05/06/2013

Frei Aníbal de Gênova e Francisco Xavier Torres


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Uma dúvida, que persiste nas minhas pesquisas, é saber se Francisco Xavier Torres, que fez doação de terras para a construção da capela de Nossa Senhora da Conceição de Guamaré, tem algum parentesco com Francisco Xavier Torres, meu tetravô, casado com Úrsula Córdula do Sacramento, que morava em Touros. Vamos falar sobre os vários Francisco Xavier Torres, mas em especial sobre um Francisco Xavier Torres que aparece no manuscrito, “Viaggio di Africa e America Portoghesa”, deixado por Frei Aníbal de Gênova, citado por frei Fidelis de Primério no seu livro “Capuchinhos em Terras de Santa Cruz”.

Frei Aníbal nasceu em 1723, e entrou para ordem em 1740. Faleceu em Gênova a 17 de maio de 1785.

Foi frei Aníbal de Gênova, religioso capuchinho, missionário apostólico em Missão, que fez as dispensas para o casamento do sargento-mor Antonio da Rocha Bezerra, filho do coronel Antonio da Rocha Bezerra e Josefa Leite de Oliveira, com Maria Gomes Freire, filha de Bonifácio da Rocha Vieira e Ignácia Gomes Freire, falecidos, em 1 de dezembro de 1759. Os nubentes eram parentes em 4º grau de consanguinidade.

Em 5 de outubro de 1762, Frei Aníbal de Gênova começou a sua missão volante. Quando saiu de Goiana, passou pelo Engenho Grande e tomou a direção de Goianinha no Rio Grande do Norte, devendo fazer trinta e cinco léguas. Foi parando pelo caminho em quantos lugarejos havia. Assim se deteve em Cruz das Almas, Passo D’Água, indo depois a Cururu (Nísia Floresta), a fim de se encontrar com o síndico de seu convento do Recife, Francisco Xavier Torres, por ocasião das festas do Natal. Em caminho fez comungar 643 fiéis. Recebeu-o Torres com as demonstrações de vivo afeto e acompanhou-o com toda a família a Goianinha. Ali, receberam a comunhão 2 322 moradores, assim como 1 744 na paróquia de Nossa Senhora do O’.

Depois, Frei Aníbal passou por Natal, cidade que contava pouco mais de sete mil almas, fregueses de uma paróquia única. Achou o porto espaçoso, seguro e bem defendido pelo Forte dos Santos Reis Magos. De Natal seguiu a convite para São Gonçalo, do outro lado do Potengi, onde se hospedou no engenho de Pedro de Nova (talvez Pedro Gonçalves da Nóvoa). Daí se dirigiu a Coité, e seguiu para o engenho da rica fazendeira, a viúva D. Joana Gomes, em um lugar chamado Coral da Junta.

Daí em diante era o alto sertão. Para isso, precisava tomar algumas precauções. Ofereceu-se o filho primogênito de Francisco Xavier Torres (não cita o nome, uma pena do ponto de vista genealógico) para lhe servir de guia e companheiro. Conhecia muito bem a região sertaneja. Além dos dois escravos que com ele viera de Benin, levou o padre dois grandes mastins para se defender das pintadas, abundantes naqueles desertos onde encontravam os possantes jaguaretês farta carniça.

Resolveu Frei Aníbal ir até o Assú, a 80 léguas de Natal.  Com esse destino, passaram por Caiçara, quase a beira mar, onde havia a fazenda de um Antonio Machado, genro de Torres.

De Caiçara seguiu para Mangue Seco (era neste distrito que residiam, antigamente, Francisco Xavier Torres e sua esposa Maria Gomes da Silva, doadores das terras para a Construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição de Guamaré), terra deserta e arenosa do litoral atlântico, onde viviam algumas famílias de criadores, onde a água era de mau paladar e semi-salgada. Passou quatorze dias lá, onde confessou 834 comungantes, ficando edificado com a piedade desses pobres moradores.

