22/05/2013


Maria Antonia Fontes Taylor, matriarca dos Tassinos


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG

Francisco Xavier de Menezes, que presidiu a Câmara Municipal de Angicos no período que vai de 1853 até 1855, era casado com Dona Maria Antonia Fontes Taylor. Segundo Aluízio Alves, no livro “Angicos”: angicano dos mais esforçados, e que, na época, desempenhou notável influencia, político-social no município. Filho de Francisco Alexandre Xavier, a quem não eram tão minguados os recursos financeiros, pôde cursar a Faculdade de Medicina da Bahia, até o 4º ano, deixando de concluir o curso por motivos ignorados. Foi ainda, segundo Aluízio, secretário da Câmara, Escrivão Público Judicial de Notas, Professor, Agrimensor, Vacinador Oficial, Capitão-cirurgião-mor do Comandante Superior da Guarda Nacional, em Angicos e Macau, e finalmente licenciou-se advogado pela Relação da Província.
Há um registro de batismo, faltando partes, onde encontramos a naturalidade de Maria Antonia. Nele este escrito: Gerôncio, filho legítimo de Francisco Xavier de Menezes e de Maria Antonia de Fontes Taylor, falecida, naturais, ela do Reino da Inglaterra, e ele, desta freguesia de Angicos, aqui falta a parte baixa do registro, mas no verso continua com, foi por mim batizado com os santos óleos nesta matriz de São José de Angicos, aos vinte e oito do mesmo ano; foram padrinhos Jerônimo Cabal Pereira de Macedo por seu procurador Antonio Bernardo Alves, casado, e Damásia Lopes Viégas, solteira, moradores nesta mesma freguesia. Do que para constar faço este assento que assino. O vigário Felis Alves de Sousa.
Pelos registros próximos, isso se deu no ano de 1854. Como no batismo, Dona Antonia já não existia, suspeitei logo, que tivesse falecido de parto, e fui atrás do seu óbito nesse ano, o que encontrei: aos dez dias do mês de maio de mil oitocentos e cinquenta e quatro, foi sepultado nesta Matriz do Glorioso São José de Angicos, acima das grades, o cadáver de Maria Antonia Fontes Taylor, falecida de parto, sem sacramentos, na idade de quarenta e seis anos, foi envolta em branco, por mim encomendada, do que para constar faço este termo e assino, o vigário Felis Alves de Sousa.
Pela informação acima, se não houve erros, Maria Antonia teve o filho com mais de 40 anos. Vejamos que outros filhos ela teve. Comecemos com os gêmeos João e Manoel.
João, branco, filho legítimo de Francisco Xavier de Menezes e de Maria Antonia de Fontes Taylor, nasceu a 23 de outubro de 1851, e foi batizado, na matriz, a 27 de dezembro do dito ano, sendo padrinhos José Alves da Costa Machado e Constância Maria da Conceição, casados; Felis Alves de Sousa, vigário Colado de Angicos.
Manoel, filho legítimo de Francisco Xavier de Menezes, e de Maria Antonia de Fontes Taylor, nasceu a 23 de outubro de 1851, e foi batizado, na matriz, a 27 de dezembro do dito anos, sendo padrinhos Alexandre Xavier da Costa e Joanna Maria da Conceição, casados; Vigário Felis Alves de Sousa, vigário Colado de Angicos.
João Domício Xavier de Menezes, um dos gêmeos, casou, em 26 de agosto de 1876, com Anna Francisca de Azevedo, filha de Vicente Ferreira Xavier de Azevedo e Francisca Rosalina de Vasconcelos. Esse Vicente, meu tio bisavô, era filho de Vicente Ferreira Xavier da Cruz e da sua primeira esposa Maria Francisca Duarte. Vicente, pai de Anna, faleceu moço, com apenas 30 anos, de febre amarela.
Adelaide, filha legítima de Francisco Xavier de Menezes, e D. Maria Antonia de Fontes Taylor, nasceu aos nove de agosto de mil oitocentos e quarenta e cinco, e foi batizado a vinte e um de dezembro do mesmo ano, em oratório privado, na cidade do Assú, sendo padrinhos o reverendo Vigário Manoel Januário Bezerra Cavalcanti, e Francisca Rodrigues da Costa por procuração que apresentaram aquele do capitão Jacinto João da Ora, e esta de D. Rita Virgina de Santa Ana. Adelaide Angélica Xavier de Menezes foi a primeira esposa de José Paulino Teixeira de Sousa, filho de José Vitaliano Teixeira de Sousa e Urbana Teixeira de Sousa. Eles casaram em 12 de janeiro de 1874.
Emília, branca, filha legítima de Francisco Xavier de Menezes, e D. Maria Antônia de Fontes Taylor, nasceu a vinte e dois de junho de mil oitocentos, e quarenta e sete, e foi batizada, a vinte e três do dito mês pelo padre Francisco Theodósio de Seixas Baylon, in articulo mortis, recebeu os santos óleos, que lhe impôs, a dois de abril de quarenta e nove; foram padrinhos, o mesmo padre Baylon, e por procuração de José Joaquim Bezerra Cavalcanti. Emília Victorina Xavier de Menezes casou com Francisco Germano da Costa Ferreira, filho de Florêncio Octaviano da Costa Ferreira e Ignez Lucania da Costa Ferreira. O casamento foi em 31 de maio de 1874.
O Professor, Juvêncio Tassino Xavier de Menezes, natural da Vila de Imperatriz, outro filho do casal Francisco Xavier e Maria Antonia, casou, em 18 de setembro de 1864, com Theresa Maria de Jesus, viúva de Francisco Pedro Xavier da Costa. Dona Theresa faleceu de parto em 1869, com a idade de 36 anos. Com um mês faleceu a filha do casal, Maria, com um mês de idade. Thereza era irmã da minha bisavó, Francisca Rita Xavier da Costa. Em 7 de janeiro de 1855, o pai de Juvêncio, viúvo de Maria Antonia, tinha se casado com Bernarda Francisca da Costa, irmã de Theresa.
Juvêncio casou outras vezes. Eu conheci na Fazenda de Paulo Leitão de Almeida, em Lagoa Salgada, Maria da Conceição Tassino de Araújo, mais conhecida por Mary, filha de Luiz Tassino, e neta paterna de Juvencio Tassino e Marcolina Gouveia Varela. Dona Mary é a mãe de Marcos, Márcio e Maurício Tassino.

