02/08/2013

OS JUDEUS EM NATAL.


Gileno Guanabara

A Cidade do Natal nasceu sob o signo da ideologia cristã, durante a expansão do mercantilismo europeu. Donatários, padres, aventureiros, corsários e desterrados foram os primeiros a contagiar os indígenas com seu sangue e suas chagas. Os negros vieram depois. A miscigenação através de relações legais, adúlteras ou pecaminosas, fecundou proles numerosas.
Nos primeiros anos do século XX, a Cidade dos Reis Magos recebeu também a presença dos judeus. Vieram do Leste Europeu, alguns deles serfaditas, todos perseguidos pela intolerância racial ou religiosa. Foram ondas inquisitórias sucessivas o que os motivou a se aventurarem noutra Diáspora, em busca de uma nova Jerusalém que os acolhesse.
Aleatoriamente a província Natal tornara-se referência para os primeiros judeus que aqui aportaram. No censo realizado em 1900, Natal contabilizava apenas uma dezena de israelitas. A chegada do primeiro irmão da família Palatinik fomentou o lucro fácil e fez crescer a comunidade chamada “Jerusalém do Brasil”.
Segundo o trabalho acadêmico de Luciana Souza de Oliveira (A Fala dos Passos: Imigração e Construção de Espaços Judaicos na Cidade do Natal”- Natal 2009) o primeiro dos irmãos judeus, Tobias, se dedicou ao mascate de produtos a domicílio no ano de 1912. Com a chegada dos demais, em poucos anos já acumulavam riqueza e adquiriram propriedades. A sociedade natalense não hostilizava a comunidade judaica. No entanto, a segregação foi estabelecida de parte deles, quando dos casamentos inter-semita de Tobias; Adolfo; José; e Jacob, todos da família Palatinik. Igualmente ocorreu com outras famílias judias.
 Se não traziam riqueza de monta, no entanto, portavam o “Talmude”, a lei oral que norteava a experiência de vida, capaz de manter-lhes as tradições e ritos preservados da origem e até de propiciar vencer as barreiras do asilo sem serem molestados. No silêncio da noite, após a labuta diária e das orações, solfejavam palavras, liam os jornais, a fim de se fazerem entender no comércio das mercadorias que o consumo local ainda não conhecia. A par da disposição para o trabalho pesado, traziam em seus mantras a noção da Torá, a Lei escrita legitimadora da condição de judeu.
No sítio dos Palatinik, através de escritura de doação, no terreno sito no bairro da Cidade Alta, na Rua Felipe Camarão, foi construída a Sinagoga, lugar sagrado de suas orações. Para a “sacramentalização” do espaço foi transferida a arca onde se guardava os pergaminhos em forma de rolo da Torá, escrito à mão, em hebraico, trazido da Palestina.
Tinham preocupação com os seus mortos. Junto a Prefeitura, reivindicaram a demarcação do lugar, onde repousariam os falecidos. Foi-lhes dado o alvará para, nos limites convencionados, ser erigido o “Cemitério Israelita”, no Cemitério do Alecrim, para onde os mortos eram conduzidos em “Levayá” e homenageados através do “Keriá”, em obediência da “mitzvá”.
Com o culto e estabelecido o lugar sagrado - tido entre os judeus como da vida, da morte e das orações – foi possível acumular riqueza que era compartilhada com as necessidades dos parentes próximos e dos amigos que não vieram no primeiro momento. Retornaram à Palestina de onde buscaram as mulheres com quem casariam e dividiriam o nome e a vida. Com os filhos que nasceram compuseram um estrato social distinto, mantido pelo trabalho, pelas tradições e práticas culturais, o sonho inabalável de um dia regressar a Palestina.
Conservavam os nomes de família:”Slavni”; “Genesi”; “Kaller”; “Josuá”; “Weinstein”; “Volfzon”; “Palatinik”, dentre outros. Criaram a associação que os congregava e protegia - Centro Israelita do Rio Grande do Norte. Ao tempo da Segunda Guerra houve dificuldades para a concessão de vistos de entrada aos judeus. A comunidade articulou a vinda de Einstein ao Brasil, repercutindo favoravelmente a causa dos judeus. A visita de Luis da Câmara Cascudo ao Centro Israelita, no dia de “Yom Kippur” provocou o mesmo efeito. Dissipou veleidades correntes que atribuíam aos judeus a prática da agiotagem e “sabedoria” em seus negócios.
A presença judia em Natal se revela nos novos conceitos da arquitetura que a cidade adotou, de ruas e casas da cidade Alta. Eram exímios artífices em ouro, marcenaria, alfaiataria, música e agricultura. No comércio e na prática contábil, deram as primeiras experiências de vendas a crédito. Na parte da educação, as primeiras escolas de ensino infantil, chamadas “Herzlia” (jardim da infância), acolhiam os filhos dos judeus.  Professores foram trazidos da Palestina e ensinavam em hebraico. Também vieram professores do Recife, a fim de ensinar matemática e a leitura da Torá, obrigatoriamente.
Não sei a que atribuir os motivos que desfizeram a comunidade dos judeus na cidade Alta, em Natal, e de seus descendentes. A Vila Palatinik é uma reminiscência do antigo sítio que abrigou a Sinagoga e as casas das famílias dos judeus vindos e nascidos em Natal, até o ano de 1930.

