18/10/2013


A Praça José da Penha

Elísio Augusto de Medeiros e Silva

Empresário, escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br



Sempre me disponho a escrever sobre duas praças da Ribeira – A Praça Augusto Severo e a Praça José da Penha (antiga Leão XIII) de tamanhos e formas variadas.
Há muitos anos, a Praça José da Penha está no roteiro obrigatório diário que faço na ida e volta ao trabalho. Cruzo o local várias vezes nos dias de semana.
Durante esse longo tempo de convívio, acredito que a conheço muito bem – de todos os ângulos e em quase todos os horários. O tempo criou entre nós laços profundos. Até o canto dos pássaros que frequentam o lugar é familiar para mim, em todas as estações do ano, nos dias de chuva ou de sol.
Este ano uma obra de saneamento, com muita lama e buracos, deixou-lhe quase intransitável para os veículos que obrigatoriamente trafegam por ali.
O barulho de máquinas escavadeiras e bombas de sucção é terrível, e somam-se as buzinas impacientes dos motoristas apressados. Paciência, é para o progresso do bairro, dizem alguns.
Diariamente, tento evitar o local, mas não tem jeito – não existe outra via de acesso para meu roteiro. Todos convergem para o entroncamento do antigo “SAPS”, frente à Igreja do Bom Jesus.
Quando vejo aquele imenso canteiro de obras me vem à memória o que aconteceu no mesmo local no distante ano de 1936, portanto há mais de 70 anos.
Naquele ano, o pavilhão que ocupava o centro da praça, com bancos e gramados bem cuidados, desapareceu para dar lugar a uma estação elevatória de dejetos.
Em razão disso, no dia 25 de setembro de 1936, “A República” publicava sob o título “Saneamento” a matéria: “Atualmente, a maior intensidade de serviço se acentua no bairro da Ribeira, onde está sendo efetuada a construção do reservatório R1, e ainda do distrito D5, com sua respectiva estação elevatória da Praça José da Penha”.
Naquela época, com o prolongamento da Avenida Tavares de Lira interligando definitivamente a Ribeira com o bairro de Petrópolis, a praça perderia dois terços do seu espaço original, ficando do tamanho que atualmente se encontra. Alguns antigos moradores da Cidade Baixa com quem conversei se recordam disso.
A última reforma do local ocorreu em 1998, durante a administração da prefeita Wilma de Faria, ocasião em que foi colocada na praça uma justa homenagem ao Capitão José da Penha.

Não tenham dúvidas que o progresso e melhoramento trazidos pela expansão imobiliária chegarão mais uma vez ao velho bairro ribeirinho.

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