19/02/2014

Lembranças de J. da Penha

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
 
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Hoje, transcrevo para cá um artigo postado no Diário de Notícias, no dia 21 de abril de 1954, pelo escritor cearense, membro da Academia Brasileira de Letras, R. Magalhães Júnior, que juntou suas lembranças às do escritor norte-rio-grandense,  Jaime Adour da Câmara. O título desse artigo é “Lembranças de J. da Penha”. O capitão J. da Penha, natural de Angicos, Rio Grande do Norte, foi assassinado no Ceará, no dia 22 de fevereiro de 1914, um século atrás. Segue o artigo.

Numa interessante conferência, improvisada à base de reminiscências de sua infância e de sua juventude no Rio Grande do Norte, o escritor Jaime Adour da Câmara lembrou, há poucos dias, a figura do capitão J. da Penha, desaparecido há precisamente quarenta anos. Pintou o autor de “Oropa, França e Bahia, com aquela fluência e precisão verbal que todos lhe reconhecem, um excelente retrato daquele oficial, de figura imponente, barbas frondosas e grande coragem, de cujos lábios ouvira, pela primeira vez, em comícios, a palavra “povo”. Não em referências indiretas, mas como um apelativo, como um chamamento, uma convocação. Disse o conferencista que ele proferira a palavra: “Povo!”, seguida de uma exclamação, apoiando-se na primeira sílaba, acentuada, porém breve, de tal sorte que parecia um tiro, um estampido. E que poder havia naquela palavra, que força magnética, que atração! Por que? Porque era uma palavra nova, alguma coisa de estranho, de inusitado, no vocabulário político da época. O capitão J. da Penha, diante daqueles que o cercavam, estudantes, operários, funcionários, meros curiosos atraídos eventualmente pela aglomeração que se formara, não distinguia classes ou particularizava grupos sociais. Enfeixava-os todos naquela palavra mágica, naquele tiro de fuzil saído de sua boca rodeada de espessas e negras barbaças:”Povo”.

Classificou-o Jaime Adour da Câmara de “mistagogo” e reconhece que muitas das coisas impressionantes que J. da Penha então dizia eram frases feitas, lugares comuns da oratória de comício, vulgaridades de almanaque positivista. Contudo, confessa que foi J. da Penha, com sua oratória inflamada, quem lhe transmitiu a noção de que era povo. Dele ouvira também uma palavra estranha e jamais ouvida: desoligarquização. Sustentava J. da Penha a necessidade de promover-se a desoligarquização dos Estados para que pudesse reinar no Brasil um clima de liberdade política. Na verdade, havia frondosas oligarquias de Norte a Sul do país. Não é preciso lembrar todas elas. Basta citar o longo e desafiador domínio do Sr. Borges de Medeiros no Rio Grande do Sul e a prolongada permanência dos Acioli no governo do Ceará. O desoligarquizador J. da Penha, que conseguiu levantar uma parte da população do Rio Grande do Norte, com os seus comícios e suas estranhas palavras, tão diferentes das que falavam os homens que detinham o poder, cometeu o erro supremo na escolha do candidato que deveria enfrentar  a oligarquia local. Foi buscar, não um filho da terra, não um homem que tivesse aparecido ao seu lado nos comícios, não alguém que tivesse raízes no Estado ou nele vivesse, mas um jovem e ausente oficial do Exército, o tenente Leônidas Hermes da Fonseca. Podia ter o tenente muito merecimento pessoal e condições para se transformar num grande administrador. Era, porém, o filho do presidente da República, marechal Hermes da Fonseca, e tal escolha fazia supor que J. da Penha, queria substituir uma oligarquia de âmbito estadual por uma oligarquia de âmbito nacional. Fraco o movimento a que se dedicara, o capitão J. da Penha, adotara uma tática funesta: a de tentar obter o apoio ou a pressão do governo central para o seu candidato, sem lembrar-se de que tal pressão seria tão condenável quanto a da máquina estadual em favor do candidato da oligarquia. O resultado foi a derrota do movimento de J. da Penha. As lembranças desfiadas pelo conferencista Jaime Adour da Câmara nos fazem refletir sobre os atos dos que querem preservar a democracia, baseada na vida dos partidos, com a escolha de candidatos fora dos partidos, ou seja, com a negação destes e de suas finalidades. Não parece a singularíssima desoligarquização de J. da Penha?

Ao desastre do bravo capitão no Rio Grande do Norte seguiu-se o seu desastre final no Ceará. Esse Estado fora há pouco, desoligarquizado: tinham sido alijados os Acióli e a estes se seguira o governo de um militar, o então coronel Marcos Franco Rabelo. Para reagir contra os restos da oligarquia, tinham entendido que só um homem forte. Mas Franco Rabelo, em vez de forte, era fraco. Contra ele, ergue-se o padre Cícero, com sua jagunçada, e a figura sinistra de Floro Bartolomeu, eminência parda do velho fanático. Criminosos de cinco ou seis Estados formam nas forças irregulares de Juazeiro, bem armadas e bem municiadas. Batidas as forças governistas em alguns encontros, J. da Penha se apresenta no Ceará e aceita o comando das mesmas. Marchou para o interior e caiu numa cilada perto de Iguatu. 

Dias depois, chegava a Fortaleza um vagão ferroviário conduzindo o cadáver de J. da Penha. Ainda me lembro da emoção daquele instante: parecia que a cidade inteira tomava luto. Assumiu J. da Penha o relevo de um herói popular. Os cantadores o glorificavam em seus versos.

Lembro-me de uns que diziam;
Deus te dê a salvação
Boca que nunca mentiu
Braço de herói destemido
Mão forte que resistiu

Assim acabou o homem evocado há dias pelo conferencista Jaime Adour da Câmara. Ás lembranças dele junto as minhas. Naquele instante, parecia que o Brasil estava acabando e que o nome de J. da Penha passaria à história como o de um herói. Mas, agora, a quarenta anos de distância, quantos ainda se lembrarão dele?

