14/06/2015

Banda de Música da Polícia Militar completa 129 anos de existência


 

 
banda de música da polícia militar do estado do rio grande do norte

A Banda de Música da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte está completando 129 anos de existência no dia 16 de junho de 2015.

Através da Lei n° 982, de 16 de junho de 1886, cinquenta anos após a criação da Policia Militar do Rio Grande do Norte, foi criada a Banda de Música, subunidade mais antiga da Instituição. Formada inicialmente com dez instrumentistas, teve seu apogeu no ano de 1922, ano do centenário da independência do Brasil, tendo como regente titular o italiano Luigi Maria Smido, assessorado pelo Tenente José Gomes.

Pelo seu garbo, atuou nas festas do calendário histórico e também atuou em outros Estados, como no ano de 1954, quando enviou um contingente da Polícia Militar do nosso Estado para desfilar na cidade de Recife, comemorando a Restauração Pernambucana, tendo à frente da Banda de Música o Tenente Lourival Vieira da Silva.

A história registra a passagem de alguns Mestres e Contra-Mestres que dedicaram grande parte de suas vidas em prol do bom andamento do serviço e engrandecimento da Banda, podendo ser nominados o Major PM Lourival Cavalcanti Duarte, Tenente Juvenal Lira, Tenente Djalma Ribeiro da Silva, Tenente Luís Alcântara Lucas.

Merece destaque especial alguns nomes que fizeram parte do quadro da consagrada Banda de Música, em particular o músico Antonio Pedro Dantas, o Tonheca Dantas, que se tornou imortalizado através de suas obras: Royal Cinema, Desfolhar Saudades, Delírio, Melodia do Bosque; Composições que tiveram destaque mundial através das rádios BBC de Londres e Mundial de Moscou. Foi homenageado com o seu nome no auditório da Banda de Música da PM/RN. Outros destaques: o Coronel PM José Vitoriano de Medeiros, ex-Comandante da Instituição, que demonstrou amor e dedicação à música através da Canção da Polícia Militar do Rio Grande do Norte; o Tenente José Meneses de Freitas, o Zé de Freitas, autor da Canção do Aluno CFAP e da Canção do Bombeiro, sem esquecer-se da prestimosa colaboração do Cap PMRR/SP José Leitão Sobrinho, autor de várias canções militares e arranjos de músicas populares, ajudando, assim, a compor o rico acervo da Banda e a manter altaneira o desempenho da mesma, motivo de orgulho da Corporação. Comanda hoje a Banda da Polícia Militar do RN o Sub Ten PM Charles Newton Kelly, e tem como regente o Sub Ten PM Flankelland Mota de Azevedo.

A Banda de Música vem se apresentando em todos os eventos cívicos e solenidades históricas e nas festividades sociais, inclusive concorrendo para difusão da música nas comunidades carentes e entre os jovens.

13/06/2015

POSSE NA ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS


Na noite de ontem a sociedade potiguar prestigiou a posse do novo Acadêmico CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES,  na cadeira nº 33, cujo Patrono é o Maestro TONHECA DANTAS.
O evento contou com a representação dos Membros da ANRL e das Academias Macaibense de Letras, de Letras Jurídicas ALEJURN, da Academia Cearamirinense de Letra e Artes "Pedro Simões Neto", do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, da União Brasileira de Escritores-RN, do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia, da Ordem dos Advogados do Brasil, da Comissão Nacional de Folclore e da Reitora Ângela Maria Paiva Cruz, da UFRN.
A Comissão de recepção, constituída dos Acadêmicos Valério Mesquita, Sonia Faustino e Paulo Macedo introduziu no recinto o novo Acadêmico, com a execução da Valsa Royal Cinema pela Banda de Música da Polícia Militar do Estado.
O orador oficial da ANRL foi o escritor Manoel Onofre de Souza Júnior.
O discurso do novo Acadêmico abordou o perfil do Patrono TONHECA DANTAS e dos anteriores ocupantes da cadeira, escritores OSWALDO DE SOUZA e PERY LAMARTINE.
A solenidade foi impecavelmente presidida pelo Acadêmico Diógenes da Cunha Lima e registrada pela Secretária Leide Câmara. 
Grande público, bela solenidade, recepção irreparável, ao som do músico Humberto Dantas.

