08/08/2013

Dr. Francisco Ivo e os Andrades


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
 
Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG
A mais recente “Revista do IHGRN” traz um artigo de Dr. Carlos Gomes, cujo título é “80 Anos da Corporação dos Advogados do RN. Um dos personagens desse artigo é o Dr. Francisco Ivo Cavalcanti, que conheci, pois seu último casamento foi com Marta Trindade, uma prima legítima de meu pai.

 Duas anotações me chamaram a atenção nesse artigo: uma dúvida sobre a data de nascimento de Francisco e o nome do seu pai, Ivo Cavalcanti de Andrade. Este nome tinha aparecido ao lado de Francisco Cavalcanti de Andrade em um jornal antigo, quando pesquisava sobre Adélia, esposa de Leônidas Hermes da Fonseca. Assim, surgiam dois desafios para mim: localizar o batismo de Francisco e descobrir que relação tinha Ivo Cavalcanti com Francisco Cavalcanti.

Francisco foi batizado, pelo Pe. João Maria, aos vinte de quatro de outubro mil oitocentos e oitenta e seis, na matriz de Nossa Senhora da Apresentação, tendo nascido a vinte e seis de agosto do mesmo ano, sendo filho de Ivo Cavalcanti d’Andrade e Vitalina Evangelina Cavalcanti d’Andrade. Não consegui decifrar os nomes dos padrinhos, pois a tinta estava borrada.

Nesse documento de batismo há uma anotação por cima do assento, onde diz que ele, Francisco, casou pela 4ª vez com Marta Trindade, em 20 de dezembro de 1947. Fui buscar o casamento do seu pai, Ivo Cavalcanti, bem como o casamento com Marta.

Do registro de casamento, encontrado, extraí as seguintes informações: aos vinte e dois de outubro de mil oitocentos e oitenta e dois, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, Ivo Cavalcanti d’Andrade casou com Vitalina Evangelina Silva, naturais desta Freguesia, ele filho de João Baptista d’Andrade e de Rosaura Cavalcanti d’Andrade, ela filha de Vicente Ferreira da Silva e Francisca Maria da Conceição. Foram testemunhas Genésio Xavier Pereira de Brito e Thomaz Antonio Nunes Monteiro.

O registro acima confirma que Ivo Cavalcanti de Andrade era irmão de Francisco Cavalcanti de Andrade, e, portanto, Dr. Francisco Ivo Cavalcanti era primo legítimo de Adélia Cavalcanti de Albuquerque, esposa de Leônidas Hermes da Fonseca.

Encontrei outros documentos relativos aos filhos de João Baptista d’Andrade e Rosaura Flora Cavalcanti (como aparece em outros registros).
Aos trinta e um de janeiro de mil oitocentos e oitenta e quatro, na Capela dos Militares, sendo testemunhas Urbano Joaquim Loyola Barata e Paulo Vieira de Melo, casaram Francisco de Paula Moreira e Josephina (ilegível) Cavalcanti, ele filho natural de Cardina Maria de Jesus, ela natural da freguesia de Arez,  filha de João Baptista d”Andrade e Rosaura Flora Cavalcanti.

Aos trinta de maio de mil oitocentos e oitenta e cinco na Matriz, sendo testemunhas José Calistrato de Vasconcelos Carrilho e Francisco Herôncio de Melo, casaram João Nepomuceno de Melo e Emília Etelvina Cavalcanti, ele viúvo de Maria Othília Seabra de Melo, ela filha de João Baptista d’Andrade e Rosaura Flora Cavalcanti d’Andrade.

Aos seis de março de mil oitocentos e trinta e cinco, na Igreja Matriz, sendo testemunhas Francisco de Paula Moreira e Vestremundo Arthunio Coelho, casaram Olympio Cavalcanti d’Andrade e Joana Virgilia d’Oliveira, ele filho de João Baptista d”Andrade e Rosaura Flora d’Andrade, ela filha de José de Oliveira e Caroline Maria d’Oliveira.
Um nome que aparece nesses livros é o de João Baptista d’Andrade Filho, que deve ser outro irmão de Ivo Cavalcanti.

