25/10/2017




 A CENSURA DE VOLTA?
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO


Outrora, aqueles que mais se diziam perseguidos pelo regime de exceção, hoje defendem abertamente a censura. Artistas embargam a publicação de suas biografias não autorizadas. Políticos manifestam-se, ameaçando amordaçar a imprensa e as redes sociais. Tramita no Congresso Nacional projeto de lei, cujo objetivo consiste em criminalizar quem fala mal de políticos na mídia, especialmente na internet. Muitos representantes do povo e ocupantes de altos cargos querem também outro tipo de imunidade: a isenção de críticas sobre suas posturas e ações. Uns agem à sorrelfa; outros são diretos. Declaram que pretendem regular a imprensa e controlar a internet. “Quantum mutatus ab illo”, dizia Virgílio, pouco conhecido, pois não se estuda mais a língua do Lácio. 
Há profissionais da política que falam em democracia, mas não a mesma ansiada pelos cidadãos. Quem deseja de volta a censura, cultiva planos autoritários. Nesse ponto, as ideologias se dão as mãos. Se não nas ideias, ao menos nos métodos intimidatórios. Conversas grampeadas (autorizadas ou não) e delações premiadas causam mal-estar em pessoas citadas ou acusadas de ilícitos penais. Algumas figuras públicas e autoridades lutam para ver, a todo custo e rapidamente, o enterro de tudo o que tenta higienizar a “res publica” brasileira. O intento de conter a mídia ou intimidá-la faz parte do mesmo esquema. Visa a silenciar a opinião pública e inibir qualquer ação legal e ética contra grupos que dominam a política nacional. Assiste-se a um golpe articulado por membros de vários partidos, que defendem seus próprios interesses e não os do Estado. Isto seria o domínio do mal, levando a perpetuar a corrupção e a impunidade no país. As frases do salmista ecoam em nosso cotidiano: “Transbordam a ambição de seus corações. Zombam, falam com malícia. E com arrogância ameaçam [os puros e os justos]. Assim são os maus, aparentemente tranquilos. E com escárnio só fazem aumentar o seu poder” (Sl 73/2, 7-8;11). 
Censurar a internet no Brasil é mero pretexto ou suposição e não o verdadeiro combate ao “cibercrime”. É inegável que ali se veiculam calúnias, agressividade, intolerância, radicalismo etc. O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI do Congresso sobre os crimes cibernéticos sugere oito proposições para evitá-los. No entanto, atacam diretamente direitos fundamentais, tais como a liberdade de expressão e a privacidade. Mutilam as conquistas mais importantes do marco civil da internet, sobretudo a proteção aos internautas. Dentre as propostas do relatório, consta a de transformar as redes sociais em órgãos censores, a fim de defender os privilégios dos detentores de mandatos. Estes e outras autoridades pretendem ser, diante da sociedade, inatacáveis, infalíveis e imputáveis. As redes poderão ser punidas, tornando-se agentes de vigilância permanente de seus usuários. Alguém, que ali afirmar algo considerado “difamatório ou injurioso” contra um político, poderá responder a processo criminal. Por conseguinte, milhões de brasileiros, que venham a emitir críticas, correrão o risco de ser presos sob a suspeita de cometer “crimes mediante uso de computador”. Tais atos revestem-se de duvidosa e discutível criminalidade. Consta do citado relatório a obrigação dos provedores de internet de revelar automaticamente os dados pessoais dos internautas, sem a necessidade de ordem judicial prévia. Isto significa que todos serão constantemente monitorados. Tem-se o propósito de criminalizar a internet e colocá-la sob o jugo do Estado. Esse é o caminho trilhado por países ditatoriais e autoritários.
No Brasil, a liberdade de expressão e a mídia, quando bem usadas, poderiam se tornar meios de deter a nefasta cultura da corrupção. É lastimável que venham a ser ameaçadas para favorecer ímprobos e inescrupulosos, sob a capa da proteção contra os cibercrimes. Os abusos e violações na internet devem ser banidos. Mas, isso deve acontecer com respeito aos direitos fundamentais, previstos na Carta Magna de nossa pátria. Verifica-se, não uma tentativa de combater as transgressões, e sim uma estratégia que busca o manto da legalidade – embora ímpia e arbitrária – de afastar tudo o que incomoda os corruptos no Brasil. “Até quando, ó Deus, os ímpios triunfarão e haverão de proferir palavras de afronta”? (Sl 94, 3-4).

