riograndenses. Continuamos no aguardo da manifestação dos outros parlamentares. Mesmo nas situações mais difíceis, o otimismo nunca me abandonou.

Ormuz Simonetti
Vice-presidente do IHGRN.    


Djalma Maranhão e Dária Cavalcanti de Sousa
Por João Felipe da Trindade

Uma das figuras ilustres da nossa terra foi Djalma Maranhão. Prefeito de Natal, foi cassado pela o regime militar, instalado em 1964. Vejamos seu casamento.

Aos vinte e quatro dias do mês de janeiro de mil novecentos e quarenta e dois, às 17 horas nesta paróquia de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, nesta Igreja Catedral, aí presentes o ministro celebrante Padre Severino Bezerra, pró-vigário da referida paróquia, e das testemunhas por fim deste assinadas, celebrou-se o casamento de Djalma Maranhão, com  vinte e cinco anos de idade, de profissão comerciante, domiciliado em Natal, e residente à av. Deodoro, nº 541, com Dária Cavalcanti de Sousa, com vinte e quatro anos de idade, de profissão doméstica, domiciliada em Natal, e residente à av. Rio Bancos, nº 608. O nubente, solteiro, nasceu em Ceará-Mirim, a 27 de novembro de 1915, e foi batizado a 25 de novembro de 1916, filho de Luiz Maranhão, já falecido, natural de São José de Mipibú, com 54 anos, e de Maria Salomé Maranhão, natural de Ceará-Mirim; a nubente, solteira, nasceu em Natal, a 25 de outubro de 1916, e batizada no mesmo ano, filha de Otacílio Costa Filho, falecido, natural de Sergipe, e de Leopoldina Cavalcanti de Sousa, natural de Natal, profissão doméstica, domiciliada e residente à av. Rio Banco, 608. Foram testemunhas Dr. Custódio Toscano, Dr. Francisco Ivo Cavalcanti e Zelda Cavalcanti. O casamento realizou-se com dispensa de proclamas.

Hercília de Araújo Cavalcanti


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Fazer um artigo genealógico é, muitas vezes, montar um quebra-cabeça, onde algumas peças estão perdidas. Se alguns documentos têm seus erros, as informações orais, por sua vez, sofrem mutilações que acabam confundindo o genealogista. Começamos com uma correção do artigo anterior para noticiar, diferentemente do que foi escrito, que a professora Júlia Alves Barbosa teve filhos, dos quais encontramos os registros de dois: Gustavo José Barbosa Cavalcanti, nascido aos 8 de agosto de 1935, e batizado aos 19 de janeiro de 1936, teve como padrinhos Ulisses Cavalcanti e Ione Cavalcanti (tios); e Maria de Fátima Cabral, nascida aos 15 de março de 1939, e batizada aos 21 de fevereiro desse mesmo ano, teve como padrinhos Dr. Jose Ivo Cavalcanti (seu tio) e sua esposa Josefina Maria Cavalcanti, e casou com Marcelo Cabral de Andrade, em 1960. Ecila Cavalcanti me dá notícia de outro: André Luis Barbosa Cavalcanti.

Sobre Hercília, a primeira esposa do Dr. Francisco Ivo Cavalcanti, inicialmente, não encontramos seu batismo, nem seu casamento, mas seu óbito. Neste, encontrei a informação que faleceu aos 13 de março de 1930. Não havia a causa da morte, nem a idade com que faleceu. Mas, dizia que era natural de Angicos.

Com as poucas informações, pedi ajuda para Dodora Rocha e Ecila Cavalcanti, respectivamente, neta e filha do Dr. Francisco Ivo e d. Hercília. Ambas me forneceram a lista dos filhos, a primeira com o ano de nascimento, a segunda com alguns consortes. Com essas referências, encontrei alguns registros de batismos e outros de casamentos, dos quais extraí algumas informações.

Ecila Cavalcanti, a caçula, foi batizada no mesmo dia que João Cadmo Cavalcanti, aos 30 de março de 1930, em oratório particular (d. Hercília já estava muito doente). Ele nasceu aos 6 de abril de 1928, e teve como padrinhos Dr. Octávio Lamartine e Maria Dinorah Cavalcanti; ela, nasceu aos 18 de julho de 1929, e teve como padrinhos Nelson Newton de Faria e Paulina Eugenia Mariz de Faria.