No próximo artigo, neste jornal, escreveremos sobre os ascendentes do capitão J. da Penha.
Capitão J. da Penha

17/02/2014

O Presidente VALÉRIO ALFREDO MESQUITA entrega a sua PRESTAÇÃO DE CONTAS e o DCEMONSTRATIVO CONTÁBIL DO EXERCÍCIO DE 2013.

Na sessão ordinária desta sexta-feira, dia 14, o Presidente do Instituto Histórico e Geográfico apresentou à Diretoria e Conselho Fiscal o Relatório de Gestão do período de 15 de março a 31 de dezembro de 2013 e o Demonstrativo Contábil do Exercício de 2013, apresentado pelo Contador Jônatas Fernandes e pelo Diretor Financeiro Geoge Veras, que vai abaixo reproduzido, em alguns trechos:

RELATÓRIO DE GESTÃO - PERÍODO: 15/03 a 31/12/2013
E E PRESTAÇÃO DE CONTAS – PERÍODO: 01/01 A 31/12/2013
Nome: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE - IHGRN
CNPJ: 08.274.078/0001-06


SENHORES DIRETORES E ESTIMADOS SÓCIOS DO IHGRN

            Em cumprimento ao quanto determinado no art. 15, letra “d” e para os fins do art. 10, parágrafo único, letra “a” do Estatuto Social em vigor, apresentamos o RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DESTA INSTITUIÇÃO DE CULTURA – período de 15/03/2013 a 31/12/2013, bem assim a PRESTAÇÃO DE CONTAS do EXERCÍCIO DE 2013, para oportuna apreciação do Conselho Fiscal e Assembleia Geral Ordinária da Entidade.

REALIZAÇÕES NO PERÍODO


1.    Assumimos a presidência deste Instituto, antecipadamente à data estatutária (29 de março), em virtude da situação anômala em que o mesmo se encontrava com a morte do Presidente Enélio Lima Petrovich e assunção do escritor Jurandyr Navarro, para complementar o mandato do titular, dentro de uma contingência de dificuldades de toda ordem, cuja solução seria impossível resolver em tão curto espaço de tempo, apesar da inegável dedicação do referido sócio, que para tanto sacrificou até suas finanças privadas. À vista disso, em sessão de Assembleia Geral, realizada no dia 15 de março de 2013 ocorreu a posse da nova Diretoria eleita NO DIA 06 DE NOVEMBRO DE 2012, em pleito regular e por aclamação, composta pelos seguintes sócios:

2     Passamos, imediatamente, a tomar conhecimento dos problemas existentes, das necessidades e providências necessárias ao fiel funcionamento da secular instituição, fazendo para tanto um Plano Estratégico, assim resumido:

EMENTA: Objetivo primário: necessidade de socialização da pesquisa histórica. Obstáculos: precariedade do aspecto físico do prédio; falta de correto acondicionamento das obras e documentos; inexistência de recursos próprios; insuficiência de pessoal; dívidas preexistentes; falta de recursos para manutenção. Perspectivas: celebração de parcerias para a recuperação física do prédio; celebração de convênios de cooperação para a recuperação da funcionalidade do acervo. Planajamento estratégio geral e específico.


2.    EXECUÇÃO DE TAREFAS
Saindo do campo meramente teórico, ultrapassamos as perspectivas idealizadas, efetivando ações e contatos promissores com a UFRN, SEEC, CAERN, COSERN, CREA, SEBRAE, CORPO DE BOMBEIROS, Fundação José Augusto, FEDEREÇÃO DO COMÉRCIO do Rio Grande do Norte - FECOMÉRCIO, FEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA DO RIO GRANDE DO NORTE, compreendendo o complexo de entidades do Sistema FIERN, Tribunal Regional Eleitoral, Prefeitura Municipal do Natal, Prefeitura Municipal de Guamoré, Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, Câmara Municipal do Natal, IPHAN, Entidades Universitárias Uni-RN e Uni-Facex, Empresários da iniciativa privada Arnaldo Gaspar, Grupo Miranda Computação, Armazem Pará, S. Dantas Construções, Marcelo Alecrim, Grupo do Supermercado Nordestão, com os Parlamentares Federais, Estaduais e Municipais do Rio Grande do Norte e Petrobras, recebendo de todos ações concretas de ajuda financeira, doação de material, celebração de Convênios, com o que temos conseguido levar adiante os planos e projetos programados para a modernização do IHGRN, além de um trabalho cauteloso para o recebimento das anuidades dos sócios.
Com essas providências logramos as seguintes realizações:
a)    Colocamos em dia as dívidas com pessoal e pendências fiscais, em algumas delas com recursos pessoais cotizados entre os Diretores;
b)    Conseguimos restaurar as situações administrativas perante os órgãos públicos de forma a permitir a celebração de Convênios, com a obtenção de certidões negativas;
c)    Reordenamos espaços físicos para permitir o trabalho da Diretoria, adaptando uma sala climatizada no anexo “Memorial Oriano de Almeida”;
d)    Adaptamos uma sala climatizada no prédio velho do Instituto para abrigar a Comissão que trabalhará no levantamento do acervo bibliográfico, fotográficos e das peças do museu, além do ordenamento da documentação através bolsistas que serão disponibilizados por Convênio com a UFRN, sob a direção da Professora Fátima Martins;
e)    Conseguimos fazer o lançamento da Revista do IHGRN volume 89, com trabalhos organizados, ainda na gestão de Jurandyr Navarro da Costa (2000-2012);
f)     Colocamos em funcionamento o “Blog do IHGRN”, com um razoável número de acessos, através do qual divulgamos as nossas atividades e difundimos trabalhos dos pesquisadores;
g)    Iniciamos a recuperação física do prédio principal do Instituto, que foi embargado pelo IPHAN em virtude de denúncia anônima sob a alegação de havermos retirado o piso original do auditório, assunto que gerou a instauração de um processo e já oferecidos os necessários esclarecimentos para o que aguardamos breve solução para dar sequência aos serviços necessários;
h)   Conseguimos o trabalho voluntário das arquitetas Alenuska Lucena e Ana Dulce Albuquerque, que realizaram um estudo e apresentaram um anteprojeto para recuperação do prédio histórico, dando-lhe mais acessibilidade e espaço útil, com o aproveitamento do subsolo e construção de um mezanino, triplicando o espaço útil do Instituto, além da construção de um auditório no subsolo do Espaço Vicente Lemos, sem qualquer agressão visual à paisagem do lugar. Esse projeto está sendo analisado pelo IPHAN;
i)     Conseguimos com a Prefeitura Municipal do Natal demarcar uma área defronte ao Instituto, pelo lado da Praça André de Albuquerque, para estacionamento privado dos ônibus ou equivalentes que trazem os estudantes para as suas aulas de história;
j)     Recuperação, com o auxílio da Prefeitura Municipal de Natal, da iluminação externa do prédio do IHGRN;
k)    Obtenção, por doação da SEMURB, de obras urbanas e históricas da cidade de Natal;
l)     Equipamos o Instituto com computadores modernos para os seus serviços administrativos e culturais;
m)  Baixamos Resoluções orientando sobre o funcionamento da realização de consultas às obras do IHGRN e normas de serviços.