23/10/2017

SAMBA: UMA HISTÓRIA CENTENÁRIA – Berilo de Castro



“O samba é o pai do prazer / O samba é o filho da dor” – Caetano Veloso –

Lembrando o nosso imortal cantor, compositor, bom de samba, o baiano Dorival Caymmi, em um de seus  inesquecíveis e famosos sambas: “Samba da minha terra”: “Quem não gosta de samba bom sujeito não é / Ou é ruim da cabeça ou doente do pé”. Na verdade, Caymmi se autodefiniu: um bom sujeito, de  boa cabeça  e sem doença no pé.
– Quem não gosta de samba?
O samba surgiu na Bahia (Samba de Roda), no século XIX, da mistura dos batuques africanos. Chegando ao Rio, por volta de 1850, trazido pela população de negros e mestiços, principalmente da Bahia, bem como de ex-soldados da Guerra dos Canudos.
Somente no início dos anos de 1940, no governo do Presidente Getúlio Vargas, passou a ser visto como símbolo nacional.
No  Rio de Janeiro, na década de 1920, sofreu severa perseguição, a ponto de quem ousasse cantar ou dançar o samba corria seriamente o risco de sambar na cadeia. Era a maldade do racismo imperando: o negro descriminado e o escravo severamente castigado. O samba era, na realidade, ligado à cultura negra, considerado uma das principais manifestações culturais populares brasileiras.
Muitas baianas descendentes de escravos, no final do século XIX, se alojaram em bairros cariocas e passaram a ser conhecidas como as Tias Baianas, exercendo grande influência para a sedimentação e disseminação do samba. A  mais destacada e de admirável respeito foi Hilária Batista de Almeida (Tia Ciata – Santo Amaro/BA – 1854 – Rio de Janeiro/RJ – 1924). Conta a história que o samba para ser bom e fazer sucesso tinha que passar pela casa e o aval da sambista  catimbozeira  Tia Ciata.
Na esteira dos importantes nomes do samba, não se pode esquecer da figura de José Barbosa da Silva (1888-1930): Sinhô, autointitulado o “rei do samba” que, com outros pioneiros, como Heitor dos Prazeres e Caninha, criaram os primeiros fundamentos do gênero musical. Carioca, parceiro de grandes sucessos com João da Baiana, Pixinguinha e Donga. Há relatos que foram eles os autores do primeiro samba brasileiro, segundo os registros da Biblioteca Nacional – “Pelo Telefone” (samba-maxixe), juntamente com a Tia Ciata e Pixinguinha, mas que foi oficialmente registrado como de autoria de Donga e Mário de Almeida – em 27 de novembro de 1916 –, comemorado como o dia nacional do samba; quando completou e foi vivamente comemorado os seus 100  anos de rica história, em  2016.
O significado da palavra samba recebe origens bem diversificadas. Em meados do século XIX, a palavra samba definia diferentes tipos de músicas introduzidas pelos escravos africanos, principalmente do Congo e de Angola, sobretudo do Quimbundo, em que: “sam” significa “dar”, e “ba” igual a “receber” ou “coisa que cai”.
Uma  outra  versão deriva do termo Zamba ou Zambra, oriunda da língua árabe, quando da invasão dos mouros à Península Ibérica no século VIII. Existe, ainda, uma outra versão que advém de uma corruptela da palavra semba ( dança religiosa para os angolanos que, levava este nome devido à forma como era dançado com umbigadas) —é a  versão mais aceita no Brasil.
