06/08/2013
04/08/2013
Vale do Ceará Mirim e Taipu
A família Praxedes
A família Praxedes do Vale do Ceará Mirim e Taipu
Gustavo de Castro Praxedes*
A família Praxedes do Vale do Ceará Mirim e Taipu é a mesma que povoou a região Oeste do Rio Grande do Norte em meados do século XIX e teve como tronco genealógico o Tenente Coronel Vicente Praxedes Benevides Pimenta e suas duas esposas, dona Herculana Josefa do Amor Divino e dona Antônia Mafalda de Oliveira. Destes abençoados casamentos, o “Adão da família Praxedes”, foi pai de 22 filhos, todos batizados com o seu sobrenome e continuadores de sua estirpe.
Dentre os muitos filhos que teve, no ano de 1835 nasceu Francisco Praxedes Benevides Pimenta, que como o pai, foi Tenente Coronel da Guarda Nacional, senhor de terras, gado e escravos. Francisco, em plena jovialidade, faleceu em 1872 com apenas 37 anos, deixando viúva, sua esposa Raimunda Cândida do Rego Leite Praxedes e seis filhos com idades que variava entre dois e onze anos.
Conta a tradição oral que na seca de 1877, Raimunda migrou da Serra do Martins para o Vale do Ceará Mirim onde se estabeleceu com seus seis filhos. Ao sair de sua cidade, levava consigo um contingente de 100 bestas.
Porém, chegando ao Vale, restava apenas a que vinha montada, pois o restante havia morrido de fome pelo caminho. Os menores, Maria Praxedes, João Praxedes, Herculana Praxedes, Cândida Praxedes e dois Franciscos, cresceram e constituíram família pelo verde Vale, principalmente na localidade de Coqueiros, reduto de muitos Praxedes nascidos e por nascer.
Maria, a mais velha, nasceu em 1860, casou com João Ferreira Nobre e foram avós do Dr. Waldir Calvalcanti, médico em Recife e empresário em Garanhuns; João, nasceu em 1861, casou com Petronila Rodrigues Santiago; Herculana, nasceu em 1862, casou com Vicente Felizardo; Francisco, o primeiro com este nome, em 1864, foi casado com Joana Ferreira Nobre; Cândida, em 1865, casou com Manoel de Melo Pinto e o segundo Francisco, nascido em 1869, não tendo-se conhecimento do seu casamento ou se deixou descendentes.
O segundo filho de Francisco Praxedes e dona Raimunda Cândida recebeu na pia batismal o nome de João Praxedes do Amaral Lisboa. João, Barbeiro de profissão, nasceu em Martins, região Serrana do Estado e casou, como já foi dito, com Petronila Rodrigues Santiago. Deste casamento nasceu Otávio Praxedes do Amaral Lisboa, origem da família Praxedes do Taipu. É bom destacar que Dona Petronila, era filha de Jerônimo Ferreira Santiago e Felipa Rodrigues da Silveira; tetra neta de Gonçalo Soares Raposo da Câmara, conhecido por “Gonçalo Morgado”, membro do Senado de Natal em 1801 e de dona Ana Maria do Nascimento; Por sua vez era sétima neta de Manoel Raposo da Câmara, fidalgo português, Morgado da Ilha de São Miguel dos Açores, Portugal e de sua esposa dona Antonia da Sylva, tronco de uma das mais tradicionais famílias do Vale do Ceará Mirim nos séculos XVII, XVIII e XIX.
Os Praxedes de Taipu Otávio Praxedes do Amaral Lisboa, bisneto de Vicente, filho único, nasceu em Ceará Mirim aos 04 de maio de 1901 e faleceu na capital pernambucana aos 10 de janeiro de 1983 com quase 82 anos de idade. No final da década de 1910, deixou Ceará Mirim e foi residir com o seu tio materno Manoel Rodrigues Santiago, “Ué”, no povoado da Boa Vista, Município de Taipu. Posteriormente, passou a residir na sede do município, onde foi tomar conta do comércio de secos e molhados do tio. Com a ajuda do “Tio Ué”, montou seu próprio negócio. Com o passar do tempo a mercearia de “Seu Otávio”, tornou-se referência na região e ele um negociante de prestígio na Vila do Taipu.
