27/05/2013



Zé Areia

AUGUSTO COELHO LEAL
           
            Hoje pego uma carona em um livro escrito por um grande amigo de meu pai e que com o passar dos tempos tornou-se meu amigo também, e com ele tinha um bom papo na Confeitaria Atheneu, quando ele por lá aparecia. Falo aqui de Veríssimo de Melo que meu pai carinhosamente chamava-o de Viví.
            Remexendo nas minhas “coisas”, encontro um livro de sua autoria- Sátiras e Epigramas- sobre Zé Areia. Barbeiro, e por vezes biscateiro de verve contundente, José Antonio Areia Filho, nascido e vivido em Natal, entre os anos de 1901 a 1972, foi figura participante do anedotário potiguar. Uma comparação pra quem não o conheceu, ele lembrava fisicamente Brutus aquele das historias de Popeye.
            Depois da guerra, Zé Areia voltou á velha miséria. Não tinha emprego e vivia de vender qualquer coisa que encontrava. O Chefe de Policia, General Ulisses Cavalcanti, arranjou-lhe o emprego de barbeiro, na Casa de Detenção de Natal.
            Zé Areia trabalhou uns dias e logo depois desapareceu. Outro barbeiro passou a fazer o serviço dele.
            Quando o General Ulisses soube que Zé abandonara o emprego, mandou chamá-lo e quis saber o motivo, Zé areia informou.
            - Subloquei o emprego.
            Zé Areia entrou na gerência da Tribuna do Norte, vendendo bilhetes de rifa de um relógio. Mostrou o objeto a Mussoline Fernandes e pediu-lhe que ficasse com um bilhete, Mussoline, muito ocupado, e diante da insistência de Zé Areia, declarou:
            - Olhe, Zé:  Eu não quero bilhete de relógio porque já tenho relógio. Papai tem relógio. Mamãe tem relógio. Minha mulher tem relógio, meu cunhado tem relógio. Prá que diabo eu quero mais relógio?
            Zé Areia baixou a cabeça e saiu. Na porta voltou-se para Musoline e exclamou:
            - Isso é uma casa ou uma relojoaria?
            Zé Areia  andava com enorme carneiro, para outra rifa, Luiz de Barros adquiriu um bilhete, que a tarde foi sorteado. No dia seguinte acompanhando Zé Areia, foi buscar em um sitio lá no Alecrim. Zé apontou para um cerneiro bem magrinho e pequeno que estava no curral e disse:
            Pronto Seu Luiz. O carneiro é este pode levá-lo.
            Luiz de Barros protestou.
            - Essa não, o carneiro da rifa parecia um zebu, não é esse, não levo
            - Zé Areia tentou explicar:
            - Seu Luiz, o carneiro é esse. É que ele passou a noite toda na chuva e encolheu.
            Luiz Tavares nos contou que Zé Areia convidou um amigo para almoçar uma panelada, no seu casebre lá na Rua do Motor. O cidadão meio constrangido declinou do convite alegando que a casa era em uma ladeira, a rua cheia de buracos e de areia, era muito contramão.
            Zé Areia então retificou:
            Contramão, não. Contra os pés...
           


25/05/2013

 
Blog Território Livre, de Laurita Arruda. 24.05.2013
 
 
"A juíza Andréa Régia Leite Holanda Macedo Heronildes, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Natal, atendeu ao pedido feito pelo Ministério Público Estadual em que veda aos Diários Associados Press S/A a realização de qualquer ato de alienação, transferência, deslocamento, modificação ou destruição de qualquer dos itens integrantes do acervo do extinto jornal O Diário de Natal.
A proibição surtirá efeito pelo prazo de 90 dias, que é o prazo necessário para a conclusão de um procedimento de inventário. Para o caso de descumprimento da medida, a juíza estipulou a aplicação de uma multa diária de R$ 3 mil. O acervo encontra-se atualmente abrigado no prédio situado na Avenida Bacharel Tomaz Landim, nº 1.042, Jardim Lola, São Gonçalo do Amarante/RN."

