27/04/2017
25/04/2017
O LEITE
O Leite
24/04/2017
texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra
Seja bem-vindo ao Restaurante Leite. Aqui já almoçaram Joaquim Nabuco
e Gilberto Freyre, cada um no seu século, e a gente de todos os tempos.
Entre garfadas, colheradas e goles, muita história se escreveu em
desfile de artistas e políticos, pessoas importantes da cidade e de fora
dela passaram por ali. Acusado de ter o melhor bacalhau da cidade, e
também a melhor cartola.
As avaliações contemporâneas dos guias, críticos e visitantes não
deixam perder de vista as antigas que começaram com o português Armando
Manoel Leite de França, Manoel Leite, proprietário, e um arsenal digno e
importado da Europa em que assim se anotava: louça inglesa, cristais
Baccarat, talheres de prata. Cem anos de história.
Os últimos cinquenta se fizeram pelos irmãos Dias, que, em 1955,
começaram a tocar o barco e estão lá mantendo a tradição, a história e a
boa mesa. Uma tradição que afirma que quem visitou Recife e não foi ao
Leite não conheceu a cidade. Casarão de esquina, quatrocentos e vinte e
cinco mil metros quadrados, piano, bar e pouco mais de trinta mesas, com
pedras portuguesas na calçada.
Gilberto Freyre, que entendia e apreciava demais uma boa mesa,
alardeou os seus sabores finos. Aliás, tinha mesa cativa, a número 19.
Fumava charuto, bebia café e apreciava um licor. O pintor Cícero Dias,
amigo de Picasso, era freguês. E se Picasso tivesse visitado o Brasil,
provavelmente teria ido ao Leite. Jean-Paul Sartre foi. Mário de Andrade
comeu lagosta e anotou no livro o quão agradável foi o banquete.
O artista pernambucano Francisco Brennand ainda é visto lá com
frequência. Azulejos na fachada, esquadrias de madeira, a casa antiga,
que abriga, no mesmo ponto, desde a primeira e única mudança definitiva,
passou de prédio às margens do Capibaribe para a Praça Machado de
Assis, 147, bairro de Santo Antônio do Recife, fizeram-no reconhecido
patrimônio imaterial.
Dos mais antigos restaurantes do Brasil, registrou-se esse seu
pioneirismo. E ainda reserva todo o requinte de antigamente. A crônica
anota que o azeite, os guardanapos de tecido e os palitos de dente,
estes confeccionados à mão em um convento, vêm de Portugal. E não é
somente a tradição que é antiga, as cadeiras de jacarandá estão por lá
desde os mil e oitocentos, como alguns móveis e outros objetos, e nem o
piano e um pianista se perderam, completando o charme do lugar, com
espelhos e cortinas enfeitando o salão.
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22/04/2017
DESCOBRIMENTO DO BRASIL
Contexto histórico
O Descobrimento do Brasil deve ser entendido dentro do contexto das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos (séculos XV e XVI). Portugal e Espanha eram as nações mais poderosas do mundo e se lançaram ao mar em busca de novas terras para explorar. Usavam também o mar como rota para chegar as Índias, grande centro comercial da época, onde compravam especiarias (temperos, tecidos, joias) para revender na Europa com alta lucratividade.
A chegada dos portugueses ao Brasil
O Descobrimento do Brasil ocorreu no dia 22 de abril de 1500. Nesta data as caravelas da esquadra portuguesa, comandada por Pedro Álvares Cabral, chegou ao litoral sul do atual estado da Bahia. Era um local que havia um monte, que foi batizado de Monte Pascoal.
No dia 24 de abril, dois dias após a chegada, ocorreu o primeiro contato entre os indígenas brasileiros que habitavam a região e os portugueses. De acordo com os relatos da Carta de Pero Vaz de Caminha foi um encontro pacífico e de estranhamento, em função da grande diferença cultural entre estes dois povos.
Primeiros contatos com os indígenas
Cabral recebeu alguns índios em sua caravela. Logo de cara, os índios apontaram para objetos de prata e ouro. Este fato fez com que os portugueses pesassem que houvesse estes metais preciosos no Brasil. Neste contato os portugueses ofereceram água aos índios que tomaram e cuspiram, pois era água velha com gosto muito diferente da água pura e fresca que os índios tomaram. Os índios também não quiseram vinho e comida oferecidos pelos portugueses.
Neste contato, que foi um verdadeiro “choque de culturas”, houve estranhamento de ambos os lados. Os portugueses estranharam muito o fato dos índios andarem nus, enquanto os indígenas também estranharam as vestimentas, barbas e as caravelas dos portugueses.
No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil, rezada pelo Frei Henrique de Coimbra. Após a missa, a esquadra rumou em direção as Índias, em busca das especiarias. Como acreditavam que a terra descoberta se tratava de uma ilha, a nomearam de Ilha de Vera Cruz (primeiro nome do Brasil).
Polêmica: Descobrimento ou chegada?
Quando usamos o termo “Descobrimento do Brasil” parece que nossa terra não era habitada e os portugueses foram os primeiros a encontra-la. Desta forma, desconsideramos a presença de mais de cinco milhões de indígenas, divididos em várias nações, que já habitavam o Brasil muito tempo antes da chegada dos portugueses.
Portanto, muitos historiadores preferem falar em “Chegada dos Portugueses ao Brasil”. Desta forma é valorizada a presença dos nativos brasileiros no território. Diante deste contexto, podemos afirmar que os portugueses descobriram o Brasil para os europeus.