20/05/2013

VIDA NOVA AOS MUSEUS
 
FRANKLIN JORGE, Jornalista
 
A governadora Rosalba Ciarline concedeu sobrevida aos museus de Natal, ao assinar na última segunda-feira contrato com as empresas Magnetoscópio para elaboração do projeto de revitalização do Memorial Câmara Cascudo. Na mesma ocasião, também foi assinado contrato com a Paluana Comunicação, para elaboração do projeto de revitalização do Forte dos Reis Magos. Foi na abertura da 11ª. Semana de Museus, em ato público na Pinacoteca do Estado, instalada no Palácio Potengi. A solenidade foi Salão Nobre do Palácio Potengi, onde está instalada a Pinacoteca do Estado. Outros museus da capital, como a própria Pinacoteca, serão oportunamente revitalizados, como o Museu de História Café Filho e o Museu de Arte Sacra, administrados pela Fundação José Augusto.
Não é nova a noticia em pauta, mas a ação, sim. Há muitos os nossos museus tem vivido entregues ao deus-dará, sem programação e sem infraestrutura compatível com as necessidades de uma vida útil e ativa, sob sucessivos governos que não tem feito os investimentos que teriam evitado que chegassem ao atual estado de abandono. O Museu Nilo Pereira, por exemplo, instalado no antigo engenho Guaporé, no Ceará-Mirim, está reduzido a uma ruína há muitos anos, como um monumento ao descaso e a inexistência de políticas culturais regulares, sistemáticas, capazes de despertar em cada um a consciência de que é dever de todos cuidar do nosso patrimônio histórico e cultural.
Historicamente, nossas coleções tem sido saqueadas ou sofrem as consequências da falta de manutenção e restauração de peças que são únicas e que, a cada governo, tem sofrido as ações do tempo e da falta de cuidados regulares que culminaram com o notável abandono do Forte dos Reis Magos, um dos museus que se beneficiam com a assinatura desse contrato celebrado no Salão Nobre da Pinacoteca, em meio às obras que constituem a mostra em cartaz, montada a partir do acervo permanente da Pinacoteca.
Foi o primeiro passo em uma direção nova, num momento em que tem aumentado, entre jovens e adultos, o interesse em nossa cidade pelas atividades culturais, de que é exemplo o sucesso da Casa da Ribeira, que está se transformando em o nosso mais importante centro de arte e, como tal, reconhecido por natalenses e por todos aqueles que nos visitam e procuram conhecer as expressões legitimas de uma cultura que não é provinciana. Também o Campus do Instituto Federal (IFRN) já conquistou a confiança e a simpatia de uma significativa parcela de público que deseja um contato efetivo com as artes, segundo um modelo despretensioso e bem cuidado que parece ter caído no gosto de todos. Também o Núcleo de Arte da UFRN tem se renovado, neste momento, atraindo artistas em busca de canais afinados com a contemporaneidade.
Embora um tanto tardiamente, por esforço dos que se dedicam à criação, a arte popular urbana desembarcou em Natal, como vimos recentemente nas praias, sob a forma de intervenções estéticas que já fazem parte da cultura de outros centros mais antenados com a modernidade. Nesse contexto, a Fundação José Augusto contribuiu com o seu Museu Tá na Praia, armado aos pés da estátua de Iemanjá com reproduções de obras pertencentes à Pinacoteca do Estado, entre as quais, O Julgamento de Frei Miguelinho, do artista Antonio Parreiras, adquirida em 1918 pelo governo do estado. Uma das joias da Pinacoteca.
Há outros museus em Natal e na Grande Natal, pertencentes à Universidade Federal e a particulares, como o Museu das Naus criado pelo arquiteto João Maurício, instalado no Iate Clube, e o Museu das Xícaras, do Café Santa Clara. Estaria passando por uma reforma.
 