3.    SITUAÇÃO FINANCEIRA

DISPONIBILIDADES EM 15/03/2013............................................R$      522,50

TOTAL das RECEITAS (no exercício de 2013...........................R$  73.824,81

TOTAL DAS DESPESAS (no exercício de 2013)  .....................R$ 70.356,63

DISPONIBILIDADES EM 31/12/2013............................................R$   3.468,18

A discriminação da situação financeira está contida no anexo BALANÇO
(Demonstrativo do Resultado do Exercício do período de 01/01/2013 a 31/12/2013).


GEORGE ANTÔNIO DE OLIVEIRA VERAS
Diretor Financeiro – CPF nº 489.425.704-10
JÔNATAS FERNANDES
Contador – CRC/RN – 8603. CPF/MF:  566.178.364-72


CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tempo é a dimensão da mudança. Esta instituição é o único bem que ficará após tudo o mais passar. Nela ingressamos, eleitos por aclamação dos confrades, numa atitude reverente àqueles que a criaram e aos dois últimos presidentes que nos precederam: Enélio Lima Petrovich e Jurandyr Navarro da Costa. Não podemos olvidar deles o exemplo e a dedicação que tiveram em manter a guarda e a segurança de tão valioso patrimônio. Não chegamos tão tarde assim. Ainda trazemos um pouco de juventude nos rostos e entusiasmo para o combate. Por isso, não desconhecemos a magnitude que o novo desafio exige de todos nós o objetivo de estarmos reunidos com o desiderato de modificar o rumo e o prumo do Instituto Histórico, com vibrações novas, renovadoras, nascidas do ideário dos luminares fundadores do ano de 1902.
Os que atualmente compõem a Diretoria sempre atuaram em defesa de uma cultura comprometida com os princípios da preservação do patrimônio histórico e artístico do Rio Grande do Norte. Chegamos para renovar a identidade da mais antiga Casa da Memória potiguar. Todos desembarcam sem alarde, com a plena convicção de que farão o possível por merecê-la.
Urge, para a conservação de tão rico patrimônio, um tratamento diferencial e seletivo de ressurreição de ambiente.
Não podemos esquecer a grande e eficiente colaboração recebida da imprensa potiguar através dos seus veículos impressos, radiofônicos e televisivos, oficiais e privados, que proclamam nossas carências e realizações com fidelidade.
E o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, pobre mas altivo, capataz dos mistérios circundantes, há cento e onze anos é o guardião do mais importante acervo histórico do Estado, cuja sede abrigou inclusive, o Tribunal de Justiça, o Tribunal Eleitoral, a Academia Norte-Riograndense de Letras, a Ordem dos Advogados do Brasil,/ além de outras entidades culturais. Por tudo isso, indagamos, deve continuar abandonado? Ele detém a guarda de todas as leis e decretos de governo de 1835 a 1952, documentos de demarcação de terras de 1615 a 1807, sesmarias de 1702 a 1716 e de 1748 a 1754. O livro de Barleus, no qual Gaspar Van Barle descreve os oito anos do governo holandês de Maurício de Nassau, de 1647, bíblias antigas, bibliotecas, mapas geográficos, objetos de museus, versos, manuscritos e registros eclesiásticos, fotografias de personagens da história política, social, cultural, jurídica e religiosa do Rio Grande do Norte de cem a trezentos anos passados desde os períodos: colonial, imperial e republicano. Todo acervo mencionado continua sendo fonte de pesquisa e de estudo de nossos universitários e de visitantes de outros estados.
A advertência que dirigimos, neste instante tem direcionamento às autoridades públicas do Estado, às empresas privadas, à sociedade potiguar, para que continuem voltando os seus olhos para a Entidade, a exemplo daquelas que já vieram em nosso socorro no momento mais crucial, conforme antes discriminado, mas que agora se faça de forma mais regular, permanente mesmo, a fim de que se possa preservar a história do Rio Grande do Norte sem os percalços do perigo da descontinuidade.
Não existe outra maneira de salvar esse enorme patrimônio sem o apoio resoluto, dos órgãos governamentais, das instituições privadas e da sociedade de modo geral.
Este patrimônio que estamos guardando é público, é da história, é DO POVO.