Na década de 40 e 50, chegou a ser um dos maiores fornecedores de secos e molhados do Mato Grande, bem como produtor rural. Para se ter idéia do prestígio que possuía, basta dizer que a marca do ferro usada em seu gado, era conhecida por todos e em todas as feiras da região, pois ao invés de ter o sinal “VT”, Vila Taipu, possuía um “U” em homenagem a sua fazenda de criação, Ubiratã. Cada filho possuía seu próprio ferro, João Praxedes era JP e cada neto um número, que junto com a marca do pai, identificava a quem
pertencia o novilho. Por indicação do seu primo, Senador João Severiano da Câmara, foi empossado como Intendente da Vila do Taipu no ano de 1932, tendo durado sua administração menos de um ano. De estatura baixa, magro e de personalidade forte, era homem de idéias avançadas para sua época. Na década de 40, adquiriu o primeiro rádio do município movido à energia eólica e o primeiro caminhão Mercedes Bens do Rio Grande do Norte, assim como, o primeiro trator colheitadeira. Na década de 1970, tornou-se o maior produtor de cana-de-açúcar individualmente do Vale do Ceará Mirim. Em termos de produção, a fazenda Barra de Levada batia recordes, só perdia para Usina São Francisco, dona da maioria das terras da região.
No distante ano de 1926 casou com a jovem Maria das Dores Soares, filha de João Soares de Silva e Izabel de Vasconcelos Soares. Ao longo de 57 anos de casados, Otávio e Maria das Dores foram pais de 12 filhos, sendo o primeiro João Praxedes do Amaral, que reproduzia o nome do avô paterno, pai do autor deste trabalho, casado com dona Susanira de Castro; Otávio Praxedes do Amaral Filho, casado com a cearense Terezinha Nogueira Fernandes; Maria de Lourdes Praxedes, casada com Manoel Dantas Barreto, cujas origens, são as mesmas dos Praxedes; Fernando Praxedes do Amaral casado com Francisca Dantas; Alba Praxedes, casada com Severino Guedes; Armando Praxedes, falecido criança; Renato Praxedes do Amaral Lisboa, casado com sua prima Helione Rodrigues Santiago; Ivone Praxedes, falecida criança; Cristovam Praxedes, 1º com este nome, faleceu criança; Cristovam Praxedes, 2º com este nome, Desembargador, Secretário de Segurança no Governo Iberé Ferreira de Souza, casado com a mineira Adélia Izabel da Cunha; Gilberto Praxedes, agropecuarista no Ceará Mirim, casado com Marluce Ramalho e Djalma Praxedes, o mais novo, panificador, casado com Alzira Amorim de Carvalho, descendente dos Amorins de Martins e que são da mesma estirpe dos Praxedes de Caraúbas.
Otávio e Maria representaram o exemplo de união familiar. Ao longo de suas vidas, muitos foram os momentos de fortalecimento desta união. Durante anos, era quase que sagrado, sempre no dia dos pais, mães, aniversários e até mesmo no domingo para a ferra do gado, a família estar reunida. Cada encontro servia para que filhos e netos reavivassem esse ELO que por muitos séculos chamamos FAMÍLIA.
Dentre os muitos filhos que teve, no ano de 1835 nasceu Francisco Praxedes Benevides Pimenta, que como o pai, foi Tenente Coronel da Guarda Nacional, senhor de terras, gado e escravos. Francisco, em plena jovialidade, faleceu em 1872 com apenas 37 anos, deixando viúva, sua esposa Raimunda Cândida do Rego Leite Praxedes e seis filhos com idades que variava entre dois e onze anos.
Conta a tradição oral que na seca de 1877, Raimunda migrou da Serra do Martins para o Vale do Ceará Mirim onde se estabeleceu com seus seis filhos. Ao sair de sua cidade, levava consigo um contingente de 100 bestas.
Porém, chegando ao Vale, restava apenas a que vinha montada, pois o restante havia morrido de fome pelo caminho. Os menores, Maria Praxedes, João Praxedes, Herculana Praxedes, Cândida Praxedes e dois Franciscos, cresceram e constituíram família pelo verde Vale, principalmente na localidade de Coqueiros, reduto de muitos Praxedes nascidos e por nascer.