01/08/2013

Do blog da confreira LÚCIA HELENA



quarta-feira, 31 de julho de 2013

PROCURADOR CORREGEDOR GERAL DO ESTADO, DR. JOSÉ ADALBERTO TARGINO, TOMA POSSE NA ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS JURÍDICAS, NA CADEIRA Nº 25, DIA 11-08-2013, COM SOLENIDADE ÀS 10 HORAS DA MANHÃ, NO AUDITÓRIO DA OAB/PB.NO, TOMA POSSE NA ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS JURÍDICAS, NA CADEIRA Nº 25, DIA 11-08-2013, COM SOLENIDADE ÀS 10 HORAS DA MANHÃ, NO AUDITÓRIO DA OAB/PB.



 JOSÉ ADALBERTO TARGINO DE ARAÚJO
ADALBERTO é Diretor-Orador do IHGRN

31/07/2013

Pesquisa histórica

Por que Leônidas Hermes da Fonseca?


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do IHGRN e do INRG
Está completando 100 anos que houve, aqui no Rio Grande do Norte, a campanha eleitoral mais conturbada, para governador do Estado, de toda nossa existência. Nos jornais do Rio de Janeiro, sede do governo federal, a presença do Rio Grande do Norte era constante no noticiário, com destaques para o capitão J. da Penha e o tenente Leônidas Hermes da Fonseca. Que méritos tinha o jovem Leônidas para ser sugerido como candidato?

Conta Itamar de Sousa, no livro “A República Velha no Rio Grande do Norte”: Dizem os coevos que o desiderato de Dona Orsina Francione da Fonseca, esposa do marechal, era ver o filho Leônidas governador do Rio Grande do Norte. E José da Penha, amigo da família, militar e norte-rio-grandense de Angicos, fora escolhido para cumprir essa missão histórica. Aconteceu, porém, que Dona Orsina falecera em 1912 e a campanha sucessória realizou-se no ano seguinte.

Em outro trecho do seu livro, Itamar diz que a imprensa situacionista lembrava ao capitão José da Penha que a Lei nº 254 impedia ele e Leônidas de serem candidatos ao governo, por não residirem aqui, há pelo menos quatro anos.