Natal, 25 de janeiro de 2014

VALÉRIO ALFREDO MESQUITA
Presidente




14/02/2014


J O S É  D A  P E N H A, O  R E P U B L I C A N O
Por: Gileno Guanabara, advogado

O capitão José da Penha Alves de Souza, nasceu em Angicos, no Rio Grande do Norte, em maio de 1875. Era filho de José Alves e de Maria ignácia. Aos 15 anos assentou praça e, numa carreira célere, alcançou os postos de alferes, tenente e capitão. Deputado, faleceu no Ceará, defendendo as ideias republicanas e as fronteiras do Estado que o acolheu.

Tornar-se-ia um devotado político. Revelou-se um aguerrido tribuno e valoroso jornalista nas questões que abraçou. No Rio de Janeiro, escreveu para os periódicos  Correio da Manhã, Gazeta de Notícias, e Correio da Noite. De sua lavra de militar, escritor e adepto do positivismo, publicou “Pela pátria e pelo Exército”; “O espiritismo e os sábios”, dentre outros trabalhos que tiveram boa aceitação pela crítica.

Como militante, agasalhou-se de prestígio junto ao então Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca, tendo em vista enfrentar, como oposicionista, a oligarquia chefiada no Rio Grande do Norte por Alberto Maranhão, Augusto Tavares de Lyra e Joaquim Ferreira Chaves. Desembarcou em Natal no dia 31 de janeiro de 1913, a bordo do Ita do Lloyd Brasileiro “Olinda”, às margens do rio Potengi.

Quando do desembarque no cais do porto, o Capitão José da Penha foi saudado por um já numeroso grupo de oposicionistas que, a partir da Estação da Estrada de Ferro, o conduziu em passeata até a Rua da Conceição, residência do coronel Cyrineu Vasconcelos, onde se hospedou. Da porta da casa que o acolheu, o Capitão José da Penha dirigiu-se aos correligionários. Agradeceu e convocou-os para a luta de salvação do Estado, tal a hegemonia política dominante a vinte anos no Estado. Passados os primeiros meses, José da Penha angariara importantes apoios a sua causa: Augusto Leopoldo; Homem de Siqueira; João Gurgel; Nazário Gurgel; Augusto Leite; Coronel Cyrineu de Vasconcelos; Clementino Câmara, entre outros. Realizava grandes concentrações populares por toda a cidade.

Se, de um lado, os adeptos da candidatura de Joaquim Ferreira Chaves se preocupavam em criar jornais; em botar tropa municiada na rua e a reprimir duramente os adversários, como se configurasse um suposto estado de sítio, de outro lado, José da Penha se propunha fazer o alistamento de eleitores, a convocar lideranças, fundar ligas femininas, organizar passeatas e comícios, em que se destacava o vigor de seus dotes oratórios, sob o anunciar dos foguetórios. Jornalistas pernambucanos Renato Phaelante e José de Sá, agregaram-se aos ‘meetings’, na pregação republicana e somaram sua oratória em favor da “salvação do Estado”. Para a oposição, tivera significado eleitoral a derrota das oligarquias dos Rosa e Silva (Pernambuco); dos Accyiolis (Alagoas);  dos  Maltas e a dos Lemos, todos no Nordeste, restando cair a oligarquia dos “Maranhão”, no Rio Grande do Norte.

 Pairava ainda para os oposicionistas, a esperança, que mais tarde se tornou vã, do apoio do tenente Leônidas Hermes, filho do Presidente Hermes da Fonseca. Enquanto isso, dada a força do seu discurso, o capitão Jose da Penha tornava-se um mito crescente de popularidade, atraindo admiradores de todo o estado.

Para a situação, tinha peso político os quatrocentos efetivos policiais e os demais oficiais nomeados em comissão; os grupos de alcaguetes do serviço secreto formado por elementos da escória trazidos de Pernambuco, além da existência do “Batalhão Patriótico”, grupo intimidatório formado por funcionários e de amigos do governador, que praticavam prisões e truculências contra pessoas do povo. Tudo sob o beneplácito do Chefe de Polícia, cargo ocupado pelo escritor recifense Oscar Brandão. Este cidadão, vindo para Natal por recomendação dos oposicionistas, foi agasalhado na casa do Dr. João Gurgel. Fez publicar no periódico “Folha do Sertão” um artigo “O Brasil é um Paiz perdido”. Sua pantomima republicana, porém, teve data certa para se bandear. Foi nomeado escrevinhador de A República, órgão de imprensa do governo, e depois alçado ao cargo de Chefe de Polícia, a partir de quando andava nas ruas sob a proteção de esbirros, ordenando revistas e prisões.

Apesar de tudo dava-se o crescimento das hordas oposicionistas, a medida que cresciam os boatos a provocarem pânico, com foco no pleito eleitoral. Dizia-se do  volume dos recursos públicos a custear a campanha eleitoral, o que reservava aos penhistas apenas o recurso à “bernada”. Surgiam histórias de bombardeio da cidade por forças do governo federal; de deposição iminente do governador; ou dos carregamentos de armas vindas do Recife e dinamites vindos do Ceará. Destacava-se o grupo do “pinumismo”, como se chamavam os penhistas, em homenagem ao velho Pinum, um oposicionista radical.

Ganhou fortuna, porém, a versão difundida de que o Capitão José da Penha deixaria de ser o candidato oposicionista. Afinal, chegado o dia 13 de maio, o seu nome foi substituído pelo do tenente Leônidas Hermes, oficial do Exército, casado com uma norte-riograndense, candidato ao cargo de Governador. O fato de aceitar-se a candidatura do filho do presidente da República, configurava para alguns a força necessária a vitória sobre o caudal governista. Nesse sentido pronunciaram-se Renato Phaelante, Abner de Brito, Nisário Gurgel e Clementino Câmara. Consumada a indicação, seguiu-se uma acanhada passeata pelas ruas da cidade. A isso, somou-se a humildade do Capital José da Penha, ao deixar-se imolar no seu projeto eleitoral, aceitando a indicação do tenente Leônidas. A oposição esvaiu-se.