Isolda Cavalcanti nasceu aos 25 de julho de 1926 e foi batizada aos 12 de fevereiro de 1928, e teve como padrinhos Francisco Gonzaga Galvão e Alcina Pinheiro Galvão. Foi casada com um argentino de nome João Manoel Dinis, segundo Ecila.

Hélia Cavalcanti nasceu em 1 de junho de 1925, e foi batizada aos 11 de abril de 1926, e teve como padrinhos Antonio José de Mello e Souza e Maria de Souza Filha. Casou, aos 4 de setembro de 1943, com Alínio Cunha de Azevedo.
Laize nasceu em 1923 e Hercílio José em 1917, mas não obtive mais nada sobre eles.  

Zelda Cavalcanti nasceu aos 23 de janeiro de 1919, e foi batizada aos 10 de março do mesmo ano, teve como padrinhos Antonio Ribeiro de Paiva e Maria Ribeiro de Paiva. Casou aos 7 de fevereiro de 1947 com Murillo Tinoco Carvalho, natural de Martins, filho do Dr José Tinoco Carvalho e Noêmia Tinoco Carvalho. São os pais de Dodora Rocha.

O general Ulisses Cavalcanti nasceu, em 1 de julho de 1915, e foi batizado aos cinco de dezembro do mesmo ano, sendo seus padrinhos o desembargador Joaquim Ferreira Chaves e sua esposa d. Alexandrina Barreto Chaves Ferreira. Casou, aos 25 de setembro de 1940, com Fanny Ferreira Leite, natural de Curitiba, filha de Júlio Ferreira Leite e Adolfina Luiza Volf Ferreira Leite. Foram testemunhas D. Julia Barbosa, 2ª esposa de Francisco Ivo, e Dr. José Ivo Cavalcanti, tio do nubente, e sua esposa Josefina Cavalcanti.

Ione Cavalcanti nasceu, aos 22 de dezembro de 1913, e foi batizada aos 29 de novembro de 1914, e teve como padrinhos Dr. Sebastião Fernandes de Oliveira, e Alice Fernandes de Oliveira. Casou com José Reis, na catedral aos 24 de fevereiro de 1942. O registro de casamento está quase apagado.

Myrthes nasceu em 1912. Casou com Humberto Fernandes.

Maria Dinorah Cavalcanti, a mais velha das mulheres, madrinha de Ecila, nasceu em 1911, e foi casada com Dr. Octavio Lamartine. Dela encontramos o registro de batismos de dois filhos: Jurema, nascida aos 18 de maio de 1932 e, batizada somente em 30 de janeiro de 1938, tendo como padrinhos Olavo Lamartine e Maria Lamartine; e Clóvis, nascido em Acary, em 27 de novembro de 1934, e batizado aos 27 de novembro de 1937, teve como padrinhos Juvenal Lamartine de Faria e sua esposa Silvina Lamartine.

Dr. Ivo Cavalcanti Neto, o mais velhos dos filhos de Francisco Ivo e de Hercília, nasceu aos 26 de novembro de 1909 e, foi batizado, aos 21 de abril de 1910, tendo como padrinhos o comendador José Gervásio de Amorim Garcia e sua esposa.

No registro de batismo de Ivo aparece os nomes dos pais de Hercília. Eram eles João Xavier de Araújo Sousa e Porcina Araújo Sousa. Embora o registro de óbito informe que Hercília era natural de Angicos, Ecila acredita que era de Macaíba.
Batismo de Ivo Cavalcanti Neto

