01/08/2013
31/07/2013
Pesquisa histórica
Por que Leônidas Hermes da Fonseca?
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do IHGRN e do INRG
Está completando 100 anos que houve, aqui no Rio Grande do Norte, a campanha eleitoral mais conturbada, para governador do Estado, de toda nossa existência. Nos jornais do Rio de Janeiro, sede do governo federal, a presença do Rio Grande do Norte era constante no noticiário, com destaques para o capitão J. da Penha e o tenente Leônidas Hermes da Fonseca. Que méritos tinha o jovem Leônidas para ser sugerido como candidato?
Conta Itamar de Sousa, no livro “A República Velha no Rio Grande do Norte”: Dizem os coevos que o desiderato de Dona Orsina Francione da Fonseca, esposa do marechal, era ver o filho Leônidas governador do Rio Grande do Norte. E José da Penha, amigo da família, militar e norte-rio-grandense de Angicos, fora escolhido para cumprir essa missão histórica. Aconteceu, porém, que Dona Orsina falecera em 1912 e a campanha sucessória realizou-se no ano seguinte.
Em outro trecho do seu livro, Itamar diz que a imprensa situacionista lembrava ao capitão José da Penha que a Lei nº 254 impedia ele e Leônidas de serem candidatos ao governo, por não residirem aqui, há pelo menos quatro anos.
Em fevereiro de 1910, J. da Penha era tenente e Leônidas, ainda, aspirante a oficial. Em março do ano seguinte, Leônidas é promovido de aspirante a oficial para 2º tenente e, em setembro, casa com a potiguar Adélia Cavalcanti de Albuquerque. Em fevereiro de 2012, ficou a disposição do Presidente da Republica, Hermes da Fonseca, seu pai, a fim de servir no estado maior do mesmo (casa militar). Em março, do mesmo ano, passou a ajudante de ordem, em substituição ao irmão Mário Hermes, eleito deputado federal pela Bahia. Na data de 29 de setembro de 1913, outra notícia dava conta que no dia 26, daquele mês e ano, tinha nascido Leônidas, filho do tenente Leônidas.
O 2º tenente Leônidas Hermes aparece, várias vezes, no noticiário do Rio de Janeiro, por conta de seu interesse por cavalos: foi escolhido para representar o Ministério da Guerra, em um concurso hípico; importou cavalos da Inglaterra e comprou junto com Oldemar Lacerda, o potro inglês de três anos, Seythian, filho de Roquelaure e Seythia.
Em nenhum dos jornais antigos apareceu qualquer notícia que enaltecesse as qualidades do jovem Leônidas.
Houve, em janeiro de 1913, um incidente entre o tenente Leônidas Hermes e o deputado Raphael Pinheiro, por conta de acusações feitas por este ao irmão daquele, deputado Mário Hermes. Nesse incidente, Leônidas, fazendo menção de tirar uma arma, avançou para o Sr. Raphael, que, por sua vez, esperou-o de revolver em punho.
“O Paiz”, de 29 de abril de 1913, noticiava: o povo de Natal, solidário com a maioria dos coestaduanos, que aclamam em todos os municípios o nome do tenente Leônidas Hermes, levantou hoje, em meeting, a sua candidatura, livre e espontaneamente, certo de que evitará com este nome, benquisto aos próprios governistas, as perturbações provocadas por outras candidaturas, sendo ele estranho as lutas regionais e ligado por laços de família ao Estado que não permitirá de forma alguma a continuação da oligarquia com o seu representante senador Ferreira Chaves.
De vários municípios do Rio Grande do Norte saíram telegramas apelativos para o marechal Hermes da Fonseca. Entre eles um de Macau, datado de 26 de abril de 1913, nos seguintes termos: Apelamos para o nobre sentimento e patriotismo de V. Ex. a fim de evitar a perturbação de paz do Estado e de sua liberdade. O povo abraça espontaneamente a candidatura Leônidas Hermes. Respeitosas saudações, Francisco Honório, Manuel Fonseca, Antonio Honório Filho, Joaquim Cardoso, Nicolau Tibúrcio, Eduardo Azevedo, Manuel Caetano, José Brito, José Bezerra e Leocádio Queiroz.
A resposta veio de imediato: Respondendo ao vosso apelo não compreendo que, no interesse da paz do Estado do qual sois filho, procureis um estranho que nem sequer conhece esta região e teria o grande inconveniente de ser descendente do Presidente da República. Não parece, pois, nem digno nem justo o vosso gesto, que viria criar uma grande oligarquia, sistema de governo contra o qual sempre protestei. Hermes Rodrigues da Fonseca.
Mesmo diante da manifestação do Presidente, a campanha prosseguiu. O capitão J. da Penha pretendia lançar a candidatura, no dia 12 de maio, dia do aniversário do Marechal Hermes da Fonseca. Ainda em junho, o capitão declarou que o tenente Leônidas Hermes chegaria brevemente a capital a fim de pleitear a sua eleição ao cargo de governador.