Colega de armas do Capitão José da Penha, o tenente Leônidas fora desleal ao aceitar a candidatura que não o entusiasmava, haja vista não ser detentor dos créditos que o recomendassem no Rio Grande do Norte. Nunca visitara o Estado, e os contatos que fez eram através do telégrafo, em mensagens piegas aos amigos e aos correligionários. E foram muitos telegramas. Enquanto isso, o mérito da oposição, nas passeatas e na imprensa, aos poucos foi sendo vencida pela mídia favorável ao governo. Desapareceu a militância oposicionista, cooptados os jornalistas que antes defendiam a causa da “salvação”. Em especial, o papel que ficou reservado ao periódico “Jornal da Manhã” cuja linha editorial trocou de princípios, para ao final da campanha defender radicalmente os interesses governamentais. O Capitão José da Penha saiu-se traído e derrotado em sua luta contra a oligarquia Alberto Maranhão que consagrou a vitória de Ferreira Chaves, naquele pleito do ano de 1913. José da Penha transferiu-se para o Ceará, onde faleceu na cidade de Miguel Calmon, no ano de 1914.

 

12/02/2014

Luiz Eduardo e outras pessoas conhecidas


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Em um artigo anterior informamos que os padrinhos de Therezinha de Morais Lucena eram os pais de Luiz Eduardo Carneiro da Costa. Vamos começar nosso artigo de hoje com este último, fazendo de antemão uma correção. O pai de Luiz não era Aurio, como me pareceu, mas Aério, como veremos a seguir, conforme me confirmou Valdemar, meu irmão, e o próprio Luiz Eduardo.

A quatorze de setembro de mil novecentos e quarenta e seis, nesta Catedral de Nossa Senhora da Apresentação, batizei solenemente a Luiz Eduardo, nascido a vinte e cinco de agosto de mil novecentos e quarenta e seis, filho de Aério Nicolau da Costa e de sua esposa D. Maria Otília Carneiro da Costa, avós paternos Sidrônio Nicolau da Costa e Anna Diamantina Costa; maternos Pedro Carneiro e Germina Morais Carneiro. Padrinhos José Lucena e Georgina Morais Lucena, Av. Rio Branco, 682. E para constar mandei fazer este termo que assino. Monsenhor José Alves Ferreira Landim.

Segundo Luiz Eduardo, seus pais moravam em Nova Cruz, mas por falta de parteira, sua mãe veio para Natal, e ele nasceu na casa de José Lucena e Dona Georgina. Dona Germina, avó de Luiz, era irmã de D. Georgina. Por um jornal, datado de 1911, da Hemeroteca Nacional, vi que Sidrônio Nicolau da Costa foi criador em Alagôa Grande, Paraíba. Casou em 1970 com Walquíria Borges.

Dra. Irandir, ginecologista, é médica de minha esposa. Seu nome, como é comum por estas terras, veio da combinação dos nomes dos pais dela.

Aos dois de fevereiro de mil novecentos e quarenta e sete nesta Catedral de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, o Reverendíssimo Monsenhor João da Mata Paiva, Vigário Geral, batizou solenemente a Irandir Maria, nascida a quatorze de setembro de mil novecentos e quarenta e seis, à Travessa Pitimbú, 29, residência dos seus pais, filha de Jandir Dias de Souza e de sua esposa D. Iraci Bezerra de Souza, neta paterna de João Paulino de Souza e Juvina Dias de Souza, e materna de Pedro de Sá Bezerra e Beatriz Campos Bezerra. Padrinhos os avós paternos. E para constar mandei lavrar este termo que assino. Monsenhor Jose Alves Ferreira Landim. Pároco.
Na lateral do registro, há a informação que casou em 26 de agosto de 1973, com Romildo Batista de Farias (ou Faria), na Igreja de Nossa Senhora do O’ de Caicó.
Eurico Alecrim foi colega do Colégio Marista e, depois, contemporâneo, no Governo de Garibaldi Filho. Ocupou a Secretaria Adjunta de Recursos Hídricos. Irmão de Jomar Alecrim, que foi Pró-Reitor na UFRN. Segue batismo.

Aos treze de dezembro de 1946, na Catedral de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, o Reverendíssimo Coadjutor Padre Benedito Basílio Alves, batizou solenemente a José Eurico Alecrim Filho, nascido a vinte e dois de janeiro de mil novecentos e quarenta e cinco, à Rua Laranjeiras nº 30, residência dos pais, filho legítimo de José Eurico Alecrim  e D. Maria Anunciada Andrade Alecrim, funcionários federais, naturais do estado, neto paterno de Lourenço da Costa Alecrim e Amélia Ferreira Alecrim, e materno de José Teixeira de Andrade e Cândida (Josefina) Teixeira de Andrade. Padrinhos Manoel Procópio de Moura, Tabelião Público, e sua esposa D. Lídia Pereira de Moura, Rua Vigário Bartolomeu, 606. E para constar mandei lavra este termo que assino. Monsenhor José Alves Ferreira Landim.

Outro colega de marista foi Odemar, irmão do neurologista João Rabelo. Segue o batismo dele.