24/05/2013


A RÁDIO NORDESTE                    
Gileno Guanabara.


Nostalgias à parte, boas lembranças urdem teimosamente, vez por outra, e nos comovem. As tradições da Cidade do Natal servem de inspiração.
O Bairro da Cidade Alta, que se estendeu a partir da “Campina”, onde ficava a “Cidade Baixa” (atualmente a Praça Augusto Severo e adjacências), viu nascer a Rua João Pessoa atual, a partir dos fundos da Catedral centenária, onde está a “Praça Padre João Maria”, que se notabilizou, defronte a casa do Cel. Joaquim Guilherme, em os rapazes se reunirem para bisbilhotar a vida alheia. Passeio largo, os bancos da praça tornaram-se privilegiados pela crescente sombra dos fícus benjamim. O busto do padre João Maria ao centro, velas ardentes, fitas e  “ex votos” pelos milagres alcançados. Da Ribeira, vindo pela Catedral, passava o bonde pela lateral da praça, preguiçosamente sobre trilhos, indo ao Alecrim.
Pelo lado da frente da Praça ficava a edificação majestosa do Salão Imperador. Da Rua Vigário Bartolomeu (que fora “Rua da Palha”), indo pela Rua João Pessoa, a sequência de portas dava acesso ao salão das mesas de bilhar. O Salão Imperador deu lugar ao primeiro edifício da cidade, homenagem à Loja Maçônica “21 de Março”. Defronte, um casario cuja família acomodava moças que vinham estudar na capital. De cômodos dispostos para a lateral da praça, os janelões pouco eram abertos à luz do sol. Pelos anos de 1970, deu lugar a sede do Banco do Nordeste do Brasil. Do outro lado, o local que notabilizara o casario do Cel. Joaquim Guilherme deu lugar a imponente sede da Irmandade do Senhor dos Passos, entidade que congregava religiosos católicos, desde o ano de 1825.
Ano de 1955. Pela Rua João Pessoa, confluência das Ruas Gonçalves Ledo e Vaz Gondim  (tradicional “Beco da Lama”), o imóvel que abrigava o Serviço Social do Comércio deu lugar a Rádio Nordeste, propriedade do então senador Dinarte de Medeiros Mariz. O auditório com 600 poltronas, ar condicionado, jardins internos, serviços de lanchonete, a Sorveteria Oasis. O radialista Eider Furtado foi o seu primeiro diretor. Chamado “Palácio do Rádio Potiguar”, a Superintendência foi exercida inicialmente por Roberto dos Wanderley Mariz, e depois por Aldo Medeiros que foi sucedido por Garibaldi Alves, em face da aquisição da Rádio por Aristófanes Fernandes.
 A equipe de colaboradores incluía radialistas, como José Garcia Câmara, Nilson Patriota, que produzia a Revista “Motivos Brasileiros” e divulgava as coisas do rádio. Contava ainda com Jaime Wanderley, Robério Santos, Hélio Fernandes. Do Departamento Esportivo os radialistas Ivan Lima, Amauri Dantas, Jaime Queiroz e Fernando Garcia, com transmissões diretas do Estádio Juvenal Lamartine.
Entusiasta do rádio/teatro, lá colaborou Agnaldo Rayol, com as presenças das rádio-atrizes Suzan Lopes, Neide Maria, Lurdes Nascimento, e Luiz Messias.  O “cast” artístico, além de Agnaldo Rayol, contou com Marli Rayol, José Honório, Francisco de Assis, Francineide Lima, Valdira Medeiros, Tônia Santos, Lurdinha Silva, Trio Puraci e Isis Del Mar, esta que se intitulava rumbeira e rádio-atriz.
Sob a direção de Geraldo Melo, atuavam os jornalistas Eugênio Neto, Aluísio Meneses, José Guará, Marcino Dias, Otomar Lopes Cardoso e Hênio Melo. E o “cast” dos locutores, Vanildo Nunes, Fernando Garcia, Danilo Santos, Etevaldo Santiago, Edmilson Andrade, Gutemberg Marinho e Paulo Macedo (crônica social). Programas radiofônicos semanais: “Vozes do Brasil”; “Não Diga a Ninguém” (de Nilson Patriota); “Tardes Femininas” (de Etevaldo Santiago e Suzan Lopes); “Palácio da Alegria” (Paulo Teixeira); e “Vida apertada” (Luiz Carlos). Pelos seus microfones desfilaram Gregórios Barrios, Ivon  Curi, Trio Yrakitan, Trio Marabá, Trio de Ouro, Ataulfo Alves, Orlando Silva, Gilberto Alves, Carlos Gonzaga, Caubi Peixoto, Elza Laranjeira, Consuelo Leandro, Duo Guarujá, Heleninha Costa, Costinha e Cascatinha.
A disputa político-eleitoral do ano de 1960 e a eleição dissidente de Aluízio Alves, interferiu no êxito daquele empreendimento, partidarizando o espaço radiofônico. Com a decadência da “época de ouro do rádio” deu-se a transferência do projeto para o conglomerado “Cireda” (Cinemas Rex, São Luiz e Cine São Pedro). A partir da década de 1980, o Cine Nordeste se resumiu à rotina de filmes “pornôs”. As plateias limitaram-se ao gosto menos exigente. Adquirida pelo empresário Felinto Rodrigues, a Rádio Nordeste foi transferida para o local de seus transmissores. Inativo, o cinema fechou suas portas. Atualmente o espaço do que antes fora o “Palácio do Rádio Potiguar” serve ao comercio de variedades.


