29/10/2014


Luciano Toscano

José Eduardo Vilar Cunha
Prof. Dr. Engenharia, Jornalista escritor.
Membro JHGRN

            Na missa de sétimo dia de Luciano Toscano estavam amigos e familiares prestando a homenagem póstuma. Durante o culto católico tive a oportunidade de dialogar com Affonso Real Nunes, que me fez revelações de sua amizade e que gostaria que as tornasse pública e sendo assim, transcrevo aqui neste artigo essa manifestação.
           A amizade entre Lucky e Affonsinho foi iniciada nos idos de 1949, quando eles tinham 15 anos de idade. Naquela época, eles e mais um grupo de amigos reuniam-se na Praça Pio X, para conversar e combinar os eventos de final de semana. Os acertos para o sábado e domingo passavam pelo crivo do grupo que decidiam o que fazer naqueles dias. As participações dos eventos normalmente iniciavam durante o dia; primeiramente eles iam à praia ou mesmo piscina de clubes e a noite, como reporta Affonsinho à “via saca” que era um passeio pelos bordéis mais famosos da cidade do Natal, entre estes estavam: Maria Boa, Francisquinha, Belinha, Ideal e Rita Loura.
            Na vida social eles costumavam frequentar as matineés e soirées do América F.C. (Rua Maxaranguape) e no Aero Clube, todavia, para a festa de final do ano, Réveillon, o lugar preferido era o Clube da Aeronáutica na Rampa, onde transcorria uma festa de alto nível, cujos participantes se vestiam com trajes a Rigor.
            Um fato triste ocorreu com Affonsinho, o falecimento de seu pai, Coronel Flaminio e por conta deste episódio, ele com sua mãe D. Nair tiveram que retornar ao Rio de Janeiro, onde tinha residência, na Rua Raul Pompeia, Bairro de Copacabana, Posto 6. Conta Afonsinho que, a sua residência passou a ser um ponto de encontro de amigos e amigas que de Natal iam ao Rio, tornando-se por assim dizer, uma verdadeira embaixada do RN. Um registro interessante é a presença do Trio Iraquitan que ensaiava na sua casa e que, embalados pela música estes ensaios geralmente terminavam em festa.
            Em 1978 Afonsinho retorna a Natal para representar seu pai numa cerimonia em homenagem a personalidades de destaque na vida social da cidade. O seu amigo Lucky é quem fez o convite que, naquela época era o Comodoro do Iate Clube, onde ocorreu o evento. Depois daquele cerimonia a saudade bateu e ele começa a retornar a Natal com mais frequência, geralmente nos períodos das férias, naquela época se hospedava na residência do seu primo Comte. Moura no Cobana e também no Hotel Samburá do saudoso Firmino Moura.
            A amizade de Affonsinho com Lucky continuava sólida, mesmo depois dele se transferir para Brasília, mas quando a saudade apertava ocasionada pela vontade de reviver as noitadas com o amigo ia ao Rio para os festejos e se hospedava na sua residência.
            Em setembro de 1991 Affonsinho resolve morar definitivamente em Natal e, assim que pode foi visitar o túmulo de seu pai, que com um gesto de carinho e consideração foi erigido por seus amigos e tendo o lote funerário doado pelo Prefeito Djalma Maranhão. Na visita a tumba ele verificou que o jazigo estava bastante deteriorado pelas intempéries e resolve refazê-lo em mármore branco, mantendo a placa alusiva à doação dos amigos.

            Para prestar uma homenagem a seu pai, após o recebimento do jazigo novo, Affonsinho desloca-se ao escritório do amigo Lucky e o convida para sair, mesmo sem saber aonde ia aceita a convocação. Era 4 horas da tarde quando eles chegam ao Cemitério do Alecrim entram e em frente ao monumento funerário de seu pai resolve inaugurá-lo. Sentaram juntos sobre a laje e com todo o requinte que a situação exigia é posto sobre a lápida um garrafa de whisky, um balde de gelo e três copos, pelos quais eram devidamente preenchidos e absorvidos com toda a dignidade que o ato requeria, sendo que, o terceiro copo era derramado sobre a lápida de mármore em homenagem ao seu pai. Todo aquele acontecimento estava sobre os olhares surpresos dos coveiros e funcionários do cemitério que, não entendendo absolutamente de nada do que se passava, imaginavam que se tratava de um ato de macumba.

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