Quanto ao casamento de Francisco Ivo e Marta Trindade, encontrei o registro, boa parte já se apagando. Mas de lá extraí que Francisco Ivo Cavalcanti, viúvo de Venice Dantas, casou, em 20 de dezembro de 1947, na Igreja Catedral, com Marta Trindade, filha de André Avelino da Trindade (meu tio-avô) e Maria Isabel da Trindade. Consta ainda, nesse documento, que Marta nasceu aos 22 de abril de 1925, em Angicos, e foi batizada aos 9 de junho do dito ano. Francisco Ivo tinha 61 anos e Marta 22 anos, quando se casaram. Hoje, Marta e seu filho, Leonardo Cavalcanti, moram em Recife.

Venice Dantas, a 3ª esposa de Francisco Ivo Cavalcanti, faleceu em 28 de fevereiro de 1947. Era filha do desembargador Virgílio Octávio Pacheco Dantas e Maria Terceira de Melo Alecrim.

Não houve tempo para pesquisar as outras esposas do Dr.  Francisco Ivo.
Marta Trindade e irmãos

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OBS.:segundo Dodora Rocha, neta de Francisco Ivo, faleceu, agora, dia 5 de julho, Leonardo, filho de Francisco Ivo e Marta.

 

07/08/2013

Primeiro encontro dos engenheiros e arquitetos para projetar a restauração/ampliação do IHGRN.

MAIS UMA VITÓRIA DO NOSSO CONFRADE


GUTENBERG COSTA, CONVIDA PARA SUA COLAÇÃO DE GRAU EM DIREITO, HOJE DIA 07-08-2013.







GUTENBERG COSTA

GUTENBERG COSTA,
QUE DESDE CEDO COMEÇOU
SUA LABUTA, É PEDAGOGO
COM PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
VICE-PRESIDENTE DA
COMISSÃO DE FOLCLORE
DO RN, ESCRITOR, MEMBRO
DO INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE
DO NORTE, E DA UNIÃO
BRASILEIRA DE ESCRITORES
DO RN, COLARÁ GRAU EM DIREITO
HOJE, CONFORME CONVITE ACIMA.

A luta de Valério e o destino do Instituto Histórico

 
                Por Sílvio Caldas
 
        O escritor Valério Mesquita enfrenta uma luta quixotesca, tentando salvar o patrimônio do nosso Instituto Histórico e Geográfico.
        Assumiu a presidência da instituição consciente dos problemas que teria que enfrentar. Só não imaginou a magnitude dos percalços que teria que enfrentar.
        A diretoria por ele liderada conta com intelectuais da maior competência e boa vontade. Contudo, como dizia a velha piada jurídica, “sem verba o verbo não sai”.
        Realisticamente falando, fica muito difícil, num Estado falido como o nosso, contar com verbas públicas. Afinal, a crise da segurança pública, da educação e da saúde falam por si sós. A essa altura, pensar que os governantes vão se preocupar com a biblioteca e o próprio edifício do IHG é pura quimera.
        Valério está apelando até para os amigos mais próximos e os admiradores em geral da cultura norte-riograndense. Um verdadeiro sacerdócio, já que num estado de coisas que estamos vivendo as preocupações tomam outros rumos.
        Resta apelar para que a dedicação de Valério venha a ser reconhecida imediatamente, antes que o destino de tão importante instituição cultural não sucumba. O que, aliás, falta pouco.
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 Comentário:
Meu caro Odúlio,
Está na hora de se organizar uma mobilização popular , juntando gregos e goianos , capaz  de fazer chegar novos ânimos – financeiro, político e de cidadania – aos dirigentes e aos que se importam, efetivamente, com os temas da Cultura, da  Memória Histórica, enfim, do processo civilizatório.
Não contaria com a sensibilização dos nossos governantes, estado e municípios,  todos voltados para os seus problemas. Mas acredito que ao verem a mobilização das pessoas eles ajudarão. Com certeza. A causa é nobre e justa. O Valério Mesquita e a  sua diretoria me parece um grupo muito sério. Pode contar comigo no que puder, mesmo de longe, ajudar.
Fraterno abraço,
Geniberto (Campos)
 

 