22/05/2013


Maria Antonia Fontes Taylor, matriarca dos Tassinos


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG

Francisco Xavier de Menezes, que presidiu a Câmara Municipal de Angicos no período que vai de 1853 até 1855, era casado com Dona Maria Antonia Fontes Taylor. Segundo Aluízio Alves, no livro “Angicos”: angicano dos mais esforçados, e que, na época, desempenhou notável influencia, político-social no município. Filho de Francisco Alexandre Xavier, a quem não eram tão minguados os recursos financeiros, pôde cursar a Faculdade de Medicina da Bahia, até o 4º ano, deixando de concluir o curso por motivos ignorados. Foi ainda, segundo Aluízio, secretário da Câmara, Escrivão Público Judicial de Notas, Professor, Agrimensor, Vacinador Oficial, Capitão-cirurgião-mor do Comandante Superior da Guarda Nacional, em Angicos e Macau, e finalmente licenciou-se advogado pela Relação da Província.
Há um registro de batismo, faltando partes, onde encontramos a naturalidade de Maria Antonia. Nele este escrito: Gerôncio, filho legítimo de Francisco Xavier de Menezes e de Maria Antonia de Fontes Taylor, falecida, naturais, ela do Reino da Inglaterra, e ele, desta freguesia de Angicos, aqui falta a parte baixa do registro, mas no verso continua com, foi por mim batizado com os santos óleos nesta matriz de São José de Angicos, aos vinte e oito do mesmo ano; foram padrinhos Jerônimo Cabal Pereira de Macedo por seu procurador Antonio Bernardo Alves, casado, e Damásia Lopes Viégas, solteira, moradores nesta mesma freguesia. Do que para constar faço este assento que assino. O vigário Felis Alves de Sousa.
Pelos registros próximos, isso se deu no ano de 1854. Como no batismo, Dona Antonia já não existia, suspeitei logo, que tivesse falecido de parto, e fui atrás do seu óbito nesse ano, o que encontrei: aos dez dias do mês de maio de mil oitocentos e cinquenta e quatro, foi sepultado nesta Matriz do Glorioso São José de Angicos, acima das grades, o cadáver de Maria Antonia Fontes Taylor, falecida de parto, sem sacramentos, na idade de quarenta e seis anos, foi envolta em branco, por mim encomendada, do que para constar faço este termo e assino, o vigário Felis Alves de Sousa.
Pela informação acima, se não houve erros, Maria Antonia teve o filho com mais de 40 anos. Vejamos que outros filhos ela teve. Comecemos com os gêmeos João e Manoel.
João, branco, filho legítimo de Francisco Xavier de Menezes e de Maria Antonia de Fontes Taylor, nasceu a 23 de outubro de 1851, e foi batizado, na matriz, a 27 de dezembro do dito ano, sendo padrinhos José Alves da Costa Machado e Constância Maria da Conceição, casados; Felis Alves de Sousa, vigário Colado de Angicos.