Depois esteve em Pedra Branca, onde foi hóspede de um genro do Coronel Antonio da Rocha Bezerra. Daí seguiu para Cacimbas (devia ser Cacimbas do Vianna, onde quem também tinha terras era Dona Mariana da Rocha), fazenda do Coronel Antonio Bezerra, onde moravam mais de duas mil pessoas. Grande criador e lavrador era o Coronel Antonio Bezerra, senhor de terras e gados, escreveu Frei Aníbal. Seguiu em direção a Olho d’ Água (devia ser a Fazenda Olho d’Água dos Pitta).

Chegou no Assú, onde confessou mais de 8 763 fiéis, e daí foi para Apodi a dez léguas daquela Vila. Não me estenderei mais nessa viagem que seguiu para Piancó e outros lugares.


Pelo que vimos acima, o síndico, Francisco Xavier Torres, tinha um genro morando em Caiçara, além disso, Frei Anibal e o filho de Torres demoraram 14 dias em Mangue Seco, antiga moradia do doador de terras para a capela, que tinha o mesmo nome do dito síndico. No próximo artigo, vamos ver mais informações sobre esses Torres, em busca de um elo entre eles.


02/06/2013

Este documento interessante, cujo segunda página está abaixo, foi digitalizado pela Biblioteca Nacional
Tem 471 páginas, e é datado de 1792. Há muitas informações genealógicas.
Está em pdf e pode ser baixado integralmente.
Colaboração de  
João Felipe da Trindade 

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30/05/2013


Corpus  Christi

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Corpus Christi (expressão latina que significa Corpo de Cristo1 ) é uma festa católica. É um evento baseado em tradições católicas. É realizada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes. É uma "Festa de Guarda", isto é, para os católicos, é obrigatório participar da Santa Missa neste dia, na forma estabelecida pela conferência episcopal do país respectivo.
A procissão pelas vias públicas, quando é feita, atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico (cânone 944) que determina ao bispo diocesano que a providencie, onde for possível, "para testemunhar publicamente a adoração e a veneração para com a Santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo." É recomendado que, nestas datas, a não ser por causa grave e urgente, não se ausente da diocese o bispo (cânone 395).

Índice

História

 
Procissão de Corpus Christi em Moosburgo, na Alemanha, em 2005
A origem da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao século XIII. A Igreja Católica sentiu necessidade de realçar a presença real do "Cristo todo" no pão consagrado. A Festa de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV com a bula Transiturus de hoc mundo de 11 de agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes.
papa Urbano IV, na época o cônego Tiago Pantaleão de Troyes, arcediago do Cabido Diocesano de Liège, na Bélgica, recebeu o segredo das visões da freira agostiniana Juliana de Mont Cornillon, que teve visões de Cristo demonstrando desejo de que o mistério da Eucaristia fosse celebrado com destaque.
Por solicitação do papa Urbano IV, que, na época, governava a Igreja, os objetos milagrosos foram para Orviedo em grande procissão, sendo recebidos solenemente por sua santidade e levados para a Catedral de Santa Prisca. Esta foi a primeira procissão do Corporal Eucarístico. A 11 de agosto de 1264, o papa lançou de Orviedo para o mundo católico através da bula Transiturus de hoc mundo o preceito de uma festa com extraordinária solenidade em honra do Corpo do Senhor.
A festa de Corpus Christi foi decretada em 1269.
O decreto de Urbano IV teve pouca repercussão, porque o papa morreu em seguida. Mas se propagou por algumas igrejas, como na diocese de Colônia, na Alemanha, onde Corpus Christi é celebrada desde antes de 1270. A procissão surgiu em Colônia e difundiu-se primeiro na Alemanha, depois na França e na Itália. Em Roma, é encontrada desde 1350.
A Eucaristia é um dos sete sacramentos e foi instituído na Última Ceia, quando Jesus disse: "Este é o meu corpo... isto é o meu sangue... fazei isto em memória de mim". Segundo Santo Agostinho, é um memorial de imenso benefício para os fiéis, deixado nas formas visíveis do pão e do vinho. Porque a Eucaristia foi celebrada pela primeira vez na Quinta-Feira SantaCorpus Christi se celebra sempre numa quinta-feira após o vinho sangue de Jesus Cristo, em toda Santa Missa, mesmo que esta transformação da matéria não seja visível.
Corpus Christi é celebrado 60 dias após a Páscoa, podendo cair, assim, entre as datas de 21 de maio e 24 de junho.