20/08/2013



NATAL SEM PRINCIPADO

Gileno Guanabara

A cidade do Natal de população não superior a 20 mil habitantes era uma aldeia provinciana nos anos iniciais do século XX.  Ia nas primeiras décadas e ganhou transformações impensáveis no ordenamento urbano. Foram abertas vias que interligaram os bosques, os futuros bairros do Alecrim, Petrópolis e Lagoa Seca. O transporte coletivo através dos bondes comunicou Lagoa Seca ao Alecrim; a Cidade Alta ao Monte Petrópolis e ao sítio “Solidão”, como se denominava o Tirol, indo até o bairro da Ribeira. Houve a criação de escolas públicas e religiosas; a criação da companhia de água e serviços de saneamento; a expansão da estrada de ferro, com a ponte ferroviária de Igapó, cuja estação central se estabelecera na Ribeira, ao encontro da Rua do Comércio e do serviço portuário do cais da Rua Tavares de Lyra. Praças, pavimentação, teatro, comércio e iluminação a gás, enfim, a cidade ganhou foros de modernidade, igualmente a outros centros urbanos do país.
O escambo já não se comportava nos limites da “Feira do Grude”, no Oitizeiro. Consagrou-se o comércio popular com a dimensão da feira do Alecrim. Construíram-se os mercados públicos.
O bairro da Cidade Alta sofrera inovações arquitetônicas. As novas concepções dispensavam a beira e rebuscavam o frontispício das edificações. Provas evidentes estão nas fachadas dos sobrados e casas das ruas centrais de Natal, parte ainda hoje preservada. A obra de edificação do viaduto do Canal do Baldo, na gestão do prefeito Ferreira Chaves, interligou os limites Norte/Sul da cidade, com repercussões sociais. Os moradores não mais poderiam ser divididos simplesmente entre “xarias” e “canguleiros”, entre ricos e pobres.
 Com a mudança dos aspectos externos das construções, ocorreram modificações no seu interior. O hábito de banhar-se no terreiro da própria casa, à beira dos recipientes de água dormida. Os inesquecíveis banhos de cuia, ao lado de fossos cavados, protegidos por tapume de maravalhas, ainda não eram fossas, para o acúmulo dos dejetos e do lixo. A água servida se desviava para a rua. As quartinhas de água fria para beber. Antes do trono de louça, se agachava sobre um toro de madeira e se satisfaziam as necessidades. Sem o papel higiênico, palha de côco, sabugo de milho ou jornal, tinha-se por serventia. O penico sob a cama era útil, descarregado cedo no leito da rua. Durante a menstruação as mulheres reutilizavam as toalhinhas laváveis. Mães/parteiras assistiam às parturientes. Os segredos cochichados de como achar botijas de ouro.
Com o fim da guerra, veio o comércio de variedades. Instalou-se na Ribeira a primeira loja de departamentos, a “Quatro e Quatrocentos”, nome/fantasia das Lojas Brasileiras-LOBRÁS. Após o incêndio que a consumiu, a loja foi reinaugurada na Avenida Rio Branco, onde antes fora a residência da família do Dr. Ivo Cavalcanti.
 Um de seus gerentes, em visita de inspeção a Natal, conferiu o alto índice de furto de produtos da loja praticado pelas balconistas, em geral menores de idade. Escondia-se nas roupas íntimas o produto do furto, daí o escrúpulo que causava ter que lhes inspecionar os corpos. Segundo o dirigente, Natal era uma cidade triste, notívaga e a de maior pobreza no Nordeste. Havia um alto índice de prostituição de meninas/moças. Tal comportamento era legitimado pelas famílias como o meio de “fazer a vida”. O lenocínio era aceito com naturalidade.

Ao término da Segunda Guerra Mundial, Natal se tornara militarizada: a um bordel, em cada esquina, um quartel. Exigências fitossanitárias, com a aplicação da Penicilina obrigatória a fim de evitar o contágio venéreo; recusa popular à vacina anti-gripe espanhola; a distribuição de leite “in natura” a famílias pobres, no Lactário da Saúde Pública; a proliferação do sabão e da pasta de dente, em lugar do pó da casca do juazeiro; a ampliação da mão de obra, com o esforço de guerra. Beber em copo pessoal. Dançar o “Fox trote”. Os cabarés – cópia grotesca da “belle epoque” – entraram em decadência. O cinema divulgou culturas novas. Vieram os automóveis. Tempo das canções românticas entoadas nos rádios, nas vozes de Francisco Alves (“Adeus,/ Cinco letras que Choram”), Pixinguinha, Sílvio Caldas e Ângela Maria, os mais ouvidos.

19/08/2013

QUEM É BOM NÃO MORRE NUNCA!