12/06/2015



144 ANOS DO MAESTRO DOS SERTÕES
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor

Nesta semana o Estado do Rio Grande do Norte estará comemorando o 144º de nascimento do extraordinário músico de Carnaúba dos Dantas TONHECA DANTAS, na realidade, Antônio Pedro Dantas, nascido no dia 13 de junho de 1871 no sítio Carnaúba de Baixo (Carnaúba dos Dantas-RN), cidade demarcada pelos Portugueses em 11 de abril de 1613, 5º filho do segundo matrimônio do viúvo Tenente-Coronel da Guarda Nacional João José Dantas, com a escrava alforriada Vicência Maria do Espírito Santo, celebrado em 1º de fevereiro de 1871, de um total de oito: Pedro Carlos de Maria, José Venâncio de Maria, João Pedro Dantas, Manoel Nicolau Dantas, Antônio Pedro Dantas, Francisca Urçulina da Conceição, Maria Clara do Monte-Falco e Luís Felipe Dantas. 
Pelos grandes feitos e pela notabilidade alcançada em sua vida, mereceu a eleição para Patrono da Cadeira nº 33 da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, cujos primeiros ocupantes foram, respectivamente, Owaldo de Souza, também maestro e Hypérides Lamartine (Pery), aeronauta, escritor e poeta. Agora foi eleito para a referida cadeira o escritor Carlos Roberto de Miranda Gomes, que tomará posse HOJE, dia 12, que iniciou a sua vida também como artista de rádio, participando da radiofonia potiguar (Rádio Poti e Sociedade Artística Estudantil.
A cidade-berço de Tonheca estava fincada no coração do Seridó, no semi-árido subtropical, região de caatinga onde habitaram os indígenas das tribos Janduís, Canindés e Pegas. Apesar da paisagem sofrida da geografia sertaneja, cercania do riacho de Carnaúbas, as crianças sobreviviam livres, com pouca coisa a fazer, sobrando tempo para despertar a atenção para a música. Tonheca foi atraído pelos seus irmãos mais velhos, participando da banda da sua cidade, sob o comando de José Venâncio de Maria, costume que vem sendo conservado ao longo do tempo. Era instrumentrista de excelência com habilidades como flautista, trompetista, saxofonista, violonista, clarinetista.
A sua vida está retratada para a posteridade através do escritor Cláudio Galvão que escreveu “A desfolhar Saudades”, esgototando a sua biografia.
Teve experências marcantes na cidade de Belém do Pará onde pertenceu à Banda de Música do Corpo de Bombeiros; passagens por cidades da Paraíba, como João Pessoa, Campina Grande, Alagoa Grande e Alagoa Nova e em vários município do Estado do Rio Grande do Norte.
Por três vezes serviu na Corporação da Polícia Militar deste Estado, onde terminou os seus dias em 07 de fevereiro de 1940.
Foi professor de música, compositor de mais de 1.000 peças, entre as quais a imortalizada valsa Royal Cinema, gravada por orquestras sinfônicas, filarmônias e bandas de todo o país e de além mar, com destaque especial para a Valsa Royal Cinema, que ressoou pelas ondas da Rádio BBC de Londres, durante a Segunda Guerra Mundial, até certo tempo executada como sendo de “autor desconhecido”, dentre outras composições de vários gêneros como valsas, dobrados, hinos, polcas, maxixes, mazurcas, sambas, choros, xotes e marchas.
Nunca deixou de ser reverenciado, tendo o seu nome colocado em rua desta Capital e criada uma sala especial no Teatro Alberto Maranhão, outra no Quartel da Polícia Militar do Estado, além de tornar-se Patrono da Cadeira 33 da Academia Maior do Estado a partir da reforma estatutária de abril de 1967.

O ex-prefeito de Natal, Djalma Maranhão, cujo centenário de nascimento acontece neste ano, costumava chamar Tonheca Dantas de Strauss Papa-Jerimum. 

