24/02/2021

Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-16 Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes Uma nova estrela no Céu Infinito – GLORINHA OLIVEIRA Acordei hoje com a triste notícia – faleceu a estrela Maria da Glória Mendes de Oliveira, nossa Diva, O Rouxinol Potiguar, A Estrela que Canta GLORINHA OLIVEIRA. Com ela eu convivi desde os idos de 1950, com a inauguração da Rádio Poti de Natal, de onde também fui integrante até 1954. Pessoa amável, múltipla (comediante, dubladora, atriz de novela, seresteira e, sobretudo cantora). No aniversário do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, por proposta minha e de Odúlio Botelho, foi aprovada a outorga de Sócia Honorária, em solenidade inesquecível, comandada pelo Presidente Ormuz Barbalho Simonetti, quando Glorinha pediu a palavra para agradecer, mas de forma diferente, cantando. A plateia delirou, especialmente pessoas de fora do estado que não a conheciam. O fato está registrado em fotografias e entre a estimada amiga estava a minha inesquecível THEREZINHA. Foi um dia glorioso – já então atravessava os seus 90 anos. Recordo, ainda, o fato marcante no dia do aniversário da Rádio Tamandaré de Recife, com a presença dos grandes nomes da radiofonia brasileira, dois nomes tiveram destaque – GLORINHA e LÚCIO ALVES. Em todas as suas apresentações as plateias vibravam em ver um fenômeno – uma cantora com aquela idade guardar todo o vigor do tempo de jovem. Era uma Cotovia. Lamento não ir para a despedida, pois sou possuidor de comorbidade que representa perigo neste tempo de pandemia. Mas as lágrimas ocuparam o espaço do meu olhar e o coração modificou as suas batidas, no compasso das várias músicas que consegui, no meu resguardo de Cotovelo, balbuciar respeitosamente. Terminei de editar um livro “Amor de Outono" onde registro uma cantora, parte importante do romance, que se chamava GLÓRIA MARIA, certamente inspirado por Maria da Glória, minha amiga de antigas caminhadas. Tenho a certeza que ela em sua entrada na espiritualidade será recebida pela minha THEREZA e pela irmã ELZA, que eram fãs e amigas e por um elenco de anjos e santos num prelúdio de sonatas, fugas e acordes em grande tropel, como dizia Catulo. Taralalá, ela fazia em seu violão taralalálá, vibrando as cordas do seu coração.

23/02/2021

Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-15 Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes Natal e suas cercanias – época de ouro As cidades, de uma maneira geral, viveram sua época de ouro, assim considerado o período de calmaria política, o campo aberto para o divertimento na placidez de um período de equilíbrio econômico e o resurgimento da arte, do esporte e do lazer nas praias calmas e afrodisíacas. Natal também teve o seu momento dourado, quando as Rádios Poti e Nordeste disputavam lideranças de audiência; os programas de auditório, as narrações esportivas existiam com êxito e todas as semanas tínhamos uma atração internacional de primeira ordem. No campo social funcionavam a todo o vapor o Aero Clube, o América e o ABC, com seus bailes de gala, carnavais memoráveis. Nos Carnavais eram pontos marcantes, a passagem dos grandes blocos/escolas de samba da cidade, dentre os quais os Deliciosos na Folia, Azes do Rítmo, Imperadores do Samba, Aí vem a Marinha. As atrações do esportes eram divididas entre as regatas no Potengi (Centro Náutico, Sporte Clube e Riachuelo); o velho Stadium Juvenal Lamartine realizava os seus renhidos campeonatos locais, as copas do Nordeste e as visitas de clubes do Rio e de São Paulo. O futebol de salão e o basquete eram competitivos. Dentro desse contexto existiam as lutas de vale tudo, protagonizadas por vários atletas, liderados por três mais destacados: Bernardão, oriundo dos fuzileiros navais, com um físico invejável, eis que foi o melhor físico carioca em 1952, quando de passagem pelo Rio de Janeiro, o outro era Aderbal Bezerra, um gigante branco de quase dois metros e o japonês Takeo Yano, de estatura mediana, mas de uma técnica extraordinária, que empolgavam as plateias locais, além de outros, com menor fama. Fora tudo isso, os cinemas estavam em alta com suas atrações diárias, notadamente as sessões do Cine São Luiz no Alecrim, com filmes de faroeste e sempre seguido por um seriado famoso: O homem Foguete, A Legião do Zorro e outros também aclamados pelo público. O Rex estreava os filmes do surrealismo italiano e francês, filmes mexicanos e outros, ainda, mais picantes, enquanto o Rio Grande trazia os Grandes Musicais de Hollywood, os filmes épicos de Cecil B. de Mille e as Chanchadas nacionais. O lazer se fazia nas praias, de forma simples, mas muito frequentadas, com os “atletas” exibindo os seus físicos para as garotas, jogando frescobol, valendo registrar as mais badaladas – Redinha, Areia Preta, Circular, Ponta-Negra e Pirangi. A religiosidade era respeitada e rigorosamente frequentada pelos jovens e pessoas de mais idade, nas diversas Igrejas Católicas e Evangélicas de Natal. O civismo era cultuado com as paradas escolares e suas bandas marciais, destacando-se as do Colégio Marista, Escola Industrial (Técnica Federal), Colégio 7 de Setembro, Ginásio Natal, fora as paradas militares de 7 de Setembro. Essas lembranças foram provocadas pelo meu estimado amigo e confrade Marcos Valério, com quem tive um papo saudosista – ele na cidade onde nasceu Carlos Gomes e eu, Carlos Gomes pau-de-arara na maravilhosa praia de Cotovelo. Momentos de devaneios e de saudades, onde você andava toda a cidade a pé, pois os ônibus circulavam até 23 horas e ninguém ousava atrapalhar o seu caminho, ou seja, aquilo que costumo chamar O tempo dos pardais nos verdes dos quintais. _______________________________________________ RECORTES: Takeo Yano foi um grande ícone dessa época, foi quem trouxe o jiu-jítsu para o RN, quando ele aqui chegou as lutas já aconteciam, não se sabe ao certo mais provavelmente chegaram por aqui pelos lutadores da Marinha do Brasil, e dois deles foram Aderbal e Bernardão, tem registro de grandes combates nos arquivos do jornal A República, Diário de Natal e A Tribuna. Vendo esses registros, pesquisando e fazendo entrevistas com pessoas da época, foi que pude sentir a emoção que despertavam essas lutas aqui em Natal.Waldemar Santana, Pinheirão, Euclides da Cunha, Bernardão, Aderbal, Ivan Gomes, Touro Novo, Takeo Yano, e tantos outros, foram importantes ídolos desse esporte tão agressivo e fascinante para o público, era um misto de esporte e agressividade que despertava delírio no público.Eram homens de estatura e porte físico que fascinavam pela força e coragem.

