12/06/2013

Os Torres do Cururu


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Na viagem de Frei Aníbal de Genova, o filho de Francisco Xavier Torres teve oportunidade de demonstrar toda a sua experiência. Já no Cariri, há o seguinte relato: Subitamente, saíram de dentro de um bosquezito, duas onças enormes. Imediatamente foram alvejadas pelo jovem Torres e um dos índios. Rolou um dos jaguaretês. Acudiram os dois onceiros que com extraordinária bravura fizeram frente à fera ferida. Mas nisto os animais da tropa espavoridos, dispararam pelo campo a fora. Receosos de os perder partiram todos para os cercar. Ao voltarem encontraram a onça que os dois cães haviam acabado, embora um deles houvesse levado terrível munhecaço do felino que quase o matou.

Acho que o síndico do convento de Recife, Francisco Xavier Torres, que recebeu lá no Cururu, Frei Aníbal de Gênova, e foi, com a família, levá-lo até Goianinha, é o mesmo que foi testemunha em 1749, na capela de Santa Anna da Aldeia de Mipibu, do casamento de Constantino de Lima Rocha e Francisca Florência Leal de Jesus, uma filha do capitão João Fernandes de Sousa e Antonia Dias de Araújo; e que foi testemunha, na mesma capela em 1755, do casamento de Passivaldo de Freitas e Maelma Ribeiro; e que no ano de 1754, foi padrinho junto com a filha Eugenia Maria da Conceição, de João Manoel, filho de Clemente de Barros e Arcângela Pereira; Clemente de Barros casou, na capela de Santa Ana da Aldeia de Mipibu, com Arcângela, em 1753, sendo viúvo de Úrsula Pereira. Eram os pais de Arcângela, Clemente Pereira e Maria das Neves. Houve dispensa no terceiro grau de parentesco, por afinidade, e  no espiritual de compradesco. Estavam presentes como testemunhas Francisco Xavier Torres e seu filho Manoel Fernandes Torres.

Maria Caetana, filha do casal Clemente e Arcângela, foi batizada em 1756, em Mipibu, tendo como padrinhos o sargento-mor Caetano Machado Barreto e Joanna Maria Torres. Talvez o genro de Francisco Xavier, lá de Caiçara, citado por Frei Aníbal, fosse Caetano Machado e não Antonio Machado.

Por falta de outros livros, já desaparecidos, não encontramos, até agora, mais informações sobre o síndico.

Somente no ano de 1821, voltamos a encontrar novos registros sobre os Torres, na Vila de São José de Mipibu.   Naquela data, Antonio Lotério, filho de Francisco Xavier Torres e Quitéria Maria, casava com Rita Maria de Jesus, filha de Vicente Ferreira da Costa, falecido. Mas quem era esse Francisco Xavier Torres? Seria filho ou neto do síndico?

Aos 11 de outubro, de 1836, na matriz de Nossa Senhora do O’ de Papari, Joaquim José de Sousa, casou com Antonia Clara da Silva, sendo ele viúvo de Joaquina Maria de Sousa, e ela filha legítima de Francisco Xavier Torres e Maria Francisca, falecida, natural e moradora no Cururu. No ano seguinte, em 1837, Francisco Xavier Torres e Maria Joaquina foram padrinhos de Joaquina, filha de Joaquim José e Antonia (nesse novo registro foi escrito Antonia Maria do Carmo). Nenhuma informação sobre o estado civil dos padrinhos. Por coincidência, meus trisavós eram Francisco Xavier Torres Junior e Maria Joaquina Lúcia da Costa. A descontinuidade dos documentos e a falta de maiores detalhes não permitem qualquer inferência, somente suposições.

Em 1849, em Touros, Clementino Gomes Torres, filho de Francisco Xavier Torres e Joaquina Gomes da Costa, casou com Joaquina Francisca das Virgens, filha de Francisco Bezerra de Melo e Rita Maria de Medeiros. Vamos encontrar, também, no Vale do Ceará-mirim, no ano de 1860, o casamento de Manoel Xavier Torres filho de Francisco Xavier Torres e Joaquina Gomes da Costa, com Maria Francisca de Paula, filha de José Francisco de Paula, falecido, e Manoela de tal. Quem era esse Francisco, pai de Manoel e Clementino? Sabemos, pelos estudos que temos feito, que os diversos filhos de um mesmo casal colocam nos filhos o nome do avô, por isso as várias repetições de nomes.