11/06/2015

Tonheca Dantas
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Tonheca Dantas.Obra de Tonheca Dantas em CD e partituras digitalizadas
Antônio Pedro Dantas (1871-1940), era filho de João José Dantas e da escrava alforriada Vicência Maria do Espírito Santo, natural deCarnaúba dos Dantas, Rio Grande do Norte, Brasil. Tonheca Dantas, como era conhecido, foi músico, compositor e maestro, sendo autor de uma obra de mais de mil peças musicais.
Despertou o gosto pela música desde criança, aprendendo com os irmãos em uma banda de música da sua cidade. Jamais teve formação superior como músico, era autodidata. Em 1898 foi contratado como maestro da Banda de Música da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, função que exerceu por três anos. Em 1903, mudou-se para Belém do Pará, sendo contratado como regente da Banda de Música do Corpo de Bombeiros. Em 1910, foi para a Paraíba onde regeu as bandas de música das cidades de Alagoa Grande e Alagoa Nova. Retornou definitivamente em 1911 para Natal, onde passou a integrar a Banda de Música da Polícia Militar.
Foi compositor de uma vasta obra até hoje executada pelas bandas filarmônicas Brasil a fora e até mesmo no exterior, é de sua autoria a Valsa Royal Cinema, que compôs para um cinema da cidade de Natal, pertencente a um amigo. Esta valsa foi tocada exaustivamente pela Rádio BBC de Londres, durante a Segunda Guerra Mundial, infelizmente executada como sendo de “autor desconhecido”.
Suas composições eram principalmente valsas, mas também dobrados, maxixes, hinos, xotes, polcas, marchas e outros gêneros musicais orquestrados. São obras famosas também a Valsa Delírio, a suíte Melodia do Bosque, Valsa A Desfolhar Saudades, a marcha solene Republicana e o dobrado Tenente José Paulino.

O ex-prefeito de Natal na década de 60, Djalma Maranhão, costumava chamar Tonheca Dantas de Strauss Papa-Jerimum. O governo do Estado do Rio Grande do Norte prestou-lhe uma homenagem com a inauguração da Sala Tonheca Dantas, no Teatro Alberto Maranhão. Cláudio Galvão, em sua biografia sobre o maestro conta esse episódio ocorrido no teste para maestro da Banda de Música da PMRN, em 1898: Em seguida foi a vez de Tonheca Dantas. O comandante lhe entregou uma partitura diferente da primeira e perguntou ao candidato qual o instrumento que iria escolher. ‘Qualquer um…’ respondeu. ‘O Sr. Diga qual o que quer’. Os membros da comissão se entreolharam, surpresos com a audácia daquele sertanejo moreno e franzino e resolveram por a prova seus conhecimentos mandando que fosse tocando a peça nos diversos instrumentos da banda.

10/06/2015



AD IMORTALITATEM


Ciro José Tavares.


Lamento não estar em Natal para assistir, neste dia 12 de junho, a posse de Carlos Roberto de Miranda Gomes na Academia Norte Rio-Grandense de Letras.


Carlos é um dos meus mais antigos amigos. Fomos colegas no Colégio Americano Batista, no Barro Vermelho, Natal Também Terezinha, hoje sua esposa.  Lembro-me que vinha ao colégio num transporte que me apanhava na Avenida Deodoro, em frente ao Cinema Rio Grande. O médico Costa Neto, que hoje passeia nas rotas estelares, e Edgar Ramalho Dantas faziam parte do grupo transportado.


Depois seguimos trajetórias diferentes, mas eu sempre sabia dos seus sucessos, principalmente, na área da música. Cantava bem, com um repertório de boa qualidade. Nos programas de auditório foi presença constante e destacada. Outro que sempre aparecia no panorama musical era o advogado e amigo Odúlio Botelho Medeiros. A época do Rádio provoca-me enorme saudade. Ótima programação e muita gente boa atuando nas cabines radiofônicas e nos microfones, o inesquecível Genar Wanderley e Luís Cordeiro entre tantos.


Nós vamos crescendo e inexplicável distância vai sem querer nos afastando. A distância é ainda maior se nos tonamos andarilhos. Comigo e Carlos certamente isto aconteceu. Estive fora da cidade muito tempo, sabíamos muito pouco dos nossos dias.


Formado em Direito, Carlos tornou-se um brilhante profissional e foi exemplar presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Rio Grande do Norte. É uma unanimidade entre seus colegas. Se tiver adversários não será sua culpa. Pessoas como ele, sérias, competentes, inteligentes, dedicadas às atividades que exercem, quase sempre incomodam àquelas que se colocam num polo contrário, morrem de inveja e de  ambição.