A Festa no Brasil

 
Procissão de Corpus Christi, durante a pausa para o Tantum Ergo em latim, em Pirenópolis, em Goiás, no Brasil
Em muitas cidades portuguesas e brasileiras, é costume ornamentar as ruas por onde passa a procissão com tapetes de colorido vivo e desenhos de inspiração religiosa. Esta festividade de longa data se constitui uma tradição no Brasil, principalmente nas "cidades históricas", que se revestem de práticas antigas e tradicionais e que são embelezadas com decorações de acordo com costumes locais.
Em Pirenópolis, em Goiás, no Brasil, é uma tradição os tapetes de serragem colorida e flores do cerrado, cobrindo as ruas por onde passa a procissão de Corpus Christi. Também enfeitam-se cinco altares para a adoração do Santíssimo Sacramento e execução do cântico latino Tamtum Ergo Sacramentum. Esta procissão é acompanhada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento e pela Orquestra e Coral Nossa Senhora do Rosário. É neste dia que o Imperador do Divino recebe a coroa para a realização da Festa do Divino de Pirenópolis, do ano seguinte.
Em Castelo, no estado do Espírito Santo, no Brasil, as ruas são decoradas com enormes tapetes coloridos formados por flores, serragem colorida e grãos.
O município de Matão, em São Paulo, no Brasil, é famoso por seus tapetes coloridos feitos de vidro moído, dolomitas, serragem e flores que formam uma cruz que se estende por 12 quarteirões no centro da cidade onde passa a procissão da eucaristia, um espetáculo que reúne fé, tradição, arte e beleza. No ano de 2011, Matão realizou a 63ª edição do Corpus Christi, onde mais de 70 toneladas de materiais foram usados para compor os desenhos. A expectativa dos organizadores é que o evento atrairia um público total de 80 mil pessoas. A praça de alimentação do evento fica por conta das entidades filantrópicas da cidade.
A cidade de Mariana, em Minas Gerais, no Brasil, comemora a festa de Corpus Christ'i' enfeitando as ruas com tapetes de serragem e pinturas.
As cidades paulistas de Jaguariúna,Monte MorSanto AndréSantana de ParnaíbaSão Joaquim da Barra, além da baiana Jacobina, também seguem o mesmo estilo, as ruas ao redor da matriz são enfeitadas com serragem, raspa de couro, areias coloridas - tudo o que a criatividade proporciona para este dia santo.
Em Caieiras, a juventude da cidade promove, com sua criatividade, tapetes que se estendem no trajeto da procissão deste solene dia, desde a Igreja Matriz de Santo Antônio até a Igreja de São Francisco de Assis, num trabalho que dura doze horas e que é coroado com a procissão luminosa em torno ao Santíssimo Sacramento.
Em Porto Ferreira, a festa tem como finalidade a partilha, em comunhão com as três paróquias da cidade. Arrecadam-se alimentos que integram os enfeites nas ruas por onde o Santíssimo Sacramento passa e, após a solenidade, são doados a famílias que são assistidas por pastorais, como a Pastoral da Criança e Pastoral da Saúde. Esta iniciativa é realizada desde 2008.
Em Borborema, em São Paulo, no Brasil, as ruas são decoradas com enxovais, bordados e artesanatos, produzidos pelas mais de 50 lojas e fábricas da cidade. Após a procissão, tudo é vendido e a renda revertida ao Lar de Idosos São Sebastião.