Maria, a mais velha, nasceu em 1860, casou com João Ferreira Nobre e foram avós do Dr. Waldir Calvalcanti, médico em Recife e empresário em Garanhuns; João, nasceu em 1861, casou com Petronila Rodrigues Santiago; Herculana, nasceu em 1862, casou com Vicente Felizardo; Francisco, o primeiro com este nome, em 1864, foi casado com Joana Ferreira Nobre; Cândida, em 1865, casou com Manoel de Melo Pinto e o segundo Francisco, nascido em 1869, não tendo-se conhecimento do seu casamento ou se deixou descendentes.
O segundo filho de Francisco Praxedes e dona Raimunda Cândida recebeu na pia batismal o nome de João Praxedes do Amaral Lisboa. João, Barbeiro de profissão, nasceu em Martins, região Serrana do Estado e casou, como já foi dito, com Petronila Rodrigues Santiago. Deste casamento nasceu Otávio Praxedes do Amaral Lisboa, origem da família Praxedes do Taipu. É bom destacar que Dona Petronila, era filha de Jerônimo Ferreira Santiago e Felipa Rodrigues da Silveira; tetra neta de Gonçalo Soares Raposo da Câmara, conhecido por “Gonçalo Morgado”, membro do Senado de Natal em 1801 e de dona Ana Maria do Nascimento; Por sua vez era sétima neta de Manoel Raposo da Câmara, fidalgo português, Morgado da Ilha de São Miguel dos Açores, Portugal e de sua esposa dona Antonia da Sylva, tronco de uma das mais tradicionais famílias do Vale do Ceará Mirim nos séculos XVII, XVIII e XIX.
Os Praxedes de Taipu Otávio Praxedes do Amaral Lisboa, bisneto de Vicente, filho único, nasceu em Ceará Mirim aos 04 de maio de 1901 e faleceu na capital pernambucana aos 10 de janeiro de 1983 com quase 82 anos de idade. No final da década de 1910, deixou Ceará Mirim e foi residir com o seu tio materno Manoel Rodrigues Santiago, “Ué”, no povoado da Boa Vista, Município de Taipu. Posteriormente, passou a residir na sede do município, onde foi tomar conta do comércio de secos e molhados do tio. Com a ajuda do “Tio Ué”, montou seu próprio negócio. Com o passar do tempo a mercearia de “Seu Otávio”, tornou-se referência na região e ele um negociante de prestígio na Vila do Taipu.
Na década de 40 e 50, chegou a ser um dos maiores fornecedores de secos e molhados do Mato Grande, bem como produtor rural. Para se ter idéia do prestígio que possuía, basta dizer que a marca do ferro usada em seu gado, era conhecida por todos e em todas as feiras da região, pois ao invés de ter o sinal “VT”, Vila Taipu, possuía um “U” em homenagem a sua fazenda de criação, Ubiratã. Cada filho possuía seu próprio ferro, João Praxedes era JP e cada neto um número, que junto com a marca do pai, identificava a quem
pertencia o novilho. Por indicação do seu primo, Senador João Severiano da Câmara, foi empossado como Intendente da Vila do Taipu no ano de 1932, tendo durado sua administração menos de um ano. De estatura baixa, magro e de personalidade forte, era homem de idéias avançadas para sua época. Na década de 40, adquiriu o primeiro rádio do município movido à energia eólica e o primeiro caminhão Mercedes Bens do Rio Grande do Norte, assim como, o primeiro trator colheitadeira. Na década de 1970, tornou-se o maior produtor de cana-de-açúcar individualmente do Vale do Ceará Mirim. Em termos de produção, a fazenda Barra de Levada batia recordes, só perdia para Usina São Francisco, dona da maioria das terras da região.
No distante ano de 1926 casou com a jovem Maria das Dores Soares, filha de João Soares de Silva e Izabel de Vasconcelos Soares. Ao longo de 57 anos de casados, Otávio e Maria das Dores foram pais de 12 filhos, sendo o primeiro João Praxedes do Amaral, que reproduzia o nome do avô paterno, pai do autor deste trabalho, casado com dona Susanira de Castro; Otávio Praxedes do Amaral Filho, casado com a cearense Terezinha Nogueira Fernandes; Maria de Lourdes Praxedes, casada com Manoel Dantas Barreto, cujas origens, são as mesmas dos Praxedes; Fernando Praxedes do Amaral casado com Francisca Dantas; Alba Praxedes, casada com Severino Guedes; Armando Praxedes, falecido criança; Renato Praxedes do Amaral Lisboa, casado com sua prima Helione Rodrigues Santiago; Ivone Praxedes, falecida criança; Cristovam Praxedes, 1º com este nome, faleceu criança; Cristovam Praxedes, 2º com este nome, Desembargador, Secretário de Segurança no Governo Iberé Ferreira de Souza, casado com a mineira Adélia Izabel da Cunha; Gilberto Praxedes, agropecuarista no Ceará Mirim, casado com Marluce Ramalho e Djalma Praxedes, o mais novo, panificador, casado com Alzira Amorim de Carvalho, descendente dos Amorins de Martins e que são da mesma estirpe dos Praxedes de Caraúbas.