Nas letras, é precioso estilista, escreve com clareza e objetivamente. Ao ser acolhido na Academia Norte Rio Grandense de Letras, recebe sua tríplice coroa acadêmica, pois já é membro da Macaibense de Letras e da ALEJURN.


A ANRL ficará ainda mais engrandecida com a presença de Carlos. Ocupará a cadeira cujo patrono é Tonheca Dantas, um músico, corroborando o ensinamento de que nada acontece por acaso, mas está predeterminado. O ocupante anterior era Hypérides Lamartine, outra figura digna de registro e de quem sentimos falta. Bom cristão Carlos que caminha a passos largos para a imortalidade perdoará a ausência do amigo mais uma vez distante.

09/06/2015

UM FRADE INCANSÁVEL E CARISMÁTICO
JANSEN  LEIROS*


O sol acordara cedo!  Eram cinco da manhã e ele já clareava a linha do horizonte, trazendo alguns tons coloridos, ornamentando o dia!
Os galos cantavam suas canções apaixonadas e as galinhas “cacarejavam”, avisando que estavam na iminência de liberarem seus ovos. 
Os canários, popularmente conhecidos como belgas, iniciavam seus gorjeios e eu, madrugador por excelência já estava sentado em meu computador, digitando a primeira crônica que me chegava à mente, absolutamente liberada dos cansaços do dia estafante do ontem que se despedira.  E eu dava meu bom dia a meus leitores, pedindo licença para transmitir minhas notícias da noite que se fora.
Na memória, trazia a lembrança daquele velhinho simpático, doce, ainda portando uma lucidez admirável. Carismático por excelência, era nosso querido irmãozinho Frei Damião que passara a noite ajudando aos desvalidos e orientando as velinhas que o procuravam na expectativa de suas bênçãos.
Aproximei-me dele e o abracei carinhosamente, dando boas vindas pelo dia que nascia, com um sorriso matinal, encantador, doce e alvissareiro desta manhã, prometendo realizações positivas para as almas que vivenciam o amor do Mestre Jesus.
Ele, como sempre muito gentil, com seus gestos de acolhimento a quem quer que o procurasse, olhou para mim e disse-me, muito gentilmente:
Seja benvindo, meu filho e que a Paz do Cristo de DEUS apascente sempre seu bondoso coração, cheio de Amor Incondicional.  Apontou-me uma cadeira vazia para que eu sentasse e com o mesmo impulso sentou-se naquela que usava para descansar de sua luta diuturna.
Tenho sido informado de seu trabalho, em favor dos necessitados.
Jesus lhe agradece cada gesto de amor que dedica a todos os irmãos que ajuda na tarefa espírita e guarda com muito carinho as lembranças trazidas da Galileia, quando, ali, ambos estiveram juntos em muitas ocasiões, você na condição de Lázaro,  irmão de Marta e Maria.
Obrigado pela atenção e zelo que dedica à minha médium, Ritinha. Jesus lhe abençoa cada gesto de carinho a ela dispensados, sem quaisquer retribuições. Ela, também, agradece!
Receba, assim,  nosso apoio, incondicional”!.
Em razão do trabalho que realizamos, na residência de Luiz Rodolfo Penna Lima, estamos informados de que, duas almas de profunda religiosidade, há muito tempo, veem dedicando suas vidas ao trabalho permanente em prol dos doentes e dos necessitados. O padre João Maria Cavalcanti, de quem o “coroinha”,  João Viterebino de Leiros foi acólito e o conhecido frade capuchinho, Frei Daminhão, reverenciados pelos religiosos mais próximos à Igreja Católica,
Hoje, ambos, militam na 4ª dimensão do Planeta Terra, atuando em muitas Casas Espíritas do Nordeste do Brasil.
A esses dois luminares ligados à Igreja Católica, nossos respeitos e nossa  reverência.