Em Portugal

Em todas as 20 dioceses de Portugal, fazem-se solenes procissões a partir da igreja catedral, tal como em muitas outras localidades, que são muito concorridas. Estas procissões atingem o seu esplendor máximo em BragaPorto e Lisboa.
Ordenada por dom Dinis, a festa do Corpus Christi começou a ser celebrada em 1282, embora haja referências à sua comemoração desde os tempos de dom Afonso III.2 Em Portugal, a festa de longa tradição era antigamente celebrada com danças, folias, e procissões em que o sagrado e o profano se misturavam. Representantes de várias profissões, carros alegóricos, diabos, a serpe, a coca, gigantones, ao som de gaitas de foles e outros instrumentos, desfilavam pelas ruas.3 Das danças dos ofícios, em Penafiel, ainda se celebram o baile dos ferreiros, o baile dos pedreiros e o baile das floreiras.4 5
Esta celebração tem uma conotação muito forte no Minho, particularmente em Monção e em Ponte de Lima.
Em Ponte de Lima, a tradição d´O Corpo de Deus perdura já há vários séculos.
O Corpo de Deus é celebrado no 60º dia após a Páscoa, ou mais correctamente na Quinta-feira que se segue ao Domingo da Santíssima Trindade (que, por sua vez, é o primeiro Domingo a seguir ao Pentecostes) seguindo a norma canónica. A diferença prende-se no facto de, no dia posterior ao feriado nacional, se realizar uma celebração, própria e exclusiva da vila, tendo sido decretado desde 1977 feriado para todos os Limianos.
As celebrações do Corpo de Deus realizam-se durante todo o dia, sendo os Limianos presenteados com uma procissão da parte da manhã e outra da parte da tarde em volta da vila e uma missa para todos os habitantes do Concelho no próprio dia, sempre ao meio-dia, na Igreja Matriz.
Em Braga, é também tradição, desde 1923, a presença maciça de Escuteiros do Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português, pois foi nessa procissão que os mesmos se apresentaram em público naquele ano.

Tapetes

   
Tapete de Corpus Christi em Santos Dumont - MG.
Os tapetes de rua são uma tradição e manifestação artística popular realizada por fiéis da Igreja Católica, confeccionados para a passagem da procissão de Corpus Christi.
A tradição da confecção do tapete surgiu em Portugal e veio para o Brasil com os colonizadores.6 Os desenhos utilizados são variados, mas enfocam principalmente o tema Eucaristia. No Brasil essa tradição está sendo ampliada, atingindo inclusive comunidades, bairros e até Colégios (um exemplo é o Colégio Virgo Potens, em Guarulhos-SP, que desde 2009 realiza a confecção junto a materiais diversos e também foco na Sustentabilidade).
Para confeccionar os tapetes são utilizados diversos tipos de materiais, tais como serragem colorida, borra de café, farinha, areia, flores e outros acessórios.

Referências

29/05/2013

Genealogia, Matemática e existência


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG

Cada indivíduo, que está na terra, neste momento, tem uma quantidade significativa de ascendentes, que a partir dos seus pais, cresce em progressão geométrica, se desprezarmos os casamentos entre parentes. Os pais são dois, os avós já são quatro, os bisavós, em número de 8, e os trisavós (ou terceiros avós) são 16.  É uma progressão geométrica de razão 2 que começa com dois e  que se expressa, em cada geração de ascendentes, como uma potência de 2. Assim, a quantidade de trisavós, que são dezesseis, é representada por 2 elevado a quarta potência. Quando você chega aos seus nonos avós, eles já são 1024 (2 elevado a 10 potência). Imagine a quantidade de ascendentes, em todo o mundo, se você recuar muitos anos atrás. Você, talvez, prefira que seu sobrenome seja Miranda Henriques, mas com certeza, você tem, através dos seus ascendentes passados, milhares de sobrenomes.

Qualquer que seja o evento acontecido anos atrás, você ou um seu ascendente estava vivo. Assim, quando Buda nasceu, existia em algum lugar do mundo, um ascendente seu, contemporâneo do mestre, que talvez até tenha convivido com ele. Da mesma forma quando Jesus foi crucificado, alguém, que está na sua ascendência, era vivo nesta terra, e talvez estivesse lá, naquela hora.

Em 1706, meus hexavós, João Machado de Miranda e Leonor Duarte de Azevedo, batizavam uma filha em São Gonçalo do Potengi, com o nome de Felizarda. Alguns dos ascendentes desses meus hexavós, podem ter presenciado o massacre de Uruassú, em 1645; Quando invadiram a Ilha de Manoel Gonçalves, em 1818, meu tetravô João Martins Ferreira, estava lá presente.

Acredito, pois, que carregamos dentro de nós, a história da humanidade desde o seu início. Muitas vezes, fico me perguntando se alguns fenômenos que ocorrem com algumas pessoas não são frutos desses conhecimentos que vão passando de geração a geração, através de suas descendências. A holografia revela que a parte contém o todo. Na Matemática descobrimos que um segmento de reta contém a mesma quantidade de pontos que a própria reta. Assim, creio que toda vez que um ser é gerado, traz consigo informações do mundo passado. Nosso DNA pode ser mais valioso do que pensamos!