Manoel, filho legítimo de Francisco Xavier de Menezes, e de Maria Antonia de Fontes Taylor, nasceu a 23 de outubro de 1851, e foi batizado, na matriz, a 27 de dezembro do dito anos, sendo padrinhos Alexandre Xavier da Costa e Joanna Maria da Conceição, casados; Vigário Felis Alves de Sousa, vigário Colado de Angicos.
João Domício Xavier de Menezes, um dos gêmeos, casou, em 26 de agosto de 1876, com Anna Francisca de Azevedo, filha de Vicente Ferreira Xavier de Azevedo e Francisca Rosalina de Vasconcelos. Esse Vicente, meu tio bisavô, era filho de Vicente Ferreira Xavier da Cruz e da sua primeira esposa Maria Francisca Duarte. Vicente, pai de Anna, faleceu moço, com apenas 30 anos, de febre amarela.
Adelaide, filha legítima de Francisco Xavier de Menezes, e D. Maria Antonia de Fontes Taylor, nasceu aos nove de agosto de mil oitocentos e quarenta e cinco, e foi batizado a vinte e um de dezembro do mesmo ano, em oratório privado, na cidade do Assú, sendo padrinhos o reverendo Vigário Manoel Januário Bezerra Cavalcanti, e Francisca Rodrigues da Costa por procuração que apresentaram aquele do capitão Jacinto João da Ora, e esta de D. Rita Virgina de Santa Ana. Adelaide Angélica Xavier de Menezes foi a primeira esposa de José Paulino Teixeira de Sousa, filho de José Vitaliano Teixeira de Sousa e Urbana Teixeira de Sousa. Eles casaram em 12 de janeiro de 1874.
Emília, branca, filha legítima de Francisco Xavier de Menezes, e D. Maria Antônia de Fontes Taylor, nasceu a vinte e dois de junho de mil oitocentos, e quarenta e sete, e foi batizada, a vinte e três do dito mês pelo padre Francisco Theodósio de Seixas Baylon, in articulo mortis, recebeu os santos óleos, que lhe impôs, a dois de abril de quarenta e nove; foram padrinhos, o mesmo padre Baylon, e por procuração de José Joaquim Bezerra Cavalcanti. Emília Victorina Xavier de Menezes casou com Francisco Germano da Costa Ferreira, filho de Florêncio Octaviano da Costa Ferreira e Ignez Lucania da Costa Ferreira. O casamento foi em 31 de maio de 1874.
O Professor, Juvêncio Tassino Xavier de Menezes, natural da Vila de Imperatriz, outro filho do casal Francisco Xavier e Maria Antonia, casou, em 18 de setembro de 1864, com Theresa Maria de Jesus, viúva de Francisco Pedro Xavier da Costa. Dona Theresa faleceu de parto em 1869, com a idade de 36 anos. Com um mês faleceu a filha do casal, Maria, com um mês de idade. Thereza era irmã da minha bisavó, Francisca Rita Xavier da Costa. Em 7 de janeiro de 1855, o pai de Juvêncio, viúvo de Maria Antonia, tinha se casado com Bernarda Francisca da Costa, irmã de Theresa.
Juvêncio casou outras vezes. Eu conheci na Fazenda de Paulo Leitão de Almeida, em Lagoa Salgada, Maria da Conceição Tassino de Araújo, mais conhecida por Mary, filha de Luiz Tassino, e neta paterna de Juvencio Tassino e Marcolina Gouveia Varela. Dona Mary é a mãe de Marcos, Márcio e Maurício Tassino.