Meu trisavó, citado acima, era filho de Francisco Xavier Torres e Úrsula Córdula do Sacramento (do Espírito Santo, em outros registros). Era natural de Extremoz, mas morador na Freguesia de Touros, segundo os registros paroquiais de Angicos. Pelo seu óbito, meu trisavô nasceu por volta de 1810. O documento de doação de terras, para Nossa Senhora da Conceição de Guamaré, é datado de 1783, sendo os doadores Francisco Xavier Torres e sua esposa Maria Gomes da Silva. Constava nesse documento que eles, os doadores, eram antigos moradores de Mangue Seco. Por outro lado, em 1762, Francisco Xavier Torres, o síndico do convento de Frei Aníbal, já era pai de um jovem Torres que acompanhou Frei Aníbal e, alem disso, tinha uma filha, casada com Antonio Machado, que morava em Caiçara. Outra informação interessante, é que um irmão de meu trisavô tem Gomes no sobrenome, como é o caso de Felis Gomes Torres que casou com Joanna Francisca da Costa, filha de Roberto da Costa Gomes e Rita Antonia do Espírito Santo, tendo sido dispensado no segundo grau de consanguinidade. Roberto da Costa Gomes devia ser irmão de Úrsula Córdula, talvez parente de Maria Gomes da Silva, doadora da Capela.

Talvez algum documento, ainda submerso nos arquivos paroquiais ou cartoriais, possa nos esclarecer a relação entre esses diversos Torres. Será que em Touros haverá um testamento que possa nos ajudar?
Casamento de Felis Gomes Torres

11/06/2013


PARCERIA CULTURAL COMUNITÁRIA


Caros amigos e amigas,


O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte é uma organização de caráter privado, com 111 (cento e onze) anos de existência, guardião da memória potiguar, corporificados por documentos tricentenários, representados por um acervo de cerca de 50 mil títulos e obras raras. Contudo, a conservação deste acervo está em perigo constante, tal a precariedade física do seu prédio-sede e o risco iminente de sinistro, já atestado por laudos técnicos de órgãos competentes, além de outras urgentes providências que são descritas na relação anexa.
Visando a solução desse grave problema os atuais dirigentes do Instituto, tendo à frente o Presidente Valério Mesquita vem procurando celebrar convênio com entidades governamentais, as quais, mercê de determinação legal, exige contrapartidas em recursos financeiros, que efetivamente não temos.
Sendo assim, chegou a hora da convocação do povo, real destinatário desta Casa da Memória, para salvar o patrimônio que lhe pertence e essa ajuda que se torna fundamental, somente poderá ocorrer com desembolso financeiro, em tempo breve.
Com essa finalidade, deposite sua contribuição, que esperamos seja generosa, nunca inferior a R$ 50,00 (cinquenta reais), na CONTA Nº 130001219 – AGÊNCIA Nº 4322, do Banco Santander – Natal/Centro, (CNPJ.: 08.274.078.0001-06) ou, se mais conveniente, pela entrega da contribuição na Sede do Instituto, na rua da Conceição, nº 622 – Cidade Alta – no turno matutino, diariamente, local em que os diretores se reúnem.
A história do Rio Grande do Norte agradece.


Natal, 11 de junho de 2013


A Diretoria.


TÍTULO DO PROJETO
    
RECUPERAÇÃO FÍSICA DO PRÉDIO DO I.H.G.R.N.
RECUPERAÇÃO E RESTAURAÇÃO DO ACERVO DO I.H.G.R.N.



Identificação do Objeto
  
1-       Recuperação física do prédio: piso, esquadrias, vidros, grades de ferro danificadas,
2-       acesso para deficientes físicos, construção de sanitário para deficientes;
3-       Recuperação e restauração do acervo documental,  bibliográfico em torno de
4-        50.000 títulos e peças do museu.