Li durante muitos anos sobre diversos assuntos, sem nenhum preconceito científico ou de outra natureza. Mesmo como matemático que sou, li sobre astrologia, numerologia, quiromancia, rabdomancia, radiestesia e outras coisa mais. Interessei-me por espiritismo, reencarnação, zen, ioga, psicografia, e múltiplas personalidades. Sempre gostei de biografias, de estudar sobre gênios, escritores, pintores e músicos famosos. 

Muitos gênios falam de suas experiências relatando que alguns escritos, quadros, descobertas ou músicas surgiam como um todo nos seus cérebros. Por que algumas crianças se tornam geniais com poucos anos de vida? Como surge essa genialidade neles?

Quando Chico Xavier psicografava, o que acontecia de verdade dentro do seu cérebro? Quando alguém faz regressão de vidas passadas, que partes do cérebro são ativadas que dão acesso as informação por elas relatadas? Como elas conseguem descrever paisagens, costumes, roupas de uma certa época do passado?
Por que, de repente, uma pessoa, com múltiplas personalidades, acessa dentro de si, um indivíduo que fala inglês, se ela mesma não conhece nada dessa língua? O que de fato acontece lá dentro do seu cérebro que ativa um personagem, aparentemente, inexistente? De onde vêm tais informações ou ações?

O hinduísmo fala em Registos Akáshicos, uma espécie de Biblioteca Virtual, que cada indivíduo possui, onde estão registradas todas as ações pretéritas. Mas, os estudos genealógicos me convencem, a cada dia, que tudo que existia, na época dos nossos ascendentes, vai passando de geração a geração para seus descendentes. Mas, a nossa educação, ao contrário do que devia acontecer, vai podando nossas potencialidades e dificultando nossa capacidade para acessar essas informações. A ciência e a religião, muitas vezes, ao longo do tempo, mutilaram nossas capacidades naturais, tratando com desprezo e preconceitos nossas percepções. 

Acredito, também, que estamos em rede, uns com os outros. Quando alguém sente em uma determinada hora, que um parente ou amigo, que mora distante, faleceu, e depois isso se confirma, temos uma prova da existência dessa rede entre as pessoas. Por que algumas descobertas ocorrem simultaneamente em lugares distantes? Há plágio, sincronicidade, ou essas pessoas entram em rede? Por que gêmeos que foram criados em lugares diferentes tem as mesmas preferências?

A educação seria melhor se estimulasse nossas capacidades inatas. Pegue uma caneta ou um pincel, sem a menor preocupação, e, talvez você escreva uma bela poesia, um bom romance, ou pinte um quadro espetacular, sem precisar pegar carona em gente famosa que já faleceu.
Nossa existência não começou na vida presente. Estamos aqui desde o começo de tudo!