20/05/2013

VIDA NOVA AOS MUSEUS
 
FRANKLIN JORGE, Jornalista
 
A governadora Rosalba Ciarline concedeu sobrevida aos museus de Natal, ao assinar na última segunda-feira contrato com as empresas Magnetoscópio para elaboração do projeto de revitalização do Memorial Câmara Cascudo. Na mesma ocasião, também foi assinado contrato com a Paluana Comunicação, para elaboração do projeto de revitalização do Forte dos Reis Magos. Foi na abertura da 11ª. Semana de Museus, em ato público na Pinacoteca do Estado, instalada no Palácio Potengi. A solenidade foi Salão Nobre do Palácio Potengi, onde está instalada a Pinacoteca do Estado. Outros museus da capital, como a própria Pinacoteca, serão oportunamente revitalizados, como o Museu de História Café Filho e o Museu de Arte Sacra, administrados pela Fundação José Augusto.
Não é nova a noticia em pauta, mas a ação, sim. Há muitos os nossos museus tem vivido entregues ao deus-dará, sem programação e sem infraestrutura compatível com as necessidades de uma vida útil e ativa, sob sucessivos governos que não tem feito os investimentos que teriam evitado que chegassem ao atual estado de abandono. O Museu Nilo Pereira, por exemplo, instalado no antigo engenho Guaporé, no Ceará-Mirim, está reduzido a uma ruína há muitos anos, como um monumento ao descaso e a inexistência de políticas culturais regulares, sistemáticas, capazes de despertar em cada um a consciência de que é dever de todos cuidar do nosso patrimônio histórico e cultural.
Historicamente, nossas coleções tem sido saqueadas ou sofrem as consequências da falta de manutenção e restauração de peças que são únicas e que, a cada governo, tem sofrido as ações do tempo e da falta de cuidados regulares que culminaram com o notável abandono do Forte dos Reis Magos, um dos museus que se beneficiam com a assinatura desse contrato celebrado no Salão Nobre da Pinacoteca, em meio às obras que constituem a mostra em cartaz, montada a partir do acervo permanente da Pinacoteca.
Foi o primeiro passo em uma direção nova, num momento em que tem aumentado, entre jovens e adultos, o interesse em nossa cidade pelas atividades culturais, de que é exemplo o sucesso da Casa da Ribeira, que está se transformando em o nosso mais importante centro de arte e, como tal, reconhecido por natalenses e por todos aqueles que nos visitam e procuram conhecer as expressões legitimas de uma cultura que não é provinciana. Também o Campus do Instituto Federal (IFRN) já conquistou a confiança e a simpatia de uma significativa parcela de público que deseja um contato efetivo com as artes, segundo um modelo despretensioso e bem cuidado que parece ter caído no gosto de todos. Também o Núcleo de Arte da UFRN tem se renovado, neste momento, atraindo artistas em busca de canais afinados com a contemporaneidade.
Embora um tanto tardiamente, por esforço dos que se dedicam à criação, a arte popular urbana desembarcou em Natal, como vimos recentemente nas praias, sob a forma de intervenções estéticas que já fazem parte da cultura de outros centros mais antenados com a modernidade. Nesse contexto, a Fundação José Augusto contribuiu com o seu Museu Tá na Praia, armado aos pés da estátua de Iemanjá com reproduções de obras pertencentes à Pinacoteca do Estado, entre as quais, O Julgamento de Frei Miguelinho, do artista Antonio Parreiras, adquirida em 1918 pelo governo do estado. Uma das joias da Pinacoteca.
Há outros museus em Natal e na Grande Natal, pertencentes à Universidade Federal e a particulares, como o Museu das Naus criado pelo arquiteto João Maurício, instalado no Iate Clube, e o Museu das Xícaras, do Café Santa Clara. Estaria passando por uma reforma.
 