Justificativa da Proposição
 
 O IHGRN é o maior guardião da memória do Rio Grande do Norte e possui
um acervo de cerca de 50.000 títulos, além de possuir documentos com três
 séculos, como Cartas de Sesmarias, escrituras históricas, livros raros, jornais
 e periódicos editados no nosso Estado e relíquias de figuras ilustres. Todo esse
 material encontra-se arquivado em estantes antigas, algumas apresentando
desgaste, sem climatização adequada, que provoca o seu desgaste.
    Por sua vez, o prédio apresenta danos em suas portas e janelas, algumas
 sem vidro e carente de uma revisão rigorosa em sua estrutura hidráulica e
 elétrica de maneira a permitir a sua climatização, porquanto com laudos
 indicativos de perigo de incêndio.
    As grades externas estão com ferrugem e necessitam de raspagem e
 recuperação, como igualmente a construção de rampa de acesso para
deficientes físicos, exigência nos  prédios públicos, por força de lei.
    Recuperação total do piso do auditório, atualmente apresentando desnível
 e indícios de rebaixamento e ainda possível existência de falhas no contra-piso,
necessitando da retirada dos mosaicos atualmente existentes e substituição
por outras danificados, mediante fabricação de protótipo de idêntico padrão,
com a recolocação de cortinas após sua recuperação ou substituição por
 outras novas.
   
 








10/06/2013

D. Maria Martins Ferreira, de Macau para o Rio de Janeiro

Por João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com

Estava em Fortaleza, no dia 6 de junho deste ano de 2013, me preparando para voltar para Natal, quando meu parente Luciano Klein, trineto de Balthazar de Moura e Silva, me telefona dando notícias de duas informações encontradas na Hemeroteca da Biblioteca Nacional. Eram notícias do falecimentos  de Balthazar de Moura e Silva, seu trisavô, e o de Maria Martins Ferreira, sua tetravó, que transcrevo para cá.

 No jornal "O Paiz", datado de 20 de abril de 1882, estava lá:
Balthazar de Moura e Silva
Maria Martins Ferreira, Comendador Antonio Barroso Fernandes, Henrique de Moura e Silva e Manoel Alves Fernandes, sogra, cunhado, filho e genro do falecido tenente-coronel Balthazar de Moura e Silva, convidam aos seus parentes e amigos para assistirem à missa que por sua alma mandam celebrar na Igreja de São Francisco de Paula, hoje, 20 do corrente, às 9 horas.

No "Jornal do Brasil" de 22 de novembro de 1892, estava o registro:
Maria Martins Ferreira
Antonio Barroso Fernandes e sua mulher Anna Moura Fernandes, Henrique de Moura e Silva e sua mulher Joana Fernandes de Moura, Ana do Carmo Fernandes, Francisca Carolina Fernandes, Emília Fernandes (ausentes) e Maria Fernandes de Moura, Jesuíno Fernandes e sua mulher Izabel Leal Fernandes, transidos da mais acerba dor pelo passamento de sua idolatrada mãe e sogra D. Maria Martins Ferreira, pedem a seus parentes e amigos o piedoso obséquio de acompanhar o saimento do restos mortais da falecida, da casa de sua residência à rua do Senador Dantas nº 40, às 4 horas da tarde de hoje, para o cemitério de São João Baptista.
Por este ato de bondade antecipadamente dá seu eterno reconhecimento.

Com essas informações fui procurar nesses jornais mais detalhes sobre Balthazar e sua sogra Maria Martins. Encontro de início o registro de falecimento de Maria Martins Ferreira, na data de 29 de novembro de 1892

Faleceu ontem, a 9 1/2 horas da noite com 74 anos de idade a Exma. Sra. Dona Maria Martins Ferreira, mãe do Sr. Comendador Antonio Barroso Fernandes.
O enterro será logo às 4 horas da tarde de hoje, saindo o féretro da rua Sen. Dantas, nº 40 para o Cemitério de São João Baptista.

D. Maria Martins Ferreira era filha do Capitão João Martins Ferreira e de Dona Josefa Clara Lessa, moradores na Ilha de Manoel Gonçalves, no Rio Grande do Norte. Pela idade constante no óbito, deve ter nascida por volta de 1818, ano em que a Ilha foi invadida por corsários ingleses, como relatado em outro artigo neste  blog. D. Maria Martins, irmã de meu trisavô, Major José Martins Ferreira, era casada com José Joaquim Fernandes.