Em fevereiro de 1910, J. da Penha era tenente e Leônidas, ainda, aspirante a oficial. Em março do ano seguinte, Leônidas é promovido de aspirante a oficial para 2º tenente e, em setembro, casa com a potiguar Adélia Cavalcanti de Albuquerque. Em fevereiro de 2012, ficou a disposição do Presidente da Republica, Hermes da Fonseca, seu pai, a fim de servir no estado maior do mesmo (casa militar). Em março, do mesmo ano, passou a ajudante de ordem, em substituição ao irmão Mário Hermes, eleito deputado federal pela Bahia. Na data de 29 de setembro de 1913, outra notícia dava conta que no dia 26, daquele mês e ano,  tinha nascido Leônidas, filho do tenente Leônidas.

O 2º tenente Leônidas Hermes aparece, várias vezes, no noticiário do Rio de Janeiro, por conta de seu interesse por cavalos: foi escolhido para representar o Ministério da Guerra, em um concurso hípico; importou cavalos da Inglaterra e comprou junto com Oldemar Lacerda, o potro inglês de três anos, Seythian, filho de Roquelaure e Seythia.

Em nenhum dos jornais antigos apareceu qualquer notícia que enaltecesse as qualidades do jovem Leônidas.

Houve, em janeiro de 1913, um incidente entre o tenente Leônidas Hermes e o deputado Raphael Pinheiro, por conta de acusações feitas por este ao irmão daquele, deputado Mário Hermes. Nesse incidente, Leônidas, fazendo menção de tirar uma arma, avançou para o Sr. Raphael, que, por sua vez, esperou-o de revolver em punho.

 “O Paiz”, de 29 de abril de 1913, noticiava: o povo de Natal, solidário com a maioria dos coestaduanos, que aclamam em todos os municípios o nome do tenente Leônidas Hermes, levantou hoje, em meeting, a sua candidatura, livre e espontaneamente, certo de que evitará com este nome, benquisto aos próprios governistas, as perturbações provocadas por outras candidaturas, sendo ele estranho as lutas regionais e ligado por laços de família ao Estado que não permitirá de forma alguma a continuação da oligarquia com o seu representante senador Ferreira Chaves.

De vários municípios do Rio Grande do Norte saíram telegramas apelativos para o marechal Hermes da Fonseca. Entre eles um de Macau, datado de 26 de abril de 1913, nos seguintes termos: Apelamos para o nobre sentimento e patriotismo de V. Ex. a fim de evitar a perturbação de paz do Estado e de sua liberdade. O povo abraça espontaneamente a candidatura Leônidas Hermes. Respeitosas saudações, Francisco Honório, Manuel Fonseca, Antonio Honório Filho, Joaquim Cardoso, Nicolau Tibúrcio, Eduardo Azevedo, Manuel Caetano, José Brito, José Bezerra e Leocádio Queiroz.

A resposta veio de imediato: Respondendo ao vosso apelo não compreendo que, no interesse da paz do Estado do qual sois filho, procureis um estranho que nem sequer conhece esta região e teria o grande inconveniente de ser descendente do Presidente da República. Não parece, pois, nem digno nem justo o vosso gesto, que viria criar uma grande oligarquia, sistema de governo contra o qual sempre protestei. Hermes Rodrigues da Fonseca.

Mesmo diante da manifestação do Presidente, a campanha prosseguiu. O capitão J. da Penha pretendia lançar a candidatura, no dia 12 de maio, dia do aniversário do Marechal Hermes da Fonseca. Ainda em junho, o capitão declarou que o tenente Leônidas Hermes chegaria brevemente a capital a fim de pleitear a sua eleição ao cargo de governador.
Nesse mesmo 12 de maio, J. da Penha escrevia para as filhas: O nosso Leônidas, filhinho de peixe, nada muito bem. À imprensa uma coisa e para mim outra pelos telegramas. O povo está correto, com entusiasmo e sem medo. Não retirarei mais o nome de Leônidas nem que chova tapioca ou qualquer outra coisa. Há de subir ou cair comigo, a Nação, vendo que tínhamos um pacto. Minha boca não se abre para dizer que ele não quer porque juraria falso.

Em agosto, em outra carta para as filhas: O povo coagido pela polícia começa a desanimar. Tudo se reanimaria, salvando-se, de repente, o que já naufragou, se Leônidas viesse, como se comprometeu e era necessário.

