Luciano Toscano
José Eduardo Vilar Cunha
Prof. Dr. Engenharia,
Jornalista escritor.
Membro JHGRN
Na missa de sétimo dia de Luciano Toscano estavam amigos
e familiares prestando a homenagem póstuma. Durante o culto católico tive a
oportunidade de dialogar com Affonso Real Nunes, que me fez revelações de sua
amizade e que gostaria que as tornasse pública e sendo assim, transcrevo aqui
neste artigo essa manifestação.
A amizade entre Lucky e Affonsinho foi iniciada nos idos
de 1949, quando eles tinham 15 anos de idade. Naquela época, eles e mais um
grupo de amigos reuniam-se na Praça Pio X, para conversar e combinar os eventos
de final de semana. Os acertos para o sábado e domingo passavam pelo crivo do
grupo que decidiam o que fazer naqueles dias. As participações dos eventos
normalmente iniciavam durante o dia; primeiramente eles iam à praia ou mesmo
piscina de clubes e a noite, como reporta Affonsinho à “via saca” que era um
passeio pelos bordéis mais famosos da cidade do Natal, entre estes estavam: Maria Boa, Francisquinha, Belinha, Ideal e Rita Loura.
Na vida social eles costumavam
frequentar as matineés e soirées do América F.C. (Rua Maxaranguape) e no Aero
Clube, todavia, para a festa de final do ano, Réveillon, o lugar preferido era
o Clube da Aeronáutica na Rampa, onde transcorria uma festa de alto nível,
cujos participantes se vestiam com trajes a Rigor.
Um fato triste ocorreu com
Affonsinho, o falecimento de seu pai, Coronel Flaminio e por conta deste
episódio, ele com sua mãe D. Nair tiveram que retornar ao Rio de Janeiro, onde
tinha residência, na Rua Raul Pompeia, Bairro de Copacabana, Posto 6. Conta
Afonsinho que, a sua residência passou a ser um ponto de encontro de amigos e
amigas que de Natal iam ao Rio, tornando-se por assim dizer, uma verdadeira
embaixada do RN. Um registro interessante é a presença do Trio Iraquitan que
ensaiava na sua casa e que, embalados pela música estes ensaios geralmente
terminavam em festa.
Em 1978 Afonsinho retorna a Natal
para representar seu pai numa cerimonia em homenagem a personalidades de
destaque na vida social da cidade. O seu amigo Lucky é quem fez o convite que,
naquela época era o Comodoro do Iate Clube, onde ocorreu o evento. Depois
daquele cerimonia a saudade bateu e ele começa a retornar a Natal com mais
frequência, geralmente nos períodos das férias, naquela época se hospedava na
residência do seu primo Comte. Moura no Cobana e também no Hotel Samburá do
saudoso Firmino Moura.
A amizade de Affonsinho com Lucky
continuava sólida, mesmo depois dele se transferir para Brasília, mas quando a
saudade apertava ocasionada pela vontade de reviver as noitadas com o amigo ia ao Rio para os festejos e se
hospedava na sua residência.
Em setembro de 1991 Affonsinho
resolve morar definitivamente em Natal e, assim que pode foi visitar o túmulo
de seu pai, que com um gesto de carinho e consideração foi erigido por seus
amigos e tendo o lote funerário doado pelo Prefeito Djalma Maranhão. Na visita
a tumba ele verificou que o jazigo estava bastante deteriorado pelas
intempéries e resolve refazê-lo em mármore branco, mantendo a placa alusiva à
doação dos amigos.
Para prestar uma homenagem a seu
pai, após o recebimento do jazigo novo, Affonsinho desloca-se ao escritório do
amigo Lucky e o convida para sair, mesmo sem saber aonde ia aceita a
convocação. Era 4 horas da tarde quando eles chegam ao Cemitério do Alecrim
entram e em frente ao monumento funerário de seu pai resolve inaugurá-lo.
Sentaram juntos sobre a laje e com todo o requinte que a situação exigia é
posto sobre a lápida um garrafa de whisky, um balde de gelo e três copos, pelos
quais eram devidamente preenchidos e absorvidos com toda a dignidade que o ato
requeria, sendo que, o terceiro copo era derramado sobre a lápida de mármore em
homenagem ao seu pai. Todo aquele acontecimento estava sobre os olhares
surpresos dos coveiros e funcionários do cemitério que, não entendendo
absolutamente de nada do que se passava, imaginavam que se tratava de um ato de
macumba.
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