Sobre seus filhos, encontramos os seguintes registros: Emília nasceu aos 21 de fevereiro de 1860, foi batizada aos 12 de março do mesmo ano, na Matriz de N. S. da Conceição de Macau, tendo como padrinhos tenente João Alves Fernandes e Nossa Senhora; Antônia, nascida aos 19 de maio de 1856, e batizada na Matriz de N. S. da Conceição de Macau ao 6 de julho do mesmo ano tendo como padrinhos Nossa Senhora e Balthazar de Moura e Silva, casado; Josina (faleceu com 3 meses) nascida aos 15 de abril de 1852, e batizada aos 28 de julho do mesmo ano, tendo como padrinhos João Alves Fernandes e Maria Petronilla Fernandes por procuração que apresentou de  Ana Sloast da Silva Santiago; Manoel que nasceu aos 16 de março de 1846 e foi batizado aos 10 de maio do mesmo ano, sendo padrinhos José Dias da Silva e sua mulher Thereza Carlota de Jesus, por procuração suas que apresentaram João Martins Ferreira e Josefa Clara Lessa.

João Alves Fernandes, filho de José Joaquim Fernandes e Maria Martins Ferreira casou em Macau, aos 25 de agosto de 1856, com Maria Rosa Fernandes, filha de Manoel Antonio Fernandes e Maria Martins de Pureza, tendo como testemunhas Manoel Antonio Fernandes Junior, solteiro e Balthazar de Moura e Silva; Manoel Alves Fernandes, casou na casa de Balthazar de Moura e Silva, aos 27 de julho de 1879, com Ana Rosa de Moura e Silva, filha de Balthazar de Moura e Silva e Dona Josefa Martins de Sousa, sua primeira esposa, tendo como testemunhas Carlos Antonio de Araújo e Braz Marcolino de Andrade Mello. Houve dispensa de 3º grau atingente ao segundo de consanguinidade. Manoel era primo legítimo de Josefa Martins de Sousa, mãe de Anna Rosa.

Não encontrei o registro de batismo de Antonio Barroso Fernandes. Na Hemeroteca da Biblioteca Nacional, vejo que ele era comerciante, tendo atividades nos Banco de Crédito Mercantil, no Banco Emissor de Pernambuco e na Companhia Manufatura Cruzeiro do Sul, entre outras.

Um filho de mesmo nome  do Comendador, Antonio Barroso Fernandes Filho, era  diplomata e faleceu jovem, com a idade de 36 anos, em 1930. Sua morte foi por afogamento no mar, pois não sabia nadar. Deixou um filho de nome Manoel. Era cunhado do Senador Joaquim Murtinho e seu féretro saiu da residência de outro cunhado Jorge Murtinho. Antonio tinha estudado humanidades no Colégio Pedro II e concluiu Direito no Rio de Janeiro, em 1913, sendo diplomado em 1915. Em outro registro da Hemeroteca o jovem Antonio Barrosos Fernandes Filho aparece se habilitando para casar com Violeta de Lourdes Pinheiro da Cunha.

Outra notícia de falecimento, nos jornais da Hemeroteca, dá conta que o diplomata era neto de Maria Joaquina Bastos de Mattos. Na relação apareciam ainda, Maria Magdalena, Elza Barroso Fernandes, Carlos Alberto de Araújo e João José de Macedo. Esse sobrenome Barroso no nome de Antonio não sei de onde surgiu, pois não aparece no nome dos pais do Comendador.

Quanto ao português Balthazar de Moura e Silva, lembramos que fizemos dois artigos que foram postado neste mesmo blog. Ele foi casado, primeiramente, com Josefa Martins de Sousa, que faleceu em 1854, com apenas 25 anos. Ela era filha de Antonio Joaquim de Sousa e Thomasia Martins Ferreira, irmã de Dona Maria Martins Ferreira. Depois, Batlhazar casou com Maria Petronila Fernandes, filha de Dona Maria Martins Ferreira e José Joaquim Fernandes.

Entre os filhos de Balthazar, citamos dois: Henrique de Moura e Silva, filho de Balthazar e de Josefa Martins de Sousa,  nasceu aos 3 de junho de 1847, e foi batizado na Igreja de Macau, aos 16 de outubro do mesmo ano, sendo padrinhos José Antonio de Sousa, por procuração que apresentou de Henrique José Coimbra, e Maria Martins de Sousa; e Ildefonso filho de Balthazar de Moura e Silva e Maria Fernandes da Silva, nasceu aos 7 de novembro de 1860 e foi batizado aos 1 de fevereiro de 1861, tendo como padrinho João Alves Fernandes com procuração de  José Joaquim Fernandes

06/06/2013

ALUNOS DA UNP - LAUREATE FAZEM PESQUISA SOBRE O IHGRN

Um grupo formado pelos estudantes CLARISSA PESSOA, FELIPE BULHÕES, JÉSSICA FARIAS, RAUL CARVALHO e ROCHELY MACÊDO está trabalhando em um projeto-ensaio, que tem por alvo o INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE.