Ao longo dos anos, o samba tem se apresentado com muitas variações rítmicas, como: o samba-de-breque, derivado do picote ritmo do samba choro, popularizado pelo famoso sambista Antônio Moreira da Silva (Moreira da Silva – o Kid Morengueira – 1902/2000 – RJ), nas décadas de 1930 e 1940; samba-maxixe, samba que foi inserido o piano ou, às vezes, instrumento de sopro como a flauta e o clarinete; samba-exaltação, samba-enredo, em que a letra do samba conta uma história que servirá de enredo para o desenvolvimento da escola de samba; samba-de-terreiro, sambalanço, considerado um subproduto da Bossa-Nova; samba-de-quadra, sambalada, samba-chulado, samba-quadrado, samba-raiado, samba-coco, samba-choro, samba-canção, em que destaca sofrimentos amorosos e surge como fonte de inspiração da Bossa Nova no final da década de 1950; samba-partido-alto, aquele que mais se aproxima do batuque angolano e do Congo; samba-rock, samba de gafieira e o samba joia, ancestral do pagode romântico de São Paulo, que tem, no momento, Benito di Paula e Luiz Airão como seus representantes, usando em suas apresentações piano, tomba e chimbal (prato com aparência de chapéu), elemento básico que juntamente com o bumbo e a caixa compõem a bateria); samba bambelô, no Rio Grande do Norte.
Em 1927, nasce a primeira escola de samba, a Deixa Falar, no bairro do Estácio de Sá/RJ, berço e propulsor do samba carioca, próximo ao bairro boêmio carioca da Lapa, tendo como fundadores alguns compositores: Ismael Silva, Alcebíades Barcelos, Armando Marçal e outros sambistas do bairro do Estácio.
A história registra ainda muitos acontecimentos e relatos sobre o samba e os seus famosos compositores. Não podemos  jamais esquecer ou deixar fugir da lembrança os nossos grandes representantes da música mais popular do Brasil: Noel Rosa, Vadico, Ataulfo Alves, Ary Barroso, João de Barro (Braguinha), Almirante, Pixinguinha, Nelson Cavaquinho, Cartola, Adoniran Barbosa,Martinho da Vila, Clara Nunes, Beth Carvalho, Roberta Sá, dona Ivone Lara e tantos outros que engrandeceram e engrandecem esse gostoso e admirado ritmo de consagração nacional.
No ano de 2004, por apresentação do então Ministro da Cultura, Gilberto Gil, o samba foi tombado pela Unesco com o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, na categoria “Bem Imaterial”, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). No ano de 2005, o samba-de-roda do Recôncavo Baiano foi proclamado também pela Unesco – “Patrimônio da Humanidade na categoria de “Expressões orais e imateriais”. Em 2007, o IPHAN conferiu registro oficial no Livro de Formas e Expressões às matrizes do samba do Rio de Janeiro: samba-de-terreiro, partido-alto e samba-enredo.
​Viva o samba, patrimônio cultural da humanidade!
Berilo de Castro – Médico, escritor, membro do IHGRN – berilodecastro@hotmail.com.br
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

