NOSTALGIAS
Valério Mesquita
mesquita.valerio@gmail.com
NOSTALGIAS
Valério Mesquita
mesquita.valerio@gmail.com
DIA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes(*)
Hoje comemoramos mais um dia de amor ao Brasil, data em que em 07 de Setembro de 1822, D. Pedro I ratifica a decisão de sua esposa, Dona Leopoldina, declarando o Brasil independente de Portugal.
A decisão foi de extrema coragem, haja vista a fragilidade dos apetrechos bélicos existentes e o diminuto contingente de soldados, mas uma imensidão de cidadãos e cidadães amantes deste País amado.
Este ano, por contingências da pandemia, não teremos os desfiles comemorativos, mas em cada casa certamente haverá um momento de respeito e devoção à pátria amada.
O sentido do amor à Pátria, nos dias perniciosos de
hoje, ressoa com a deformação ideológica dos que se opõem ao governo atual,
sendo a sua invocação motivo de chacota pelos que pretendem implantar um estado
totalitário.
Deploro esses sentimentos e repudio a
política que deturpa o sentimento nativo do Brasil, que não respeita nem mesmo
as vítimas da pandemia, tornando-a motivo de exploração em causa própria de
pessoas ou facções.
Renovando o amor à minha Pátria, relembro os dias cívicos dos desfiles dos colégios, grupos, instituições culturais e desportivas na "Parada da Raça", com o garbo natural dos filhos dessa Mãe Gentil. Depois os desfiles dos corpos militares de todas as armas, da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, deixando aos que ali compareciam com o sentimento renovado de patriotismo.
Lamento que não tenhamos aprendido,
ainda, o amor à terra em que nascemos. Contudo, não tenho receio de ser pichado
de retrógrado ou piegas, ou mesmo reacionário. Prefiro manter firme o meu
sentimento de patriotismo, repetindo os grandes poetas do passado:
HINO À BANDEIRA
Olavo Bilac
Salve lindo pendão da
esperança!
Salve símbolo augusto da
paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos
traz.
NAVIO NEGREIROS - VI
Castro Alves
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança.
OU DEIXAR A PÁTRIA LIVRE, OU MORRER PELO BRASIL
(*) Cabo Reservista do
Exército e escritor
Reforma agrária é coisa capitalista
Tomislav
R. Femenick – Contador, mestre em economia e historiador.
Da janela da minha biblioteca, vejo a bela instalação predial que o INCRA
desfruta em nossa capital. Também, a posse da terra é um problemão que parece
sem solução.
Antes de Cabral aportar por estas plagas, os nativos, ou melhor dizendo,
as tribos indígenas, disputavam e defendiam um lugar com flechas e tacapes. Mas
era uma posse temporária, até que eles resolvessem se mudar para outras
regiões. Então aconteciam novas lutas. Com a efetiva colonização, cerca de
trinta anos depois do descobrimento, a coroa portuguesa tomou toda a terra para
si e a redistribuiu entre fidalgos e amigos do rei, através das edições das
Capitanias Hereditárias (de curta duração) e das cartas de sesmarias, instituto
que fazia a dação de terrenos aos novos povoadores. A questão era encontrar
quem cultivasse essas terras, quem efetivamente trabalhasse. Escravizaram os
índios e depois trouxeram africanos apresados e feitos escravos. Criou-se,
então, uma dicotomia que premiou todo o período colonial, sobreviveu ao Império
e à República, agravando-se no século XX, e perdura até os dias de hoje: quem
trabalhava a terra não era dono dela; quem era dono não trabalhava.
Revoltas contra essa situação sempre houve. Os índios escapavam para as
matas, os escravos fugiam e criavam quilombos, e os colonos trazidos, da Europa
para trabalhar nos engenhos de cana, fazendas café e outras culturas, terminavam
indo para as cidades, onde se tornavam artesãos, operários e pequenos
empreendedores.