Aos vinte e três de junho de mil novecentos e quarenta e seis, nesta Catedral de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, batizei solenemente a Odemar Guilherme Caldas Junior, nascido a dezesseis de março de mil novecentos e quarenta e seis, à Rua Ceará-mirim, 269, residência dos pais, filho legítimo de Odemar Guilherme Caldas, militar, e de sua esposa D. Laura Rabelo Caldas, doméstica, neto paterno de Alfredo Guilherme de Sousa Caldas, e de Rita Câmara de Sousa Caldas; neto materno de João Batista Ferreira Rabelo e Hercília de Carvalho Rabelo. Padrinhos o 2º tenente Severino de Oliveira Mendes, e esposa D. Maria Amélia Mendes. E para constar mandei fazer este termo que assino. Monsenhor José Landim.

Informação lateral do registro diz que casou em 1 de fevereiro de 1969, com Olga Maria Rodrigues Bezerra, na Igreja Bom Jesus. D. Laura era irmã de Luiz de Carvalho Rabelo, príncipe dos trovadores potiguares.
Outro contemporâneo, no governo do Estado, foi Carlos José, que atuava no Departamento Estadual de Imprensa. É irmão de Isolda Melo Lemos e tio de Rubens Lemos Filho.

Aos nove de novembro de mil novecentos e quarenta e sete, nesta Catedral de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, o Reverendíssimo Coadjutor Padre Benedito Basílio Alves, batizou solenemente a Carlos José Carneiro de Melo, nascido a nove de janeiro de mil novecentos e quarenta e seis, à Rua Camboim, 759, residência dos pais, filho legítimo de Joaquim Carlos de Melo, técnico agrícola, e de sua esposa D. Maria do Carmo Carneiro de Melo, neto paterno de Carlos Policarpo de Melo e Maria Calipsa de Melo; e materno de José Calazans Carneiro e Rita Gleyderst (?) Carneiro Padrinhos Bel. Manoel Augusto Bezerra de Araújo e D. Maria Olga Bezerril de Araújo, residentes à av. Rio Branco, 784. E para constar mandei fazer este termo que assino. Monsenhor José Alves Ferreira Landim.
Batismo de Jomar, irmão de Eurico

11/02/2014

KEYNES, KALECKI E O UNIVERSO CAPITALISTA - POR TOMISLAV R. FEMINICK.
 
 
 Os acontecimentos sociopolíticos dos anos 1920/1930 construíram um palco onde se defrontavam as duas principais teorias econômicas que tratam da presença do Estado na economia. Nos países que aplicavam o conceito do “Estado mínimo”, associado à doutrina do laissez-faire, viram aparecer os oligopólios, monopólios e o lado mais desumano do capitalismo primitivo: o capitalismo selvagem. Na União Soviética, onde se instalava a “ditadura do proletariado” e o conceito socialista do “Estado máximo”, se registrava um significativo aumento da produção industrial, não obstante a burocracia, a ineficiência administrativa e a preponderância da vontade pessoal dos líderes partidários. Completava o cenário a grande crise provocada pela quebra da Bolsa de New York em 1929, que gerou um grave desequilíbrio conjuntural nos Estados Unidos, que logo se irradiou pela economia mundial, inclusive a soviética. Nesse contexto despontaram dois nomes no estudo do universo capitalista: o inglês John Maynard Keynes e o polonês Michael Kalecki. Contemporâneos, eles desenvolveram teorias parecidas, porém com enfoques opostos. Coincidiram somente quando aos fatores determinantes do nível de renda, eficiência marginal do capital, multiplicador econômico, preços e taxas de salário, fatores psicológicos e variação de consumo etc. A obra do Lorde Keynes possui conotações e características liberais, aceitando a intervenção do governo somente como forma de suplementar a insuficiência da demanda do setor privado e rejeitando a propriedade coletiva dos meios de produção. Suas objeções ao capitalismo selvagem tiveram origem em motivos morais e estéticos, o que não o tomava um socialista. Durante algum tempo, Kalecki foi tido apenas como mais um economista keynesiano, porém com um embasamento teórico-econômico totalmente marxista, pois que estudara quase que somente a economia marxista, notadamente Tugan-Baranovski e Rosa Luxemburg (temas de seu livro “Crescimento e ciclo capitalista”, Hucitec, 1977). Apesar de suas claras oposições em relação ao capitalismo e de seus atritos com a conduta capitalista quando trabalhava na ONU, Kalecki foi acusado de “não marxista, de orientar seus colegas e colaboradores para posições antimarxistas”, isto talvez por causa do seu rigor científico, em contraposição ao dogmatismo do marxismo ortodoxo. O maior divisor entre as posições de Kalecki e Keynes situa-se no objetivo com que ambos se propuseram a estudar as crises do capitalismo. Enquanto Keynes estava pesquisando as causas das crises, objetivando salvar o capitalismo das suas contradições e imperfeições, Kalecki tinha por escopo evidenciar as possíveis causas do seu hipotético colapso. Keynes dizia que o conhecimento das leis economias que regulam o capitalismo faria com que as pessoas tenderiam a ser mais responsáveis a respeito das decisões econômicas, o que traria mais prosperidade e felicidade para todos, tornando o mundo um lugar melhor para se viver. Kalecki pensava que só o Governo pode forçar condições econômicas ideais, principalmente nas épocas de baixa do ciclo econômico. Há que se ressaltar a própria opinião de Kalecki sobre suas ideias. Perguntado se suas opiniões não iriam afrontar os teóricos socialistas, ele respondeu que sua preocupação era fazer ciência e não criar dogmas. Em 1968 o governo da Polônia, controlado pelos soviéticos, afastou Kalecki de todos os cargos público. Keynes e Kalecki, cada um a seu modo, criaram instrumentos para que o capitalismo ultrapassasse a crise de 1929 e, também, a de 2007/2008. 
 
Tribuna do Norte. Natal, 09 fev. 2014.
 