Nesse mesmo 12 de maio, J. da Penha escrevia para as filhas: O nosso Leônidas, filhinho de peixe, nada muito bem. À imprensa uma coisa e para mim outra pelos telegramas. O povo está correto, com entusiasmo e sem medo. Não retirarei mais o nome de Leônidas nem que chova tapioca ou qualquer outra coisa. Há de subir ou cair comigo, a Nação, vendo que tínhamos um pacto. Minha boca não se abre para dizer que ele não quer porque juraria falso.
Em agosto, em outra carta para as filhas: O povo coagido pela polícia começa a desanimar. Tudo se reanimaria, salvando-se, de repente, o que já naufragou, se Leônidas viesse, como se comprometeu e era necessário.
Em outro momento, escreveu sobre Pinheiro Machado, que influenciava o Presidente contra a candidatura de Leônidas: Quanto ao monstro Pinheiro Machado, Senhora Dona Annita (uma das filhas), seu pai ainda viu, agora, melhor do que os politiqueiros e os cobardes. Não é nem será nunca o presidente da República.
Por fim, Leônidas não apareceu por aqui. Por que, então, o capitão J. da Penha escolheu figura tão apagada?
30/07/2013
28/07/2013
Panzer
História incrível -
Tanque russo
Não é sempre que se tira um tanque da Segunda Guerra de um lago, ainda mais um que foi usado por russos e alemães. Mesmo tendo ficado submerso por muitos anos, com uma 'ajeitadinha' o motor movido a diesel conseguiu funcionar.
Um Komatsu D375A-2 puxou um tanque abandonado do fundo do lago perto de Johvi,Estonia. O tanque soviético mod. T34/76A ficou estacionado no fundo do lago por 56 anos. De acordo com as especificações, é uma máquina de 27 toneladas que pode chegar à velocidade máxima de 53km/h.
De fevereiro a setembro de 1944, pesadas batalhas foram travadas na estreita faixa de 50 km de largura, na frente de Narva na parte noroeste da Estônia. Mais de 100.000 homens morreram e 300.000 feridos. Durante batalhas no verão de 1944,o tanque foi capturado do exército soviéitico e usado pelo exército alemão.(Este é o motivo de estar pintado com as cores alemãs na parte externa do tanque) Em 19 de Setembro de 1944, tropas alemãs iniciaram uma retirada organizada ao longo da frente de Narva. Suspeita-se que deliberadamente jogaram o tanque dentro do lago, quando seus captores abandonaram a área.
Nessa época, um menino local, caminhado à beira do Lago Kurtna Matasjarv, notou rastros de um tanque em direção ao lago, mas sem sinais de saída. Por dois meses ele viu bolhas de ar saírem do lago. Isso lhe deu motivos de acreditar que deveria haver um veículo no fundo do lago. Alguns anos atrás, ele contou a história para o chefe local do clube de história da guerra 'Otsing'. Junto com outros membros do clube, o Sr. Igor Shedunov iniciou pesquisas de mergulhos no fundo do lago aproximadamente um ano atrás. Na profundidade de 7 metros eles descobriram o tanque enterrado debaixo de 3 metros de camada de turfa.
Entusiastas do clube, com a liderança do Sr. Shedunov, decidiram puxar o tanque para fora.
A operação resgate começou às 09:00 e foi concluída às 15:00, com diversas paradas técnicas. O peso do tanque em conjunto com a declividade dificultou o trabalho, exigindo muito esforço. O peso do tanque, todo equipado com armamentos, chega a 30 toneladas, exigindo esforço similar. A preocupação era da escavadeira de 68 toneladas ter peso suficiente para não deslizar enquanto tracionava o tanque monte acima.
Depois que o tanque aflorou à superfície, viram que era um troféu de guerra, que tinha sido capturado pelos alemães durante a batalha de Sinimaed (Blue Hills) seis meses antes de ser afundado no lago. Juntas, 116 conchas foram encontradas a bordo. Surpreendentemente, o tanque estava em boas condições, sem NENHUMA FERRUGEM,e TODOS OS SISTEMAS (COM EXCEÇÃO DO MOTOR) estavam em condições de uso. Essa é uma máquina muito rara, ainda mais considerando que lutou em ambos os lados com russos e alemães. Existem planos de fazer uma restauração total do tanque. Ele será exposto no museu de história de Guerra que sera fundado na vila de Gorodenko na margem esquerda do Rio Narv.Não fazem mais destes!
26/07/2013
25/07/2013
Nossa história
Adélia Cavalcanti de Albuquerque, a esposa de Leônidas da Fonseca
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG
O capitão J. da Penha, já eleito deputado, no Ceará, veio capitanear, aqui no Rio Grande, a luta contra a oligarquia Maranhão, movimento que se espalhava de maneira semelhante em outros estados. O que não parece claro, para muitos, é a razão da escolha, como candidato a governador, do filho do Presidente da República Hermes da Fonseca. Quem era, de verdade, Leônidas Hermes da Fonseca para ser escolhido, se isso parecia uma contradição com a luta contra as oligarquias? Resolvi pesquisar nos velhos jornais alguma informação que justificasse tal escolha. Em primeiro lugar procurei descobrir quem era a esposa de Leônidas, dada como natural do Rio Grande do Norte, pois nem o nome dela eu sabia.