Em meados do século passado, a questão fundiária assumiu novas
proporções. A luta pela reforma agrária tomou nova forma em 1946, quando, sob
orientação do antigo PCB, foram criadas as Ligas Camponesas. Postas na
ilegalidade, ressurgiram em 1954, lideradas por Francisco Julião. No governo
militar de 1964, a organização foi novamente posta na clandestinidade e muitos
de seus dirigentes foram presos. Porém o problema fundiário permaneceu e, em
1984, foi organizado o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, que
contou com o decisivo apoio da Comissão Pastoral da Terra, da Igreja Católica.
O problema do MST é que as questões políticas suplantam o motivo de sua
origem. Prega a luta de classe, desvia recursos recebidos do governo, através
de cooperativas que são por ele controladas, cobra taxas dos assentados e a
eles impõe procedimentos e ações. Quem se recua é afastado ou excluído de
qualquer benefício. Além desses comportamentos, não diretamente ligados à
reforma agrária, entre suas lideranças há sérias lutas simplesmente pelo poder.
Exemplo: sob forte controle de João Pedro Stédile, o MST afastou de sua direção
uma das suas figuras de destaque, José Rainha Júnior, líder do movimento no
Pontal do Paranapanema, no Estado de São Paulo, e provocou o desligamento de
Bruno Maranhão, que fundou uma dissidência: o Movimento pela Libertação dos Sem
Terra - MLST.
A posse da terra por quem nela trabalha deixou de ser o foco primeiro do
MST e movimentos correlatos. As convocações para as ocupações rurais visam
recrutar o maior número de pessoas, não interessando quem seja. Juntam no mesmo
barco verdadeiros trabalhadores rurais, trabalhadores rurais desempregados e mais
toda espécie de gente; gente que sempre morou na cidade, donos de pequenos
negócios, políticos profissionais, sejam quem sejam. O importante é que formem
um grande ajuntamento, pois a luta política tomou destaque no cenário da
reforma agrária, sempre socialista, sempre anticapitalista. Qualquer
reivindicação social faz com que suas lideranças mobilizem as bases e usem os
“sem terra” como massa de manobra. Analisando o panorama, chega-se à
inevitavelmente conclusão de que há desvirtuamento na luta pela reforma agrária
no Brasil. Desce a terra; sobe o socialismo.
Será que ninguém ver o contrassenso: a reforma agrária verdadeira defende
a PROPRIEDADE PRIVADA da terra para quem nela trabalha; PROPRIEDADE PRIVADA individual
de meios de produção não existe no socialismo. Isso é coisa do capitalismo.
Tribuna do Norte. Natal, 04 set. 2020
Usado
Tomislav R. Femenick – Mestre em economia, com extensão em sociologia e história
Um caso que chegou ao TSE, pedindo a cassação
do mandato de uma vereadora goiana, por ter praticado abuso de poder religioso
durante a campanha, trouxe à discussão a não tão estranha relação das religiões
com o poder. Basta lembrar que, desde as mais antigas civilizações, há uma
simbiose entre as partes, da qual ambas tiram proveito. Foi assim na
Mesopotâmia, no Egito, na China, na Índia, na América pré-colombiana e nas
tribos da Terra Brasilis.
Entretanto, foi na Idade
Média e nos anos que lhe seguiram que essa situação aflorou, dando lugar
a inúmeras
Nesse período
histórico, a
O
Os
Martinho
Lutero,
Calvino (Jean
Calvin),
A reforma
inglesa teve várias
Uma das
SOMBRAS DA CIDADE
Valério Mesquita*
mesquita.valerio@gmail.com
Caatinga, o nosso bioma
Tomislav
R. Femenick – Mestre em economia
O termo bioma identifica o conjunto das condições ecológicas de uma determinada região, com paisagem e diversidade próprias de flora e fauna. O Brasil tem seis biomas diferentes: o Amazônia (o maior de todos), o Pantanal, o Cerrado, o Pampa, a Mata Atlântica e a Caatinga. Este último é o que nos interessa.