ARTE SACRA
O Seminário de São Pedro quer realizar uma grande exposição baseada no acervo de arte sacra e objetos litúrgicos, além de uma moeda de 33 antes de Cristo. São 900 peças reunidas pelo Cônego José Mario de Medeiros em seu Eremitério em Macaíba, um museu que abre à visitação apenas uma vez por mês. Há vários objetos que pertenceram a papas, entre os quais, o véu mortuário que cobriu o rosto do papa João XXIII e o cálice em que bebia o papa Paulo V. Escolheram a Pinacoteca do Estado como o espaço adequado a uma mostra tão distinta.
 
SALLY FOSTER NO AÇU
A fotógrafa americana Sally Foster (de Baltimore), veio ao Rio Grande do Norte em 1964, integrando o Corpo da Paz, para prestar serviço voluntário aos flagelados da grande enchente que avassalou a várzea do Açu. Nessa primeira de três visitas ao estado, fez registros fotográficos que mostram uma Açu muito diferente da que conhecemos hoje. Há fotos de Ponta Negra, de Ipanguaçu e da redondeza. Sugeri ao prefeito Ivan Junior que promova uma exposição dessas obras e as recolha depois ao acervo da Casa de Cultura, que precisa ganhar vida e atuar sobre a vida cultural da cidade antigamente famosa por seus jornais, sua poesia, seu teatro e cultura letrada e popular. Sally Foster é autora de livros de fotografias bem editados em seu país. Devemos-lhe essa honra.

16/05/2013


                                                        
Dia do nosso índio

Coluna Roda Viva, do jornalista Cassiano Arruda Câmara, publicada na edição deste quinta-feira (16) do NOVO JORNAL

15 de Maio de 2013
Cassiano Arruda Câmara
DO NOVO JORNAL
O dia de hoje deveria merecer uma maior atenção por parte, sobretudo, de segmentos da comunidade acadêmica, acrescida de alguns oportunistas políticos e espertalhões de plantão que continuam tentando criar algum tipo de polêmica em torno da “questão indígena no Rio Grande do Norte”.

Há exatamente 380 anos, no dia de hoje, uma Carta Régia concedeu ao índio Poti o nome de Felipe Camarão. Pela primeira foi outorgado vez a um ameríndio o instrumento de cidadania que só os cidadãos portugueses tinham direito: um brasão d´armas.

Na mesma Carta Régia, Felipe Camarão foi nomeado “Capitão-mor de todos os índios do Brasil”. Terminou sendo um ato político da maior importância porque permitiu que os ameríndios assumissem a cidadania portuguesa, seguindo o exemplo do seu principal líder. Para o bem ou para o mal, este fato representou a renúncia aos antigos hábitos e costumes, e a adesão ampla, total e irrestrita a uma nova cultura. A cultura do colonizador.

Quando um ex-presidente da Funai, entidade responsável pelas políticas indígenas do Brasil, o norte-rio-grandense Mércio Gomes, afirma – com toda autoridade - que no Rio Grande do Norte não existem mais resquícios de qualquer agrupamento de cultura indígena, é possível que seja a conseqüência desta Carta Régia que hoje completa 380 anos.