Os estudantes são da área de "Publicidade e Propaganda" e atuam na Escola de Comunicação e Artes, sob a orientação do Professor ELIAS SILVA.

Na análise dos resultados obtidos na pesquisa, registram dados significativos e até preocupantes, a saber:
a) universo pesquisado atinge uma faixa etária entre 18 a 25 anos e são estudantes, em sua maioria do sexo feminino, na seguinte proporção:
Nível fundamental completo = 0,5%
Fundamental incompleto = 0,5%
Médio completo = 4,5%
Médio incompleto = 0,5%
Superior completo = 33,0%
Superior incompleto = 61,0%

Dos meios de comunicação citados, os mais utilizados foram Internet (citado por 90% dos entrevistados) e TV (citado por 68% dos entrevistados). Observaram os pesquisadores: "O que nos leva a perceber que se tivermos a pretensão de atingir o público entrevistado devemos utilizar a Internet e TV com mais precisão na divulgação do IHGRN.  

Um dado preocupante é o pertinente ao conhecimento da existência da CASA DA MEMÓRIA, apesar dos seus 111 anos de existência, registrando uma frequência de visitação em sua maioria apenas 1 vez ao ano, não recebendo incentivo pelos pais, do governo pela divulgação e pela apatia da população:

Dos 83% dos entrevistados, apenas 17% conhecem o Instituto, enquanto 83,0% o desconhecem.

Apesar de coletarem respostas positivas pelos que o visitam, face ao seu acervo, localização, organização, conservação e limpeza, assim concluiram:

"A partir dessa pesquisa, podemos concluir que o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, assim como a maioria dos museus e centros históricos, são poucos conhecidos, pois não possuem uma divulgação mais eficaz e também pelo fato de não termos uma política nem o hábito cultural de visitar lugares que nos levam a conhecer a nossa história e riquezas de nossa cidade."


VISITA ILUSTRE

 O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE, ESTA SEMANA, RECEBEU A VISITA ILUSTRE DA PROFESSORA BETÂNIA LEITE RAMALHO, QUE FOI RECEPCIONADA PELA DIRETORIA

APÓS INÚMERAS CONSIDERAÇÕES FEITAS PELO PRESIDENTE VALÉRIO MESQUITA, A SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE FEZ INÚMERAS ANOTAÇÕES E SE COMPROMETEU A AJUDAR O INSTITUTO PARA QUE ELE POSSA TER UM FUNCIONAMENTO SUSTENTÁVEL, PERMITINDO A VISITA REGULAR DOS ESTUDANTES DA REDE DE ENSINO ESTADUAL PARA VISITAS DIDÁTICAS E CULTURAIS À SUA SEDE E RICO ACERVO BIBLIOGRÁFICO, DOCUMENTAL E DE PEÇAS HISTÓRICAS.

05/06/2013

Frei Aníbal de Gênova e Francisco Xavier Torres


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Uma dúvida, que persiste nas minhas pesquisas, é saber se Francisco Xavier Torres, que fez doação de terras para a construção da capela de Nossa Senhora da Conceição de Guamaré, tem algum parentesco com Francisco Xavier Torres, meu tetravô, casado com Úrsula Córdula do Sacramento, que morava em Touros. Vamos falar sobre os vários Francisco Xavier Torres, mas em especial sobre um Francisco Xavier Torres que aparece no manuscrito, “Viaggio di Africa e America Portoghesa”, deixado por Frei Aníbal de Gênova, citado por frei Fidelis de Primério no seu livro “Capuchinhos em Terras de Santa Cruz”.

Frei Aníbal nasceu em 1723, e entrou para ordem em 1740. Faleceu em Gênova a 17 de maio de 1785.