Otávio e Maria representaram o exemplo de união familiar. Ao longo de suas vidas, muitos foram os momentos de fortalecimento desta união. Durante anos, era quase que sagrado, sempre no dia dos pais, mães, aniversários e até mesmo no domingo para a ferra do gado, a família estar reunida. Cada encontro servia para que filhos e netos reavivassem esse ELO que por muitos séculos chamamos FAMÍLIA.
02/08/2013
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
"PATRONOS ESCOLARES", QUE FOI LANÇADO EM FEVEREIRO DE 2013, SERÁ LANÇADO NO FESTIVAL GASTRONÔMICO DE SERRA DE MARTINS, PELO INSTITUTO ZULMIRINHA VERAS E UBE/RN, DIA 03-08-2013, ÀS 19 HORAS, NA PRAÇA ALMINO AFONSO DA REFERIDA CIDADE NORTE-RIO-GRANDENSE.
GEORGE VERAS - AUTOR DA OBRA
É Diretor Financeiro do IHGRN.
É Diretor Financeiro do IHGRN.
PATRONOS DE GRUPOS ESCOLARES
01. ALBERTO MARANHÃO – Grupo Escolar de Nova Cruz 02. ALBERTO TORRES – Grupo Escolar de Petrópolis/Natal 03. ALMINO AFONSO – Grupo Escolar de Martins 04. AMARO CAVALCANTI – Grupo Escolar de São Tomé 05. ANTONIO CARLOS – Grupo Escolar de Caraúbas 06. AUGUSTO SEVERO – Grupo Escolar de Natal 07. AUTA DE SOUSA – Grupo Escolar de Macaíba 08. BARÃO DE CEARÁ-MIRIM – Grupo Escolar Ceará-Mirim 09. BARÃO DE MIPIBU – Grupo Escolar São José de Mipibu 10. CAPITÃO JOSÉ DA PENHA – Grupo Escolar de João Câmara 11. CAPITÃO-MOR GALVÃO – Grupo Escolar de Currais Novos 12. CLODOMIR CHAVES – Grupo Escolar de Almino Afonso 13. CÔNEGO ESTEVÃO DANTAS – Grupo Escolar de Mossoró 14. CONSELHEIRO BRITO GUERRA – Grupo Escolar de Areia Branca 15. CORONEL ANTONIO LAGO – Grupo Escolar de Touros 16. CORONEL FERNANDES – Grupo Escolar Luís Gomes 17. CORONEL SILVINO BEZERRA – Grupo Escolar de Florânia 18. DEMÉTRIO LEMOS – Grupo Escolar de Antônio Martins 19. DR. MANOEL DANTAS – Grupo Escolar de Santo Antonio 20. FERREIRA PINTO – Grupo Escolar de Apodi 21. FREI MIGUELINHO – Grupo Escolar de Natal 22. JERÔNIMO ROSADO – Grupo Escolar de Governador Dix-sept Rosado 23. JOÃO BERNARDINO – Grupo Escolar de Alexandria 24. JOÃO GODEIRO – Grupo Escolar de Patu 25. JOAQUIM CORREIA – Grupo Escolar de Pau dos Ferros 26. JOSÉ MARCELINO – Grupo Escolar de Marcelino Vieira 27. JOSÉ RUFINO – Grupo Escolar de Angicos 28. LUIZ GONZAGA – Grupo Escolar de Pendência 29. MARGARIDA DE FREITAS – Grupo Escolar de Portalegre 30. MASCARENHAS HOMEM – Grupo Escolar de Lagoa Seca/ Natal 31. MEIRA E SÁ – Grupo Escolar de Santana de Matos 32. MOREIRA BRANDÃO – Grupo Escolar de Goianinha 33. MOREIRA DIAS – Grupo Escolar do Bairro Doze Anos/Mossoró 34. NÍSIA FLORESTA – Grupo Escolar de Nísia Floresta 35. PADRE JOÃO MARIA – Grupo Escolar de Jardim de Piranhas 36. PEDRO VELHO – Grupo Escolar de Pedro Velho 37. PROFESSOR VALE MIRANDA – Grupo Escolar de São Vicente 38. SENADOR GUERRA – Grupo Escolar de Caicó 39. SENADOR JOSÉ BERNARDO – Grupo Escolar de São João do Sabugi 40. TENENTE CORONEL JOSÉ CORREIA – Grupo Escolar de Assu.