22/10/2017

H O J E



OAB/RN - 85 ANOS DE EXISTÊNCIA



terça-feira, dia 24 será contada esta história


MENSAGEM DE FÉ


DÍVIDAS E DÚVIDAS

Valério Mesquita*

Tudo parte de um questionamento, certa vez, do amigo jornalista Paulo Tarcísio Cavalcanti, que reflete, com exatidão a dúvida inquietante de milhões de pessoas no mundo, quer sejam religiosas ou agnósticas. Suas reflexões constituem um verdadeiro questionário.
A primeira é se o Filho de Deus voltará, como asseguram as Escrituras. O próprio Jesus foi categórico: “Não vos deixarei órfãos. Eu voltarei para vós” (João 14.18). Não definiu a forma nem o tempo de sua volta. Está presente cada dia no testemunho e na fé de cristãos convictos, na energia cósmica de sua palavra. Há uma forma espiritual, mística e amorosa de sua presença naquele que crer. Jesus retornando ao mundo hodierno continuará afirmando os mesmos valores eternos e imperecíveis: justiça, paz, misericórdia, caridade, o perdão e o amor.
Indaga se Jesus escolherá local para residir, como se a sua vinda fosse biológica ou fisiológica, fato que já se cumpriu no segundo Testamento por permissão do Pai, segundo inúmeras profecias. “Eis que estarei convosco até a consumação dos séculos”, disse o próprio Messias. Essa forma de renascer diuturnamente no coração dos mortais já resume um pressuposto de sua mensagem aos seres humanos do século 21, porque Ele é Espírito e não carne como o foi para expiar os pecados da humanidade com a programada morte na cruz. Se o mundo da informática fala com veemência na presença virtual, nós temos em Cristo a presença espiritual e mística, ambas poderosas e fortes.
“Quem Jesus escolherá para segui-Lo ou em que condições procederão os convidados?”. Da primeira vez Ele escolheu doze homens simples e iletrados, e com essa dúzia construiu o arcabouço de sua doutrina, unificada pela crença inabalável no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Milhares morreram pela fé, ao longo do tempo. Se os potentados não o levaram a sério naquele tempo, posso afirmar que já são bilhões no mundo que pensam de forma diversa. Ora, o Filho de Deus conclamará todos que tiverem as mãos vazias e o coração pobre, mas rico do Espírito Santo que inclina o homem para o Bem. Ninguém precisa ter diploma, como você alude. Diploma é uma formalidade do mundo. E na atualidade além de pessoas simples, humildes, pobres e de diferentes camadas, há também doutores em teologia, padres, pastores, obreiros de diversos matizes. A mensagem do Senhor não é meramente social, mas de palavra e de vida. (“Vim para que todos tenham a vida e vida em abundância” – João 10.10). Sobre os castigos a Ele impostos, devo dizer que a lógica de Deus não é a lógica dos homens. Cristo aceitou e enfrentou todas as felonias e dores humanas para cumprir o que já estava escrito desde os profetas Jeremias e Isaías. Ele próprio pregou o tempo todo o padecimento e morte que iria sofrer. Seria enfadonho e não caberia citar as referências dos quatros evangelhos.
Jesus não anunciou a sua volta nas mesmas condições que veio ao mundo da primeira vez. Imolou-se em sacrifício, como forma emblemática, marcante, demarcadora perante a história da humanidade. Não regressará a terra para se submeter mais a nenhuma paixão. O que aconteceu com Ele foi um evento divino e não profano. Filme e novela sim, têm reprises. Aquele sacrifício foi único, indivisível, histórico e individual. Jesus Cristo nunca sentou no trono de Davi, nem de Salomão, portanto, denominá-lo Rei dos Judeus constituiu-se mais num deboche do império romano, depois, destruído pelos bárbaros. Sabemos que na modernidade a violência, a corrupção, a desobediência, a falta de solidariedade e o desamor ao próximo são as práticas que ainda o crucificam na cruz, diariamente. Lembre-se que o sacrifício daquele corpo, do Homem-Deus, foi fazer a vontade de Deus. Ele que era Deus, era a vida. “Derramou um sangue espiritual, divino, dando de si Deus em si”, na maravilhosa síntese de Chiara Lubich no seu livro “O grito”.
(*) Escritor


21/10/2017

H O J E


A NOITE DE HUMBERTO HERMENEGILDO



Foi uma noite atípica - problema na energia elétrica deixou a Academia parcialmente às escuras. Contudo, a invocação do lema AD LUCEM VERSUS efetivamente trouxe a luz interior para os numerosos parentes, amigos e intelectuais, que apreciaram duas alocuções de alto estilo - a saudação do Acadêmico VICENTE SEREJO e o discurso de posse do novo imortal.


Abertura dos trabalhos pelo Presidente Diogenes da Cunha Lima, com a presença da Secretária Leide Câmara e o empossando
 Alguns dos Acadêmicos presentes

 Recebendo as vestes talares
 Foto parcial da plateia
 Discurso de saudação do Acadêmico Vicente Serejo
 Momento do juramento e recebimento do diploma
Discurso do novo Acadêmico, efusivamente aplaudido.

Momento emocional - o abraço da mãe do novo imortal.