 
NATAL QUE NÃO CONHECI                                       Gileno Guanabara


Natal sempre foi pródiga em atividades lítero-recreativas. Pontificavam intelectuais, jornalistas, profissionais liberais e proliferava a boemia. Citam-se as figuras de Eloy de Souza, Lourival Açucena, Sandoval Wanderley, Ponciano Barbosa, Israel Botelho, Josué Silva, Ivo Filho, Antônio Emerenciano, Ulisses Seabra de Melo, dentre outras. Dizia-se que Gotardo Neto e Ferreira Itajubá eram boêmios insaciáveis. Alguns participavam da “Oficina Literária Norte-Riograndense”.
 João Estevam, tipógrafo e proprietário da Gráfica Santa Theresinha, na Rua Vaz Gondim, publicava, no mês de junho, “Milho Verde”, anuário com artigos, poesia e registros. “Seu Estevinho” foi um dos fundadores do clube “Os jandaias”, de que foi Secretário Perpetuo, e Presidente de Honra, Emídio Fagundes. Participavam do Clube Josué, Bulhões, Evaristo de Souza, Cascudo, Waldemar de Almeida. As mulheres integrantes tinham os nomes preservados, para não serem “faladas”. O lema respeitabilíssimo da entidade era “Ver...Ouvir...Calar”. Qualquer manifestação, só com a aprovação da maioria dos sócios. Segredo maçônico.
A cidade se resumia a dois bairros, que se rivalizavam: a “Cidade Baixa” e a “Cidade Alta”. Alecrim, Rocas, Tirol, Petrópolis e Lagoa Seca, se resumiam a sítios. O transporte público através do bonde efetivou a integração dos novos bairros. As praias somente eram frequentadas aos domingos e as pessoas se banhavam por recomendação médica. O engenheiro Giácomo Palumbo elaborou o plano de urbanização de Petrópolis, por encomenda do Prefeito Omar O’Grady. Segundo o traçado, as ruas seriam dispostas na direção Norte/Sul, com vistas ao Oceano Atlântico, e na direção Leste/Oeste, no rumo do Rio Potengi.
As ruas mais movimentadas eram a “Rua do Fogo”, atual Rua Padre Pinto, onde ocorriam festas de aniversário e se davam os encontros de jovens enfatiotados. Aos domingos, cavaleiros garbosos desfilavam suas montarias e lá ocorriam bailes e serenatas. Movimento intenso também ocorria nas festas da “Rua da Palha” (atual Rua Vigário Bartolomeu), no ”Beco Novo”, (também chamada “Rua da Bica”, atual Rua Voluntários da Pátria); e na ”Rua dos Tocos” (atual Rua Princesa Izabel, e  antes Rua “13 de Maio”). A ampla ”Rua Nova” (atual Avenida Rio Branco), de vastas mungubeiras, não tinha calçamento, nem mosaicos nas calçadas.
Destacavam-se os cancioneiros populares, os instrumentistas e suas modinhas. Os saraus, em residências como a de Loiola Barata, varavam noite afora. João Neponuceno e Antônio Elias eram os organizadores. Declamavam e poetavam.  Petit na flauta, Joaquim Galhardo (trombone e saxofone); José Bibiano (clarinete); Heronides França e Francisco Soter (violão). Nas festas religiosas, apresentavam-se o fandango e a Lapinha. Reuniões costumeiras, à tardinha, se davam defronte a casa do Cel. Joaquim Guilherme, na atual Praça Padre João Maria, chamado de “Centrão”. Lá se bisbilhotava a vida da cidade. O “Grande Ponto” ainda não existia.
Durante o carnaval de rua, a “Rua da Palha” recebia ornamentação de palha de coqueiro, em forma de arcos e girândolas. Desfilavam o bloco “Maxixeira”, que saia pela manhã; o “Vassourinhas”; o “Vasculhadores” e “Os Amantes da Pinga”. O clube mais requisitado era o “Clube Noturno”.
A agitação mais intensa ocorria no “Passo da Pátria”, à margem do Rio Potengi, onde se dava, aos sábados, a “feira do grude”, assim denominada em decorrência da parada do trem vindo de Extremoz, com abastecimento de grude de mandioca, legumes, verduras e frutas, no local. O encontro das famílias fomentava o namorico entre elas. O trem trazia o rebanho de gado que da estação ferroviária se dirigia à “Rua da Salgadeira” (atual “Rua da Misericórdia”), local do matadouro que abastecia de carne a cidade.
O abastecimento de água era obtido no Riacho do Baldo, através dos burros e das barricas. Nas águas correntes do riacho as famílias se banhavam nas domingueiras. A cidade não dispunha de luz elétrica. A “Rua Nova” (Avenida Rio Branco) foi o primeiro logradouro a ter o sistema de iluminação pública, através de postes de lampião a base de querosene.
No dia 3 de maio, ocorria a festa religiosa, em comemoração à “Santa Cruz da Bica”, atual praça com o mesmo nome, na confluência da “Rua do Fogo” e o “Beco Novo”, marco Sul da cidade, margem direita do Riacho do Baldo. Segundo a tradição, a descoberta da cruz, ainda hoje preservada, coube a Claudino José de Melo ao escavar a terra, a fim de construir uma casa. Do lado Norte, existe a cruz xantada perante a Igreja dos Negros do Rosário. São os limites da “Cidade Alta”.
Das festas juninas, o xerém do milho plantado nos quintais. Serviam de amabilidades a cangica e a pamonha cozidas na própria palha, em panelas de barro. Foram-se reduzindo os quintais. Não se cultivaram mais as fruteiras, os legumes, as pimenteiras, os cheiros e os coqueiros. Não se plantou mais a romãzeira.