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OS JUDEUS EM NATAL.
Gileno Guanabara
A Cidade do Natal nasceu sob o signo da
ideologia cristã, durante a expansão do mercantilismo europeu. Donatários, padres,
aventureiros, corsários e desterrados foram os primeiros a contagiar os
indígenas com seu sangue e suas chagas. Os negros vieram depois. A miscigenação
através de relações legais, adúlteras ou pecaminosas, fecundou proles numerosas.
Nos primeiros anos do século XX, a
Cidade dos Reis Magos recebeu também a presença dos judeus. Vieram do Leste
Europeu, alguns deles serfaditas, todos perseguidos pela intolerância racial ou
religiosa. Foram ondas inquisitórias sucessivas o que os motivou a se
aventurarem noutra Diáspora, em busca de uma nova Jerusalém que os acolhesse.
Aleatoriamente a província Natal
tornara-se referência para os primeiros judeus que aqui aportaram. No censo
realizado em 1900, Natal contabilizava apenas uma dezena de israelitas. A
chegada do primeiro irmão da família Palatinik fomentou o lucro fácil e fez
crescer a comunidade chamada “Jerusalém do Brasil”.
Segundo o trabalho acadêmico de
Luciana Souza de Oliveira (A Fala dos Passos: Imigração e Construção de Espaços
Judaicos na Cidade do Natal”- Natal 2009) o primeiro dos irmãos judeus, Tobias,
se dedicou ao mascate de produtos a domicílio no ano de 1912. Com a chegada dos
demais, em poucos anos já acumulavam riqueza e adquiriram propriedades. A
sociedade natalense não hostilizava a comunidade judaica. No entanto, a segregação
foi estabelecida de parte deles, quando dos casamentos inter-semita de Tobias;
Adolfo; José; e Jacob, todos da família Palatinik. Igualmente ocorreu com
outras famílias judias.
Se não traziam riqueza de monta, no entanto, portavam
o “Talmude”, a lei oral que norteava a experiência de vida, capaz de manter-lhes
as tradições e ritos preservados da origem e até de propiciar vencer as
barreiras do asilo sem serem molestados. No silêncio da noite, após a labuta diária
e das orações, solfejavam palavras, liam os jornais, a fim de se fazerem entender
no comércio das mercadorias que o consumo local ainda não conhecia. A par da
disposição para o trabalho pesado, traziam em seus mantras a noção da Torá, a
Lei escrita legitimadora da condição de judeu.
No sítio dos Palatinik, através de escritura
de doação, no terreno sito no bairro da Cidade Alta, na Rua Felipe Camarão, foi
construída a Sinagoga, lugar sagrado de suas orações. Para a “sacramentalização”
do espaço foi transferida a arca onde se guardava os pergaminhos em forma de
rolo da Torá, escrito à mão, em hebraico, trazido da Palestina.
Tinham preocupação com os seus
mortos. Junto a Prefeitura, reivindicaram a demarcação do lugar, onde
repousariam os falecidos. Foi-lhes dado o alvará para, nos limites
convencionados, ser erigido o “Cemitério Israelita”, no Cemitério do Alecrim,
para onde os mortos eram conduzidos em “Levayá” e homenageados através do
“Keriá”, em obediência da “mitzvá”.
Com o culto e estabelecido o lugar
sagrado - tido entre os judeus como da vida, da morte e das orações – foi
possível acumular riqueza que era compartilhada com as necessidades dos parentes
próximos e dos amigos que não vieram no primeiro momento. Retornaram à
Palestina de onde buscaram as mulheres com quem casariam e dividiriam o nome e
a vida. Com os filhos que nasceram compuseram um estrato social distinto, mantido
pelo trabalho, pelas tradições e práticas culturais, o sonho inabalável de um
dia regressar a Palestina.