17/02/2021

 ATRIBULAÇÕES DE UM PREGADOR 

 

Valério Mesquita

mesquita.valerio@gmail.com


Veja que beleza de narrativa do apóstolo Paulo em 2 Coríntios 11.24-33: “Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça Quem se escandaliza, que eu me não abrase? Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto. Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas da cidade dos damascenos, para me prenderem. E fui descido num cesto por uma janela da muralha e assim escapei das suas mãos”.

 

Sabe-se que toda a Bíblia, desde o Pentateuco, os cinco livros de Moisés, até o Apocalipse de João, tudo foi inspirado pelo Espírito Santo. A reflexão que ora faço constata que todos aqueles que escreveram a História Sagrada passaram por provação. Principalmente, os escolhidos e convertidos para  a propagação da fé após a ressurreição de Jesus. Todos perseguiram os cristãos: judeus, romanos, árabes, mulçumanos, comunistas, nazistas, fascistas etc., etc. Mais adiante, no capítulo 12.10, o próprio Paulo ensina: “Sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte. O meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Que belíssimo exemplo de humildade e humanidade comum.

 

Por que essas deduções hoje? Ora, na modernidade do nosso tempo outras perseguições contra o cristianismo se manifestaram através de muitos fatores. Da parte da ciência (a tecnologia está mais a serviço do mal do que do bem), da libidinagem pedagógica dos meios de comunicação (novelas, filmes, internet, etc.), da liberalidade da pornografia, dos costumes (casamento entre homossexuais), da negação da divindade de Jesus através de falsas alegações arqueológicas na Terra Santa, da divulgação sistemática da malignidade, modismos religiosos, a mornidão espiritual, a falta de amor pela violência, os efeitos perniciosos do mundanismo na família e a educação materialista no seio da infância e da juventude.

 

Esses são poderes diabólicos hodiernos que substituíram a espada, o apedrejamento, a prisão, a crucificação, a deportação e a tortura de antigamente. O cristianismo, os ditames bíblicos, são perseguidos pela inversão e subversão dos valores morais e éticos. Não há mais regra, rumo nem prumo. Tudo está se transformando em bandalheira. A maioria do povo não lê a Bíblia para encontrar, compreender e evitar todos os malefícios. Uma leitura da palavra de Jesus Cristo através dos quatro evangelistas ou dos Salmos de Davi, números 1, 4, 6, 23, 30, 40, 91, 121, 140 e tantos outros, você se sentirá leve e espiritualizado. “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”, disse Jesus em Mateus 11.30. Vale a pena. Muito mais do que os chatos iguais a Paulo Coelho.