Num país que permite a auto-escolha da própria opção de raça, e “ser índio” tornou-se profissão para quem assume essa condição, e um ótimo negócio para quem é capaz de manipular esses profissionais, nosso Rio Grande do Norte se coloca como uma exceção, não existindo nenhum território indígena reconhecido.

Mesmo assim, no Censo de 2010, no Rio Grande do Norte, 2.597 pessoas se definiram como índios. Um detalhe importante: enquanto no Brasil o número dos auto proclamados índios cresceu 205%, aqui houve uma redução dessa população, num total de 2.597 indivíduos, mesmo com todos os estímulos oferecidos por “pesquisadores” interessados em “defender” esses índios, sobretudo com a perspectiva de conquista das suas terras ancestrais.

Por conta do calendário promocional, a cada dia 19 de abril é que aparecem alguns dos nossos índios, alguns dos quais com características biofísicas sem similar entre os indígenas, do Alasca até a Patagônia. Nada contra as comemorações do Dia do Índio, mas o dia 16 de Maio deveria merecer uma maior atenção, inclusive sobre o real impacto da Coroa Portuguesa na formação da sociedade norte-rio-grandense.

Felipe Camarão, nosso primeiro herói conhecido, continua pouco estudado, sobretudo fora do contexto de reação, como representante de Portugal, aos invasores holandeses. Mas em determinados momentos seu nome tem servido para denominar alguns procedimentos oficiais, quando se pretende evocar um mínimo de tradição. Aliás, de acordo com os ventos da política estadual, essa prática atingiu também a companheira dele, Clara Camarão, que virou até nome de refinaria da Petrobrás. Embora não se tratasse de uma refinaria de verdade...

Qualquer estudo sério sobre a questão indígena no Rio Grande do Norte não pode deixar de se aprofundar no estudo desse episódio, por menos interesse que possa ter para quem sonha em batalhar para um retorno ao estágio selvagem de nossa primitiva população.

15/05/2013

Francisco Xavier de Sousa, lá do Sertão Central Cabugi (III)


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Meu amigo e parente, promotor aposentado, Pedro Avelino Neto, é quem nos guia, inicialmente, na direção do velho Francisco Xavier de Sousa. Segundo Pedro, seus pais eram José Avelino Monteiro e Lídia Avelino de França, sendo seus avós paternos Pedro Avelino Monteiro e Militana Xavier Avelino. Pedro Avelino Monteiro era filho de Manoel Antonio da Costa Monteiro e Agostinha Maria Martins Bezerra, minha tia bisavó.

Militana, filha de Francisco Xavier de Jesus Maria e Antonia Regina Maria das Virgens, nasceu aos 10 de março de 1883, e teve como padrinhos de batismo Ildefonso Virgulino e sua mulher Olímpia Olívia Ferreira, moradores em Macau, por seus procuradores José Francisco Alves de Sousa e Maria Ignácia Alves de Sousa. Seu pai, Francisco Xavier de Jesus Maria, outro filho do velho Francisco Xavier e Josefa Francisca, casou, no Curral dos Padres, em 9 de novembro de 1864, com Antonia Regina Maria das Virgens, natural de Extremoz, filha de José Pedro da Silveira e Catarina Maria da Assumpção, sendo testemunhas Trajano Xavier da Costa e Antonio Valério da Costa Maria.  Francisco, em vários registros, aparece como Francisco Xavier de Souza Filho.

Entres os filhos de Francisco e Antonia Regina ou Régia, citamos: Francisco, nascido aos 27 de março de 1878, sendo padrinhos de batismo, Francisco Ribeiro de Sousa e Maria Senhorinha Barbalho Bezerra; Abílio, nascido aos 5 de junho de 1879,  tendo como padrinhos José Avelino Martins Bezerra e Josefa Maria da Costa Bezerra; Cândida,  nascida aos 4 de setembro de 1880,  foi batizada no sítio Curral dos Padres,  sendo padrinhos Onofre José Soares e sua mulher Maria do Carmo do Amor Divino, por seus procuradores Antonio Valério da Costa Maria e sua mulher Leonídia Francisca Xavier; Maria,  nascida em 6 de março de 1872, em Curral dos Padres,  foi batizada nesse mesmo local,  pelo missionário frei Serafim de Catania, sendo padrinhos Vicente Verdeixa Xavier de Sousa e Ana Francisca Maria da Anunciação; Luiz,  nascido aos 7 de janeiro de 1874, foi batizado, na Matriz,  sendo padrinhos José Marianno Xavier de Sousa e Francisca das Chagas de Sousa Monteiro.