GILENO GUANABARA

O S  J A N D A I A S                              
Natal das serenatas e das mocinhas casadoiras permaneceu assim por dezenas de anos, uma cidadela inocente e pueril. O fausto da boemia se impregnava na juventude a qual, mal superando a adolescência, exercitava patéticas noções de bem viver a boa vadiagem. Mas cedo teria de enfrentar a realidade da vida.
Sob o pretexto de que “periquito come...a jandaia leva a fama”, sem data de fundação, pouco se sabe de Os Jandaias, já que não era um partido, nem um clube, não tinha sede, não tinha ata, nem estatuto. Havia princípios respeitados: “Ver, ouvir e calar”. Daí a solidariedade que reinava entre os sócios, todos jovens. A ação misteriosa facilitava o anonimato de suas traquinagens.
Promoviam encontros e desencontros, festas, saraus, bailes, piqueniques à sombra de juazeiros frondosos, em sítios afastados, longe da indiscrição e da maledicência dos intrusos. No relato de Gothardo Netto, nada poderia ofuscar a alegria de Francisco Herculano a cantar: “Caso de amor tão fingido, eu já fiz,/ hoje não faço; / eu por ti já dei a vida,/ hoje não dou um passo.”. Ou o boêmio a estancar os idílios, com o gorjeio de despedida: “Apenas neste silêncio, ouço gemer uma fonte/ que vem descendo do monte com sonoro trepidar.../Adeus, ò virgem, que o bardo não quer teu sono turbar.”
Lourival Açucena, desde que provocado, fustigava com a sua troça: “Em terra escabrosa, de brenhas escuras, por entre fraguras nasceu linda flor... Ao vê-la senti no meu triste peito o mágico efeito que produz Amor!”. Ao fim choramingava: “Minha gentil Porangaba, imagem, visão querida, só teu amor me conforta nos agros transes da vida.”. Ficou conhecido como “o poeta da Porangaba”.
Aos tragos do “Madeira” espumante, ou do vinho “Málaga” valoroso, o “chambary” ao gole da “Paraty”, liberavam-se as libações: “Nesta pandega animada em que estamos, vamos alegres cantar, pois quem não canta e não dança não sabe a vida alegrar: não haja tristeza ! não haja tristeza ! vamos pandegar.”
Não obstante serem empertigados menestréis das trovas e das modinhas, havia também carícias plenas no furtivo balanço das redes. Palavras adocicadas, como “bom-bons”, e o oba-oba durante os carnavais. As colombinas e os pierrots entoavam as marchinhas, na picardia dos foliões: “Catuco, meu bem”; “Sabão sabiá”; “Caritó”; e outras tantas marchinhas que foram sucessos do ano de 1924.
O hino oficial de Os Jandaias, a marchinha “Pedra da Saudade”, foi da autoria do poeta Tabira, cujo codinome era “Gato Mourisco”. A letra composta por João Estevam (“Morfina”) dizia assim: “Os Jandaias, meus senhores,/Também prestam neste dia,/Homenagens e louvores/Ao reinado da Folia./Nesta doida alacridada/Tudo nos faz esquecer,/Não à Pedra da Saudade/Que um dia nos viu nascer.”.
Emidio Fagundes (“Barão da Vila Flor”) foi o presidente de Honra de Os Jandaias e João Estevam foi o Secretário Perpétuo. A iniciação dos sócios com os aparatos se dava com a adoção do apelido de guerra: “Doce Esperança” (Antônio Braga); “Cavalo do Cão” (João Vasconcelos); “Jeque” (Evaristo); “Zero” (Diolindo Lima); “Pantaleão Bodoque” (Gothardo Netto); “H. Pachola” (Ponciano Barbosa); “Zé d’Esperança” (Ivo Filho); “Felix Fidelis” (Jorge Fernandes); “Z. Balos” (Virgílio Trindade); e “Dr. Patife” (Josué Silva).
 A “J. Vadio” (ou “Morfina”), que era João Estevam, competia musicar os apelidos. Referiu-se a Evaristo com a quadra musicada: “A cor, não!/ Ninguém consegue decifrar com precisão,/ Do velho fraque de “Jeque”,/ Que esteve na Exposição”. Dizia do conjunto fraque preto e calça listrada, que Evaristo não cansava de usar, inclusive, na visita à Exposição da Independência, no Rio de Janeiro.
A marcha “Vestido Azul”, com música do seresteiro Olímpio Batista (“Dr. Caruco”) e versos de “Morfina”, representava o enigma simbólico “passos perdidos”, na misteriosa cavilação que nem o melhor dos dançarinos, Bulhões (“Casaca de Couro”) conseguiu desvendar. A letra de “Vestido Azul” dizia: “Vamos, portanto divertir com animação/ Nesta função/Vamos folgar,/Vamos sorrir,/Vamos dançar,/Vamos viver assim, Vestido Azul,/ para os Jandáias, não tem fim.”.
Assim transcorria a vida boemia e generosa de gerações saudáveis que, até com certa indiferença, atravessaram os horrores da Segunda Guerra Mundial. Sem perder a alegria de viver, cada um, a seu modo romântico peculiar, tornou pitoresca a graça de ser jovem e ternamente enamorado. Foi assim na cidade do Natal.