(*) Mestre em Economia e Contador

08/02/2014

Primeira reunião da Diretoria do IHGRN do ano de 2014

Na sessão realizada no dia 07 de fevereiro de 2014, foram tratados dos assuntos seguintes:

 O Presidente Valério Mesquita iniciou os trabalhos da primeira reunião da Diretoria do ano de 2014, pelas 9,30 horas, dando as boas vindas a todos e dizendo do propósito de muito trabalho e realizações em favor do Instituto. Em seguida deu a palavra ao Secretário-Geral que prestou algumas informações: 1) Durante o recesso ocorreram várias reuniões informais para a tomada de providências necessárias ao funcionamento do Instituto, citando-se, em particular, a reunião administrativa e técnica ocorrida no IPHAN onde as nossas arquitetas Alenuska e Dulce Albuquerque trocaram informações com a equipe do IPHAN, acertando detalhes de projetos complementares; 2) Comunicou que no recesso houve o furto da fiação de cobre do ar condicionado do Memorial Oriano de Almeida, do que se deu parte à Delegacia de Polícia da cidade alta e se providenciou a reinstalação do aparelho agora em parte interna do prédio, longe da vista e mais seguro; 3) Foi efetuado o pagamento dos salários do pessoal do mês de janeiro, mas é preciso lutar pela regularidade dos meses seguintes providenciando o trabalho de cobrança das anuidades; 4) Ocorreu o falecimento do confrade Ronaldo Villaça e o Presidente apresentou o pesar do IHGRN e oficiou esse pesar aos familiares do falecido;  5) Foi recebida a visita do confrade Cláudio Galvão que entregou exemplares do CD da obra musical de Tonheca Dantas; 6) Houve um encontro administrativo com a Superintendência do Banco do Nordeste para a celebração de parcerias para as obras do Instituto; 7) Ocorreu nova reunião técnica no IPHAN complementando encaminhamentos anteriores do que ficou acertado que o referido órgão encampará a licitação para a elaboração do projeto de reforma do IHGRN para inclusão no plano nacional de recuperação do patrimônio histórico; 8) O mesmo Secretário-Geral apresentou minuta de Ofício Circular sobre a cobrança da anuidade 2014 e recuperação das dívidas dos anos anteriores para ser apreciada pela Diretoria; 9) A prestação de contas do IHGRN, exercício 2013 está concluída e será encaminhada ao Conselho Fiscal para breve apreciação da Entidade; 10) Pediu a atenção de todos para a necessidade de reativação do Convênio com a PMN já estando sendo feito o atendimento das diligências da prestação de Contas do quanto já recebido; 11) Esteve com a Reitora tratando dos Convênios com a UFRN, o que deverá ser devidamente deliberado na presente reunião; 12) Por derradeiro, deu conta de problema enfrentado para a localização de um manuscrito de Stela Wanderley que se encontrava na estante desta sala e foi levada pelo sócio Anderson Tavares para guardar em local mais seguro e não foi localizado; 13) A Secretária Betânia Ramalho nos procurou para reativar as idéias de convênios e agendará audiência. O Presidente complementou: 1) dando mais esclarecimentos sobre o assunto do IPHAN; 2) informou que temos recursos já alocados para o orçamento de 2014 e depositado recursos do ano passado e está sendo levantado esse total de recursos e quem foi responsável por cada emenda; 3) Comunicou uma audiência acertada com o Banco do Nordeste para terça-feira próxima às 10,30 horas, junto ao Superintendente Francisco Carlos Cavalcanti. Com a palavra o confrade Tomislav informou que esteve na Federação da Indústria e ventilou a possibilidade de nova ajuda financeira, parte em dinheiro e parte em financiamento de livro de sua autoria com renda para o Instituto – para isso vai98 procurar Fernando para acertar um encontro. Com a palavra Edgar Dantas esclareceu que iria procurar a UFRN para ultimar a celebração do Convênio para o levantamento do acervo do IHGRN; disse do nosso interesse em acompanhar a restauração do Forte dos Reis Magos, oportunidade em que o confrade Odúlio Botelho esclareceu que o assunto foi ventilado na reunião do IPHAN e que nós seríamos convidados. Com a palavra George Veras disse da necessidade de pagamento urgente de contas em atraso. Falou, ainda sobre a necessidade de acompanhar a questão da preservação das pedras históricas da rua Pax na cidade alta. Por último, com a palavra o confrade Eduardo Gosson, deu conta da localização de um documento histórico da posse de todos os Governadores do Estado localizado no Memorial Vicente Lemos e a doação do processo referente à passagem da Coluna Prestes por São Miguel. Informou que a UBE vai lançar e o livro de Diolinda Garcia de poesia e prosa no dia 12 de março, 19 horas, Buffet Renata Motta – e no dia 10 de março a comemoração do centenário do Dr. Moacir Lucena na ANRL.. 

06/02/2014


(foto publicada na internet pelo blog VENTO NORDESTE)

Atheneu: 180 Anos !
Juarez Chagas/Professor do Centro de Biociências da UFRN (Juarez@cb.ufrn.br)