08/06/2015

GAZETA DO OESTE (07.6.2015)

 

Tarcísio Gurgel lança o livro ‘Inventário do possível’

O lançamento acontece dia 11 de junho, às 19h, na Biblioteca Ney Pontes Duarte e tem o selo da editora Sarau das Letras. Neste livro, o autor agora mergulha na própria história familiar para rever pessoas, personagens, casos e momentos.
Tarcisio-Gurgel Escritor - Foto Wilson Moreno
Tarcisio-Gurgel Escritor – Foto Wilson Moreno
O professor e escritor Tarcísio Gurgel está em Mossoró para o lançamento de um livro de memórias. Trata-se do livro Inventário do possível. O lançamento acontece dia 11 de junho, às 19h, na Biblioteca Ney Pontes Duarte e tem o selo da editora Sarau das Letras.
Conhecido no mundo literário, principalmente por uma obra em que resume, de forma coerente e prazerosa, boa parte da produção literária do Estado – Informação da Literatura Potiguar – o autor agora mergulha na própria história familiar para rever pessoas, personagens, casos, momentos e, além disso, ser, como outros tantos escritores, o protagonista de sua vida. “Escrevi este livro com pitadas de ficção. O grande Pedro Nava dizia que a memória é extremamente corruptível. Às vezes, imaginamos que estamos seguros de uma narrativa e não estamos. No livro, no entanto, existem fotografias de minha família, casos envolvendo pessoas conhecidas, momentos importantes, como as escolas onde estudei e outros relatos. Na verdade, mais que uma memória é um testemunho sobre a minha família. Isso pude ir descobrindo aos poucos, enquanto escrevia o material. Demorei praticamente um ano produzindo, resgatando”, destaca o escritor, empolgado com a nova edição.
Segundo ele, tudo foi sendo escrito com muita alma e dedicação. “Muitas coisas de material fotográfico eu tinha no arquivo pessoal, mas alguns familiares me ajudaram, cedendo outras fotografias”, frisa Tarcísio Gurgel, reforçando que a obra recebeu um grande “suporte do editor e do diagramador, que encarnou o espírito da coisa”, e produziu um livro, realmente, belo. A diagramação e a estrutura da obra seguem o caminho da memória familiar.
A MEMÓRIA
Aos poucos, muitas famílias vão perdendo a própria história, engolidas pelo tempo. “O Rio Grande do Norte tem vários memorialistas importantes, como Francisco Fausto de Medeiros, por exemplo. Esses autores representam um importante papel para a história da literatura e para a memória, em si, dos acontecimentos de suas localidades. Há espaço para trabalhos de memórias e biografias. O tempo e eu, por exemplo, de Câmara Cascudo, e Província submersa, de Otacílio Alecrim, são dois exemplos disso”, explica.
No livro, os registros vão “dos timotes”, fala, sorrindo, o escritor, até a momentos bastante difíceis, como o incidente que aconteceu com seu pai, na padaria da família. “Quando Kiko Santos fazia o papel de Barrabás, numa peça, um gaiato gritou: Kiko doido! E minha mãe, olhou pra trás e disse: é por isso que Mossoró não vai pra frente!”. “Na crucificação de Jesus Cristo, Vavá estava na cruz e a cortina se fechou. Com os aplausos, o menino da cortina se empolgou e abriu de novo. Daí Vavá, que estava fazendo o papel de Jesus, havia descido da cruz para tomar uma, enquanto o pessoal aplaudia. Vavá se apavora e corre pra cruz de novo! Foi uma cena e tanto! Uma maravilha! Isso não é ficção, é a vida!”, destaca.
Um dos fatos que mais marcaram Tarcísio, no momento da escrita deste novo livro, foi a cena em que seu pai, na padaria, tem parte dos dedos danificada por uma máquina. “Um padeiro chegou e tomou a iniciativa de socorrê-lo. Parece que o vejo, com a mão suspensa no ar, suportando aquela dor imensa. A decadência dele, a partir daí, é sentida. A família conspira para ele se aposentar, pois naquela época se envelhecia muito cedo, aos 50, por exemplo”, diz.
CRÍTICA
Infinitas as possibilidades deste Inventário do possível, de Tarcísio Gurgel dos Santos. Surpreende a riqueza do que foi inventariado e, mais ainda, a forma generosa com que ele disponibiliza os bens herdados, essencialmente humanos, partilhando, além de códigos familiares, alegrias, tristezas, benquerer e boa literatura. Assim, nos leva ao mundo particular de lembranças recolhidas da memória sem esquecer as referências universais que vai relacionando em cada capítulo e a cada personagem apresentado, numa narrativa que comove o leitor. (Geraldo dos Santos Queiroz)