06/08/2013

O IHGRN TRABALHA



  • HOJE, 05-08-2013, NO PRÉDIO ANEXO DO IHG/RN, REUNIÃO DA DIRETORIA DA REFERIDA INSTITUIÇÃO, COM EXTENSA PAUTA, MAS, BASTANTE PRODUTIVA.

    O PRESIDENTE VALÉRIO MESQUITA NÃO POUCA ESFORÇOS PARA DAR AO INSTITUTO, A SUA MELHORIA EM TODOS OS SETORES, PARA ISSO NÃO LHE FALTAM OS CABEDAIS DA INTELIGÊNCIA E DO CORAÇÃO, PELA MAIS ANTIGA CASA DE MEMÓRIA E CULTURA DO RN.

    REUNIÃO COM EXCELENTES RESULTADOS.

    NOS INFORMES: SOLENIDADE DA AFLAM/MOSSORÓ, DA ALEJUR/PB, DO IHG/MA, CAERN/ ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO RN, ENTRE OUTROS ASSUNTOS DO INTERESSE DO IHG/RN.
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04/08/2013

Vale do Ceará Mirim e Taipu


A família Praxedes 

A família Praxedes do Vale do Ceará Mirim e Taipu

Gustavo de Castro Praxedes*

A família Praxedes do Vale do Ceará Mirim e Taipu é a mesma que povoou a região Oeste do Rio Grande do Norte em meados do século XIX e teve como tronco genealógico o Tenente Coronel Vicente Praxedes Benevides Pimenta e suas duas esposas, dona Herculana Josefa do Amor Divino e dona Antônia Mafalda de Oliveira. Destes abençoados casamentos, o “Adão da família Praxedes”, foi pai de 22 filhos, todos batizados com o seu sobrenome e continuadores de sua estirpe.
Dentre os muitos filhos que teve, no ano de 1835 nasceu Francisco Praxedes Benevides Pimenta, que como o pai, foi Tenente Coronel da Guarda Nacional, senhor de terras, gado e escravos. Francisco, em plena jovialidade, faleceu em 1872 com apenas 37 anos, deixando viúva, sua esposa Raimunda Cândida do Rego Leite Praxedes e seis filhos com idades que variava entre dois e onze anos.
Conta a tradição oral que na seca de 1877, Raimunda migrou da Serra do Martins para o Vale do Ceará Mirim onde se estabeleceu com seus seis filhos. Ao sair de sua cidade, levava consigo um contingente de 100 bestas.
Porém, chegando ao Vale, restava apenas a que vinha montada, pois o restante havia morrido de fome pelo caminho. Os menores, Maria Praxedes, João Praxedes, Herculana Praxedes, Cândida Praxedes e dois Franciscos, cresceram e constituíram família pelo verde Vale, principalmente na localidade de Coqueiros, reduto de muitos Praxedes nascidos e por nascer.
Maria, a mais velha, nasceu em 1860, casou com João Ferreira Nobre e foram avós do Dr. Waldir Calvalcanti, médico em Recife e empresário em Garanhuns; João, nasceu em 1861, casou com Petronila Rodrigues Santiago; Herculana, nasceu em 1862, casou com Vicente Felizardo; Francisco, o primeiro com este nome, em 1864, foi casado com Joana Ferreira Nobre; Cândida, em 1865, casou com Manoel de Melo Pinto e o segundo Francisco, nascido em 1869, não tendo-se conhecimento do seu casamento ou se deixou descendentes.
O segundo filho de Francisco Praxedes e dona Raimunda Cândida recebeu na pia batismal o nome de João Praxedes do Amaral Lisboa. João, Barbeiro de profissão, nasceu em Martins, região Serrana do Estado e casou, como já foi dito, com Petronila Rodrigues Santiago. Deste casamento nasceu Otávio Praxedes do Amaral Lisboa, origem da família Praxedes do Taipu. É bom destacar que Dona Petronila, era filha de Jerônimo Ferreira Santiago e Felipa Rodrigues da Silveira; tetra neta de Gonçalo Soares Raposo da Câmara, conhecido por “Gonçalo Morgado”, membro do Senado de Natal em 1801 e de dona Ana Maria do Nascimento; Por sua vez era sétima neta de Manoel Raposo da Câmara, fidalgo português, Morgado da Ilha de São Miguel dos Açores, Portugal e de sua esposa dona Antonia da Sylva, tronco de uma das mais tradicionais famílias do Vale do Ceará Mirim nos séculos XVII, XVIII e XIX.
