PROFESSOR ÁLVARO NAVARRO
Jurandyr
Navarro
Do Conselho Estadual de
Cultura
Fez concurso para o
Atheneu Norte-Rio-Grandense, aos 31 anos de idade, para disciplina Ciências
Físicas e Naturais, no ano de 1933. O velho educandário recebeu os seus
ensinamentos por largo período, até a sua aposentadoria. Professor dos mais
competentes ostentava como marca do seu caráter, de cidadão honrado, a
cordialidade.
Além do cumprimento
do dever, em sala de aula, durante o período letivo, costumava, também,
proferir palestras nos chamados cursos de férias, modalidade do magistério, em
uso habitual daquela época.
O primeiro natalense formado em Farmácia, originário de curso superior fundado em
solo potiguar. A sua colação
de grau deu-se no final de 1925, pela
Escola de Farmácia de Natal, criada
no governo Antônio José de Melo
e Souza, através Lei Estadual n° 497,
de 02 de dezembro de 1920 e do subsequente Decreto n° 192 de 08 de janeiro de
1923. Em seguida, no mês de
dezembro do mesmo calendário, surgiu
o Curso de Odontologia, anexado à referida escola farmacêutica, pela Lei n° 570, sendo, por via de consequência mudada a denominação anterior para Escola de Farmácia e Odontologia de Natal, perdurando até o seu desdobramento em 1960, através legislação pertinente.
Os nomes das duas unidades de ensino superior sofreram alteração, com o passar do tempo, em obediência à evolução universitária. (Dados conferidos do livro "História do Ensino Farmacêutico no Rio Grando do Norte" -1920 - 1922) da autora, professora e doutora Maria Célia Ribeiro Dantas Aguiar), neta do biografado e herdeira do seu anel de formatura.
Esta é a obra exclusiva e completa, até o momento, já escrita em relação ao assunto versado.
O quadro dos diplomados da primeira e única turma da Escola de Farmácia de Natal, teve, como Paraninfo, o médico português, então sediado em nossa cidade, Francisco Gomes do Valle Miranda. Os homenageados foram Joaquim Torres, Antônio José de Melo e Souza e José Augusto Bezerra de Medeiros. E os alunos concluintes, dois apenas: Álvaro Torres Navarro e José de Almeida Júnior, este último, paraibano, exercendo, depois, a profissão em Campina Grande. Outros, desistiram da titulação, durante o curso.
A Escola de Pharmacia de Natal foi extinta, logo depois, durante o governo José Augusto de Medeiros, por falta de alunos.
No ano de 1947, foi criada a Faculdade de Farmácia e Odontologia de Natal, pelo Decreto - Lei 682, por inspiração do professor Luiz Soares de Araújo.
Álvaro Navarro foi docente catedrático do Atheneu Norte-rio-grandense, desde a década de 1930. Lecionava a disciplina Ciências Naturais e participou de inúmeras
Bancas Examinadoras.
A vocação de farmacêutico fôra-lhe transmitida pelo tio materno, Joaquim Torres, proprietário, a esse tempo, da "Farmácia Torres", situada na Praça Sete de Setembro, desta Capital. Desde a adolescência que o então jovem, seu sobrinho,
ajudava-o, despachando remédios,
aplicando injeções, manipulando
produtos químicos e administrando
outros procedimentos farmacológicos.
Essa experiência fez dele proprietário, mais tarde, da "Farmácia Navarro", no nascente bairro do Alecrim, desta cidade. Foram dois prédios, a velha e, depois, farmácia nova, situadas na mesma avenida - Amaro Barreto.
Numa, e em seguida, noutra, passou a vida inteira, ministrando a sua comprovada competência. O seu nome, como profissional, cresceu e firmou-se na sociedade natalense. Foi ele um precursor da farmacologia do Rio Grande do Norte, merecedor, portanto, de homenagens da nobre classe e cultuada a sua memória.
Era dotado de espírito sociável,
apreciando os ambientes festivos em
datas comemorativas. Sem se envolver, vibrava o entusiasmo por ocasião dos movimentos políticos, não ficando omisso ao debate nas rodas de amigos e conhecidos. A tudo acompanhava pelos jornais. Tinha inscrição na Associação de Imprensa, o que atesta o seu interesse pela divulgação das ideias, no processo da evolução social.
Quando convocado, frequentava reuniões da Associção dos Professores do Estado,
emprestando a sua colaboração às
conquistas do magistério público, que fazia parte.
A "Farmácia Navarro", o
ponto de encontro das conversações com
amigos, durante o dia e à noite.
Na minha meninice, costumava passar, com meus irmãos, Juracy e Jahyr, dias de domingos, na acolhedora mansão do
Alecrim, na convivência salutar e
fraterna de suas filhas diletas. Depois, a residência foi mudada para rua Princesa Isabel, na Cidade Alta.
Na condição de sobrinhos, seguíamos
de perto a sua conduta socializante,
não somente no seio familiar, como também, em círculo mais amplo do comportamento humano.
No Atheneu, acompanhando os seus passos de professor receptível às consi-derações do alunado. Suas aulas, de clareza meridiana, nos diversos questionamentos da disciplina.
No diálogo privado, dele, muito foi
aprendido, dos seus úteis conselhos.
Incentivava a leitura dos bons livros. Possuía ele, a enciclopédia da
adolescência daquele tempo, em Natal: -
"Tesouro da Juventude", obra maravilhosa, composta, se me não engano, de dezoito volumes, contendo os mais diversos conhecimentos humanos. Recordo as sábias informações de Clóvis Beviláqua, na sua introdução. Desse quilate, os livros que recomendava à leitura e ao estudo.
O seu lar, espécie de jardim sempe florido e encantador, predominando o perfume da rosa da educação e o cravo do sentimeno amoroso, que dividia com a esposa, Maria da Glória e descendentes.
O filho caçula, José, saiu cedo de casa e foi ser médico em São Paulo. As filhas, Cleide, Maria Antônia, Cleves e Alvair,
pertenciam, na época, ao seleto número
das moças mais bonitas de Natal.
Os netos, o encanto da sua vida.
Partilhava com os genros, Múcio Ribeiro Dantas, Jair Vilar, Ossian Guedes e José Mesquita, o bem viver e a ventura de uma família feliz.
Com eles, abria a alma, o coração e o entendimento; e, sobre todos, derramava a bênção de pai.
Professor do Atheneu Norte-Rio-Grandense
Sentados da esquerda para direita; Álvaro Navarro,
Ismael Nazareno,
Padre Monte, Custódio Toscano, Celestino Pimentel, Hostílio
Dantas, Mons. Matha e Edgar B