          Foi em Natal neste 03 de Fevereiro de 2014, numa Segunda-Feira ensolarada que, no atual prédio, em forma arquitetônica de X, sua 3ª sede (e esperamos que seja a última e definitiva), na Av. Campos Sales, 393 que o Atheneu Norteriograndense, o Colégio Público mais antigo do Brasil, completou 180 anos de existência (1834-2014).
          O início das festividades, segundo constou do convite público, estava marcado para as 8hs da manhã, entretanto desde mais cedo a movimentação interna do Colégio era intensa para que tudo corresse bem, mesmo de forma simples, porém, no sentido de seu valor histórico e tradicional, pomposa ao mesmo tempo.
          Além da festa organizada pela direção do Colégio, através da professora Sissi Targino e da Secretaria de Educação do Estado, envolveram-se na mesma, o Grêmio Estudantil Celestino Pimentel e a Associação dos Ex-Alunos do Atheneu Norteriograndense, cujas participações abrilhantaram este momento único, onde a vinte anos de completar dois séculos, o Atheneu, apesar de ter perdido sua esmerada qualidade de ensino, ainda mantém sua tradição e exemplo como o marco indestrutível na educação do Rio Grande do Norte.
          O presente artigo (o primeiro após voltar de férias) faz parte das homenagens a este grandioso templo do saber, como era outrora denominado por uma casta de educadores e educados que por ele passaram, tanto como alunos, como renomado mestres, pois não podíamos deixar de prestar sentimentos de gratidão por tudo que foi e é o ATHENEU.
          Depois de chamados a compor seus assentos, no piso de cima do Colégio e seguir os primeiros momentos da programação da solenidade é que ficou amplamente visível seu diversificado e atento público. Foi notório a presença saudosa, simpática e curiosa dos antigos alunos e professores, notadamente satisfeitos com o momento e cientes de que foram participantes ativos da história do velho e glorioso Atheneu. Dentre eles podemos destacar Diógenes da Cunha Lima, Dalton Melo, Jardelino Lucena, Túlio Fernandes, Felipe da Trindade e muitas outras pessoas de igual importância pelo que foram e representaram para o Colégio e seu tempo, tais quais profa. Marta Araújo (UFRN), Jurandyr Navarro (IHGRN), Antônio Arruda (meu irmão),Vera Arruda, Marcius Frederico Cortez (sobrinho neto de Mons. Alfredo Pegado, Ticiano Duarte, Fernado Leitão ( de costas, primo de Fred), profa. Marta Araújo (UFRN), Dr. Marco Aurélio Cavalcanti prof. do Atheneu, Floriano Cavalcanti), Ana Maria Cascudo (única filha de Câmara Cascudo), Carlos Veras ( IHGRN), Marta Araújo, Maria Lúcia de Amorim Garcia (sobrinha neta de Odilon Garcia, primeiro prof. de Inglês do Atheneu), Ricardo Pinheiro (filho do ex-prof. Rivaldo Pinheiro),  Luiz Cortez (historiador), Maria do Carmo Dantas Dias (ex-aluna e mãe da ex jogadora de vôlei, Virna),  Itamar de Souza (Historiador), Paulo de Tarso Correia de Melo (poeta, escritor, do coselho de cultura),  Domingos Guará (Filho do professor José Guará), para citar apenas estes.
          Quanto aos mais recentes (comparados às velhas gerações atheneuenses) também estavam presentes, Célia Padilha, Arilza Pereira, Jaito Fabricio Alves, Fernando de Goes Filho, Albimar Furtado, Públio José, os membros da diretoria da Associação dos Ex-alunos do Atheneu (Naldemir Saraiva, Jacqueline Salviano, Vera Mariano, Esdras Nobre, Marta Forte, Arilza Pereira, Juarez Chagas).
          Na ocasião foi lançado o livro intitulado “Construtores da Ágora Soberana Potiguar-Múltiplas Memórias”, sobre os professores do Atheneu Norteriograndense, entre os anos 1920 e 1960, organizado pelo escritor e poeta Diógenes da Cunha Lima e professora Eva Cristina Arruda Câmara Barros. Evidentemente, mais um importante documento prestigiando antigos mestres do Glorioso Templo do Saber, o Atheneu.
         Muitos discursos foram proferidos e aplaudidos, cada um diferente do outro, porém todos enaltecendo o Atheneu e sua importância história e tradicional para o ensino do Estado. A governadora Rosalba Ciarlini não se fez presente. Foi representada pela secretária de Educação, Dra. Bethânia Ramalho, em cujo discurso enfatizou a promessa do governo de reformar o Colégio, que se encontrava há anos em estado físico deplorável, mas agora cumprida. Entretanto, por outro lado, a fala da vereadora Eleika Bezerra Guerreiro, em sentido contrário, cobrou mais empenho e atenção, não somente para o Atheneu, mas também para a educação do Estado como um todo. Na verdade, o que muitos gostariam de ter dito e não falaram.
          O discurso do Dr. Diógenes da Cunha Lima, dinâmico e elegante como sempre versou sobre seu tempo de aluno do Atheneu, onde também foi representante estudantil e, posteriormente, depois de concluir o curso, também professor. Falou dos eminentes professores de sua época, como Câmara Cascudo, Celestino Pimentel, Monsenhor Mata e outros que, igualmente abrilhantaram este secular educandário. Via-se orgulho e emoção nos rostos que usaram da palavra para homenagear o aniversariante. Uma bela festa plena de riqueza emocional, tradição e história!
          Com exceção da professora Eleika e a presença do vereador Hugo Manso, foi notório a ausência de outros políticos que, ao contrário do momento da mobilização feita o ano passado, denominada “Abraço do Atheneu”, organizada pela Associação dos Ex-Alunos do Atheneu, para cobrar do Governo ações e reformas e salvar o Colégio, onde vários políticos e outros segmentos da sociedade se fizeram presentes, já nesta solenidade de comemoração dos 180 anos do Atheneu, estes não se fizeram presentes, assim como a imprensa também não prestigiou o evento.
          Aproveito a oportunidade, para informar que a Associação dos Ex-Alunos do Atheneu Norteriograndense agora é uma realidade e mais um segmento oficial renovado para defender e ajudar o Colégio no que for ético, possível e pertinente, segundo seus estatutos e boa vontade dos ex-alunos deste douto Colégio. Aqueles que se associaram até a data da comemoração deste aniversário, serão considerados fundadores da Associação, em sua nova fase. E aqueles que quiserem se associar para tornar o Atheneu mais forte e no lugar que sempre mereceu estar, devem procurar a Associação para, juntos tornarmos esta organização forte em prol Colégio mais importante do Rio Grande do Norte, em todos os tempos!