Os Praxedes de Taipu Otávio Praxedes do Amaral Lisboa, bisneto de Vicente, filho único, nasceu em Ceará Mirim aos 04 de maio de 1901 e faleceu na capital pernambucana aos 10 de janeiro de 1983 com quase 82 anos de idade. No final da década de 1910, deixou Ceará Mirim e foi residir com o seu tio materno Manoel Rodrigues Santiago, “Ué”, no povoado da Boa Vista, Município de Taipu. Posteriormente, passou a residir na sede do município, onde foi tomar conta do comércio de secos e molhados do tio. Com a ajuda do “Tio Ué”, montou seu próprio negócio. Com o passar do tempo a mercearia de “Seu Otávio”, tornou-se referência na região e ele um negociante de prestígio na Vila do Taipu.
Na década de 40 e 50, chegou a ser um dos maiores fornecedores de secos e molhados do Mato Grande, bem como produtor rural. Para se ter idéia do prestígio que possuía, basta dizer que a marca do ferro usada em seu gado, era conhecida por todos e em todas as feiras da região, pois ao invés de ter o sinal “VT”, Vila Taipu, possuía um “U” em homenagem a sua fazenda de criação, Ubiratã. Cada filho possuía seu próprio ferro, João Praxedes era JP e cada neto um número, que junto com a marca do pai, identificava a quem
pertencia o novilho. Por indicação do seu primo, Senador João Severiano da Câmara, foi empossado como Intendente da Vila do Taipu no ano de 1932, tendo durado sua administração menos de um ano. De estatura baixa, magro e de personalidade forte, era homem de idéias avançadas para sua época. Na década de 40, adquiriu o primeiro rádio do município movido à energia eólica e o primeiro caminhão Mercedes Bens do Rio Grande do Norte, assim como, o primeiro trator colheitadeira. Na década de 1970, tornou-se o maior produtor de cana-de-açúcar individualmente do Vale do Ceará Mirim. Em termos de produção, a fazenda Barra de Levada batia recordes, só perdia para Usina São Francisco, dona da maioria das terras da região.
No distante ano de 1926 casou com a jovem Maria das Dores Soares, filha de João Soares de Silva e Izabel de Vasconcelos Soares. Ao longo de 57 anos de casados, Otávio e Maria das Dores foram pais de 12 filhos, sendo o primeiro João Praxedes do Amaral, que reproduzia o nome do avô paterno, pai do autor deste trabalho, casado com dona Susanira de Castro; Otávio Praxedes do Amaral Filho, casado com a cearense Terezinha Nogueira Fernandes; Maria de Lourdes Praxedes, casada com Manoel Dantas Barreto, cujas origens, são as mesmas dos Praxedes; Fernando Praxedes do Amaral casado com Francisca Dantas; Alba Praxedes, casada com Severino Guedes; Armando Praxedes, falecido criança; Renato Praxedes do Amaral Lisboa, casado com sua prima Helione Rodrigues Santiago; Ivone Praxedes, falecida criança; Cristovam Praxedes, 1º com este nome, faleceu criança; Cristovam Praxedes, 2º com este nome, Desembargador, Secretário de Segurança no Governo Iberé Ferreira de Souza, casado com a mineira Adélia Izabel da Cunha; Gilberto Praxedes, agropecuarista no Ceará Mirim, casado com Marluce Ramalho e Djalma Praxedes, o mais novo, panificador, casado com Alzira Amorim de Carvalho, descendente dos Amorins de Martins e que são da mesma estirpe dos Praxedes de Caraúbas.
Otávio e Maria representaram o exemplo de união familiar. Ao longo de suas vidas, muitos foram os momentos de fortalecimento desta união. Durante anos, era quase que sagrado, sempre no dia dos pais, mães, aniversários e até mesmo no domingo para a ferra do gado, a família estar reunida. Cada encontro servia para que filhos e netos reavivassem esse ELO que por muitos séculos chamamos FAMÍLIA.