Conservavam os nomes de família:”Slavni”;
“Genesi”; “Kaller”; “Josuá”; “Weinstein”; “Volfzon”; “Palatinik”, dentre outros.
Criaram a associação que os congregava e protegia - Centro Israelita do Rio
Grande do Norte. Ao tempo da Segunda Guerra houve dificuldades para a concessão
de vistos de entrada aos judeus. A comunidade articulou a vinda de Einstein ao
Brasil, repercutindo favoravelmente a causa dos judeus. A visita de Luis da
Câmara Cascudo ao Centro Israelita, no dia de “Yom Kippur” provocou o mesmo
efeito. Dissipou veleidades correntes que atribuíam aos judeus a prática da
agiotagem e “sabedoria” em seus negócios.
A presença judia em Natal se revela nos
novos conceitos da arquitetura que a cidade adotou, de ruas e casas da cidade
Alta. Eram exímios artífices em ouro, marcenaria, alfaiataria, música e
agricultura. No comércio e na prática contábil, deram as primeiras experiências
de vendas a crédito. Na parte da educação, as primeiras escolas de ensino
infantil, chamadas “Herzlia” (jardim da infância), acolhiam os filhos dos
judeus. Professores foram trazidos da
Palestina e ensinavam em hebraico. Também vieram professores do Recife, a fim
de ensinar matemática e a leitura da Torá, obrigatoriamente.
Não sei a que atribuir os motivos que
desfizeram a comunidade dos judeus na cidade Alta, em Natal, e de seus
descendentes. A Vila Palatinik é uma reminiscência do antigo sítio que abrigou a
Sinagoga e as casas das famílias dos judeus vindos e nascidos em Natal, até o
ano de 1930.
01/08/2013
Do blog da confreira LÚCIA HELENA
PROCURADOR CORREGEDOR GERAL DO ESTADO, DR. JOSÉ ADALBERTO TARGINO, TOMA POSSE NA ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS JURÍDICAS, NA CADEIRA Nº 25, DIA 11-08-2013, COM SOLENIDADE ÀS 10 HORAS DA MANHÃ, NO AUDITÓRIO DA OAB/PB.NO, TOMA POSSE NA ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS JURÍDICAS, NA CADEIRA Nº 25, DIA 11-08-2013, COM SOLENIDADE ÀS 10 HORAS DA MANHÃ, NO AUDITÓRIO DA OAB/PB.
Postado por LÚCIA HELENA PEREIRA
31/07/2013
Pesquisa histórica
Por que Leônidas Hermes da Fonseca?
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do IHGRN e do INRG
Está completando 100 anos que houve, aqui no Rio Grande do Norte, a campanha eleitoral mais conturbada, para governador do Estado, de toda nossa existência. Nos jornais do Rio de Janeiro, sede do governo federal, a presença do Rio Grande do Norte era constante no noticiário, com destaques para o capitão J. da Penha e o tenente Leônidas Hermes da Fonseca. Que méritos tinha o jovem Leônidas para ser sugerido como candidato?
Conta Itamar de Sousa, no livro “A República Velha no Rio Grande do Norte”: Dizem os coevos que o desiderato de Dona Orsina Francione da Fonseca, esposa do marechal, era ver o filho Leônidas governador do Rio Grande do Norte. E José da Penha, amigo da família, militar e norte-rio-grandense de Angicos, fora escolhido para cumprir essa missão histórica. Aconteceu, porém, que Dona Orsina falecera em 1912 e a campanha sucessória realizou-se no ano seguinte.
Em outro trecho do seu livro, Itamar diz que a imprensa situacionista lembrava ao capitão José da Penha que a Lei nº 254 impedia ele e Leônidas de serem candidatos ao governo, por não residirem aqui, há pelo menos quatro anos.
Em fevereiro de 1910, J. da Penha era tenente e Leônidas, ainda, aspirante a oficial. Em março do ano seguinte, Leônidas é promovido de aspirante a oficial para 2º tenente e, em setembro, casa com a potiguar Adélia Cavalcanti de Albuquerque. Em fevereiro de 2012, ficou a disposição do Presidente da Republica, Hermes da Fonseca, seu pai, a fim de servir no estado maior do mesmo (casa militar). Em março, do mesmo ano, passou a ajudante de ordem, em substituição ao irmão Mário Hermes, eleito deputado federal pela Bahia. Na data de 29 de setembro de 1913, outra notícia dava conta que no dia 26, daquele mês e ano, tinha nascido Leônidas, filho do tenente Leônidas.