Outro filho de Francisco Xavier de Sousa e Josefa Francisca da Costa é José Mariano.

José Mariano Xavier de Souza casou, em 28 de junho de 1859, com Belízia Francisca Bezerra, filha do tenente-coronel Antonio Francisco Bezerra da Costa (ele meu tetravô) e Vicência Ferreira da Costa (ela minha tia trisavó), com os testemunhos de Miguel Ribeiro Dantas Jr. e Torquato Álvares Bezerra. José Mariano tinha ficado viúvo de sua primeira mulher, Maria Catharina de Sena Virgem.

Entre os filhos do seu primeiro casamento com Maria Catharina, encontramos: Vicente, nascido aos 29 de julho de 1852, batizado no sítio São Paulo, sendo padrinhos Antonio Barbosa Xavier de Sousa e Josefa Leocádia Francisca Bezerra, casados; Maria, nascida aos 24 de março de 1858, e batizada no sítio Carapebas, tendo como padrinhos Manoel Xavier de Sousa, solteiro, e Joanna Cordulina Xavier Ferreira, casada; Josefa Francisca Xavier Bezerra, que casou, em Gaspar Lopes, em 15 de agostos de 1866, com meu tio bisavô, Manoel Jacintho da Trindade, filho de João Miguel da Trindade e Maria Rosa da Conceição; Francisco Anacleto Xavier de Sousa, que casou no sítio Carapebas, em 30 de setembro de 1871, com Joanna Martins Bezerra, minha tia bisavó, filha de Alexandre Avelino da Costa Martins e Anna Francisca Bezerra.  Esta última era filha do tenente-coronel Antonio Francisco Bezerra da Costa e sua primeira esposa Agostinha Monteiro de Sousa, falecida de parto em 2 de julho 1827. Três meses depois, em 2 de outubro de 1827, o tenente-coronel casa com a sobrinha de Agostinha, Vicência Ferreira da Costa, irmã de Alexandre Avelino. Naquela época, ninguém ficava solteiro por muito tempo, e, na maioria das vezes, casava com familiares seus ou da primeira esposa.

Belízia, a segunda esposa do José Mariano, tinha nascido aos 22 de dezembro de 1839, e sido batizada, em 1 de janeiro de 1840, tendo como padrinhos Alexandre Avelino da Costa Martins, meu trisavô, e Maria Xavier da Costa, casada.

Para José Mariano Xavier de Sousa e Belízia encontramos os filhos: Maria, nascida aos 25 de maio de 1860, e batizada no sitio Gaspar Lopes, tendo como padrinhos os avós de cada lado, Antonio Francisco Bezerra da Costa, viúvo, e Josefa Francisca da Costa, casada; Seríaco, nascido aos 16 de março de 1862, e batizado na Matriz, tendo como padrinhos Francisco Xavier de Sousa Filho e Clara Francisca Bezerra, solteira; Josefa nascida aos 1 de junho de 1873,  em Gaspar Lopes, e batizada no sítio São Pedro,  tendo como padrinhos Joaquim Soares Raposo da Câmara e Josefa Francisca da Costa Bezerra por seus procuradores Trajano Xavier da Costa e Joanna Maria Xavier Bezerra; Antonia, nascida aos 24 de janeiro de 1875, e batizada no sítio São Paulo,  tendo como padrinhos Miguel Ribeiro Dantas Junior e sua mulher  Maria Angélica Ribeiro Dantas, por seus procuradores Trajano Xavier da Costa e Maria do O’ Xavier da Silva; Maria Ritta Xavier Bezerra, que casou, em 1 de julho de 1883, com Prisciliano Genário da Costa Bezerra, filho de Alexandre Francisco da Costa Bezerra e Josefa Leocádia da Costa Bezerra.

Manoel, outro filho de Francisco Xavier de Sousa e Josefa Francisca Bezerra, nasceu aos 25 de dezembro de 1839, e foi batizado na Matriz, aos 6 de janeiro de 1840, sendo padrinhos Manoel da Silveira Borges, solteiro, e Sabina Maria da Silva, casada. Como adulto, seu nome era Manoel Xavier da Costa, que casou, na fazenda Juazeiro, em 22 de outubro de 1862, com Maria Francisca Bezerra, filha de Agostinho Barbosa da Silva e Sabina Maria dos Santos sob os testemunhos de José Maria da Silva Grillo e Vicente Verdeixa Xavier de Souza

13/05/2013


Dia da Abolição da Escravatura





A lei assinada pela princesa Isabel não modificou a condição de vida dos negros libertos.