A caatinga (do tupi-guarani: caa, planta + tinga, branco, cinzento claro = planta cinzenta) se faz presente em toda região semiárida (que tem precipitação pluviométrica inferior a 1000 mm/ano) do Nordeste brasileiro; aí incluídos os Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, bem como o norte de Minas Gerais. É o único bioma existente somente em nosso país. Em nenhum outro lugar do mundo há o seu conjunto de características.
Em alguns
trabalhos acadêmicos, e outros de agências governamentais, há uma tentativa de
identificar a caatinga brasileira com a “savana-estépica”, um tipo de vegetação existente no Norte do continente africano e, também, na Península Arábica. Esse
termo foi criado pelo naturalista francês J. L. Trochain em seu trabalho “Nomenclature et
classification des milieux vegetaux en Afrique noire française” (Paris: Annés
de Biologie, 1955).
O bioma da caatinga é diferente, tem um tipo peculiar de vegetação, comumente formada por arbustos de pequena altura, espinhosa e com aparência lenhosa, que perde as folhas no curso das estações secas. Quando há, as folhas são pequenas. As arvores têm grande ramificação desde a parte inferior dos troncos, o que lhes dá uma aparência arbustiva, frequentemente espinhenta. Cactos, bromeliáceas e outras xerófilas ocorrem de forma paralela, dando lugar a uma paisagem de grande contraste entre as épocas secas e as chuvosas. Ali se tem o pereiro, o faveleiro, a baraúna, a aroeira, o angico, a quixabeira, a oiticica, o juazeiro, o pau-ferro, o mandacaru, o facheiro, o xiquexique, a coroa-de-frade, a macambira e a palma. No meio dessa aridez, rondando as várzeas do rio, dos riachos, das lagoas ou nas proximidades dos açudes, vez por outra, desponta um ipê, o pau-d’arco, roxo ou amarelo, que vem quebrar a monotonia das cores pálidas.
A Caatinga é a floração característica e natural da maior parte do Rio Grande do Norte que, nesse cenário vegetal, conta com a presença da carnaubeira, uma planta que lhe é natural, e dela falei em artigo recente. Imponente e esbelta, ela faz parte do cenário físico e afetivo dos habitantes da terra. Os carnaubais nativos ocorrem mais acentuadamente nos vales dos rios e riachos que cortam a região da caatinga, pois a planta tem preferência por solos argilosos e aluviais, embora resista a elevado teor de salinidade e a longos períodos não chuvosos. Sua presença na caatinga ribeirinha do rio Mossoró (Lins & Andrade, 1960) cria como que um corredor de folhas verde vivo em um palco de cores tênues.
Segundo um Relatório Técnico do Serviço Florestal Nacional, a Caatinga (no documento chamada de Savana-Estépica) representa cerca de 91% das áreas de florestas do RN (cerca de 20.000 Km2). Para se ter um comparativo da devastação da caatinga potiguar, até bem pouco tempo, o Município de Mossoró possuía 21,10 Km2 de área de catinga, dos quais, 9,5 km2 já foram devastados.
Em algumas regiões do Estado existem variações de tipos vegetais. A Chapada do Apodi, que abriga os Municípios de Felipe Guerra, Apodi, Governador Dix-Sept Rosado e Caraúbas, integra a bacia hidrográfica do rio Apodi-Mossoró. Contraditoriamente, ela apresenta espécies vegetais de baixos, formando uma caatinga arbórea-arbustiva, lenhosa, cujo caule emite ramificações muito próximas do solo, típicos de regiões baixas e abertas,
A vida estéril na caatinga foi magnificamente retratada por Graciliano Ramos, em seu famoso romance “Vidas Secas”. Por sua vez, Euclides da Cunha, em “Os Sertões”, embora a tenha chamada de “terra ignota”, indeterminado, ignorada, reconhece que seu habitante natural, o sertanejo, “é antes de tudo um forte”.