Genealogia, Matemática e existência

Genealogia, Matemática e existência

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
 
Cada indivíduo, que está na terra, neste momento, tem uma quantidade significativa de ascendentes, que a partir dos seus pais, cresce em progressão geométrica, se desprezarmos os casamentos entre parentes. Os pais são dois, os avós já são quatro, os bisavós, em número de 8, e os trisavós (ou terceiros avós) são 16.  É uma progressão geométrica de razão 2 que começa com dois e  que se expressa, em cada geração de ascendentes, como uma potência de 2. Assim, a quantidade de trisavós, que são dezesseis, é representada por 2 elevado a quarta potência. Quando você chega aos seus nonos avós, eles já são 1024 (2 elevado a 10 potência). Imagine a quantidade de ascendentes, em todo o mundo, se você recuar muitos anos atrás. Você, talvez, prefira que seu sobrenome seja Miranda Henriques, mas com certeza, você tem, através dos seus ascendentes passados, milhares de sobrenomes.

Qualquer que seja o evento acontecido anos atrás, você ou um seu ascendente estava vivo. Assim, quando Buda nasceu, existia em algum lugar do mundo, um ascendente seu, contemporâneo do mestre, que talvez até tenha convivido com ele. Da mesma forma quando Jesus foi crucificado, alguém, que está na sua ascendência, era vivo nesta terra, e talvez estivesse lá, naquela hora.

Em 1706, meus hexavós, João Machado de Miranda e Leonor Duarte de Azevedo, batizavam uma filha em São Gonçalo do Potengi, com o nome de Felizarda. Alguns dos ascendentes desses meus hexavós, podem ter presenciado o massacre de Uruassú, em 1645; Quando invadiram a Ilha de Manoel Gonçalves, em 1818, meu tetravô João Martins Ferreira, estava lá presente.

Acredito, pois, que carregamos dentro de nós, a história da humanidade desde o seu início. Muitas vezes, fico me perguntando se alguns fenômenos que ocorrem com algumas pessoas não são frutos desses conhecimentos que vão passando de geração a geração, através de suas descendências. A holografia revela que a parte contém o todo. Na Matemática descobrimos que um segmento de reta contém a mesma quantidade de pontos que a própria reta. Assim, creio que toda vez que um ser é gerado, traz consigo informações do mundo passado. Nosso DNA pode ser mais valioso do que pensamos!

Li durante muitos anos sobre diversos assuntos, sem nenhum preconceito científico ou de outra natureza. Mesmo como matemático que sou, li sobre astrologia, numerologia, quiromancia, rabdomancia, radiestesia e outras coisa mais. Interessei-me por espiritismo, reencarnação, zen, ioga, psicografia, e múltiplas personalidades. Sempre gostei de biografias, de estudar sobre gênios, escritores, pintores e músicos famosos. 

Muitos gênios falam de suas experiências relatando que alguns escritos, quadros, descobertas ou músicas surgiam como um todo nos seus cérebros. Por que algumas crianças se tornam geniais com poucos anos de vida? Como surge essa genialidade neles?

Quando Chico Xavier psicografava, o que acontecia de verdade dentro do seu cérebro? Quando alguém faz regressão de vidas passadas, que partes do cérebro são ativadas que dão acesso as informação por elas relatadas? Como elas conseguem descrever paisagens, costumes, roupas de uma certa época do passado?
Por que, de repente, uma pessoa, com múltiplas personalidades, acessa dentro de si, um indivíduo que fala inglês, se ela mesma não conhece nada dessa língua? O que de fato acontece lá dentro do seu cérebro que ativa um personagem, aparentemente, inexistente? De onde vêm tais informações ou ações?

O hinduísmo fala em Registos Akáshicos, uma espécie de Biblioteca Virtual, que cada indivíduo possui, onde estão registradas todas as ações pretéritas. Mas, os estudos genealógicos me convencem, a cada dia, que tudo que existia, na época dos nossos ascendentes, vai passando de geração a geração para seus descendentes. Mas, a nossa educação, ao contrário do que devia acontecer, vai podando nossas potencialidades e dificultando nossa capacidade para acessar essas informações. A ciência e a religião, muitas vezes, ao longo do tempo, mutilaram nossas capacidades naturais, tratando com desprezo e preconceitos nossas percepções. 