 


30/01/2021

 Benditas sejam as equipes de saúde

 Daladier Pessoa Cunha Lima Reitor do UNI-RN 


Ao ver os dramas humanos, no decorrer da Covid-19, com ênfase para as cenas mais recentes vistas na cidade de Manaus, ecoam na minha mente e no meu coração as angústias vividas pelos doentes graves e por seus familiares. Afinal, nas minhas lides de médico, procurei sempre me ver no lugar do próprio doente, a fim de bem exercer a profissão. Quando eu era professor de medicina, em uma aula prática ao redor de um leito, um aluno cometeu um deslize ético. Ao final da aula, só com os alunos, fiz a devida orientação, na qual afirmei que o médico deve sempre tratar os seus pacientes como gostaria de ser tratado, ou um dos seus familiares mais queridos. Muitos anos depois, um jovem médico disse-me que jamais esqueceria aqueles conselhos. Assim, também ecoam em mim as agruras dos que integram as equipes da linha de frente do atendimento a esses pacientes graves, desde os das mais simples funções aos das mais complexas. Esses profissionais das equipes de saúde, principalmente os que atuam em hospitais, aprendem a lutar contra a morte e a angústia, dois eventos que, nessa pandemia, estão se tornando banais. Contudo, é só prestar atenção na face dessas pessoas para sentir os sofrimentos que lhes invadem a alma no dia a dia do trabalho. Sem contar com o estresse e o medo de se contaminarem com o Sars-CoV-2 e entrarem para o grupo dos que precisam receber as atenções e os cuidados dos colegas de profissão. Quantos médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, paramédicos, maqueiros, profissionais outros da área da saúde morreram ou ficaram com sequelas graves, na luta para salvar vidas das garras dessa virose, ou para minorar a dor alheia, no estrito cumprimento do dever e movidos pelo sentimento de compaixão e de amor ao próximo. Lidar com a morte é sempre um tormento para todos os profissionais da área da saúde. Alguns estudantes dessa área largam o curso, quando não conseguem vencer os primeiros impactos desse encontro. A Covid 19 veio provar a importância desses profissionais nos serviços públicos e nos privados. Os confrontos políticos e ideológicos levados para a arena das batalhas contra a pandemia têm sido nefastos para o êxito que o povo brasileiro espera e precisa. Mas não há como negar a emoção de ver a imagem de uma mulher negra, Mônica Calazans, enfermeira que atua na linha de frente no combate à Covid 19, a primeira pessoa a receber a vacina no Brasil. Dessa forma, nada mais correto do que eleger esse grupo como o primeiro a se vacinar. Desde o século XVIII, com a varíola, o homem aprendeu que a única maneira de controlar as doenças epidêmicas é por meio de vacinas, e, desta feita, também será assim. Benditas sejam as pessoas que integram as equipes de saúde neste imenso Brasil, pela coragem e pelo amor à profissão, no afã de combater a Covid 19, terrível virose que tantos males tem causado aos seres humanos de todo o planeta. Texto publicado na Tribuna do Norte em 28/01/2021

 


GASTÃO, UM ARTESÃO DA AMIZADE


Valério Mesquita

Conheci Gastão Mariz de Faria em 1954, na rua Apodi, quando fui estudar em Natal. Era a casa de D. Paulina Mariz de Faria, sua mãe, amiga e vizinha de minha avó materna Sofia Curcio de Andrade. Alto, magro, gestos comedidos e corteses, foi um embaixador itinerante da fidalguia, reconhecido por gregos e troianos. Impôs uma marca registrada – a cordialidade, numa terra inflamada pelo radicalismo político durante muito tempo. 

Gastão desfrutava da amizade dos Alves, apesar de tudo, sem deixar de ser fiel ao tio Dinarte Mariz. Por isso, disseram sobre ele – "era uma das raras unanimidades da cidade". Exerceu a vereança em Natal, além de deputado estadual. Fui seu colega na Assembleia. Cadeiras vizinhas durante quatro anos. “Toda instituição é a sombra prolongada de um homem”, no dizer de Emerson. O Detran, reestruturado, reordenado, revivido, foi herança de Gastão. Sua obra administrativa, sua logomarca indissolúvel.

O Gastão humano, fraterno, boêmio, fez-me lembrar uma tarde numa varanda diante do mar de Cotovelo. Chegou como que de repente, de assalto. Trazia consigo alguns amigos e várias canções. “A visão milagrosa do oceano beatifica o pecador solerte”. Ali estávamos nós, inspirados pelos bons uísques que entram mais na alma do que certos poemas e livros santos a cantar a vida, o mar, as ilusões. Nunca mais vou me esquecer Gastão, quando interpretou Orlando Silva, sem gaguejar, na letra foi compenetrado e dócil como o seu temperamento, e afinado e leal ao violão como a sua política. “Nada além, além de uma ilusão...”.