Foi frei Aníbal de Gênova, religioso capuchinho, missionário apostólico em Missão, que fez as dispensas para o casamento do sargento-mor Antonio da Rocha Bezerra, filho do coronel Antonio da Rocha Bezerra e Josefa Leite de Oliveira, com Maria Gomes Freire, filha de Bonifácio da Rocha Vieira e Ignácia Gomes Freire, falecidos, em 1 de dezembro de 1759. Os nubentes eram parentes em 4º grau de consanguinidade.

Em 5 de outubro de 1762, Frei Aníbal de Gênova começou a sua missão volante. Quando saiu de Goiana, passou pelo Engenho Grande e tomou a direção de Goianinha no Rio Grande do Norte, devendo fazer trinta e cinco léguas. Foi parando pelo caminho em quantos lugarejos havia. Assim se deteve em Cruz das Almas, Passo D’Água, indo depois a Cururu (Nísia Floresta), a fim de se encontrar com o síndico de seu convento do Recife, Francisco Xavier Torres, por ocasião das festas do Natal. Em caminho fez comungar 643 fiéis. Recebeu-o Torres com as demonstrações de vivo afeto e acompanhou-o com toda a família a Goianinha. Ali, receberam a comunhão 2 322 moradores, assim como 1 744 na paróquia de Nossa Senhora do O’.

Depois, Frei Aníbal passou por Natal, cidade que contava pouco mais de sete mil almas, fregueses de uma paróquia única. Achou o porto espaçoso, seguro e bem defendido pelo Forte dos Santos Reis Magos. De Natal seguiu a convite para São Gonçalo, do outro lado do Potengi, onde se hospedou no engenho de Pedro de Nova (talvez Pedro Gonçalves da Nóvoa). Daí se dirigiu a Coité, e seguiu para o engenho da rica fazendeira, a viúva D. Joana Gomes, em um lugar chamado Coral da Junta.

Daí em diante era o alto sertão. Para isso, precisava tomar algumas precauções. Ofereceu-se o filho primogênito de Francisco Xavier Torres (não cita o nome, uma pena do ponto de vista genealógico) para lhe servir de guia e companheiro. Conhecia muito bem a região sertaneja. Além dos dois escravos que com ele viera de Benin, levou o padre dois grandes mastins para se defender das pintadas, abundantes naqueles desertos onde encontravam os possantes jaguaretês farta carniça.

Resolveu Frei Aníbal ir até o Assú, a 80 léguas de Natal.  Com esse destino, passaram por Caiçara, quase a beira mar, onde havia a fazenda de um Antonio Machado, genro de Torres.

De Caiçara seguiu para Mangue Seco (era neste distrito que residiam, antigamente, Francisco Xavier Torres e sua esposa Maria Gomes da Silva, doadores das terras para a Construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição de Guamaré), terra deserta e arenosa do litoral atlântico, onde viviam algumas famílias de criadores, onde a água era de mau paladar e semi-salgada. Passou quatorze dias lá, onde confessou 834 comungantes, ficando edificado com a piedade desses pobres moradores.

Depois esteve em Pedra Branca, onde foi hóspede de um genro do Coronel Antonio da Rocha Bezerra. Daí seguiu para Cacimbas (devia ser Cacimbas do Vianna, onde quem também tinha terras era Dona Mariana da Rocha), fazenda do Coronel Antonio Bezerra, onde moravam mais de duas mil pessoas. Grande criador e lavrador era o Coronel Antonio Bezerra, senhor de terras e gados, escreveu Frei Aníbal. Seguiu em direção a Olho d’ Água (devia ser a Fazenda Olho d’Água dos Pitta).

Chegou no Assú, onde confessou mais de 8 763 fiéis, e daí foi para Apodi a dez léguas daquela Vila. Não me estenderei mais nessa viagem que seguiu para Piancó e outros lugares.


Pelo que vimos acima, o síndico, Francisco Xavier Torres, tinha um genro morando em Caiçara, além disso, Frei Anibal e o filho de Torres demoraram 14 dias em Mangue Seco, antiga moradia do doador de terras para a capela, que tinha o mesmo nome do dito síndico. No próximo artigo, vamos ver mais informações sobre esses Torres, em busca de um elo entre eles.


02/06/2013

Este documento interessante, cujo segunda página está abaixo, foi digitalizado pela Biblioteca Nacional
Tem 471 páginas, e é datado de 1792. Há muitas informações genealógicas.
Está em pdf e pode ser baixado integralmente.
Colaboração de  
João Felipe da Trindade 

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