A partir da segunda metade do século XIX, vários intelectuais, escritores, jornalistas e políticos discutiam a relação existente entre a utilização da mão de obra escrava e a questão do desenvolvimento nacional. Enquanto as nações europeias se industrializavam e buscavam formas de ampliar a exploração da mão de obra assalariada, o Brasil se afastava desses modelos de civilidade ao preservar a escravidão como prática rotineira.

De fato, mais do que uma questão moral, a escravidão já apresentava vários sinais de decadência nessa época. A proibição do tráfico encareceu o valor de obtenção de uma peça e a utilização da força de trabalho dos imigrantes europeus já começava a ganhar espaço. Com isso, podemos ver que a necessidade de se abandonar o escravismo representava uma ação indispensável para que o Brasil viesse a se integrar ao processo de expansão do capitalismo.

A Inglaterra, mais importante nação industrial dessa época, realizava enormes pressões para que o governo imperial acabasse com a escravidão. Por de trás de um discurso humanista, os britânicos tinham interesse real em promover a expansão do mercado consumidor brasileiro por meio da formação de uma massa de trabalhadores assalariados. Paralelamente, os centros urbanos brasileiros já percebiam que o custo do trabalhador livre era inferior ao do escravo.

Respondendo a esse conjunto de fatores, o governo brasileiro aprova a Lei Eusébio de Queiroz, que, em 1850, estipulou a proibição do tráfico negreiro. Décadas mais tarde, a Lei do Ventre Livre (1871) previa a liberdade para todos os filhos de escravos. Esses primeiros passos rumo à abolição incitaram a criação da Sociedade Brasileira contra a Escravidão e, três anos mais tarde, no estabelecimento da Confederação Abolicionista, em 1883.

Apesar de toda essa efervescência abolicionista manifestada em artigos de jornal, conferências e na organização de fugas, vários membros da elite rural se opunham a tal projeto. Buscando conter a agitação dos abolicionistas, o Império Brasileiro aprovou a Lei Saraiva-Cotegipe ou Lei dos Sexagenários, que previu, no ano de 1885, a libertação de todos os escravos com mais de 65 anos de idade. Na prática, a lei atingia uma ínfima parcela de escravos que detinham um baixo potencial produtivo.

Dando continuidade à agitação abolicionista, vemos que o ano de 1887 foi marcado pela recusa do Exército brasileiro em perseguir escravos e a clara manifestação da Igreja Católica contra tal prática. No ano seguinte, assumindo o trono provisoriamente no lugar do pai, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, no dia 13 de maio. Possuindo apenas dois artigos, a lei previu a libertação dos escravos em território brasileiro e a revogação de qualquer lei que fosse contrária a essa medida.

Apesar de estabelecer um marco no fim da escravidão, a Lei Áurea não promoveu transformações radicais nos cerca de 750 mil escravos libertos em território brasileiro. Sem nenhum amparo governamental, os alforriados se dirigiram para as grandes cidades ou se mantiveram empregados nas suas propriedades de origem. De fato, ao invés de promover a integração do negro à sociedade, a libertação foi seguida pelo aprofundamento da marginalização das camadas populares no Brasil.
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Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escol