Em outro momento, escreveu sobre Pinheiro Machado, que influenciava o Presidente contra a candidatura de Leônidas: Quanto ao monstro Pinheiro Machado, Senhora Dona Annita (uma das filhas), seu pai ainda viu, agora, melhor do que os politiqueiros e os cobardes. Não é nem será nunca o presidente da República.

Por fim, Leônidas não apareceu por aqui. Por que, então, o capitão J. da Penha escolheu  figura tão apagada?


28/07/2013

Panzer


  História incrível -  

Tanque russo
                      
Não é sempre que se tira um tanque da Segunda Guerra de um lago, ainda mais um que foi usado por russos e alemães. Mesmo tendo ficado submerso por muitos anos, com uma 'ajeitadinha' o motor movido a diesel conseguiu funcionar.
 

Um Komatsu D375A-2 puxou um tanque abandonado do fundo do lago perto de Johvi,Estonia. O tanque soviético mod. T34/76A ficou estacionado no fundo do lago por 56 anos. De acordo com as especificações, é uma máquina de 27 toneladas que pode chegar à velocidade máxima de 53km/h.

De fevereiro a setembro de 1944, pesadas batalhas foram travadas na estreita faixa de 50 km de largura, na frente de Narva na parte noroeste da Estônia. Mais de 100.000 homens morreram e 300.000 feridos. Durante batalhas no verão de 1944,o tanque foi capturado do exército soviéitico e usado pelo exército alemão.(Este é o motivo de estar pintado com as cores alemãs na parte externa do tanque)  Em 19 de Setembro de  1944, tropas alemãs iniciaram uma retirada organizada ao longo da frente de Narva. Suspeita-se que deliberadamente jogaram o tanque dentro do lago, quando seus captores abandonaram a área.

Nessa época, um menino local, caminhado à beira do Lago Kurtna Matasjarv, notou rastros de um tanque em direção ao lago, mas sem sinais de saída. Por dois meses ele viu bolhas de ar saírem do lago. Isso lhe deu motivos de acreditar que deveria haver um veículo no fundo do lago. Alguns anos atrás, ele contou a história para o chefe local do clube de história da guerra 'Otsing'. Junto com outros membros do clube, o Sr. Igor Shedunov iniciou pesquisas de mergulhos no fundo do lago aproximadamente um ano atrás. Na profundidade de 7 metros eles descobriram o tanque enterrado debaixo de 3 metros de camada de turfa.

Entusiastas do clube, com a liderança do Sr. Shedunov, decidiram puxar o tanque para fora. 

A operação resgate começou às 09:00 e foi concluída às 15:00, com diversas paradas técnicas. O peso do tanque em conjunto com a declividade dificultou o trabalho, exigindo muito esforço. O peso do tanque, todo equipado com armamentos, chega a 30 toneladas, exigindo esforço similar. A preocupação era da escavadeira de 68 toneladas ter peso suficiente para não deslizar enquanto tracionava o tanque monte acima.

Depois que o tanque aflorou à superfície, viram que era  um troféu de guerra, que tinha sido capturado pelos alemães durante a batalha de Sinimaed (Blue Hills) seis meses antes de ser afundado no lago. Juntas, 116 conchas foram encontradas a bordo. Surpreendentemente, o tanque estava em boas condições, sem NENHUMA FERRUGEM,e TODOS OS SISTEMAS (COM EXCEÇÃO DO MOTOR) estavam em condições de uso. Essa é uma máquina muito rara, ainda mais considerando que lutou em ambos os lados com russos e alemães. Existem planos de fazer uma restauração total do tanque. Ele será exposto no museu de história de Guerra que sera fundado na vila de  Gorodenko na margem esquerda do Rio Narv.
      
  Não fazem mais destes!




26/07/2013

Gutenberg Costa

O Sócio Efetivo do nosso IHGRN, Gutenberg Costa convida confrades e confreiras para sua formatura.