Acredito, também, que estamos em rede, uns com os outros. Quando alguém sente em uma determinada hora, que um parente ou amigo, que mora distante, faleceu, e depois isso se confirma, temos uma prova da existência dessa rede entre as pessoas. Por que algumas descobertas ocorrem simultaneamente em lugares distantes? Há plágio, sincronicidade, ou essas pessoas entram em rede? Por que gêmeos que foram criados em lugares diferentes tem as mesmas preferências?

A educação seria melhor se estimulasse nossas capacidades inatas. Pegue uma caneta ou um pincel, sem a menor preocupação, e, talvez você escreva uma bela poesia, um bom romance, ou pinte um quadro espetacular, sem precisar pegar carona em gente famosa que já faleceu.
Nossa existência não começou na vida presente. Estamos aqui desde o começo de tudo!

27/05/2013



Zé Areia

AUGUSTO COELHO LEAL
           
            Hoje pego uma carona em um livro escrito por um grande amigo de meu pai e que com o passar dos tempos tornou-se meu amigo também, e com ele tinha um bom papo na Confeitaria Atheneu, quando ele por lá aparecia. Falo aqui de Veríssimo de Melo que meu pai carinhosamente chamava-o de Viví.
            Remexendo nas minhas “coisas”, encontro um livro de sua autoria- Sátiras e Epigramas- sobre Zé Areia. Barbeiro, e por vezes biscateiro de verve contundente, José Antonio Areia Filho, nascido e vivido em Natal, entre os anos de 1901 a 1972, foi figura participante do anedotário potiguar. Uma comparação pra quem não o conheceu, ele lembrava fisicamente Brutus aquele das historias de Popeye.
            Depois da guerra, Zé Areia voltou á velha miséria. Não tinha emprego e vivia de vender qualquer coisa que encontrava. O Chefe de Policia, General Ulisses Cavalcanti, arranjou-lhe o emprego de barbeiro, na Casa de Detenção de Natal.
            Zé Areia trabalhou uns dias e logo depois desapareceu. Outro barbeiro passou a fazer o serviço dele.
            Quando o General Ulisses soube que Zé abandonara o emprego, mandou chamá-lo e quis saber o motivo, Zé areia informou.
            - Subloquei o emprego.
            Zé Areia entrou na gerência da Tribuna do Norte, vendendo bilhetes de rifa de um relógio. Mostrou o objeto a Mussoline Fernandes e pediu-lhe que ficasse com um bilhete, Mussoline, muito ocupado, e diante da insistência de Zé Areia, declarou:
            - Olhe, Zé:  Eu não quero bilhete de relógio porque já tenho relógio. Papai tem relógio. Mamãe tem relógio. Minha mulher tem relógio, meu cunhado tem relógio. Prá que diabo eu quero mais relógio?
            Zé Areia baixou a cabeça e saiu. Na porta voltou-se para Musoline e exclamou:
            - Isso é uma casa ou uma relojoaria?
            Zé Areia  andava com enorme carneiro, para outra rifa, Luiz de Barros adquiriu um bilhete, que a tarde foi sorteado. No dia seguinte acompanhando Zé Areia, foi buscar em um sitio lá no Alecrim. Zé apontou para um cerneiro bem magrinho e pequeno que estava no curral e disse:
            Pronto Seu Luiz. O carneiro é este pode levá-lo.
            Luiz de Barros protestou.
            - Essa não, o carneiro da rifa parecia um zebu, não é esse, não levo
            - Zé Areia tentou explicar:
            - Seu Luiz, o carneiro é esse. É que ele passou a noite toda na chuva e encolheu.
            Luiz Tavares nos contou que Zé Areia convidou um amigo para almoçar uma panelada, no seu casebre lá na Rua do Motor. O cidadão meio constrangido declinou do convite alegando que a casa era em uma ladeira, a rua cheia de buracos e de areia, era muito contramão.
            Zé Areia então retificou:
            Contramão, não. Contra os pés...