12/05/2013


"Se alguém não acreditar que Maria é a mãe de Deus..."
Uma Visão histórica da formação do dogma
Fonte: Maria, Um espelho para a Igreja
Autor: Raniero Cantalamessa
No Novo Testamento não encontramos explicitamente o título "Mãe de Deus" dado a Maria. Encontramos aí, porém, afirmações que em seguida vão mostrar a reflexão atenta da Igreja, guiada pelo Espírito Santo, já conterem In Nuce esta verdade. Como já vimos, afirma-se que Maria concebeu e deu a luz um filho que é o Filho do Altíssimo, santo e Filho de Deus (Cf. Lc 1,31-32.35). Resulta dos Evangelhos , pois, que Maria é a mãe de um filho do qual se sabe que é o Filho de Deus. Nos Evangelhos ela é comumente chamada de Mãe de Jesus, mãe do Senhor (cf. Lc 1,43), ou simplesmente "a mãe"e "sua mãe" (Cf. Jo 2,1-3). Será preciso que a Igreja, no desenvolvimento da sua fé, esclareça para si mesma quem é Jesus, antes de saber de quem Maria é mãe. Evidentemente Maria não começa a ser Mãe de Deus no concílio de Éfeso de 431, como Jesus não começa a ser Deus no Concílio de Nicéia em 325, quando foi assim definido. Já antes era Mãe de Deus. Mas aquele é o momento na qual a Igreja, no desenvolvimento e na explicitação de sua fé, pressionada pela heresia, toma plena consciência dessa verdade e se posiciona a respeito. Acontece como na descoberta de uma nova estrela : esta não nasce no momento em que sua luz chega à terra e é percebida pelo observador; já existia antes,talves milhares de anos luz é colocada no candelabro do credo da Igreja.
Nesse processo, que leva à proclamação solone de Maria como Mãe de Deus, podemos distinguir três grandes fases que agora vou apontar.
A maternidade "física"de Maria : Época antignóstica
No começo e em todo o período dominado pela luta contra a heresia gnostica e docetista, a maternidade de Maria é considerada quase unicamente como maternidade física. Esses hereges negavam que Cristo tivesse um verdadeiro corpo humano e se admitiam que ele tinha um verdadeiro corpo humano, negavam que esse corpo tivesse nascido de uma mulher, negavam que verdadeiramente tivesse surgido de sua carne e de seu sangue. Contra eles era , pois, necessário afirmar com força que Jesus era filho de Maria e "fruto de seu ventre" (Lc 1,42), e que Maria e a mãe verdadeira e natural de Jesus. de fato, alguns desses hereges admitiam que Jesus tivesse nascido de Maria, mas que nao tivesse sido concebido em Maria, isto é, da sua mesma carne. Segundo eles, Cristo tinha nascido através da Virgem, e não da Virgem; "colocado pelo céu na Virgem, saiu dela mais como quem passa do que como quem é gerado, através dela, nao dela, tendo na Virgem nao uma mãe ,mas um caminho" (Tertuliano, Contra os Valentinianos 27,1 [CC2, p. 772] ). Maria "não teria trazido Jesus no ventre como filho, mas como hóspede" (Tertuliano, Sobre a Carne de Cristo 21,4 [ CC2, p. 911] ).
Nesta fase mais antiga, a maternidade de Maria serve principalmente para demonstrar a verdadeira humanidade de Jesus. Foi nesse período e neste clima que se formulou o artigo do credo "Nascido (ou encarnado) do Espirito santo e da Virgem Maria". Originalmente esse artigo queria dizer simplismente que Jesus é Deus e Homem: Deus,enquanto gerado segundo o Espirito, isto é, por Deus; homem, enquanto gerado segundo a carne, isto é, por Maria.
A maternidade "metafisica"de Maria : época das grandes controvérsias cristológicas
Na fase mais antiga, quando se afirma a maternidade real ou natural de Maria contra os gnosticos e docetas, surge o Título de Thetókos. De agora em diante, o uso deste título levará a Igreja à chamar de maternidade divina mais profunda, que poderíamos chamar de maternidade metafísica. Isto aconteceu na época das grandes controvérsias cristológicas do quinto século, quando o problema central sobre Jesus cristo já não era de sua verdadeira humanidade, mas o da unidade de sua pessoa. A maternidade de Maria não é mais considerada só em relação da natureza humana de Cristo mas, o que é mais correto , em relação a única pessoa do Verbo feito homem. E como esta única pessoa divina do Filho, consequentemente ela é verdadeira "Mãe de Deus".
Aduziu-se, a respeito, o exemplo do que acontece em qualquer maternidade humana. A mãe dá ao filho o corpo, não a alma que é infundida diretamente por Deus.Contudo não digo que minha mãe é mãe do meu corpo, mais simplimente que ela é minha mãe, mãe de todo meu ser, porque em mim o corpo e alma formam uma única natureza ou realidade. Assim analogamente , Maria deve ser chamada Mãe de Deus, ainda que tenha dado a Jesus só a humanidade e não a divindade, porque nele a humanidade e a divindade formam uma só pessoa.