Principal fonte histórica
A principal fonte histórica sobre o Descobrimento do Brasil é um documento redigido por Pero Vaz de Caminha, o escrivão da esquadra de Cabral. A "Carta de Pero Vaz de Caminha" a D. Manuel I, rei de Portugal, conta com detalhes aspectos da viagem, a chegada ao litoral brasileiro, os índios que habitavam na região e os primeiros contatos entre os portugueses e os nativos.
Curiosidade:
21/04/2017
DIA DE TIRADENTES
Desde 1965, aos 21 dias do mês de abril, celebra-se no Brasil o Dia
de Tiradentes e, junto à pessoa deste, rememoram-se também os
acontecimentos que configuraram a Inconfidência Mineira. Neste
texto, procuraremos explicitar os motivos pelos quais Tiradentes passou a
ser considerado um herói nacional e Patrono da Nação Brasileira.
Sabe-se que “Tiradentes” era o apelido de Joaquim José da Silva
Xavier, um alferes (cargo militar da época colonial) que também exerceu a
profissão de dentista. Tiradentes participou ativamente de um dos principais
movimentos de contestação do poder que a coroa portuguesa exercia sobre o
Brasil Colônia: a Inconfidência Mineira. Sabemos que esse movimento
articulou-se entre os anos de 1788 e 1789 e foi permeado por ideias provindas
do Iluminismo que se alastrou pela Europa, na segunda metade do século XVIII.
Os inconfidentes de Minas Gerais geralmente integravam, com exceção de
poucos, a elite cultural e social daquela região (como era o caso do poeta Tomás
Antônio Gonzaga) ou então ocupavam postos militares ou exerciam profissões
liberais, como era o caso do referido Tiradentes. O que dava unidade ao grupo
eram ideias como a de liberdade e igualdade (ideias essas que também fomentaram
a Revolução Francesa, em 1789), além do anseio pela emancipação e independência
com relação à Coroa Portuguesa, à época governada pela rainha D. Maria,
“A louca”.
Os planos de insurgência contra o governo local em Minas, representado
pelo Visconde de Barbacena, foram articulados em 1788 e tiveram
como estopim a política de cobrança de impostos sobre a produção aurífera e
sobre os rendimentos que ganhava cada pessoa que compunha a população de Minas
Gerais. Esse último imposto era conhecido sob o nome de “derrama”. Apesar de
terem uma organização bem elaborada, os inconfidentes acabaram por ser
delatados por Silvério dos Reis, um devedor de tributos que, com a
denúncia, acreditava poder sanar suas dívidas com a coroa.
Todos os inconfidentes foram presos. Tiradentes foi apanhado no Rio de
Janeiro. O processo estabelecido contra eles e os subsequentes julgamentos e
sentenças só terminaram em 1792, no dia 18 de abril. Os principais líderes
receberam a pena do banimento, isto é, foram expulsos do país. Tiradentes, ao contrário,
foi enforcado no dia 21 de abril ao som de discursos que louvavam a rainha de
Portugal. Seu corpo foi esquartejado e sua cabeça exibida na praça principal da
cidade de Ouro Preto.
Evidentemente, o dia da morte de Tiradentes por muito tempo foi compreendido
como o dia em que um rebelde foi morto, como típico exemplo de retaliação
absolutista. Entretanto, após a Independência do Brasil e, principalmente, após
a Proclamação da República (época em que o Brasil, já desvinculado de Portugal,
procurava construir sua identidade nacional), a imagem de Tiradentes começou a
ser recuperada e louvada como um dos heróis da nação ou como um dos que
primeiramente lutaram (até a morte) pela liberdade.
Um exemplo dessa imagem foi a instalação, em 1867, do primeiro monumento
a Tiradentes na cidade de Ouro Preto. Outro exemplo, o mais notório, foi a
confecção, por parte do pintor Pedro Américo, do quadro “Tiradentes
Esquartejado” (ver imagem no topo do texto) em 1893, época em que a República,
recém-instituída, procurava os mártires e os patronos da “Nação Brasileira”. O
Tiradentes de Pedro Américo traduz a imagem idealizada do martírio, que se
aproxima do martírio de Cristo.
Essa visão republicana de Tiradentes permaneceu (e, de certo modo, ainda
permanece) no imaginário popular dos brasileiros. Em 1965, durante a primeira
fase do regime militar no Brasil, o marechal Castelo Branco,
então presidente da República, contribuiu para o reforço dessa imagem de
Tiradentes, sancionando a Lei Nº 4. 897, de 9 de dezembro, que instituía
o dia 21 de abril como feriado nacional e Tiradentes como, oficialmente,
Patrono da Nação Brasileira.
Por Me. Cláudio Fernandes
19/04/2017
O professor, médico e escritor Daladier Pessoa Cunha Lima, nascido em Nova Cruz, é o mais novo membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANL), eleito, com 31 votos (unanimidade) na Assembleia Geral Extraordinária do dia 18 passado, na ANRL.
Daladier foi Reitor da UFRN e hoje é Reitor do UNI-RN
Como médico, foi contemporâneo do professor Onofre Lopes, primeiro reitor da UFRN.
PARABÉNS AO NOVO IMORTAL
ANDAR SOBRE
AS ÁGUAS
Ensinai-me, Senhor, a andar sobre as águas
a manter os pés enxutos
e livres do frio suor dos presságios
Aprendi a lição de Pedro
quando na clara manhã me chamastes
e aceitei vosso convite
Que eu não proceda pois como o santo
cuja dúvida foi maior que a fé
ou como o convidado de pedra
cujo corpo é maior que o espírito
Ensinai-me o segredo
da graça original
anterior a nossos erros
e à sequência metamórfica das ilusões
que nos tornaram nus e perdidos
E sobre as regiões abissais
livre como criança num parque
eu possa caminhar
sem nada temer
(HORÁCIO PAIVA)
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