ARTE SACRA
O Seminário de São Pedro quer realizar uma grande exposição baseada no acervo de arte sacra e objetos litúrgicos, além de uma moeda de 33 antes de Cristo. São 900 peças reunidas pelo Cônego José Mario de Medeiros em seu Eremitério em Macaíba, um museu que abre à visitação apenas uma vez por mês. Há vários objetos que pertenceram a papas, entre os quais, o véu mortuário que cobriu o rosto do papa João XXIII e o cálice em que bebia o papa Paulo V. Escolheram a Pinacoteca do Estado como o espaço adequado a uma mostra tão distinta.
 
SALLY FOSTER NO AÇU
A fotógrafa americana Sally Foster (de Baltimore), veio ao Rio Grande do Norte em 1964, integrando o Corpo da Paz, para prestar serviço voluntário aos flagelados da grande enchente que avassalou a várzea do Açu. Nessa primeira de três visitas ao estado, fez registros fotográficos que mostram uma Açu muito diferente da que conhecemos hoje. Há fotos de Ponta Negra, de Ipanguaçu e da redondeza. Sugeri ao prefeito Ivan Junior que promova uma exposição dessas obras e as recolha depois ao acervo da Casa de Cultura, que precisa ganhar vida e atuar sobre a vida cultural da cidade antigamente famosa por seus jornais, sua poesia, seu teatro e cultura letrada e popular. Sally Foster é autora de livros de fotografias bem editados em seu país. Devemos-lhe essa honra.

16/05/2013


                                                        
Dia do nosso índio

Coluna Roda Viva, do jornalista Cassiano Arruda Câmara, publicada na edição deste quinta-feira (16) do NOVO JORNAL

15 de Maio de 2013
Cassiano Arruda Câmara
DO NOVO JORNAL
O dia de hoje deveria merecer uma maior atenção por parte, sobretudo, de segmentos da comunidade acadêmica, acrescida de alguns oportunistas políticos e espertalhões de plantão que continuam tentando criar algum tipo de polêmica em torno da “questão indígena no Rio Grande do Norte”.

Há exatamente 380 anos, no dia de hoje, uma Carta Régia concedeu ao índio Poti o nome de Felipe Camarão. Pela primeira foi outorgado vez a um ameríndio o instrumento de cidadania que só os cidadãos portugueses tinham direito: um brasão d´armas.

Na mesma Carta Régia, Felipe Camarão foi nomeado “Capitão-mor de todos os índios do Brasil”. Terminou sendo um ato político da maior importância porque permitiu que os ameríndios assumissem a cidadania portuguesa, seguindo o exemplo do seu principal líder. Para o bem ou para o mal, este fato representou a renúncia aos antigos hábitos e costumes, e a adesão ampla, total e irrestrita a uma nova cultura. A cultura do colonizador.

Quando um ex-presidente da Funai, entidade responsável pelas políticas indígenas do Brasil, o norte-rio-grandense Mércio Gomes, afirma – com toda autoridade - que no Rio Grande do Norte não existem mais resquícios de qualquer agrupamento de cultura indígena, é possível que seja a conseqüência desta Carta Régia que hoje completa 380 anos.

Num país que permite a auto-escolha da própria opção de raça, e “ser índio” tornou-se profissão para quem assume essa condição, e um ótimo negócio para quem é capaz de manipular esses profissionais, nosso Rio Grande do Norte se coloca como uma exceção, não existindo nenhum território indígena reconhecido.

Mesmo assim, no Censo de 2010, no Rio Grande do Norte, 2.597 pessoas se definiram como índios. Um detalhe importante: enquanto no Brasil o número dos auto proclamados índios cresceu 205%, aqui houve uma redução dessa população, num total de 2.597 indivíduos, mesmo com todos os estímulos oferecidos por “pesquisadores” interessados em “defender” esses índios, sobretudo com a perspectiva de conquista das suas terras ancestrais.

Por conta do calendário promocional, a cada dia 19 de abril é que aparecem alguns dos nossos índios, alguns dos quais com características biofísicas sem similar entre os indígenas, do Alasca até a Patagônia. Nada contra as comemorações do Dia do Índio, mas o dia 16 de Maio deveria merecer uma maior atenção, inclusive sobre o real impacto da Coroa Portuguesa na formação da sociedade norte-rio-grandense.