Entre Maria e Cristo já não há uma só relação de ordem física, mas também de ordem metafisica, e este fato coloca-a numa altura vertiginosa, criando uma relação especial também entre ela e o Pai.
Com o Concilio de Éfeso, esta compreensão torna-se para sempre uma conquista da Igreja :"Se alguém não confessar que Deus é verdadeiramente o Emmanuel e que por isso a Santa Virgem, tendo gerado segundo a carne o Verbo de Deus feito carne, é a Theotókos, seja anátema" São Cirilo Alexandrino, anatematismo I contra Nestório, in Enchiridion Symbolorun, nr. 252, lê-se num texto aprovado pelo mesmo Concílio. Foi um momento de grande alegria para todo o povo de Éfeso, que esperou os Padres fora da sala conciliar e os acompanhou, com fachos e cantos, até seus alojamentos. Essa proclamaçào determinou, no Oriente e no Ocidente, uma explosão de veneração para com a Mãe de Deus. Veneração que se concretizou em festas litúrgicas, ícones, hinos e inúmeras igrejas a ela dedicadas.
A maternidade "espiritual" de Maria : A contribuição do Ocidente
Essa etapa porém nao era definitiva. havia um outro nível, alem do fisico e do metafísico, a ser descoberto na maternidade divina de Maria, Nas controvérsias cristológicas, o título Theotókos era valorizado mais em função da pessoa de Cristo do que de Maria, apesar de ser um título mariano. Desse título nao se tirava ainda as consequências lógicas relativas a pessoa de Maria e particularmente à sua santidade única. Havia o perigo de Theotókos tornar-se arma de batalha entre correntos teológicas antes que a expressão da fé e da peidade da Igreja para com Maria. Demonstra-o um pormenor que deve ser bem acentuado. O mesmo São Cirilo de Alexandria, que na polêmica lutou como um Leão pelo título de Theotókos, é entre os Padres da Igreja uma nota discordante na apreciação da santidade de Maria.Foi um dos poucos que atribuiram fraquezas e imperfeições a Maria, principalmente ao pé da cruz. Cirilo, acompanhando Orígenes, não conseguia acreditar que uma mulher, ainda que fosse a Mãe de Jesus, pudesse ter tido uam fé e uma coragem maior do que a de todos os Apóstolos que, apesar de homens, vacilaram nbo momento da paixao! (Sao Cirilo Alexandrino, Comentário do Evangelho de São João XII, 19,25-27 [ PG 74,661ss] ).
Essas palavras nascem da pouca estima que omundo antigo tinha pela mulher e mostram como pouco adiantava atribuir a Maria uma maternidade física ou metafísica, em relação a Jesus, se não se lhe atribuía também uma maternidade espiritual, isto é, na alma e não apenas no corpo.
Esta foi a grande contribuição dos autores latinos e particularmente de Santo Agostinho. A maternidade de maria é considerada como uma grande maternidade na fé,como uma maternidade espiritual. Estamos na epopéia da fé de Maria. A propósito da palavra de Jesus : Quem é minha mãe ...., Agostinho atribui a Maria, em sumo grau, aquela maternidade espiritual que nasce do cumprimento da vontade do Pai : "Por acaso não cumpriu a vontade do Pai a Virgem Maria, que pela fé acreditou, pela fé concebeu, que foi escolhida para que dela nascesse a salvaçao para os homens, que foi Criada por Cristo, antes que Cristo fosse nela criado? É certo que santa Maria cumpriu a vontade do Pai e por isso, para Maria, foi mais importante ter sido discipula de Cristo do que ter sido a Mãe de Cristo" Santo Agostinho, Sermões 72A (=Denis 25), 7 Miscelannea Agostiniana, I,p.162).
A maternidade fisica e a maternidade metafisica de Maria chegam assim ao seu apice pelo reconhecimento de uma maternidade espiritual ou de fé, que torna Maria a primeira e mais Santa filha de Deus, a primeira e mais docil discipulo de Cristo, a criatura que -escreve mais uma vez Santo Agostinho- "pela honra devida ao Senhor, nao deve ser mencionada quando se fala em pecado" (Santo Agostinho, natureza e graça 36,42 [ csel.60, p. 263s] ). A maternidade fisica ou real de Maria, criando uma relação única e excepcional entre ela e Jesus, entre ela e toda a Trindade, de um ponto de vista objetivo é e permanece a realidade maior e um privilégio sem igual ; isso porém porque, do ponto de vista subjetivo, existe a fé humilde de Maria. Para Eva certamente era um privilegio unico o fato de ser a "mãe de todos os viventes", mas como não teve fé, isso de nada lhe adiantou nemlhe deu felicidade.

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PARABÉNS A TODAS AS MÃES DO MUNDO.

10/05/2013


SEXTA-FEIRA, 10 DE MAIO DE 2013