Do jornal “O Paiz”, datado de 10 de setembro de 1911, extraí a informação que o 2º tenente Leônidas Hermes da Fonseca, filho do marechal Hermes da Fonseca, Presidente da República, casou, no dia 9 de setembro de 1911, no Palácio Guanabara, com Adélia Cavalcanti de Albuquerque, sobrinha do capitão Joaquim Brilhante, ajudante de ordem do Sr. chefe de Polícia. O ato civil foi às 2 horas da tarde, servindo de testemunhas, da noiva, o Dr. Belisário Távora, o general Percílio da Fonseca, o coronel Cyrillo Brilhante (tio da noiva), e o capitão Luiz Lobo, e do noivo, o senador Pinheiro Machado, o Dr. Álvaro de Teffé e o Dr. Sebastião de Lacerda. O ato religioso foi as 3horas e 30 minutos, na rica capela, armada no salão à esquerda da sala de espera, servindo de padrinhos, da noiva, a Exma. Sra. D. Orsina Hermes da Fonseca (mãe do noivo) e o capitão Joaquim Brilhante, e do noivo, o deputado Fonseca Hermes e a Exma. Sra. D. Honorina Brilhante (esposa de Joaquim).
Na notícia acima, nenhuma informação sobre os pais da noiva. Outro jornal do Rio de Janeiro dizia, apenas, que “a gentilíssima senhorita Adélia Cavalcanti de Albuquerque pertencia a distinta família do norte.
No jornal “A Época”, de 23 de março de 1913, foi postado, de Recife, por Paulino Guedes, Juiz de Direito “aposentado pelo governo dos Maranhões”, um artigo que contém o seguinte trecho: Como político do Rio Grande do Norte, venho pedir ao vosso conceituado jornal permissão para dar verdadeira informação do que se vai na política potiguar: - De Natal telegrafaram ao tenente Leônidas Hermes que a indicação de seu nome para governador daquele Estado não passava de exploração e que ele não acreditasse no valor da oposição; que viesse incógnito percorrer o centro do Estado para se convencer de que qualquer candidato anti-oligarquia seria derrotado etc...Em primeiro lugar devemos declarar que o candidato a governador de nosso Estado ainda não foi definitivamente escolhido, mas se essa escolha recair no tenente Leônidas onde estará a exploração?... Pois esse ilustre militar será indigno de administrar a querida terra de sua digna esposa? Não estará no gozo dos seus direitos políticos? Que exploração, pois haverá na escolha do seu nome?
Sem nenhuma informação sobre os pais de Adélia e a confirmação da naturalidade dela, solicitei ajuda aos colegas do grupo GenealBr. Recebi, então, de Pedro Auler informação que tinha encontrado no “Diário da Noite”, a notícia do falecimento de Adélia, e, pela data, foi procurar os registros da época no familysearch, cujo link me enviou, de onde extraí que: faleceu, em 8 de setembro de 1951, Adélia de Albuquerque Fonseca, com sessenta e seis anos, sete meses de idade, natural do Rio Grande do Norte, viúva de Leônidas Hermes da Fonseca, filha de Francisco Cavalcanti de Andrade e de Júlia Leopoldina Cavalcanti. Constava ainda que ela tinha deixado três filhos maiores.
Nos jornais mais antigos daqui, que examinei, a única informação que tinha, dava conta que Francisco Cavalcanti de Andrade tinha obtido uma licença por ter aberto seu estabelecimento em 1888.
Pelas informações acima, fui procurar no livro de batismos da catedral, ano de 1891, algum possível registro de Adélia. Encontrei, então, o seguinte registro: Aos vinte e oito de junho de mil oitocentos e noventa e um, na Matriz da Senhora da Apresentação, batizei, solenemente, a párvula Adélia, nascida aos 7 de março do mesmo ano, filha legítima de Francisco Cavalcanti d’Andrade e Júlia Leopoldina Cavalcanti, sendo padrinhos José Zacharias Vieira de Mello e Joanna Vieira de Mello. Fiz escrever este assento e assinei. Pe. João Maria Cavalcanti de Brito.
Estava confirmada a naturalidade de Adélia, mas que família era essa, aqui no Rio Grande do Norte? Fui, então, em busca do casamento dos seus pais. Encontro um registro que parece ser o casamento deles, mas na parte referente aos nubentes a imagem está com defeito. No documento está registrado que o casamento foi em 16 de abril de1887, na capela da Piedade, no Quartel Militar, sendo os pais do noivo, João Baptista d’ Andrade e Rozaura Cavalcanti d’Andrade e da noiva, Manoel Brilhante da Motta Cavalcanti e Ana Paula Cavalcanti d’Albuquerque. Júlia era natural de Timbáuba, Pernambuco.
Manoel Brilhante e Ana (ou Antonia) eram pais, também, de Amália Brilhante d’Albuquerque, Manoel Brilhante d’Albuquerque, João Brilhante d’Albuquerque, Cyrillo Brilhante d’Albuquerque e Joaquim Antonio Brilhante, estes dois últimos presentes no casamento de Adélia.
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