PAREDÃO DE SOM, ATÉ QUANDO? – Berilo de Castro
PAREDÃO DE SOM, ATÉ QUANDO? –
Considero (sem exagero nenhum) o uso do
paredão de som um crime inafiançável (Moro neles). Infelizmente, a nossa
linda Natal – Cidade do Sol – e, em especial, suas belas praias, em
momentos mais procurados e aproveitáveis (veraneio e carnaval) veem
surgir, crescer e se afirmar mais e mais essas pragas, esses monstros
sonoros.
É inconcebível a forma como são usados.
Se espalham pelas avenidas principais e passam a disputar e comparar
suas altas potências, ultrapassando todos limites imagináveis. Com um
detalhe a mais: com tudo que não presta em qualidade musical. É um
verdadeiro terror aos nossos inocentes e virgens ouvidos. São
verdadeiras disputas em decibéis. Chegam a quebrar vidraças, provocar
revolta e até obrigar o retorno de famílias inteiras para a Cidade. É a
mais pura prostituição sonora.
Perdemos a nossa tranquilidade, perdemos a nossa audição; nossos tímpanos são perfurados e nossas almas machucadas.
Não podemos mais usufruir de nossas
casas de veraneio. Não podemos usar mais os nossos alpendres, não
podemos conversar. Assistir televisão, muito pior, o barulho é
ensurdecedor. É uma tontura bolivariana.
Perdemos totalmente a liberdade em
nossos próprios lares. Haja paciência para suportar tanta ignorância e
tanta falta de civilidade.
Somos, sim, agraciados com uma boa dor
de cabeça, irritação neuronal, muito estresse e uma vontade louca de
calar na marra esses estupradores de tímpanos e assassinos musicais.
Recorrer às autoridades? A Polícia
Ambiental: não atende, não funciona, não existe. É efetiva, aí sim, para
prender e cobrar altíssimas multas aos pobres caçadores de aves de
arribação, que sobrevivem alimentando suas grandes famílias com o
oficio. A Prefeitura dos Municípios, que responde e abriga as lindas
praias, abusa do direito de cobrar taxa altíssima de imposto predial das
residências, não faz nada vezes nada. Diz que é Carnaval e que tá tudo
liberado.
Só nos resta arrumar a trouxa e voltar
para a Cidade, fugindo dessa praga autorizada pelo poder público e
praticada pelos inimigos da tranquilidade e brutais carrascos da boa
vizinhança.
Até quando assistiremos essa aberração? Ou são os novos tempos que exigem, gostam e se deleitam nessa euforia anárquica?
Berilo de Castro – Médico e Escritor – berilodecastro@hotmail.com.br
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