Felipe Camarão, nosso primeiro herói conhecido, continua pouco estudado, sobretudo fora do contexto de reação, como representante de Portugal, aos invasores holandeses. Mas em determinados momentos seu nome tem servido para denominar alguns procedimentos oficiais, quando se pretende evocar um mínimo de tradição. Aliás, de acordo com os ventos da política estadual, essa prática atingiu também a companheira dele, Clara Camarão, que virou até nome de refinaria da Petrobrás. Embora não se tratasse de uma refinaria de verdade...

Qualquer estudo sério sobre a questão indígena no Rio Grande do Norte não pode deixar de se aprofundar no estudo desse episódio, por menos interesse que possa ter para quem sonha em batalhar para um retorno ao estágio selvagem de nossa primitiva população.

15/05/2013

Francisco Xavier de Sousa, lá do Sertão Central Cabugi (III)


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Meu amigo e parente, promotor aposentado, Pedro Avelino Neto, é quem nos guia, inicialmente, na direção do velho Francisco Xavier de Sousa. Segundo Pedro, seus pais eram José Avelino Monteiro e Lídia Avelino de França, sendo seus avós paternos Pedro Avelino Monteiro e Militana Xavier Avelino. Pedro Avelino Monteiro era filho de Manoel Antonio da Costa Monteiro e Agostinha Maria Martins Bezerra, minha tia bisavó.

Militana, filha de Francisco Xavier de Jesus Maria e Antonia Regina Maria das Virgens, nasceu aos 10 de março de 1883, e teve como padrinhos de batismo Ildefonso Virgulino e sua mulher Olímpia Olívia Ferreira, moradores em Macau, por seus procuradores José Francisco Alves de Sousa e Maria Ignácia Alves de Sousa. Seu pai, Francisco Xavier de Jesus Maria, outro filho do velho Francisco Xavier e Josefa Francisca, casou, no Curral dos Padres, em 9 de novembro de 1864, com Antonia Regina Maria das Virgens, natural de Extremoz, filha de José Pedro da Silveira e Catarina Maria da Assumpção, sendo testemunhas Trajano Xavier da Costa e Antonio Valério da Costa Maria.  Francisco, em vários registros, aparece como Francisco Xavier de Souza Filho.

Entres os filhos de Francisco e Antonia Regina ou Régia, citamos: Francisco, nascido aos 27 de março de 1878, sendo padrinhos de batismo, Francisco Ribeiro de Sousa e Maria Senhorinha Barbalho Bezerra; Abílio, nascido aos 5 de junho de 1879,  tendo como padrinhos José Avelino Martins Bezerra e Josefa Maria da Costa Bezerra; Cândida,  nascida aos 4 de setembro de 1880,  foi batizada no sítio Curral dos Padres,  sendo padrinhos Onofre José Soares e sua mulher Maria do Carmo do Amor Divino, por seus procuradores Antonio Valério da Costa Maria e sua mulher Leonídia Francisca Xavier; Maria,  nascida em 6 de março de 1872, em Curral dos Padres,  foi batizada nesse mesmo local,  pelo missionário frei Serafim de Catania, sendo padrinhos Vicente Verdeixa Xavier de Sousa e Ana Francisca Maria da Anunciação; Luiz,  nascido aos 7 de janeiro de 1874, foi batizado, na Matriz,  sendo padrinhos José Marianno Xavier de Sousa e Francisca das Chagas de Sousa Monteiro.

Outro filho de Francisco Xavier de Sousa e Josefa Francisca da Costa é José Mariano.

José Mariano Xavier de Souza casou, em 28 de junho de 1859, com Belízia Francisca Bezerra, filha do tenente-coronel Antonio Francisco Bezerra da Costa (ele meu tetravô) e Vicência Ferreira da Costa (ela minha tia trisavó), com os testemunhos de Miguel Ribeiro Dantas Jr. e Torquato Álvares Bezerra. José Mariano tinha ficado viúvo de sua primeira mulher, Maria Catharina de Sena Virgem.