Parnamirim era o seu time de futebol querido e a sua cachaça predileta. Muito se identificou com a terra e com a gente. Autor da lei da emancipação política do município, tinha pela cidade um amor filial. Está identificado com essa terra, nas suas entranhas, tanto quanto os velhos pioneiros e os primeiros líderes de Parnamirim.

(*) Escritor

25/01/2021

 

O escritor intranquilo
​Graham Greene (1904-1991), o escritor, nasceu em Berkhamsted, uma pequenina e histórica cidade mercado do interior da Inglaterra. Tentou ser comunista. Acabou católico. Estudou em Oxford. Foi jornalista. Trabalhou para o serviço secreto inglês, especificamente para o MI6. Inquieto, alegadamente bipolar, viajou muito. México, Cuba, Haiti, América do Sul, África, Indochina e outros sítios menos votados. Fez do contexto social e político desses países/regiões o pano de fundo de algumas de suas estórias. Prolífico, escreveu quase tudo: romances, contos, livros infantis, teatro, cinema, crônicas, crítica literária e por aí vai. Alguns de seus romances, publicados no Brasil, são sempre celebrados: “O Expresso do Oriente” (1932), “O Poder e a Glória” (1940), “O coração da matéria” (1948), “O americano tranquilo” (1955), “Nosso homem Havana” (1958), “O cônsul honorário” (1973) e “O Fator Humano” (1978), entre outros. Para o cinema, “O ídolo caído” (1948) e “O terceiro homem” (1949) são obras-primas. Premiadíssimo, Grenne, infelizmente, não levou o Nobel de Literatura. Mas Jorge Luis Borges (1899-1986), seu concorrente de então, também nunca ganhou. Paciência. Aclamado, Greene faleceu, de leucemia, aos 86 anos.
​Numa modéstia indevida, Graham Greene gostava de dividir a própria obra em escritos de entretenimento e trabalhos literários. Discordo veementemente. Greene foi sem dúvida um dos grandes romancistas do século passado, talvez até o maior, em língua inglesa, de sua geração. Na verdade, como poucos, ele misturava espionagem, suspense, política, pitadas de filosofia e religião, romance e outros pecados mais, numa proza elegante, irônica e imaginativa. Isso é escrever bem. Fazer literatura das boas. E se prende ou diverte a gente, melhor.
​Na edição que tenho de “O fator humano” (L&PM, 2006), por exemplo, diz-se ser esta “uma obra de maturidade de Graham Greene, um dos mais prolíficos e importantes romancistas de língua inglesa do século XX que, junto com John Le Carré, alçou as histórias de espionagem a um novo patamar literário. Com sua prosa elegante, Greene medita sobre a força do amor e do segredo – e sobre os sacrifícios por eles exigidos. À leitura deste romance, mais uma vez fica claro que há boa literatura, há literatura de entretenimento e há Graham Greene, que eliminou a linha divisória entre as duas. Ele prende o leitor com seus enredos, mas sobretudo com sua caracterização de personagens, pintados com uma profunda compreensão e respeito pelas ironias, ambiguidades e vastas zonas obscuras da alma humana”. É isso.
​De minha parte, tenho predileção por algumas obras de Greene. O enredo/filme “O terceiro homem”, uma de suas parcerias com o diretor Carol Reed (1906-1976), é uma delas. Obra-prima que, dado o mistério da estória, a falsificação de penicilina numa Viena devastada do pós-guerra, tem muito a ver com os dias de hoje. Criminosos e charlatões sempre vão existir. Em guerras ou em pandemias. E os romances “O americano tranquilo”, “Nosso homem Havana” e “O cônsul honorário”, que li por sugestão de meu pai, tomados emprestados e devolvidos à sua biblioteca. Foi divertidíssimo. Bons tempos.
​Um carinho especial desenvolvi por “O americano tranquilo”, cuja estória se passa na Indochina, em meio à guerra anticolonialista contra a França e já com os Estados Unidos metendo o seu bedelho no Vietnã. Tem-se um jornalista inglês, que narra a coisa toda. Um agente da CIA, o “americano tranquilo”. Uma jovem e bela vietnamita. E um triângulo amoroso. Paro por aqui, para não fazer spolier, apenas registrando que o livro foi adaptado para o cinema duas vezes, sendo que a versão de 2002, direção de Phillip Noyce (1950-), é do balacobaco. Foi indicada e recebeu vários prêmios.
​Após conhecer a Indochina de Greene, até prometi enamorar-me de uma dama daquelas bandas. Nunca aconteceu. Embora, sem muita coragem, tenha chegado bem pertinho. ​
Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL