17/03/2016

APROXIMA-SE A DATA DA CASA DA MEMÓRIA



                                  OS 114 ANOS DO IHGRN

Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com

Naquela tarde de 29 de março de 1902, doze homens impolutos se reuniram em Natal e fundaram uma instituição que passou a ser conhecida como a Casa da Memória do Rio Grande do Norte. Eram desembargadores, políticos, juízes, militares, comerciantes, religiosos e jornalistas. Doze homens e uma sentença: “promover a verdade histórica da vida potiguar em qualquer sentido”. Esse propósito está na ata do trabalho inaugural e ainda, até hoje, permanece como fidelidade consuetudinária e chama votiva.
O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte atravessou ao longo de 114 anos, as noites escuras do tempo, quando muitas vezes, se assistiu manifestar contra ele, a sanha dos indiferentes e a descrença dos insensatos. O sopro idealista de um Vicente Lemos, Alberto Maranhão, Dionísio Filgueira, Nestor dos Santos Lima, Aldo Raposo de Melo, continuou ao longo de 47 anos nas mãos firmes e dinâmicas de Enélio Lima Petrovich. Uma instituição cultural de natureza privada chegar a essa idade é um fato raro em qualquer parte do país ou do mundo. Arrecadando meios insuficientes dos seus sócios e vivendo unicamente de pedir, aqui e ali, quase mendigando, faz-me crer que a tarefa não é para qualquer um. Mas ninguém pode negar o trabalho diuturno de um grupo de abnegados em favor do Instituto. O contraditório existe em todas as manifestações humanas, nas Igrejas, na Maçonaria, nas Forças Armadas, nas Organizações Sindicais e Patronais, etc., mas, com relação ao IHGRN, é imperioso saber que ele é o guardião da memória colonial, imperial e republicana do Rio Grande do Norte. É preciso salientar, também, que esta diretoria consolidou a destinação histórico-cultural da entidade. Desde 2014 o desafio assumido por todos foi o de solidificar e ampliar o patrimônio histórico e físico do IHGRN, restaurando-o e adaptando-o ao tempo, a nova realidade, investindo na editoração de livros de pesquisa e de história, além da digitalização do acervo, cujo convênio será celebrado com a Assembleia Legislativa e instituições culturais públicas e privadas do Rio Grande do Norte. Nós não nos limitamos apenas, a promover reuniões acadêmicas ou lítero-recreativas. O mérito que nos cabe hoje é o de haver redimensionado a capacidade do Instituto de produzir cultura com coragem, sacrifício e amor a causa.
Constituir e manter o mais valioso acervo de manuscritos históricos do Estado não é atividade fácil para qualquer administrador. Não desejo nessas considerações de reconhecimento e louvor pelos 114 anos da Casa da Memória, tão somente, pontuar os seus vultos principais, desde o governador Augusto Tavares de Lyra que construiu o atual edifício que em 1938 passou efetivamente a pertencer ao IHGRN, por gestões do então presidente Nestor dos Santos Lima. Todas as suas fases foram de conquistas. Mas, nesse 29 de março de 2016, todos nós devemos olhar para o passado e refletir sobre a obra criada e sentir a imensidão de todos os espíritos que habitam a casa grande, nas fotos, nos livros, nos manuscritos, agradecendo e afirmando que  todo o esforço não foi em vão.
Abençoado sejam todos os atuais diretores e confrades que diretamente ou indiretamente ajudam a não deixar cair por terra o impulso dos pioneiros daquela tarde plácida e fagueira de Natal de março de 1902. No final do mês concluirei o meu mandato de três anos com a certeza do dever cumprido e a gratidão aos colegas de cujo apoio não poderia prescindir. Obrigado.

(*) Escritor.

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