O 2º tenente Leônidas Hermes aparece, várias vezes, no noticiário do Rio de Janeiro, por conta de seu interesse por cavalos: foi escolhido para representar o Ministério da Guerra, em um concurso hípico; importou cavalos da Inglaterra e comprou junto com Oldemar Lacerda, o potro inglês de três anos, Seythian, filho de Roquelaure e Seythia.
Em nenhum dos jornais antigos apareceu qualquer notícia que enaltecesse as qualidades do jovem Leônidas.
Houve, em janeiro de 1913, um incidente entre o tenente Leônidas Hermes e o deputado Raphael Pinheiro, por conta de acusações feitas por este ao irmão daquele, deputado Mário Hermes. Nesse incidente, Leônidas, fazendo menção de tirar uma arma, avançou para o Sr. Raphael, que, por sua vez, esperou-o de revolver em punho.
“O Paiz”, de 29 de abril de 1913, noticiava: o povo de Natal, solidário com a maioria dos coestaduanos, que aclamam em todos os municípios o nome do tenente Leônidas Hermes, levantou hoje, em meeting, a sua candidatura, livre e espontaneamente, certo de que evitará com este nome, benquisto aos próprios governistas, as perturbações provocadas por outras candidaturas, sendo ele estranho as lutas regionais e ligado por laços de família ao Estado que não permitirá de forma alguma a continuação da oligarquia com o seu representante senador Ferreira Chaves.
De vários municípios do Rio Grande do Norte saíram telegramas apelativos para o marechal Hermes da Fonseca. Entre eles um de Macau, datado de 26 de abril de 1913, nos seguintes termos: Apelamos para o nobre sentimento e patriotismo de V. Ex. a fim de evitar a perturbação de paz do Estado e de sua liberdade. O povo abraça espontaneamente a candidatura Leônidas Hermes. Respeitosas saudações, Francisco Honório, Manuel Fonseca, Antonio Honório Filho, Joaquim Cardoso, Nicolau Tibúrcio, Eduardo Azevedo, Manuel Caetano, José Brito, José Bezerra e Leocádio Queiroz.
A resposta veio de imediato: Respondendo ao vosso apelo não compreendo que, no interesse da paz do Estado do qual sois filho, procureis um estranho que nem sequer conhece esta região e teria o grande inconveniente de ser descendente do Presidente da República. Não parece, pois, nem digno nem justo o vosso gesto, que viria criar uma grande oligarquia, sistema de governo contra o qual sempre protestei. Hermes Rodrigues da Fonseca.
Mesmo diante da manifestação do Presidente, a campanha prosseguiu. O capitão J. da Penha pretendia lançar a candidatura, no dia 12 de maio, dia do aniversário do Marechal Hermes da Fonseca. Ainda em junho, o capitão declarou que o tenente Leônidas Hermes chegaria brevemente a capital a fim de pleitear a sua eleição ao cargo de governador.
Nesse mesmo 12 de maio, J. da Penha escrevia para as filhas: O nosso Leônidas, filhinho de peixe, nada muito bem. À imprensa uma coisa e para mim outra pelos telegramas. O povo está correto, com entusiasmo e sem medo. Não retirarei mais o nome de Leônidas nem que chova tapioca ou qualquer outra coisa. Há de subir ou cair comigo, a Nação, vendo que tínhamos um pacto. Minha boca não se abre para dizer que ele não quer porque juraria falso.
Em agosto, em outra carta para as filhas: O povo coagido pela polícia começa a desanimar. Tudo se reanimaria, salvando-se, de repente, o que já naufragou, se Leônidas viesse, como se comprometeu e era necessário.
Em outro momento, escreveu sobre Pinheiro Machado, que influenciava o Presidente contra a candidatura de Leônidas: Quanto ao monstro Pinheiro Machado, Senhora Dona Annita (uma das filhas), seu pai ainda viu, agora, melhor do que os politiqueiros e os cobardes. Não é nem será nunca o presidente da República.
Por fim, Leônidas não apareceu por aqui. Por que, então, o capitão J. da Penha escolheu figura tão apagada?
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