12/05/2014

Beatles




A Influência dos Anos 50 - III
Juarez Chagas/Professor do Centro de Biociências da UFRN (Juarez@cb.ufrn.br)

                    “Well, shake it up, baby, now, (shake it up, baby)
Twist and shout. (twist and shout)
                                Cmon, cmon, cmon, cmon, baby, now, (come on baby)
                Come on and work it on out. (work it on out)”
                                                                                           
                                                                              -The Beatles, 1964

          Quatro rapazes, de ternos cinza escuro, ainda não cabeludos e ainda igual e praticamente desconhecidos, alegres e freneticamente pulando no ar, acima de uma velha muralha de pedras é a capa do primeiro compacto dos Beatles para o single Twist and Shout, do álbum Please Please Me, gravado em final de 1963 e “estourado” em 1964 (Anos difíceis no Brasil). Pronto, o Rock incendiou e incendiou-se de novo!
         Nesse momento, como um furacão, os quatro rapazes de Liverpool começavam a dirigir sua locomotiva musical com vários vagões inéditos cheios de sonoridade, poesia, histórias e melodias, falando tudo o que os jovens inquietos de todo o mundo queriam sentir, falar e viver, enquanto o caminhoneiro do rock, um surpreso Elvis Presley teve que dar passagem pra não ser atropelado, mesmo mantendo ainda seu caminhão na estrada que cabia todos, bastando para isso obedecer aos sinais de trânsito e velocidade. Agora a onda que apenas começava era Twist and Shout (Gire, balance e grite). A beatlemania apareceu como um passe de mágica e o velho Rock renovavam suas baterias e energia que iriam incendiar o Planeta por quase uma década mais!
          Junto com os Beatles o vulcão musical do rock tocado e vivido por uma plêiade de artistas das mais variadas tendências e estilos, com sua irreverencia, protesto e comportamento explodiu e jogou larvas nos quatro cantos do Planeta.
          Estava, portanto, aberto um ciclo musical que não era apenas musical, mas, sobretudo, comportamental e que influenciaria jovens de todo o mundo. E, o mais interessante é que este ciclo ainda não se fechou, corroborando a famosa frase de Lennon: “The Dream is not over!”, embora lamentavelmente, o próprio Lennon já não exista mais.
          Enquanto isso no Brasil, já influenciado por todo esse movimento desencadeado nos Estados Unidos, cuja influência advinda dos anos pós-guerra e, mais fortemente dos meados dos anos 50 e, portanto, no final da década de 50 e início dos anos 60 é a época tida como chegada do rock and roll do Brasil, o qual, considerando ainda como genuíno, se prolongaria até os anos 70, era incontestavelmente uma realidade e o fenômeno, chamado por muitos como contracultura, era um acontecimento que ninguém mais poderia interromper.
          A chegada dos primeiros astros do rock no Brasil, Bill Halley e seus Cometas (1958) e Neil Sedaka (1959) sedimentaria de vez a explosão musical da juventude e, a partir daí, a juventude brasileira teria, além de seus ídolos americanos, seus próprios cantores e representantes musicais.
          Cantores, bandas e conjuntos eram de uma forma ou de outra, a própria explosão do Rock and Roll e a música pop, mudando a forma de pensar, vestir, falar e se comportar da juventude dos Anos Dourados. O programa brasileiro Jovem Guarda da TV Record, comandado pelo fenômeno Roberto Carlos, conseguiu reunir em seus shows e apresentações praticamente todos os artistas da época da revolução musical do Rock no Brasil. Abaixo, alguns desses representantes no Brasil, na década de ouro ou Anos Dourados:
          Comandado por Roberto Carlos, Erasmos Carlos e Wanderléia, o Programa Jovem Guarda foi o mais autêntico movimento musical em forma de veículo divulgador que pôde mostrar ao Brasil e ao mundo, alguns dos astros e estrelas brasileiras que permaneceram durante e até depois desse próprio fenômeno musical brasileiro. Somente para registrar alguns desses astros e estrelas que permaneceram como parte do elenco da Jovem Guarda, genuíno movimento musical brasileiro, além dos astros e estrelas solo, as mais famosas bandas e grupos musicais que se destacaram, por muito tempo!
          É claro que, a juventude natalense, a exemplo dos jovens de todo o mundo, não apenas sofreu este impacto, como também bem o absorveu e fez eco repetitivo através dos primeiros grupos e bandas musicais da história de Natal.
          É inegável admitir e até necessário lembrar que a SCBEU (Sociedade Cultural Brasil-EEUU), por ser um centro binacional e, que imprimia a cultura americana em Natal entre os anos 50, 60 e 70, teve papel preponderante nesta história, pois além de ser uma Sociedade Cultural, era de uma forma ou de outra, um pedaço da América, no seio de Natal e, já havia lá, talvez uma das únicas bibliotecas atuais com discografia recente com os maiores sucessos musicais do momento. Além disso, quem quisesse cantar ou entender o que os artistas e cantores americanos cantavam, tinha que passar pela SCBEU, onde era liberado espaço e ambiente para ensaios e jam sessions, além de shows e festas realizadas na própria instituição e nos principais clubes da cidade.
          As “Festas Americanas” que influenciaram os “Assustados”, os shows de bandas locais surgidas dos colégios e escolas que passaram a se apresentar em show abertos (Juvenal Lamartine, Lagoa Manoel Felipe), agora invadiam os principais clubes da cidade, tais quais ABC, América, Alecrim, Atlântico e Assen.
          Portanto, ainda hoje vivemos os reflexos (além da nostalgia) da influência dos Anos 50, na música, na cultura e na arte, dos quais muitos têm saudade (htt://Juarez-chagas.blogspot.com//).

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