Entre os filhos do seu primeiro casamento com Maria Catharina, encontramos: Vicente, nascido aos 29 de julho de 1852, batizado no sítio São Paulo, sendo padrinhos Antonio Barbosa Xavier de Sousa e Josefa Leocádia Francisca Bezerra, casados; Maria, nascida aos 24 de março de 1858, e batizada no sítio Carapebas, tendo como padrinhos Manoel Xavier de Sousa, solteiro, e Joanna Cordulina Xavier Ferreira, casada; Josefa Francisca Xavier Bezerra, que casou, em Gaspar Lopes, em 15 de agostos de 1866, com meu tio bisavô, Manoel Jacintho da Trindade, filho de João Miguel da Trindade e Maria Rosa da Conceição; Francisco Anacleto Xavier de Sousa, que casou no sítio Carapebas, em 30 de setembro de 1871, com Joanna Martins Bezerra, minha tia bisavó, filha de Alexandre Avelino da Costa Martins e Anna Francisca Bezerra.  Esta última era filha do tenente-coronel Antonio Francisco Bezerra da Costa e sua primeira esposa Agostinha Monteiro de Sousa, falecida de parto em 2 de julho 1827. Três meses depois, em 2 de outubro de 1827, o tenente-coronel casa com a sobrinha de Agostinha, Vicência Ferreira da Costa, irmã de Alexandre Avelino. Naquela época, ninguém ficava solteiro por muito tempo, e, na maioria das vezes, casava com familiares seus ou da primeira esposa.

Belízia, a segunda esposa do José Mariano, tinha nascido aos 22 de dezembro de 1839, e sido batizada, em 1 de janeiro de 1840, tendo como padrinhos Alexandre Avelino da Costa Martins, meu trisavô, e Maria Xavier da Costa, casada.

Para José Mariano Xavier de Sousa e Belízia encontramos os filhos: Maria, nascida aos 25 de maio de 1860, e batizada no sitio Gaspar Lopes, tendo como padrinhos os avós de cada lado, Antonio Francisco Bezerra da Costa, viúvo, e Josefa Francisca da Costa, casada; Seríaco, nascido aos 16 de março de 1862, e batizado na Matriz, tendo como padrinhos Francisco Xavier de Sousa Filho e Clara Francisca Bezerra, solteira; Josefa nascida aos 1 de junho de 1873,  em Gaspar Lopes, e batizada no sítio São Pedro,  tendo como padrinhos Joaquim Soares Raposo da Câmara e Josefa Francisca da Costa Bezerra por seus procuradores Trajano Xavier da Costa e Joanna Maria Xavier Bezerra; Antonia, nascida aos 24 de janeiro de 1875, e batizada no sítio São Paulo,  tendo como padrinhos Miguel Ribeiro Dantas Junior e sua mulher  Maria Angélica Ribeiro Dantas, por seus procuradores Trajano Xavier da Costa e Maria do O’ Xavier da Silva; Maria Ritta Xavier Bezerra, que casou, em 1 de julho de 1883, com Prisciliano Genário da Costa Bezerra, filho de Alexandre Francisco da Costa Bezerra e Josefa Leocádia da Costa Bezerra.

Manoel, outro filho de Francisco Xavier de Sousa e Josefa Francisca Bezerra, nasceu aos 25 de dezembro de 1839, e foi batizado na Matriz, aos 6 de janeiro de 1840, sendo padrinhos Manoel da Silveira Borges, solteiro, e Sabina Maria da Silva, casada. Como adulto, seu nome era Manoel Xavier da Costa, que casou, na fazenda Juazeiro, em 22 de outubro de 1862, com Maria Francisca Bezerra, filha de Agostinho Barbosa da Silva e Sabina Maria dos Santos sob os testemunhos de José Maria da Silva Grillo e Vicente Verdeixa Xavier de Souza